The Mirror escrita por Koneko-chan


Capítulo 5
Companhia noturna.




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Miyazaki Toshiyuka tocou novamente a campainha, ouvindo-a escoar pelo escritório de Orihara Izaya. Ele a convidar para ir até lá fora mais que conveniente, ela tinha que admitir. Ela se recordou de como eles se falaram por telefone naquela manhã, logo depois que ela conversara com Sonohara Anri.

– Alô? – perguntara.

– Olááá, Toshi-chan! Sentiu minha falta durante a noite?

– Não, claro que não, Izzy-chan.

– Que pena. Bem, eu senti falta do meu casaco, será que ele e o seu corpo poderiam vir ao meu escritório no fim da tarde para acertarmos umas coisas?

– Seria um prazer, apareceremos aí assim que der.

Ela sorriu enquanto esperava Izaya abrir a porta, apertando o casaco dele nos braços. Não viera vestindo-o, e sim à sua própria jaqueta, pois quando fosse embora precisaria de um agasalho para não passar frio. Entretanto, se tudo corresse conforme o planejado, ela sabia que não iria embora tão cedo.

Então a porta se abriu, revelando Izaya, que usava seu habitual jeans escuro e uma camisa preta – que lhe caía muito bem, pensou Toshiyuka.

– Desculpe a demora. Minha assistente está de folga hoje – ele falou.
Ele abriu espaço e ela entrou olhando ao redor.
– E você, não tira dias de folga?
– Não, estou sempre trabalhando.
– Até ontem, quando saiu comigo?
– O maior informante de Ikebukuro precisa estar sempre de olhos abertos – disse dando de ombros.
Ela assentiu.
– Bem, também admito trabalhar mais do que deveria.
– No que exatamente você trabalha?
Os olhos de Toshiyuka, que antes inspecionavam meticulosamente o escritório como se ela pretendesse descrever todo o ambiente mais tarde, voltaram-se para encarar Izaya. Ela jogou o casaco para ele e passou a mão pelo cabelo.
– Descubra por si só.
Ele pegou o casaco no ar e colocou em sua cadeira, sentando-se e movendo o mouse do computador para acender a tela.
– Certo, vejamos... Página de busca, Miyazaki Toshiyuka... – Izaya olhou para a lista que surgiu na tela. Ele já clicara em quase todos os links nos últimos dias. – Aqui.
Toshiyuka franziu o cenho e cruzou os braços, intrigada. Ele prosseguiu.
– Miyazaki Toshiyuka, filha de Miyazaki Yasuo, dono de uma empresa de automóveis de mesmo nome..." hmm, um monte de besteiras, blá-blá-blá... "Parece que a filha mais velha não seguirá os passos do pai com a empresa. Não se sabe qual sua vocação, mas ela mostra ser algo promissor". Quem vai assumir a empresa do seu pai se não você?
– Minha irmã, Yamada – disse.
– E a Yamada-san vai fazer por vontade própria ou...
– Não. Eu a obriguei – ela sorriu e piscou para Izaya. – Eu não posso fazer o que quiser se ela fizer o que quiser. Uma das duas tem que ceder. Para que mais servem as irmãs?
Ele riu alto.
– Ah, não me pergunte isso!
– Como quiser.
– Mas – Izaya falou subitamente. – voltemos ao assunto que interessa: qual a sua profissão, Toshi-chan?
– Você é insistente, Izzy-chan. Mas ok, vou dizer. – ela enfiou a mão no bolso da jaqueta. – Fui contratada para dar um jeito nas coisas em Ikebukuro.
Izaya estreitou o olhar. Ambos ainda tinham sorrisos maliciosos nos rostos.
– Como assim "dar um jeito"?
Toshiyuka soltou um longo suspiro, apoiando-se na escrivaninha de modo a ter que inclinar a cabeça para a direita a fim de ver Izaya com um rabo de olho. Ele notou que seu jeito estava diferente. Ela parecia mais ameaçadora, o que fizera o clima entre eles ficar tenso. Não era mais uma brincadeirinha. Izaya deleitou-se com a mudança de personalidade dela.
– Disseram-me para fazer o que fosse preciso para descobrir a fonte dos conflitos na cidade, e para minha sorte, Anri-chan me levou à resposta rapidamente graças a uma fútil comparação que fez sobre nós, eu e você, Izzy-chan. A partir daí, bingo! Ao contrário de mim, sua reputação não está escondida pela de nenhum familiar!
Izaya se levantou, pôs as mãos nos bolsos da calça e caminhou até perto do sofá, de costas para Toshiyuka. Ele mantinha no rosto um sorriso indescritível que dizia que ainda faltavam coisas inexplicadas. De fato, Toshiyuka não contava tudo a ele. Não, de forma alguma. Haviam ainda muitos segredos por trás de sua vinda para Ikebukuro.
– Bem, você me encontrou – disse, virando-se para encará-la. – O que fará comigo?
Os dois tiraram as mãos dos bolsos simultaneamente, erguendo-as um para o outro. Izaya segurava seu velho canivete, enquanto Toshiyuka apontava-lhe um revólver. Se um dos dois resolvesse atacar, nem seria necessário dizer quem seria o vencedor. Com isso em mente, Izaya sentiu algumas gotas de suor escorrerem por sua nuca.
– É bem sério, hein? – murmurou consigo mesmo. – Eu vou pensar muito bem antes de convidá-la para jantar novamente.
Ela deu risada.
– Bem, eu já imaginava... – ela pareceu por um momento pensativa e riu mais um pouco. – É mesmo uma pena.
– O que é uma pena?
Ela balançou a cabeça e se aproximou alguns passos até ficar com o cano do revólver quase encostado no peito de Izaya. Ela não pôde deixar de passar o olhar por seu corpo, mordendo o lábio antes de encará-lo de novo e responder.
– Sabe, somos muito parecidos. Acho que funcionamos bem juntos. É uma pena que por sermos como somos jamais possamos confiar um no outro porque eu gostei de você.
Ele sorriu.
– Bem, não é a única. Tenho que admitir que você tem seus atrativos, Toshi-chan.

– Ah, você ainda não viu nada – ela sorriu maliciosamente.

Eles se encararam.

– E então – Izaya perguntou após algum silêncio entre os dois. – Você vai me matar ou o quê?

Toshiyuka pensou bem e aproximou o rosto do dele com uma expressão sádica no rosto.

– Eu acho que...

Um ruído baixo de dois objetos pesados caindo um após o outro no chão do escritório foi seguido por um silêncio que não incomodava nenhum dos presentes. Ah, não, eles ficaram subitamente ocupados demais para ligar se agora o revólver e o canivete jaziam no chão ao lado de seus pés, pois seus lábios estavam unidos e se moviam numa sincronia perfeita.

Seus corpos encostaram-se e as mãos de Izaya deslizaram até o quadril de Toshiyuka, enquanto ela esticava os braços para envolver o pescoço dele. Eles cambalearam um pouco, os lábios ainda colados. Toshiyuka o estava empurrando até que Izaya caiu de costas no sofá, puxando-a consigo.

– Ops – ele riu.

Ela se endireitou sobre ele, postando seus joelhos um de cada lado de seu quadril e se sentando em suas coxas.

– Parece que você não vai morrer esta noite, Izzy-chan – comentou Toshiyuka com um sorriso plantado no rosto e um ar malicioso no olhar.

Ele riu alto.

– Bem pelo contrário, não é? – perguntou passando a mão pela perna dela.

Toshiyuka começou a tirar a jaqueta, mantendo a blusa fina. Izaya desviou o olhar para seu busto, fazendo seu sorriso aumentar mais.

– Vou te mostrar algo sobre mim que você jamais seria capaz de descobrir sozinho – ela o informou.

– Mal posso esperar – Izaya murmurou, rindo consigo mesmo.

Do outro lado da sala, pela mesma porta que Toshiyuka passara minutos antes, um par de olhos espiava por trás de uma fresta mal fechada. Uma mecha de cabelo castanho-escuro caía-lhe sobre os olhos profundos e surpresos enquanto observava a cena se desenrolar. Izaya sabia que ela viria, ela lhe falara no dia anterior. Ou ele não prestara atenção – pouco provável – ou esquecera – menos provável ainda. Ela balançou a cabeça. Devia parar com essas besteiras, conhecia bem o psicopata naquele escritório! Provavelmente ele não dava a mínima para ela presenciar ou não a cena.

Antes que tivesse a infelicidade de ver seu chefe nu, Yagiri Namie fechou a porta com cuidado demasiado e puxou uma das fichas que tinha nos braços. Examinou a foto impressa que Izaya buscara dias antes: era Miyazaki Toshiyuka, tanto na fotografia quanto no escritório com as pernas em volta de Izaya, como Namie constou. Ela sentiu uma leve vontade de vomitar, preferindo não ter assistido àquilo.

Ainda sim, Namie teve o pressentimento de que por mais que Izaya estivesse informado sobre ela, nunca seria o suficiente. Miyazaki era do tipo imprevisível. Namie podia apostar que Izaya pensava estar tirando proveito da situação, mas quem na verdade estava com a vantagem era Toshiyuka.

***

Ela deu uma espiada por trás da cabeça dele com um sorriso leve e curioso no rosto.

– Com quem você estava falando, Mikado-kun? – perguntou Sonohara Anri.

Ele olhou para ela um tanto constrangido.

– Ahh! Ahn, com ninguém! Ninguém, Sonohara-san. Só umas pessoas que conheci pela internet.

– Oh – ela assentiu, ainda sorrindo.

Ele fechou as janelas e virou-se para ela. Já havia servido algumas bebidas e agora eles tomavam sossegadamente. Depois da falta de Anri de manhã, eles se encontraram após a aula e ficaram rodando pela cidade. Agora, no fim da tarde, resolveram ir para a casa de Mikado tomar alguma coisa e logo ela iria embora. Mikado se lembrou de como a aula fora vazia sem ela na carteira da frente. Estava ardendo de curiosidade para saber o que estivera fazendo, pois afinal de contas eles eram amigos e ela não estava muito animada nos últimos dias. Isso e... Bem, ele achou que depois do que acontecera antes de Kida ir embora nenhum deles mentiria para o outro novamente.

Anri notou o olhar perdido de Mikado em sua direção e inclinou a cabeça para o lado por um momento.

– O que foi? – perguntou.

Ryuugamine corou.

– Ah, nada – disse baixando o olhar. Fitou o chão por algum momento e então criou coragem para perguntar. – Hmm... Sonohara-san, eu posso fazer uma pergunta?

Ela sorriu quando ele olhou para ela.

– Claro.

– Bem – começou. Olhou para ela. – O que você estava fazendo hoje de manhã? Não tente me dizer que não é nada, por favor, você esteve estranha nos últimos dias. Parece... Preocupada. Acuada.

Ela soltou uma exclamação de entendimento e baixou o olhar.

– Eu não queria te envolver nisso, Mikado-kun – disse com a voz um tanto densa. – Quer mesmo saber?

Ele assentiu com determinação e corou um pouco ao responder:

– Você é minha amiga, Sonohara-san, pode contar comigo.

Ela sorriu levemente, ainda sem olhar para ele, mas o sorriso logo se dissipou e ela soltou um longo suspiro.

– Tem uma mulher – começou. – O nome dela é Miyazaki Toshiyuka...

Mikado arregalou os olhos. Ela de novo?

–... Ela, bem, é minha inimiga. Fez algo horrível a uma pessoa que eu conheci, anos atrás, da última vez que esteve em Ikebukuro.

– Ela está aqui de novo, não é? – perguntou, entendendo.

Ela assentiu.

– Tenho que enfrentá-la. Ela sabe o que fez, mas eu gostaria profundamente de... de dar uma lição a ela. Nós conversamos, ela parece perceber que estou tentando tomar coragem para isso.

Ele baixou o olhar, compreensivo.

– Entendo – murmurou.

– Por isso – ela continuou, como se Ryuugamine nada tivesse dito. – Por favor, Mikado-kun, se encontrar-se com ela, saia de perto imediatamente. Ela é extremamente manipuladora.

Os dois se encararam. Os olhares demonstrando a amizade entre eles. Então, Mikado sorriu, o rosto corando de leve. Aquele sorriso mostrara experiência e inteligência, apesar da pouca idade do garoto: ele já havia conhecido tipos de pessoa o suficiente para saber com quem não devia se meter.

– Certo – respondeu finalmente. – Obrigado por me avisar, Sonohara-san.

Os cantos dos lábios dela se recurvaram um pouquinho para cima também e ela soltou um suspiro de alívio. Não só por saber que Mikado não seria envolvido, mas também por ele entender facilmente que Miyazaki Toshiyuka era um problema dela. E que problema.

E então Mikado a surpreendeu.

– Ahn, hoje é sexta-feira – comentou.

Ela franziu o cenho.

– É mesmo. O que tem?

Ele baixou os olhos, cerrando os punhos – seus nós dos dedos chegaram a ficar brancos.

– Bem... Sonohara-san, você tem algo para fazer amanhã?

Ela pensou.

– Hmm. Não, por quê, Mikado-kun?

– Hmm... Bem... – ele hesitou, pensativo. Será só como amigo, tentou enfiar na própria mente, embora não entrasse. – Ahn, podíamos dar uma volta, er, por aí. Quem sabe... O que acha?

Ela o observou por alguns segundos e riu de seu constrangimento.

– Claro, seria divertido.

Ele suspirou aliviado e coçou a cabeça, corando. Finalmente conseguira falar o que queria. É uma pena, ele poderia ter guardado a coragem para outro dia, tendo em vista o que aconteceria naquele próximo sábado.


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Notas finais do capítulo

Reviews, onegai ^^



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