The Mirror escrita por Koneko-chan


Capítulo 1
De volta à Ikebukuro


Notas iniciais do capítulo

Edit: capítulo editado porque a porra do Nyah resolveu mexer no HTML sozinho.



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Orihara Izaya estava sentado em sua cadeira habitualmente, as pernas estendidas sobre a mesa do computador, enquanto conversava na sala de chat com as pessoas que ele supostamente conhecia pela internet. Supostamente, porque, óbvio, ele fazia ideia de quem era quem na vida real. Ele era o informante mais conhecido em Ikebukuro: o que sabia de absolutamente tudo o que se passava com qualquer um, quer fosse importante, quer não.

Entretanto, ultimamente Ikebukuro andava cansativa e monótona. Izaya estava entediado, o que não era bom, porque se nada acontecesse logo ele acabaria mexendo os pauzinhos ele mesmo para ver alguma confusão. Foi aí que Setton-san disse alguma coisa que o espetou de curiosidade.

Setton-san: Vocês ouviram falar de uma garota nova que chegou a Ikebukuro esses dias?

Saika-san: Não... O que tem ela?

Kanra-san: Hm? De quem está falando, Setton-san?

Tanaka Tarou-san: Hm! Que estranho você não estar sabendo de alguma coisa, Kanra-san!

Kanra-san: Apenas talvez uma falha de comunicação entre o sistema de boatos da cidade.

Tanaka Tarou-san: Mas fale logo, Setton-san, também estou curioso.

Setton-san: Bem... Ouvi falar que ela vem de Tóquio mesmo. O nome dela é Miyazaki Toshiyuka.

Kanra-san: Miyazaki? Onde foi que já ouvi esse nome?

Saika-san: Também não me é estranho...

Setton-san: Ela é filha de Miyazaki Yasuo, dono daquela famosa empresa de automóveis.

Tanaka Tarou-san: Realmente! Dizem que aquela empresa funciona a gerações, desde a época do zaibatsu, não é?

Setton-san: Exatamente, Tarou-san.

Kanra-san: Hmmm.

Kanra-san: Vou procurar me informar.

Saika-san: Não… Não é nada. Só achei que...

Kanra-san: Hahaha. Saika-san, você está usando o modo de mensagem privada errado novamente.

Setton-san: Ai, ai...

Saika-san: Ah! Ops. Não consigo me acostumar com isso…

Saika-san: Pessoal, vou ter que sair agora.

Kanra-san: Eu também. Vou ver se consigo descobrir algo sobre essa tal de Miyazaki Toshiyuka!

Kanra-san: Desejem-me boa-sorte!

Tanaka Tarou-san: Você não precisa disso, Kanra-san...

Tanaka Tarou-san: Mas tchau para vocês.

Setton-san: Tchauzinho.

Um sorriso se esboçou no rosto de Izaya enquanto ele imaginava se a tal de Miyazaki Toshiyuka era a pessoa que faria sua diversão voltar. Jogou numa página de pesquisa o nome da garota e observou os resultados. Pouquíssimos, para seu desgosto, mas o suficiente. Ele, então, pôs mãos à obra para começar a pesquisar sobre a garota. Puxou de lado um caderno e arrancou uma folha em branco, começando a escrever os dados à medida que os conseguia.

– Hmm – murmurou interessado, soltando um sorriso malicioso.

Logo, tinha uma lista com as informações. Toshiyuka tinha a mesma idade de Izaya. Ele mandou imprimir uma foto dela que encontrou, observando suas feições com clareza: longos cabelos negros e íris dourada preenchendo um olhar desconfiado, sedutor e manipulador. Izaya sentiu uma risada emergir de seu ser quando viu que conseguia apreender essas características a si mesmo. Ele olhou para o caderno, colocando um clipe na foto e prendendo-a à folha. Releu as informações, insatisfeito.

– Eu conheço essa cara – Yagiri Namie comentou, erguendo os olhos de uma planilha que lia, do outro lado da sala. – O que foi?

Izaya mordeu a ponta da caneta.

– Um desafio... – murmurou, sorrindo. Ele começou a girar a cadeira. – Já ouviu falar de alguém chamada Miyazaki Toshiyuka, Namie-chan?

Ela pensou um pouco.

– Talvez seja algo relacionado à Miyazaki Automóveis, não?

– Exato. Ela está em Ikebukuro, mas as informações sobre a empresa do pai dela escondem toda e qualquer informação que eu possa encontrar sobre ela – ele parou de girar, com uma expressão má esboçada no rosto. – Mas Saika-san parecia um tanto relutante sobre algo quando começamos a falar disso. Talvez saiba de alguma coisa que eu ainda não sei...

– Não consegue encontrar onde ela está hospedada?

– Hmm, será algo um tanto complicado de descobrir. Maas – ele sorriu, voltando seu rosto para a tela de seu computador novamente, vendo um número e discando-o no telefone. – Tenho um contato que tornará tudo inúmeras vezes mais fácil.

– Quem seria? – perguntou Namie, curiosa.

No segundo toque, Izaya respondeu.

– Ahn, alô? Ishikawa Chiyoko-san?

***

Ishikawa Chiyoko bateu o telefone no gancho, rangendo os dentes de frustração.

– Será possível?! – rosnou. – Essa mulher não está hospedada em nenhum hotel de Ikebukuro!

Enquanto entrava no quarto escuro e mal iluminado, Kyouhei Kadota escutou essa exclamação.

– Com raiva, Ishikawa? – comentou com sua voz grave.

Chiyoko se virou, surpreso.

– Ah. Olá, Kadota-kun... É apenas um trabalho que me foi passado, pediram para eu encontrar uma garota chamada Miyazaki Toshiyuka, mas ela não está em lugar algum!

Kadota franziu o cenho, achando o nome estranhamente familiar.

– Miyazaki... Toshiyuka?

– Sim, aparentemente é filha do dono da Miyazaki Automóveis.

Entretanto, não era por isso que o nome era familiar a Kadota.

– Posso perguntar quem foi que pediu que procurasse?

Chiyoko olhou para Kadota com uma sobrancelha erguida.

– Acho que sim, mas por que lhe interessaria?

– Ah, nada, só curiosidade – mentiu.

Ishikawa deu de ombros.

– Bem, ele não pediu sigilo dessa vez. Foi Orihara Izaya. Um conhecido seu, imagino.

– Ah – suspirou. – Sim, eu o conheço.

– Não lhe conte que eu disse isso, é capaz de ele suspender meu pagamento.

– Pode deixar. Ah, e antes que eu me esqueça – ele jogou um envelope para Ishikawa. – Karisawa-san pediu que eu trouxesse isso.

– Hm? Karisawa Erika? Sim, sim, foi por encontrar o vendedor de pôsteres, não é? Fiquei sabendo que ela e aquele amigo dela... Como é o nome mesmo? Eles compraram um monte de pôsteres de personagens de mangá e que Murakami-san acabou fazendo um bom preço.

– Ah, sim. Yumasaki Walker. Eu estava com eles naquele dia. A van do Togusa-kun ficou lotada.

Chiyoko assentiu compreensivamente e se virou para o telefone.

– Bem, vou voltar à minha busca... Até mais.

– Até, Chiyoko-kun.

Passando pelo corredor até a saída de cenho franzido por todo o caminho, Kadota caminhou até a van, abriu a porta e se sentou.

– Dotachiiin, obrigada! – exclamou Erika no banco traseiro.

– Por nada – disse, um tanto ranzinza, enquanto colocava o cinto de segurança. – E pare de me chamar de Dotachin.

– Dotachin, Dotachin, Dotachiiiin – insistiu a garota.

– Você demorou – comentou Togusa, colocando a van para andar. – Ficaram conversando?

– Pois é. Algum de vocês conhece alguém chamada Miyazaki Toshiyuka?

– Miyazaki Toshiyuka... – murmurou Walker. Ele se virou repentinamente para Erika. – Não é aquela que vimos no começo da semana quando fomos comprar sushi?

– Sim! No Russia Sushi! – ela se virou para Kadota para explicar. – Estávamos sentados ao lado de uma mulher de cabelo escuro e ouvimos Simon perguntar qual era o nome dela quando a estava servindo. Ela sorriu e disse Miyazaki Toshiyuka.

– Tem certeza?

– Sim – responderam Erika e Walker ao mesmo tempo.

– E quando saímos – continuou Walker. – A vimos atravessar a rua e entrar num edifício branco com janelas, bem em frente ao restaurante. Lembro que até brincamos comparando o sobrenome dela à automobilística.

– Incrível! Mas por que quer saber, Dotachin?

Kadota ficou quieto por um segundo.

– Orihara Izaya está atrás dela por algum motivo. Não sei por que estou estranhando, Izaya persegue todo mundo na cidade como se fosse um caçador.

– Ele é um informante, chega bem perto – Togusa falou. – Mas o que acha que ele quer com ela?

– Não sei. Mas acho que não seria ruim se ficássemos de olho nisso.

Togusa parou o veículo abruptamente. Todos olharam para frente e viram a razão: Sonohara Anri atravessava a rua rapidamente e quase era atropelada por eles. Ela parou e olhou a van, vendo seus ocupantes. Ela assentiu de leve, um pedido de desculpas escapando por entre seus lábios, e voltou a correr.

– Ei, Dotachin – Erika chamou, estreitando o olhar. – Aquela não é a garota que vivia com o Kida-kun e o Mikado-kun?

– É sim – murmurou em resposta. – Não a vejo faz um tempo. Ela parecia apressada.

– Ela parecia desesperada – rebateu Walker.

Ele e Erika se entreolharam.

– Legal! – exclamaram.

– Talvez, talvez – ela disse. – Ela tenha brigado com o Mikado-kun e esteja correndo para pedir desculpas!

– Ou não! Isso é tão coisa de mangá! Daria uma boa história, não acha?

– Legal! – exclamaram juntos novamente.

Kadota revirou os olhos.

Enquanto isso, Sonohara Anri corria pela praça até atravessar para o outro lado da rua novamente. Ela parou quando algo passou bem perto da cabeça dela, pouco antes de virar a esquina. Ela olhou cautelosamente e viu que era uma máquina de refrigerantes. Olhou para o outro lado e viu Heiwajima Shizuo endireitando os óculos enquanto passava por ela. Os ataques de raiva de Shizuo andavam pouco frequentes, mas ainda sim eram assustadores se vistos de perto!

– Não tenho tempo para isso – sussurrou para si mesma, balançando a cabeça e voltando a correr.

A garota se aproximou do Russia Sushi e atravessou a rua bem em frente, parando para respirar próxima à entrada de um edifício branco com muitas janelas. Ela olhou para cima, nas janelas, por um instante pensando se devia fazer aquilo ou não. Ela baixou o olhar novamente e viu pelo canto do olho duas pessoas saírem do prédio. Ela colocou a mão no ombro da primeira.

– Ahn, com licença – pediu. – Desculpe. Poderia me dizer qual o andar de Miyazaki Toshiyuka, por favor?

O homem a olhou, por um instante.

– Ah. É a garota que se mudou recentemente, não é? Terceiro andar.

– Ela... se mudou realmente? – Anri perguntou, um tanto surpresa e levemente temerosa, mas quase sem alterar sua expressão.

– É, parece que sim. Um caminhão parou aqui alguns dias antes de ela chegar, foi um trânsito de móveis subindo.

A garota mordeu o lábio, agradeceu e entrou em disparada no prédio, subindo as escadas como um jato. Ela confessava internamente preferir falar assim com uma pessoa do que controlando-a para que diga o que ela precisa, como fez com as aproximadamente 11 pessoas no caminho para conseguir descobrir onde estava Miyazaki Toshiyuka. Ela tinha usado pouco esse método ultimamente, de modo que a Saika vinha sendo quase inútil.

Chegou ao 3º andar. Tinha apenas 1 apartamento e ela foi diretamente a ele. Tocou a campainha e aguardou. Segundos depois, a porta se abriu e uma mulher de longos e negros cabelos presos em um rabo-de-cavalo apoiou-se ao batente com um sorriso presunçoso dançando nos lábios finos.

– Ora, ora, ora, Anri-chan, eu estava esperando você. Achei que viria assim que soubesse da minha chegada.

Anri corou um pouco. Fora exatamente o que acontecera: ela viera assim que Setton-san, ou Celty, a Dullahan que morava em Ikebukuro, comentara sobre isso no chat. Celty mesma notara a falta de comentários de Anri sobre o assunto e abrira uma janela privada.

Setton-san [Private Message for Saika-san]: Anri-chan, tudo bem? Ficou quieta de repente, o que houve?

Saika-san: Não... Não é nada. Só achei que...

Ela tinha que aprender a usar o modo de Mensagem Privada direito.

– Então, quer entrar, ou você ainda tem aquela indisposição a ficar próxima a mim em lugares fechados? – Miyazaki riu.

– Não, obrigada.

Anri não sabia ao certo o que fazer ou dizer. Na verdade, viera tão precipitadamente que nem pensara direito no que iria perguntar a Toshiyuka. Ela mais queria saber se era verdade que ela estava na cidade.

– Você ainda consegue fazer aquilo? – perguntou por fim, para não deixar o silêncio pairar.

Toshiyuka sorriu mais.

– É claro, quer tentar?

Sonohara desviou o olhar.

– Não precisa – rebateu. – Acredito se diz. Isso quer dizer que você continua insensível como sempre...

Toshiyuka jogou a cabeça para trás e riu por algum tempo, assim que se acalmou, olhou para Anri com uma expressão sacana no rosto.

– Ohh, Anri-chan, assim você me magoa! Insensível não, por favor! Eu adoro todo mundo, faria de tudo para ajudar alguém que precisasse.

Anri soltou um ruído de desgosto.

– Assim como ajudou Inoue Eiko?

Isso surpreendeu levemente Miyazaki e ela não se esforçou em deixar de demonstrar. Sorriu maliciosamente.

– Então você sabe. Bem, não sou a pessoa quem vai parar uma pessoa quando ela quer fazer algo. Mesmo que esse alguém queira cometer suicídio.

Sonohara bufou.

– Você fala como uma pessoa que conheci. Orihara Izaya.

A expressão de Toshiyuka não se alterou embora ela demonstrasse um mínimo de interesse. Ela não gostava de ser comparada, e se fosse, que fosse com alguém que estivesse a sua altura.

– Fale-me mais sobre ele.

– Não sei muito. Só que é o informante da cidade e que gosta de jogar com as pessoas como se fossem peões para sua própria diversão.

– Hmm. Um manipulador. Procurarei me informar, obrigada Anri-chan.

Anri compreendeu que naquele agradecimento estava implícito um aviso de que ela já podia ir embora. Ainda sim, ela não sairia antes de perguntar:

– Por que voltou a Ikebukuro?

Toshiyuka sorriu e deu um passo em direção a Anri.

– Não foi por sua causa se é o que está pensando.

– Eu perguntei “por que” e não “por quem”, Miyazaki-san.

Miyazaki ficou séria e pareceu levemente frustrada.

– Creio que isso não lhe diz respeito.

– Não mesmo – a outra rebateu. – Mas Miyazaki-san – prosseguiu Anri, tirando a Saika da manga da blusa e apontando-a ameaçadoramente para Toshiyuka. – Não tente desordenar essa cidade. Caso o faça, vai se arrepender. Ainda que a Saika não tenha poder sobre você, você ainda é uma humana e não seria tão difícil retalhá-la.

Miyazaki sorriu com a ameaça. Na verdade, não via ameaça nenhuma vinda de Sonohara Anri, ainda menos da Saika. Mas talvez ela as subestimasse.

– Bem, Anri-chan, não vou prometer nada já que você já deveria saber que quando quero fazer algo, isso é feito de um jeito ou de outro. De qualquer modo, parece que ainda vamos nos encontrar de novo, pois não posso aceitar esses termos. Enquanto isso, bye-bye!

Sonohara Anri baixou a Saika e colocou-a de volta no lugar.

– Não bagunce a minha cidade. Esteja avisada – disse. Então virou-se e voltou a descer as escadas.

Miyazaki Toshiyuka ficou na porta por mais algum tempo, esboçando um sorriso que indicava que todos os seus planos corriam como deveriam. Ela esperava essa reação de Anri e a garota fizera absolutamente tudo o que ela previa. Ela apoiou as costas no batente e começou a rir.

– Ah! Amo vocês, pessoas! Conseguem ser tão previsíveis – exclamou sozinha e baixou o olhar. – E Anri-chan ainda acha que aquela faquinha dela pode me afetar! Ah, que bobinha, bobinha, bobinha, bobinha, bobinha, bobinha, bobinha!

Ela parou de rir e baixou o olhar, pensativa, mas ainda com as pontas dos lábios meio curvadas para cima.

– Ainda sim – ela comentou com seus botões. – Sonohara sabe do incidente do garoto que se suicidou na última vez em que estive em Ikebukuro. Isso é potencialmente problemático.

Ela deu uma risada escandalosa. Isso vai ser divertido, pensou.


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