Eu vi uma gaivota voando na beira do mar, e pensei: por que eu não posso ser uma gaivota? Tenho dois olhos que enxergam tudo, tal como a gaivota; tenho duas pernas para andar quando eu quiser, tal como a gaivota; tenho asas que me permitem voar pelo céu sem fim, tal como a gaivota; também tenho pena, pena das pessoas que não conseguem ver o ser humano mais próximo; esse ser humano está no quarto ao lado, e em outro planeta. Sou igual a uma gaivota, porém me chamam de humano. Sou humano, sou gente, é o que me dizem e eu, boba, acredito.

Quem eu sou? Essa não é essa pergunta correta. O certo é: quem você acha eu que sou? Pois não importa o quê ou como eu seja, a visão que você tem de mim fala mais forte – pra você. Mas eu lhe digo – sou quem eu sou.

Em um dia posso estar tão feliz que nem uma crise mundial pode me abalar, e em outro dia posso estar tão triste que nem a melhor notícia do mundo vai me animar. Mas isso é algo comum, é ser humano. E, como me dizem, eu sou humano.

Uma das minhas maiores qualidades é não fazer nada, pois é assim que eu sou. Tenho a capacidade de fazer milhares de coisas ao mesmo tempo sem dificuldade. Às vezes, não consigo mover um músculo sem me cansar. Um dos meus defeitos é ser contraditória. Então não acredite no que eu digo, apesar de eu estar sempre falando a verdade. Outra qualidade minha é ser engraçada. Ou ao menos tentar. Gosto de ver um sorriso no rosto das pessoas, principalmente quando eu motivei esse sorriso. E outro defeito meu é ser irritante. Ser irritante por tentar ser engraçada todo tempo. Mas não pense mal de mim, eu sei ouvir quando necessário.

Eu sou um livro aberto. Um livro aberto com as páginas coladas.

Sou mais do que posso escrever e sei que você não está interessado ou interessada. Contudo, se estiver, digo-lhe o seguinte – sobre mim: você não vai querer saber.

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