Desafiando a Gravidade escrita por LinaFurtado


Capítulo 9
Cartas na mesa


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/99895/chapter/9

Capítulo 9. Cartas na mesa

Bella's POV

Consegui abri meus olhos, finalmente, depois de senti-los muito pesados a momentos atrás. Não sabia quanto tempo havia dormido e a última coisa com a qual me recordava era de Edward ter me dado um remédio para dor.

O local do corte ainda doía, mas bem menos do que quando senti uma bola de vôlei me atingir bem no local. Minha cabeça estava sobre algo alto e ao abrir meus olhos, a visão que tinha era de uma parede branca. Apertei meus olhos ao rodar para o lado da cama e sair de cima de algo.

Esfreguei meus olhos e olhei para o lado, tentando identificar onde estava, encontrado Edward adormecido ao meu lado. Demorei alguns segundos para me lembrar de onde estava e onde eu estava dormindo... Eu estava dormindo sobre Edward...?

Droga.

Me sentei rápido e ajeitei meu cabelo, enquanto analisava o quarto. Estava tudo em seu devido lugar. Meu olhar percorreu tudo até parar sobre Edward ainda dormindo. Seu belo rosto estava mergulhado em um sono pesado e tranqüilo. Podia ver isso através de seu rosto sereno.

Em um ato inconsciente, minha mão foi até seu rosto e ficou explorando cada ângulo de seu lindo rosto. Seus olhos, seu nariz, sua boca...

Ajeitei minha franja que estava caindo sobre o meu rosto e voltei a olhá-lo, não podendo deixar de sorrir. Seja lá o que ele estivesse fazendo comigo, isso não está sendo boa coisa, ao menos nunca, em minha vida inteira, me senti assim quando estou perto dele. Meu coração acelera, fico sem saber o que dizer, tremo só de pensar ficar longe dele, longe de seus olhos verdes...

Passei meu dedo indicador sobre a linha de seus lábios. Por que eles pareciam me convidar o tempo todo? Por que parecia que me chamavam para beijá-los? Por quê...?

Me afastei rapidamente, dando-me conta do que eu estava fazendo e cutuquei-o.

-Edward. – Chamei-o. – Edward, acorde. – Bufei. Ele só franzia o cenho enquanto eu o tentava inutilmente acordá-lo. Argh! Empurrei-o com força, fazendo-o rolar para fora da cama e cair no chão.

Levei a mão à boca e fechei meus olhos com força. Não era para ele ter caído!

-O quê? – Ele gritou nervoso e se sentou rápido olhando para os lados e seus olhos pousando sobre mim, raivosos. – Por que. Me. Derrubou. Da. Cama?

-Desculpe! – Me levantei rápido, sentindo uma pequena fisgada na barriga. – Tchau! – Estava quase na porta quando, vi pelo canto do olho, ele se levantar em um salto e vir segurar o meu barco, virando-me para ele. – Ta bom! Eu sei que eu não devia ter te acordado desse jeito! Mas você não acordava de jeito nenhum e não era a intenção de você rolar cama abaixo, tudo bem? – disse sem olhá-lo, apressei-me em virar meu corpo em direção da porta e sair antes do sermão.

Segurou-me novamente.

-Olhe para mim. – disse firme.

Ergui meu olhar bem devagar. Sim, eu iria escutar um sermão.

Edward me olhava assim como a sua voz, mas neles havia um brilho também. Um brilho diferente e, fiquei com medo de que não fosse boa coisa. Afrouxou a mão do meu braço e suspirou, abaixando seu olhar.

-Tudo bem... – Disse resignado. – Só não me acorde mais desse jeito.

Deixei meus braços caírem ao lado do meu corpo e fiquei olhando-o ir voltar para a cama e se sentar, passando as mãos nervosamente pelos cabelos, bagunçando-os.

-Isso me surpreendeu. – Comentei. Ele não me olhou, só encarou o chão com o rosto de derrotado.

-É mesmo? – Devolveu.

-É. – Caminhei até ele. – Pensei que ia brigar comigo e aí começaríamos a brigar como fazíamos sempre que nos víamos, mas... Você me surpreendeu. – Parei diante dele. Analisando seu próximo passo.

Ele me olhou e também parecia me analisar; desvendar um mistério.

-Sabe, Bella... – Iniciou. Ergueu sua mão e pegou a minha, puxando-me para me sentar ao seu lado. Virou-se para mim, pensando no que dizer, imagino. – Cansei.

Ergui a sobrancelha.

-Cansou de quê?

-De brigar com você. – Sustentou meu olhar e eu me obriguei a não desviar. – Cansei de querer me importar com você...

-Não...! – Ele me interrompeu colocando sua mão sobre a minha boca, calando-me. Sorriu torto e revirou os olhos.

-Deixe-me terminar, por favor. – Sorriu e soltou a minha boca. - Cansei de querer me importar com você, porque, na verdade, me importo. – Meu coração falho uma batida. – Cansei de dizer que não me importo mais com você. Disse chega a mim mesmo e, acho que... – Fez uma careta. - Devia fazer o mesmo.

-Humm... Dizer chega quanto a quê?

Riu fraco.

-Vai me obrigar a dizer, não é mesmo?

Dei de ombros. Não ia admitir em voz alta.

-Quanto a nós dois, Bella. – Engoli seco. – Parece nervosa. – Sorriu.

-Não tenho por que ficar nervosa. – disse firme. – E... Quanto a nós dois? Não há nós dois.

-É mesmo? – Assenti. – Não parecia ao você me chamar enquanto dormia.

-O quê? – perguntei atônita.

-Isso mesmo que ouviu. – Segurou meu queixo. – Quebrei a barreira que havia em você. Consegui enfim ver quem é a verdadeira Bella. Uma garota que só finge ser forte, mas no fundo, somente sofre em silêncio e sozinha, sem compartilhar com os outros, pois se assim fizer, irão te taxar de fraca por não agüentar as dores da vida. Toda vida, por menor que seja, tem dor, pense em como seria perfeito se não tivesse. – Sorriu ternamente. – Bella, você não é única que tem problemas e, se não compartilhá-los, isso te levará à loucura.

Fiquei quieta. Como ele sabia tanto sobre mim se eu nem ao menos havia lhe dito isso? Com quem eu estava lidando?

-Por isso – Soltou meu queixo e chegou mais para frente. Pegou minhas mãos, olhou-as por um momento antes de erguer seu olhar novamente a mim. -, te entrego a minha total confiança para você ter com quem contar. Eu, Bella, tenho certeza que eu não te deixaria na mão. Nunca fui de fazer isso e, essa não será a primeira vez. Você tem a mim.

Mordi o lábio e ele esperou por uma resposta minha, mas... Não sabia o que dizer. Podia abrir a boca, porém nada saia de lá. Limpei a garganta, forçando-me a dizer alguma coisa.

-Eu... – Olhei-o. – Confio em você.

Ele soltou o ar e fez algo que me surpreendeu; me abraçou com força.

-Obrigado. E... – Podia escutar o sorriso em sua voz. – Eu não vou sair de perto de você (N/A: Para quem não se lembra, no último capítulo, Bella diz isso enquanto dorme que não quer que ele saia de perto dela, por isso ele diz isso. ;) Ed liiinnnndoooo!), não importa o que aconteça. Quanto ao que disse sobre por que não sabia o que estava te acontecendo, imagino que eu saiba o que esteja sentindo... – Afastou-se, fazendo-me olhar em seus olhos.

-Do que está falando? – perguntei relutante.

-Vai descobrir um dia. – Sorriu-me. – Afinal, até mesmo eu ainda não descobri direito, mas imagino o que seja... Prefiro não arriscar palpites. – Ergueu-se e me puxou para ficar de pé também. – Vamos. Estou com fome. – Riu.

-Bella, querida! – Elizabeth apareceu na porta da cozinha com seu sorriso encantador, enquanto Edward fazia a nossa comida.

-Olá, senhora Cullen.

-Bella, senhora está no céu, por favor. – Riu e foi em direção ao seu filho. Ao passar por ele, lhe deu um cutucão em seu ombro. – Edward, por que não me avisou que tínhamos visita?

Edward a olhou de esgoela e pareceu se lembrar de algo.

-Não te encontrei quando cheguei e, por falar nisso, aonde estava?

-Eu? – Elizabeth se fez de desentendida, pegando um copo no armário e indo enchê-lo. – Compras. Passei o dia inteiro fazendo compras. – Riu sozinha. – Meu pés estão me matando.

-E que horas chegou?

-Duas ou três horas atrás. – Bebeu sua água calmamente.

Espera.

Se quando chegamos aqui ela não estava e, ela chegou três horas atrás, isso quer dizer que ela nos viu dormindo na mesma cama...? Céus!

Edward pareceu notar a mesma coisa que eu e acabou soltando a colher que segurava. Virou seu tronco na direção de sua mãe e a encarou sugestivamente. Elizabeth olhou sem entender e deu de ombros.

-Algum problema em eu ter chegado há duas/três horas atrás? – perguntou casualmente à ele.

-Não, só... – Franziu o cenho. – Você foi me procurar pela casa?

-Ah! Isso! – Terminou de engolir e largou o copo junto da pia. – Se está querendo saber se vi os dois dormindo juntos, a minha resposta é simples e curta: Sim. Eu vi. – Senti meu rosto borbulhar de tão quente que ficou.

Edward arregalou os olhos e ficou visivelmente constrangido também. Nunca tinha visto aglomeração de sangue antes em seu rosto, porque em geral, esse era o meu papel; ficar vermelha feito um tomate.

-E devo acrescentar que foi a coisa mais fofa e linda que já vi! – Elizabeth sorriu abertamente.

Minha vontade de sair correndo dali era imensa. Edward desviou o olhar da mãe e passou as mãos pelos cabelos nervosamente.

-Se estão namorando, por que não assumem logo? No meu tempo isso era rapidinho...

-Mãe! – Edward a interrompeu. – A senhora não ia fazer outra coisa? Pode ser qualquer coisa, tipo... trabalhar?

-Ta bom, ta bom. Vou deixá-los discutir a relação somente entre vocês. – Riu perversamente antes de sair.

Elizabeth podia ser bem má quando queria...

Mergulhei meu rosto na mesa e somente fiquei escutando os pequenos sons de Edward. Ele bufou e começou a catar coisas, pelo menos esse era o barulho.

-Desculpe pela minha mãe...

Ergui minha cabeça e esfreguei meu rosto antes de responder.

-Está tudo bem, eu acho... – disse-lhe.

Edward pegou dois pratos e os serviu com uma rodada de macarronada tipicamente italiana. Devia admitir que ele sabia cozinhar. Cozinhava bem, pelo menos a aparência era boa, tinha que saber do sabor.

Colocou um prato na minha frente e entregou-me os talheres antes de se sentar de frente para mim e se ajeitar para comer. Percebi antes de ele me examinar, como geralmente fazia, que ele ainda estava levemente corado e que também havia um certo brilho em seu rosto. Não entendia, mas ele parecia diferente, mais bonito, talvez. Não que ele já não fosse mais bonito, porém hoje ele estava especialmente muito mais bonito, se é que é possível.

Ele sorriu torto para mim. Senti meu rosto ferver mais ainda e desviei meu olhar do seu, totalmente constrangida.

-Está corada. – Comentou.

-Você também. – Seu sorriso sumiu e eu não pude evitar sorrir por causa disso.

-Não. Eu não estou. – disse confiante, pegando uma garfada de macarrão.

-Sei... Por que você está se enxergando, não é mesmo? – Repliquei.

Ele estreitou os olhos e tombou a cabeça de lado.

-Posso me ver nos teus olhos. – Sorriu duro.

-É mesmo? – Assentiu. – Meus olhos não espelham cores, imagino que somente sombras.

Ele balançou a cabeça e deu de ombros.

-Tanto faz. Não fico muito corado como você. – Riu fraco ao olhar para o prato. - Parece ser capaz de explodir a qualquer momento.

Bufei e parei de olhá-lo. Catei um pouco de macarrão com o garfo, pronta para sentir gosto ruim e arruiná-lo com isso, mas não. Estava muito bom, o pior era que não estava bonzinho, estava realmente bom. Ótimo! Senti minha vontade de desinflar seu ego, escorrer água abaixo. Ele tinha que ser bom em tudo?

-E ai? Está bom? – perguntou confiante.

Dei de ombros.

-Está razoável. – Menti. – Comestível.

Edward fez uma careta.

-Comestível? – Assenti sem olhá-lo. – Claro, Bella. Eu devia imaginar que não admitiria que sou bom em alguma coisa. – Pegou uma garfada.

Larguei meus talheres, nervosa e o encarei. Ele me olhou sobressaltado com a minha atitude.

-Na verdade, Edward, estou tentando achar algo que você não seja bom. – disse sincera. Somente depois fui notar que disse isso em voz alta. Bem, agora já era.

Ergueu a sobrancelha e sorriu maliciosamente, largando os talheres também.

-No que eu não sou bom? – Devolveu a pergunta.

-Isso. – Confirmei, sustentando seu olhar cheio de malícia. Estava pouco ligando para o seu olhar e seu sorriso absurdamente lindos e idiotas! - Até agora só descobri coisas com a qual você é realmente bom.

-Tipo...

-Tipo tocar piano, salvar minha vida, cuidar de mim, cozinhar, me encher o saco, que, por sinal, isso você faz como ninguém e... – Ia disser beijar, mas calei minha boca antes que saísse.

Edward não deixou essa escapar.

-E...? – Fez um sinal com a mão para que eu prosseguisse.

-E nada. – Finalizei e voltei a comer.

-Quero saber no que sou realmente bom, Bella. – Ordenou ainda com seu sorriso. Divertia-se.

-Só nisso. – Franzi o cenho.

-Você ia dizer mais alguma coisa.

-Não. – Balancei a cabeça, fingindo tentar me recordar. – Não ia não.

Debruçou-se sobre a mesa, em minha direção e pegou meu pulso, forçando-me a soltar o garfo.

-Devo admitir que para alguém com o orgulho imenso como o seu, fez um enorme progresso ao dizer que sou bom em alguma coisa e, não sei se notou, mas o que disse está quase tudo com respeito a você, como te salvar, cuidar de você e te perturbar. – Sorriu vitorioso.

-Humm... É o que faz de melhor. – disse-lhe.

-Um dom meu. Melhor se acostumar.

-Por quê? Nunca vai me largar? – Minha pergunta tinha duas pontas, uma era a tristeza de nunca mais me livrar dele e, a outra, implorava para que ele não me largasse mesmo.

-Talvez não. – disse simplesmente. – Decepcionada?

-Lógico. – disse, mas não saiu com a convicção que queria, por isso completei. – Não voltar a minha vida normal de antes...

-Chamava aquilo de normal? O que está vivendo agora que é normal; ter amigos.

-Não me importava em não ter amigos. Tinha Alice e para mim já bastava.

Soltou-me e voltou a sua posição normal, sorrindo.

-Que bom que mudou de opinião.

-Não mudei de opinião. – Garanti.

-E isso fecha seu circulo de amizades em Alice e eu?

Olhei sem saber o que responder. Acho que sim e eu não queria admitir que ele fazia parte desde "círculo", como ele mesmo disse.

-Foi o que eu pensei. – Levantou-se e pegou seu prato, já que já havia terminado e foi em direção à pia.

Terminei de engolir o meu almoço e me levantei, indo até ele. Estava lavando à louça e somente indicou para que eu colocasse o meu prato ali. Não o fiz.

-Para a sua informação, estou tentando aumentar o meu círculo de amizades. Hoje mesmo, Jessica Stanley veio falar comigo e eu nem ao menos fui rude ou grossa com ela. Até mesmo disse que eu estava mudada e que isso era bom!

Edward sorriu, passando esponja no prato.

-Ficou feliz, Bella, mas me diga uma coisa... Melhor, duas. A primeira era, por que diabos você seria grossa com a Stanley? E a segunda é, por que faria amizade com a Stanley? – Olhou-me e abaixou o olhar para o prato em minhas mãos. – Coloque aqui dentro para eu lavar.

-Não. – Tirei o prato de seu campo de visão. – E respondendo as suas perguntas: Porque ela me perguntou se nós estávamos juntos com aquele ar metido dela e a segunda, porque não vi ninguém mais vindo falar comigo, a não ser ela.

-Humm. – Puxou o prato da minha mão.

-Não! Eu posso lavá-lo!

-Uma outra hora. – Terminou de lavar e eu fui me sentar na bancada, emburrada. Secou as mãos no pano de prato e veio se sentar perto de mim. – Tem uma garota na minha aula de História, o nome dela é Ângela e é uma excelente garota.

Senti uma pontada de... Ciúme? Céus! O que havia comigo?

Esperei.

-Super gentil, doce e tímida. Talvez devesse conversar com ela.

-E por que eu faria isso? – Já perguntei nervosa. Não sabia por que, mas já sentia raiva dessa Ângela por ser tão bem descrita por Edward.

-Porque você quer aumentar o seu círculo de amizade. Poderia fazer isso também com os amigos da Alice. Eles são todos muito bons, também.

Cruzei os braços diante do peito e pensei em ignorá-lo, mas era impossível quando ele estava bem na minha frente, pois havia se sentado na cadeira ao meu lado. Podia sentir seus olhos me analisando. Como isso me incomodava! Parecia que ele esperava que eu fizesse algo incomum!

-Bella – Chamou-me com sua voz sedosa e eu o olhei sem realmente querer. – Fará esse esforço, não é? Já conversamos sobre isso.

-Por que se importa tanto? – Franzi o cenho. – Entendi quando disse que não queria ter que se importar comigo, mas que se importava... Agora quero saber por que se importa. Então me diga, Edward? Por que quer tanto que eu faça novas amizades? Por que me preocupa comigo? – Idiota!, me xingava mentalmente por meus olhos começarem a se encher de lágrimas traiçoeiras.

Ele sorriu gentilmente e secou uma lágrima que acabou por escorrer pelo meu rosto. Não me permiti perder o contado visual com seus olhos verdes e gentis. Por que ele mexia tanto comigo? Argh! Tinham tantas perguntas na minha mente que estavam me dando dor de cabeça! Queria poder apagá-las e simplesmente esquecer!

Edward permaneceu em silêncio, me olhando. Parecia estar respondendo minha pergunta mentalmente.

Negou com a cabeça.

-Não sei, Bella. – disse sincero. - Queria saber responder essa pergunta e tantas outras, mas, na verdade é que não posso... Não sei o que te dizer...

-Diga o que está na sua cabeça. – Implorei.

-Acho que é porque quero te ver feliz. – Minha boca se abriu. – Quero ver você, essa pessoa linda, estar rodeada de amigos e feliz com eles, porque ninguém sabe ainda quem realmente é. Bella, nunca conheci alguém como você. – Sorriu e afagou meu rosto. – É especial e, de algum jeito, do seu jeito, conseguiu me conquistar. Tenho certeza que conquistará os outros também, do mesmo modo. Afinal, somente eu e Alice conhecemos o seu verdadeiro eu.

Não olhava mais para os meus olhos, estava mais olhando para o caminho que seu dedo fazia em meu rosto, ao passar por minhas bochechas e descer em direção a minha boca, parando ali.

Ficamos em silêncio por um tempo quando resolvi quebrá-lo.

-Quer me ver feliz? – Edward voltou a me olhar nos olhos. – Como sabe o que me fará feliz?

-Ninguém é feliz sozinho, Bella. – Sustentou meu olhar. - Precisamos de alguém para nos ajudar a nos reerguer depois de uma queda. Sempre. Lembre-se disso.

Balancei a cabeça.

-Ainda não entendo... – Edward esperou. – Não entendo por que se aproximou de mim, por que quis me fazer feliz e não entendo em como pode me tornar feliz. E, a minha maior dúvida foi por que eu. Por quê, Edward?

-Porque eu quis. – disse curto e rápido. – Porque eu quis que fosse você. Acredite em mim, quando cheguei no colégio, eu tinha tudo para fazer dez milhões de amizades. Não estou tentando me gabar – disse sério. –, mas eu sempre fiz amigos rápido, ou ao menos, sempre fui de falar com todos, mas desta vez não. Decidi que arranjaria uma amizade séria e única.

Riu consigo mesmo.

-E quem diria que eu a escolheria como um desafio? Afinal, você era a única que não queria saber de mim e quando vi, estava ligado demais a ti. Me via o tempo todo pensando se você estava bem, se estava precisando de mim, porque você só tinha a mim de diferente de Alice. Mesmo não querendo. – Sorriu. - Eu estava lá e, acho que sempre estive.

-Tem razão. – Esperou. – Sempre esteve. Sempre aparecia quando menos imaginava e me ajudava ou me salvava. – Balancei a cabeça. – Com quem eu estou lidando...? – perguntei em um sussurro.

Ele sorriu mais.

-Com um amigo, Bella. Seja bem vinda a esse novo mundo.

Fiquei sem reação.

Meu coração martelava alto e, de algum modo, não era essa a resposta que esperava ouvir, tão longe disso. Mesmo assim, não pude deixar de ficar sentida. Realmente, Edward tinha razão quanto ao "mundo da amizade", nunca tive nada disso, com exceção de Alice, porém isso não contava. Ela é a minha irmã.

Abaixei minha cabeça e fechei meus olhos e meus punhos. Senti as mãos quentes de Edward os envolver e dar uma leve apertadinha. Abri meus olhos e fiquei olhando nossas mãos juntas. O que estava acontecendo comigo? E o que era isso que eu sentia? Por que meu coração parecia querer saltar boca afora quando estava perto de Edward? E quanto ao nervosismo constante? Não sou assim... Ao menos, eu não costumava ser...

Suspirei pesadamente e pisquei algumas vezes para voltar a enxergar com foco, pois não havia notado que estava chorando. Edward puxou minhas mãos e as levou à boca, depositando ali um beijo. Ergui meu olhar a ele.

Mordi o lábio.

-Obrigada. – murmurei. – Obrigada por querer me fazer feliz. E, posso te garantir que... – Sorri fraco. – Está dando certo só por sua causa.

Ele ficou sem reação.

Puxei minhas mãos de volta, com as dele junto e fiz o mesmo; as beijei e as manti ali, sem olhá-lo. Não queria perder nada. Um dia - quem sabe – eu me entregaria a ele... Não hoje, porque não tenho mais forças para destruir mais meu orgulho.

-Bella... – Chamou-me baixinho. Ergui meu olhar até o seu lentamente, estava com medo, nervosa. Ele me olhava com um misto de tristeza, felicidade e curiosidade. – Eu acho que estou... – Calou-se.

Um arrepio subiu ao longo da minha coluna.

-Nada. – disse enfim. – Esqueça.

E ficou por isso mesmo.

Edward se levantou, largando minha mão e me avisou dizendo que me deixaria em casa. Estava diferente, parecia estar lutando mentalmente contra si mesmo, em uma batalha interna, com sua expressão era totalmente séria. Não o obriguei a falar. Também não queria escutar - agora - o que seja lá o que ele fosse dizer. Decidi ignorar e me preparar para voltar para casa.

Despedi-me de Elizabeth que me olhava com tristeza nos olhos - não entendi o porquê – e fomos para o carro de Edward. Não trocamos mais uma palavra no meio do caminho. Parou diante da minha casa e ficou quieto. Me despedi em um simples tchau e ele, sem me olhar:

-Tchau. – disse ainda sério.

Quando notei que nada mais sairia dali, abri a porta e a fechei. Observei-o sair e sumir na rua antes de me virar na direção da casa.

O que houve com ele?

Entrei e, logo que pisei dentro, Alice apareceu saltitante e com um enorme sorriso que logo sumiu assim que me viu. Minha expressão, ao que parecia, não era a das melhores.

Perguntou-me se eu estava bem e garanti em uma voz baixa, que sim. Ela acabou vendo a mancha marrom de sangue seco em minha blusa branca, pois eu havia me esquecido de esconder e perguntou o que era aquilo. Apressei-me em dizer que caiu comida.

Fui subindo as escadas com ela me perseguindo. Parei diante da minha porta e me virei a ela.

-Alice, será que... Posso ficar sozinha um pouco? Não quero falar com ninguém agora, tudo bem?

Ela, com seus olhinhos preocupados, assentiu confusa.

Fechei minha porta e me certifiquei de que a tranquei certo. Vi que minha mochila estava sobre a minha cama. Caminhei até ela e a coloquei sobre a cadeira.

Fiquei parada, por um momento, no meio do quarto, pensando no que fazer e no que acontecia. Seja o que for... É estranho e me assusta um pouco.

Sentei-me na cama, encarando o chão.

Quando vi Edward se tornar indiferente, meu peito se apertou. Doía forte e mais parecia que estavam arrancando meu coração.

Fechei meus olhos com força e esfreguei meu rosto.

Céus! O que está acontecendo? Por que essa dor? Por que esse medo? Não tenho medo! Ele ia me falar algo... Algo que o fez mudar de idéia no último momento, mas o que era?

Minha cabeça explodia com o tanto de perguntas. Me levantei e fui até meu banheiro, me preparando para ficar um bom tempo debaixo da água quente e, assim o fiz, não notando o quão quente estava, pois deixava minha pele em um vermelho forte, até mais no local do corte. Desliguei e coloquei o pijama.

Estava longe de ser o meu horário de dormir, só que de algum jeito não queria me manter acordada. Escovei meus dentes e peguei alguns remédios, o suficiente para me dopar e me ajudar a dormir. Em geral não faço isso, mas hoje era uma exceção, minha cabeça explodia e eu queria dormir de qualquer forma.

Me deitei na cama e esperei o sono aparecer. Demorou um pouco, fazendo-me rolar um pouco sobre a cama e voltar a pensar em tudo de novo.

Deixe isso para amanhã... Amanhã..., disse a mim mesma ao cair em sono profundo.

Edward's POV

Cheguei em casa, largando a chave do meu carro no aparador e subi direto ao meu quarto. Escutei minha mãe me chamar, mas eu a ignorei, só queria ficar sozinho. Precisava pensar, precisava para um pouco e pensar.

Tranquei minha porta e fui direto ao banheiro, tomando um banho longo e demorado. Coloquei minha calça de moletom e me joguei na cama, passando meus braços sob a cabeça. Fiquei encarando o teto por um momento e logo tratei de fechá-los.

Não conseguia parar de pensar, minha cabeça ficava oscilando entre o mesmo assunto, que ia e vinha como um enorme pêndulo.

Quase... Por muito pouco não digo a Bella que a amo. O que eu estava pensando em fazer? Estava louco! Bella não gosta de mim! Ela fazia isso comigo sempre; não me permitia raciocinar direito, sempre embaralhava meus pensamentos e quase fez me declarar a ela. Seu jeito inocente me fascinava, assim como as suas atitudes. Nunca sabia o que ela faria em seguida, não era previsível como todos os outros, sempre me surpreendia e era isso que me deixava preso a ela.

E o pior de tudo era que seu cheiro estava em todo o lugar, seu cheiro doce e convidativo. No meu carro, nas minhas roupas... Aspirei. No meu travesseiro. Bati com força na cama.

O que há comigo?

Não era para isso acontecer! Era para eu me aproximar dela para descobrir o que havia de errado com ela e o grande motivo dela não se aproximar dos outros. Na cozinha, menti quando disse que a escolhi para ser a minha amiga e, para falar a verdade, se não tivesse que me aproximar devido ao seu problema de relacionamento, duvido muito que a teria conhecido tanto como a conheço agora.

Foi verdade quando disse que ela que era especial, que queria vê-la feliz e quando me perguntou o porquê disso, a principio não sabia também, até quase me declarar... Foi quando a ficha caiu e descobri que o que sinto por ela não é um simples afeto e sim, amor.

Eu estava apaixonado e pela a primeira vez na minha vida.

Bella não gosta de mim do mesmo modo, tenho certeza disso. Ela sempre deixou claro que não existia "nós", mas, em compensação, ela disse meu nome ao dormir... Mas do quê isso significa se ela o desmente quando está acordada?

Tinha que deixá-la para lá. Se eu alimentasse essa paixão que sinto, pode ser pior depois, depois que ela confirmar com todas as letras de que o sentimento não é recíproco. Tenho que esquecer Bella... E já sei exatamente como fazer isso.

Na manhã seguinte fui direto à minha mãe e lhe informar logo.

-O quê? – Elizabeth perguntou sem acreditar.

-Isso mesmo que ouviu, mãe. Quero passar um tempo com a vovó.

-Mas... Por quê? Não, Edward, você precisa...

-Não. – A interrompi. – Mãe, eu preciso de um tempo longe de toda essa loucura que está acontecendo.

-Edward, querido... – Ela parecia preocupada. – Sabe que o que está fazendo é muito...

-Esqueça, mãe. – disse sério. Não queria discutir. - É só um tempo, não vou me mudar para lá.

-Quanto tempo? – perguntou apreensiva.

-Não sei. O suficiente.

-O suficiente para quê? Para esquecer Bella? É isso? – Acertou. – Diga, Edward.

-Não tenho nada a dizer. – Virei-me em direção a escada e disse-lhe por cima do ombro. – Já avisei a vovó que lhe farei uma visita sem previsão para volta, vou amanhã mesmo.

-Edward! – Chamou-me assim que subi e fui para o meu quarto.

Tranquei a porta e ignorei quando minha mãe começou a bater na porta com força e me mandar abrir. Tirei minha mala do armário e comecei a juntar algumas peças de roupa.

Sim, eu precisava de um tempo longe daqui, longe da confusão Bella, porque aqui não dava mais. Tudo a envolvia. Estava em todo o lugar que ia. E, fazer uma visita a minha avó talvez me faça bem, me faça a pensar com mais clareza e decidir o que vou fazer.

Com certeza, isso seria melhor mesmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hummm, então, né? Para vocês verem o poder de uma música enquanto você escreve. Comecei com músicas animadas (na ordem certinha do meu Mp3) e no finalzinho apareceu uma musiquinha triste de uma das minhas bandas favoritas – The Fray – que me fez mudar o rumo inteirinho :)

Pois é, esse finalzinho vocês puderam notar a incerteza dos dois lados. Ao que parece nenhum é muito bom em aceitar os fatos de que SIM eles estão apaixonados um pelo o outro... Enfim, gostei de escrever esse finalzinho com o POV do Edward, para mostrar o porquê que ele estava estranho quando a deixou em casa. Na verdade, eu ia deixar isso para o próximo capítulo, MAS como eu estava escrevendo... Escrevi logo. De uma vez só ;)

Como ficará sem o Edward?

CALMA! Depressão jamais! Hahaha Isso basta por um tempo. :P

Ele vai demorar para voltar?

Não, não. Não deve demorar nem um capítulo, acho que no próximo mesmo ele volta ;)

E a Bella? Como fica?

Bem, isso eu ainda não sei muito bem não... xD Mentira! Eu que não vou falar, mas o que eu posso dizer é que estamos caminhando (a passos lentos, mas estamos) para a junção dos dois. ;D

Quando a Bella vai se tornar amiga dos amigos da Alice?

Logo, logo!

Isso vai prestar? Ou já vou desistir da fic?

Não precisa desistir da fic, pois o próximo capítulo já volta ao normal ;) Então, paciência, minha caras leitoras.

Vocês estão gostando?

RÁ! Essa é para vocês responderem por meio das reviews! :D

Beijinhos! E até a próxima! (que espero ser em breve :x)

Lina Furtado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Desafiando a Gravidade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.