The Mirror escrita por Koneko-chan


Capítulo 2
Espionando




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O lacre da lata fez um estalo quando Mikado Ryuugamine abriu. Ele tomou um gole do refrigerante, sentindo o líquido fresco descer-lhe garganta abaixo enquanto ele observava o movimento dos carros do telhado da escola. Deu uma olhadela tímida para Sonohara Anri, que sentada ao seu lado, estava um tanto quieta demais naquele dia. Ele notou o olhar dela direcionado para o chão, imaginando o que se passava.

Ficou por um longo tempo observando-a. O modo como seus óculos se ajustavam ao rosto e os cabelos curtos roçando nos ombros do uniforme. A garota estava sempre tão quieta que ele mal conseguia notar as mudanças de humor nela. Mas havia algo hoje em seu olhar castanho que inspirava algo de errado. Contudo, já estava na hora de algo de errado acontecer em Ikebukuro. Já fazia tempo que alguma bagunça acontecera e isso não era comum: aquela cidade nunca ficava parada, o movimento era sempre constante. Os boatos que rondavam ultimamente não eram nada comparado aos que já foram comentados no passado, tornando-se fúteis rapidamente e dissolvendo-se mais que depressa.

O olhar de Sonohara Anri despertava toda essa impressão em Ryuugamine.

– Mikado-kun – disse ela de repente, sobressaltando-o.

– Hã! Ahn, o que foi, Sonohara-san?

Ela olhou para o céu, pensativa.

– Estou preocupada.

– Com... Com o quê?

– Escute – ela falou. – Se você se encontrar com uma pessoa chamada Miyazaki Toshiyuka – ela olhou para o amigo. – Vá imediatamente para o lado oposto. Certo?

Um flash veio à memória de Mikado sobre o dia anterior, sobre um comentário sobre o assunto no chat.

– Miyazaki Toshiyuka? Hã, por que Sonohara-san? O que tem ela?

Anri não soube responder. Ela não sabia falar sobre o assunto com Mikado... Ou talvez com ninguém. Era estranho admitir que tivesse alguém imune a ela – a dava uma sensação de fracasso. Entretanto, Anri sabia que isso não emanava dela, e sim da Saika. Mas como dizer isso a Mikado? Havia algum tempo que ela não guardava segredos dele – desde que descobriu que ele era líder dos Dólares e que seu outro amigo em comum, Masaomi Kida, era o líder da gangue dos Lenços Amarelos. Mas havia nela certa relutância em contar a verdade.

– Ela não é ninguém que você vá gostar de se relacionar – disse então em vez de qualquer outra coisa.

Mikado franziu o cenho, lembrando-se de que Kida dissera-lhe a mesma coisa quando se mudara para Ikebukuro, mas sobre Heiwajima Shizuo e Orihara Izaya.

– Como sabe disso? – ousou questionar.

Ela pensou por um longo momento enquanto a pergunta pairava no ar.

– Apenas confie em mim. Se ficar longe dela vai ficar tudo bem.

Antes que Mikado conseguisse contrariar mais alguma coisa, um grito ecoou pelas redondezas e ele se levantou repentinamente com o susto, quase derrubando a lata de refrigerante. Olhou pela grade, para as ruas movimentadas da cidade, e viu um ponto loiro carregando uma placa de sinalização enquanto corria atrás de um ponto de cabelo escuro que fazia ziguezague, como se estivesse brincando.

– Ah – suspirou, aliviado e rindo consigo mesmo. – São só o Heiwajima-san e o Orihara-san.

– Pensou que fosse o quê? – Anri perguntou, sorrindo.

– Não sei, mas ainda não me acostumei completamente com os gritos do...

– IZAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAYAAAA! – gritou Shizuo.

Lá embaixo, Izaya ria enquanto fugia de Heiwajima Shizuo.

– Shizu-chan – falou, começando a correr de costas para poder encará-lo. – Você já foi mais ágil, sabia disso?

Um rosnado alto ecoou vindo de Shizuo enquanto o mesmo lançava a placa contra Orihara Izaya, que desviou do ataque como se fosse um gato espreitando-se.

– AAAAARGH!

Virando uma esquina, Izaya entrou num beco, indo até o fundo dele. Shizuo passou batido, mas parou por um minuto, procurando o pilantra com os olhos. Um minuto depois, Orihara ouviu o grito frustrado do adversário e, com um sorriso de satisfação, voltou a caminhar pela extensão do beco até dar na rua do outro lado.

– Shizu-chan, Shizu-chan, você continua previsível como sempre – cantarolou, feliz.

O celular de Izaya começou a tocar e ele o puxou do bolso, olhando o visor e atendendo.

– Encontrou alguma coisa, Namie-chan? – perguntou.

– Encontrei, mas você vai ter que ser rápido. Nesse exato momento ela está na praça ao sul da cidade.

Izaya olhou ao redor e sorriu.

– Mas que conveniente, estou quase lá. Bye-bye.

Ele desligou e começou a se dirigir à praça com um sorriso malicioso nos lábios. As informações que conseguira recolher sobre Miyazaki Toshiyuka foram quase inúteis. Encontrá-la pessoalmente provavelmente faria com que ela se tornasse peça integrante de seu jogo. E assim que isso acontecesse, a agitação voltaria a Ikebukuro e ele poderia se sentar e assistir aos outros jogarem sob suas regras. Era tão previsível que parecia entediante, mas Izaya sabia que no final das contas valeria à pena. E talvez, quem sabe, ainda conseguisse um pequeno prêmio – isso o fazia sentir-se ainda mais prestigioso.

Quando chegou à praça, começou a olhar ao redor em busca de Miyazaki. Puxou a foto que imprimira dela do bolso e colocou-a em frente ao rosto para conseguir encontrá-la mais rapidamente... O que não ajudou muito e só o fez parecer idiota, ele sabia, embora não ligasse. Alguns segundos depois a detectou próxima à fonte. Ela estava andando sobre a mureta e correndo um risco terrível de cair na água, desequilibrando-se frequentemente, mas sempre voltando a se estabilizar. Um sorriso malicioso deixava sua expressão tão semelhante à de Izaya que por um leve momento ele se assustou, mas deliciou-se com a astúcia expressa naquele rostinho pequeno.

Ele guardou a fotografia no bolso. Ela era mais bonita ao vivo e à cores.

– Não me diga que fica fazendo isso o dia todo? – perguntou quando se aproximou dela, colocando as mãos nos bolsos do casaco.

Ela parou e girou nos calcanhares, olhando-o. Seus olhos o fitaram com censura.

– O que posso fazer? Tóquio não tem tantas fontes. Pelo menos não onde eu morava.

O sorriso dele se alargou. Era ela realmente.

– Imagino que você tenha dinheiro suficiente para comprar uma fonte e coloca-la no jardim se quiser, Miyazaki Toshiyuka.

Ela sorriu.

– Para seu governo, eu moro em um apartamento, Orihara Izaya.

Isso o pegou um pouco de surpresa. Izaya ergueu as sobrancelhas cautelosamente.

– Pode descer daí e me dizer como sabe meu nome?

– Não vou descer. E da mesma maneira como sabe o meu, provavelmente – ela sorriu maliciosamente.

– Fico feliz em saber que ocupei boa parte de seu tempo – disse rindo.

Entretanto, seu riso logo se se transformou num sorriso malicioso ao ouvir a resposta dela.

– Na verdade, não ocupou. Pedi à minha assistente para pesquisar.

Ele riu.

– Certo, me pegou – admitiu erguendo os braços para o alto, o que fez seu casaco subir um pouco. – E agora?

Ela desceu da fonte faustosamente e ficou bem à frente de Izaya.

– E agora você me diz o que quer comigo – ela respondeu de modo simples.

Ele deu um passo à frente, ficando bem mais próximo a ela.

– Bem, isso será algo que nem sua assistente poderá descobrir, Toshi-chan. Terá que desvendar sozinha essa parte.

Ela sorriu maliciosamente.

– Não será difícil.

– Como pode ter tanta certeza?

– Porque você não parece tão inteligente quanto acha.

– E você não é tão extraordinária quanto parece.

Ela ergueu uma sobrancelha.

– Pareço extraordinária?

– Sim – rebateu Izaya, abrindo um sorriso malicioso. – Extraordinária, bonita, atrevida e astuta, mas nada é o que parece, não é mesmo, Toshi-chan?

Ela estreitou o olhar. Miyazaki acreditara em Sonohara Anri quando a mesma dissera que ela se parecia com Orihara Izaya. Ainda sim, ela não acreditara que a comparação fosse ser tão meticulosa. Em sua mente, isso viria a ser ótimo, seria muito legal brincar com ele.

Ela se afastou dele, olhando para o céu enquanto caminhava de costas. Isso permitiu a Izaya dar uma boa olhada nela, concluindo que ela ficaria bem melhor sem aquela jaqueta de couro preta que escondia suas curvas. Ele quase não ouviu quando ela falou com ele.

– Bem, acho que encalhamos agora no assunto, não é?

Ele deu de ombros, sorrindo.

– Parece que sim.

Ela parou e colocou as mãos nos quadris, olhando-o ceticamente.

– Não vai nem ao menos me convidar para jantar?

Ele sorriu mais.

– Você é pretenciosa, Toshi-chan. Estou especialmente tentado a fazê-lo. Que tal no Russia Sushi às 20h30?

– Nos encontramos lá.

– IZAAAYAA – ouviram um grito.

Izaya se virou e viu Shizuo, fumegando de raiva enquanto tirava mais um poste de sinalização do chão e começava a caminhar em direção a ele. Izaya começou a rir.

– Oh-ou, o Shizu-chan me achou – olhou para Toshiyuka. – Tenho que ir, Toshi-chan. Até à noite.

Ela sorriu maliciosamente enquanto observava-o andar rapidamente para o outro lado do chafariz.

– Bye-bye, Izzy-chan! – falou.

Ele parou repentinamente, erguendo uma sobrancelha e se virando para encará-la. Aquele sorriso de deboche estampado no rosto de Miyazaki fazia Izaya ter uma sensação de divertimento. E... Izzy-chan? Ninguém nunca o chamara assim antes. Ele costumava diminuir e aplicar o -chan aos nomes dos outros por brincadeira, mas nunca pensou que alguém pudesse fazer o mesmo com ele. Izaya olhou para o outro lado bem a tempo de desviar da placa que Shizuo atirava nele e saiu correndo para o outro lado do parque, sorrindo sem saber ao certo o porquê.

***

– Kanra-san entrou na sala de chat –

Kanra-san: Oláááááááááááááá!

Tanaka Tarou-san: Boa noite, Kanra-san.

Tanaka Tarou-san: Está animada hoje, hein?

Kanra-san: Isso é totaaal impressão sua, Tanaka Tarou-san!

Setton-san: Algum de vocês viu a Saika-san?

Kanra-san: Ah! É mesmo, eu também queria falar com ela.

Tanaka Tarou-san: Ela não entrou hoje, acho.

Setton-san: Estou com um pouco de preocupação, ela parecia estranha ontem.

Kanra-san: Saikaa e Setton sentados numa árvoree... ♫

Setton-san: Pare com isso, Kanra-san!

Kanra-san: Eu estava brincando, você sabe.

– Bakyura-san entrou na sala de chat –

Bakyura-san: Boa noite!

Kanra-san: Ora, boa noite, Bakyura-san.

Setton-san: Olá!

Tanaka Tarou-san: Ah! Oi!

Bakyura-san: E então, quais as novidades, pessoal?

Tanaka Tarou-san: Hmm. Nada, acho.

Setton-san: Acho que Kanra-san está amando!

Bakyura-san: Verdade?

Bakyura-san: Quem é a criatura infeliz?!

Bakyura-san: Também vai entrar para o chat?

Kanra-san: Setton-san, não me provoque!

Kanra-san: Está bem, eu tenho um encontro hoje sim.

Kanra-san: Kyaaaa!

Tanaka Tarou-san: Um encontro? Fico feliz por você Kanra-san.

Kanra-san: Não precisa ficar, Tarou-san. São apenas negócios.

Setton-san: Um encontro de negócios? Não estou tão certo quanto a isso...

Kanra-san: Ah! Falando nisso, acho melhor eu ir, já está quase na hora.

Tanaka Tarou-san: Boa sorte!

Tanaka Tarou-san: E cuide para não espantar a pessoa com quem vai sair!

Kanra-san: Não preciso, ela é tão estranha quanto eu.

Bakyura-san: Não duvido… Acho até que sei quem é.

Bakyura-san: Tchau, Kanra-san!

Kanra-san: Vamos ter uma pequena conversa depois, Bakyura-san.

Kanra-san: Au revoir!

Setton-san: Tchau!

– Kanra-san saiu da sala de chat –

Izaya fechou a sala de chat e se espreguiçou, inclinando a cadeira para trás. Ele se levantou e foi até a mesa do outro lado, em seu tabuleiro triangular de xadrez. Tirou todas as peças de cima e começou a arrumá-lo a seu modo. Ele organizava peças de xadrez junto com de mahjong e de damas de um jeito que apenas ele conseguia entender.

– Organizando um novo jogo? – perguntou Namie.

– Sim, sim. E adicionando uma nova peça. Vamos ver como ela se comportará esta noite! – riu-se Izaya.

Ela olhou para ele.

– O que quer dizer?

Ele olhou para ela com um sorriso sacana plantado no rosto.

– Sabe por que eu raramente saio com uma pessoa só, Namie-chan?

Ela não se atreveu a responder e continuou olhando-o com cara de tédio. Izaya baixou o rosto com uma expressão condescendente e balançou-o com um ar de decepção.

– Ah, Namie-chan, pensei que já tivesse aprendido. Eu raramente saio com uma pessoa só porque amo muito, muito, muito os humanos! Como eu poderia escolher por apenas um deles?

Ela revirou os olhos.

– Eu já devia ter antecipado essa resposta. Bem, divirta-se em seu encontro.

Ele colocou a última peça no lugar e enfiou as mãos nos bolsos, começando a caminhar em direção à saída.

– Ah – exclamou Namie, levantando-se. – Você vai precisar daquelas notificações que eu levei no começo da semana?

Ele parou e olhou para ela.

– Seria bom. Por quê?

– Certo. Amanhã tenho folga, mas à noite eu os trago, certo?

Ele assentiu.

– Como quiser.

Izaya desceu o elevador e foi caminhando para o Russia Sushi. Ikebukuro estava funcionando em seu ritmo normal. Pessoas andando pelas ruas, muitas vezes sem rumo. Algumas conhecidas, outras não. Os grupos andando caracterizados com acessórios coloridos já não eram mais tão comuns ultimamente, o que deixava a cidade com um aspecto monocromático.

Entretanto, para um pequeno grupo, aquela cidade conseguia nunca ser monótona. Karisawa Erika e Yumasaki Walker tinham comprado mais uma tonelada de mangás e liam animadamente sentados num reservado do Russia Sushi com Togusa e Kadota.

– Ahh! Que demais, demais, demais – exclamava Erika enquanto pegava mais um da sacola. – Eu estava esperando por este aqui há séculos!

– Você espera por todos durante séculos – Kadota rebateu.

– Eu sei, mas esse é especial!

Kadota revirou os olhos. Ela dizia isso sobre todos mangás que comprava, e não era novidade.

– Aah! – Erika falou. – Mas ele vai ter que esperar, preciso ir ao banheiro! Se a comida chegar, me esperem!

Ela se levantou e passou por Walker, que minutos depois de ela sair do reservado, sorriu e disse:

– Se a comida chegar, eu fico com a parte dela.

Alguns segundos se passaram, entretanto a comida não chegou para a infelicidade de Yumasaki. Quando Karisawa voltou, estava elétrica.

– Ah, vocês não vão acreditar no que eu vi com meus próprios olhos!! Essa cidade é DEMAIS!

– O que foi? – Togusa perguntou.

– Acho que dá para ver daqui – ela se espreitou para enxergar por uma brecha do tecido que separava o reservado do resto do restaurante. – Oolhem logo ali! Orihara Izaya e Miyazaki Toshiyuka!

Kadota franziu o cenho e se esticou para ver junto com os demais.

– Que estranho – murmurou. – Só pelas expressões deles já parecem o reflexo um do outro.

– Não é mesmo? – Erika falou. – Eles parecem um casal malvado de mangá!

– Aqueles que acabam com a alegria do protagonista – exclamou Yumasaki. – Que demais!

A cortina se abriu e todos olharam para cima, vendo a grande figura de Simon com algumas bandejas de sushi.

– Estão espionando? – perguntou Simon.

Os quatro se sentaram direito.

– Imagine, Simon! – Togusa riu.

– Espionar é feio – disse Simon sorrindo enquanto os servia. – Comam sushi, é melhor.

– Simon – Kadota chamou. – Será que você sabe por que Orihara Izaya e Miyazaki Toshiyuka estão se encontrando?

Ele ficou sério.

– Não, mas imagino que não seja nada bom. Fiquei sabendo que Miyazaki-san é tão manipuladora quanto Izaya-kun.

– Isso é mau – Erika murmurou. Então começou a rir. – Imagina, Dotachin, se eles resolvem se juntar para causar confusão na cidade? Izaya já é capaz de fazer isso sozinho, imagina os dois juntos?!

– Erika, poderíamos fazer uma história de mangá sobre isso, o que acha? – perguntou Walker, entusiasmado.

– Vamos mandar para toooodas as editoras que conhecemos, será uma revolução!

Togusa revirou os olhos e pegou seus hashis, colocando um sushi na boca. Enquanto isso, Simon se virou para Kadota.

– Kadota-kun. Se quiser, fico de ouvidos abertos para saber o que esses dois estão tramando.

Ele sorriu.

– Simon, você não disse que espionar era feio?

– Espionar, não espiar – ele riu e saiu do reservado.

Kadota se esticou mais para dar uma olhada em Miyazaki e Orihara. Ambos pareciam ter o mesmo olhar afiado e traiçoeiro e o mesmo jeito escorregadio que alertava a não se aproximar caso não queira se afetar. Quando Kadota olhou para a mesa de novo, viu que lhe faltavam dois sushis. Olhou para Erika e Walker, que mantinham sorrisos cúmplices por trás dos volumes de mangá, e estalou a língua em desaprovação.

– E então – perguntou Toshiyuka a Izaya. – Sei que você é um informante em Ikebukuro, mas o que exatamente você faz aqui?

Izaya engoliu o sushi que mastigava e pensou por um momento.

– Bem, a primeira coisa que deve saber sobre mim é que eu amo os humanos, portanto faço de tudo para vê-los em todas as formas diferentes.

Ela riu.

– Humanos, é? E o que faz você gostar de criaturas tão vis e sádicas?

Izaya sorriu.

– Não sei se você entenderia, Toshi-chan.

– Sou inteligente, eu posso juntar as peças.

– Certo – seu sorriso se tornou malicioso e ele se recostou na cadeira. – Bem, gosto de humanos porque eles são previsíveis, exceto por três pessoas. Sem contar essas, eu posso adivinhar a reação de qualquer um a qualquer situação!

– Você é bem presunçoso... Quem são essas três exceções?

– Hmm... Shizu-chan é a primeira delas. Quando nos conhecemos ainda éramos colegas na Raira. Ele virou e simplesmente disse que não gostava de mim! A partir daí ele começou a me perseguir.

– E o que você fez?

– O que você faria?

Ela sorriu de modo cruel.

– Provavelmente provocaria indiretamente.

Izaya assentiu com a cabeça.

– Foi o que eu fiz.

Eles ficaram alguns segundos se encarando, pensativos, até que ela resolveu falar de novo.

– Quem é a segunda pessoa?

– Ah, esse você conhece melhor, acho. Simon.

Ela ergueu as sobrancelhas e indicou o russo alto que atendia à mesa ao lado. Izaya assentiu, confirmando.

– Interessante – ela murmurou. – Não era minha suspeita.

– E quem era?

Toshiyuka indicou com o olhar um reservado do outro lado do restaurante.

– Tem um garoto ali dentro que estava olhando para nós até agora pouco – disse.

Izaya começou a pensar, tentando descobrir quem era já que estava de costas para o reservado.

– Hmm, como ele era?

– Parecia te conhecer, usava um capuz preto e um casaco verde-petróleo.

Ele sorriu.

– Ora, ora, se não era o Dotachin!

– Como? – perguntou Toshiyuka, quase rindo do apelido.

– Kyouhei Kadota. Vive andando com um grupinho excêntrico de dois otakus exóticos e um neurótico que dirige a van que eles costumam usar.

– Realmente, que grupo estranho.

– Mas ele não merece suas suspeitas embora seja mais inteligente do que a maioria – riu-se Izaya. – Simon é mais imprevisível, não sei explicar.

– Certo – ela sorriu. – E quem é a terceira pessoa?

– A terceira pessoa é nova em minha contagem – ele disse com um olhar afiado na direção dela. – É você, Toshi-chan.

Toshiyuka fez cara de comovida e soltou um sorriso traiçoeiro disfarçado de amável.

– Ohh, Izzy-chan, estou lisonjeada. Só sinto não poder dizer o mesmo de você.

O sorriso dele vacilou um pouco e ele estreitou o olhar.

– Imaginei.

Quando terminaram de comer, Izaya pagou a conta, recebendo no máximo um olhar irritado de Toshiyuka, – já que ela preferia ter dividido a conta – e quando se levantavam, ele perguntou:

– Posso levá-la para dar uma volta, Toshi-chan?

– Mas é claro – respondeu ela. – Izzy-chan.


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Notas finais do capítulo

Reviews, onegai!



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