Ocultos escrita por mitsukichan


Capítulo 2
Capítulo 1 – A Tumba.


Notas iniciais do capítulo

Desculpas pela demora.. Universidade: sugando vidas e destruindo vidas sociais xD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/99629/chapter/2

Dez anos depois.

                Ela respirou fundo. Precisava se acalmar e convencer o espírito daquele velho castelo inglês a se mostrar para ela. Sem isso ela teria dificuldades em ajudá-lo a passar para o outro lado ou qualquer coisa do tipo. Ela tinha feito alguma pesquisa histórica, mas ainda precisava ter certeza de quem se tratava.

                “Contato cara a cara é a alma do negócio”, ela pensou, rindo consigo mesma da própria piadinha. Ao seu lado, sua mentora e amiga bufou. Kira era, no geral, um amor de pessoa, ou de fantasma, que seja. O caso era que ela realmente levava a sério essa de ajudar o próximo. Tanto que tinha sido um caos convencê-la de que não seria tão ruim assim elas usarem aquele “dom problemático” para faturarem alguma grana. Afinal, uma delas precisava comer.

                Tinha tentado outros trabalhos sim, até tinha ficado algum tempo em alguns, desde que deixara a casa dos pais. De lugar em lugar, arrumava empregos e os perdia devido ou à sua habilidade de ver fantasmas, ou ao seu passado, que constantemente vinha à tona devido à perseguição de sua família. Eles temiam que ela jogasse o nome da família na lama.

                Ela ficou um pouco pensativa. Avaliava como as coisas tinham chegado àquele ponto. Lembrou-se da ocasião que resolvera deixar a casa dos pais, dois dias após seu desastroso debute social, aos quinze anos.

Naquela ocasião, Anastácia descobriu um segredo sobre si. Aquele tipo que abala qualquer um, mas que, para ela, apenas fez tudo que tinha passado naquela casa fazer sentido. Claro que alterou drasticamente o rumo da sua vida. Entretanto, àquela altura, já tinha se tornado uma pessoa resistente e firme, optando, com um grande dar de ombros, por desfazer-se de seu sobrenome e de uma vida de luxo que nunca a acolheu.

A família foi totalmente contra essa postura, como sempre. Alegaram que ela teria que terminar os estudos. Sendo assim, ela prometeu que o faria. Passou a trabalhar para se sustentar, devolvendo todo o auxilio que o pai mandava mensalmente, mas, como prometido, continuou a estudar. Ao concluir seus estudos, para desespero da família que marcava e vigiava seus passos, deixou a cidade.

                Por algum motivo, nos últimos anos, a insistência dos Le Lieur para que ela voltasse tinha aumentado exponencialmente. Tinham chegado ao cúmulo de enviar uma correspondência ao seu último emprego “normal”, dizendo que ela era uma doente mental de família influente e que a devolvessem.

O pobre dono do mercadinho, que já a tinha flagrado conversando sozinha, imediatamente a pediu que voltasse para casa, pois não queria confusão. Ah! Quantos problemas. Na sua inocência juvenil, tinha realmente chegado a pensar que eles acabariam quando deixasse aquela casa.

Ela suspirou, atraindo a atenção de Kira, que resmungava qualquer coisa do mais clássico discurso dela de “se-vamos-fazer-isso-façamos-corretamente”. Mediante o chamado da mentora, Ana apenas abanou as mãos, indicando que ela não se preocupasse. Tal gesto sempre tendia a deixar a outra ainda mais preocupada.

Voltando a se concentrar na tarefa que estava sendo paga pra executar, Ana passou a vasculhar o castelo, perguntando-se o que poderia ali identificar o espírito com quem lidava, ou ao menos, chamar-lhe a atenção o suficiente para que ele se mostrasse. Claro que, intimamente, torcia para que fosse um espírito mais pacifico que o último, pois, do contrário, era capaz de acabar com outro lustre querendo enfeitar sua cabeça.

Ouviu um ruído de choro. Esse era um bom sinal. Visto que ela era a única alma num corpo material ali e que Kira faria alguém chorar antes dela própria chorar, isso significava que quem elas buscavam estava por perto.

Seguindo o som, as duas chegaram a um amplo salão, mobiliado apenas com um divã, cortinas grossas, alguns espelhos e obras de arte distribuídos pela sala. No centro deste, um grande piano encontrava-se aberto. Na cadeira, a frente do piano uma menina chorava com as mãos no rosto.

Ela não precisou de um segundo olhar para saber que tinha encontrado sua garota. E, como tinha imaginado, havia uma relação com o sangue derramado naquela casa. Aproximou-se com cuidado, sem movimentos bruscos e no máximo de silêncio o possível. Num dado momento, Ana resolve falar, procurando não assustá-la.

- Olá... – a voz era baixa e gentil. – Por que está chorando?

A menina a olhou com os etéreos olhos brilhando, como se ainda pudessem debulhar-se em lágrimas. Quase úmidos, tamanho o sofrimento que estava impresso ali. Tal emoção, se converteu em surpresa, quando passaram a encarar a mulher que falava com ela.

Anastácia não estranhou a expressão. Era tão surpreendente para os fantasmas serem vistos, quanto era para os vivos vê-los. Kira quem lhe contara isso, quando ela era mais jovem, logo na ocasião que se viram pela primeira vez. Para a menina, era mesmo uma surpresa depois de tanto tempo de solidão, tentando atrair a atenção de pessoas que pareciam nunca enxergá-la.

- Meu... – a menina começou a balbuciar. – Meu coelhinho... Eu voltei para pegá-lo, mas não consigo encontrar mais a mamãe. Onde está minha mamãe? – A voz da menina estava mais chorosa ainda. – Não consigo encontrá-la. Achei que ela estaria na sala do piano, mas... Não sei onde ela está... Ninguém me diz, nem me olham...

A medida que a menina parecia ir se afobando mais ainda, os espelhos do salão começaram a tremular um pouco. Anastácia e Kira trocaram olhares. Ambas sabiam que tinham que fazer algo logo, ou haveria um certo grau de bagunça. E Ana odiava bagunça. Sempre saía do pagamento dela.

- Ana, ela não sabe que morreu ainda... Temos que encontrar um jeito de avisar, sem que outro lustre acabe indo pelos ares. – A sua mentora cochichou.

- Eu sei, eu sei! Eu vou tentar dessa vez. – A viva cochichou, antes de voltar a tentar aproximação. – Ei, garotinha, calma. Nós podemos te ajudar a achar sua mãe, mas precisamos que você fique tranqüila, certo?

Isso atraiu a atenção da garotinha, que parou seu “choro”. Aproximando-se, Anastácia foi se sentar ao lado da garota no banco, procurando evitar o contato. Não sabia o grau de concentração da garota, ou sua experiência em aspectos não viventes. Se ela por acaso atravessasse o corpo da menina, seria uma confusão e tanto explicar.

- Escuta. Você lembra o que aconteceu quando você se perdeu da sua mamãe?

- Eu... Hun... Não sei direito. – A garotinha respondeu, com uma expressão perdida e confusa.

- Tente se lembrar, por favor. – Ana pediu com gentileza, observando, com paciência, a menina franzir o cenho como se estivesse se esforçando realmente para pensar no assunto.

- O incêndio! – ela respondeu depois de um tempo. – Tocaram fogo na minha casa... Eu, papai e mamãe fugimos, mas o coelhinho que a minha vózinha me deu... Ele tinha ficado... eu voltei pra buscar só que... – Ela olhou para o teto. – Caiu. Caiu em cima de mim... – Ao dizer isso, a expressão de choro voltou ao rosto da menina. – Eu morri, não foi? Eu morri, tia...

- T-Tia?! – Uma veia ameaçou saltar fora, na testa de Anastácia.

- Ana, olha o foco! – Repreendeu Kira.

- Ah, certo, certo. – Disse ela, voltando-se para a menina novamente. – Espera, antes disso, qual seu nome?

- Lucy. – A menina respondeu, fungando.

- Certo, Lucy. Vou ser sincera com você e fazer o melhor para ajudar você, mas você precisa me prometer que não vai chorar, certo? – A menina assentiu. – Pronto. Agora vou te contar tudo, ok? – Novamente a menina faz que sim com a cabeça. – Há muito tempo atrás, uma família morava aqui. Uma família nobre. Eles não eram maus nem nada, tratavam bem os servos e tudo mais. Acontece, que algumas pessoas más tinham inveja dessa felicidade deles, então eles tocaram fogo em tudo. Os pais tentaram tirar sua filhinha do centro dessa confusão, mas quando eles foram se dar conta, já estava um pouco tarde até para uma fuga. A filhinha deles volta para pegar um coelhinho, mas então tudo desaba.

- Eles também morreram? E por minha culpa? Então fui deixada pra trás? – A menina fica entristecida novamente.

- Não foi sua culpa. Eu disse que já estava tarde demais para fugirem. Tenho certeza que ninguém culpa você.

- Você acha mesmo, moça? – Ana faz que sim, com a cabeça. – Bem... Então foi por isso que me perdi. Eu estava longe deles.

- Na verdade, não. – Foi a vez de Kira se manifestar. – Segundo soube, os dois tentaram proteger a filhinha deles até o fim.

- Exato, no arquivo dizia que os três foram encontrados juntos. Sempre juntos. Eles nunca quiseram se separar de você ou te deixar para trás.

- Ainda bem – Suspirou aliviada a pequena fantasminha. Voltou seu olhar com curiosidade para Kira, notando apenas agora a semelhança entre elas. – Então... Por que não consigo achar eles?

- Porque eles fizeram a passagem, Lucy. Isso quer dizer que eles estão do outro lado, provavelmente esperando por você. Você não fez, pois, possivelmente, sequer tinha notado que realmente tinha morrido.

- Verdade. Vou voltar a vê-los? – perguntou a menina, parecendo ansiosa.

- É possível. – Completou Ana dando de ombros. Não gostava de afirmar algo de que não tinha certeza.

Lucy olhou de uma para outra. A verdade é que estava mesmo ficando chato ficar por ali. Não tinha mais idéias de travessuras para chamar a atenção e estava sentindo-se muito sozinha até encontrar as duas mulheres na sua frente. Mas havia uma questão a ser colocada.

- Como se faz isso?

Mal ela acabara de perguntar, uma luz forte apareceu no salão. De dentro dela, saiu um casal vestido em roupas claras. A menina imediatamente avançou, pulando no colo da mulher.

-Mama! Papi!

O casal sorriu para Anastácia e Kira, que acenou com a cabeça para eles. A dupla apenas observou quando os três sumiram de forma tão irreal quanto tinham aparecido.

- Bem, acabamos por aqui. – Disse Ana, espreguiçando-se. – Mais uma vez salvas pelos Amparadores. Eles realmente facilitam muito, não? Ao menos não tivemos que responder...

- Ana! Não fale tão levianamente desse assunto. Dá arrepios essa sua frieza.

- Ah, certo. Desculpa, Ki. É que hoje foi realmente um dia longo. – Disse Anastácia, enquanto massageava as têmporas.

- Imagino. Fazia tempo que não pegávamos mais de dois trabalhos seguidos. Ao menos esse último foi até simples, não?

- Até que sim... Só falta relatar para a Maeve tudo que aconteceu por aqui e eu poderei abraçar um delicioso soninho antes de ir para a loja amanhã a tarde.

- Então vamos nos apressar, que às vezes acho que você esquece que precisa dormir, nesse caso seria bom aproveitar que você está cansada. – Brincou Kira.

- Engraçadinha. – Resmungou Ana, enquanto iam embora.

-x-x-x-

A Tumba era um local agitado, composto por dois compartimentos: um menor e um maior, parecido com um galpão. Freqüentado pelos mais estranhos tipos, funcionava como loja de artigos místicos, na área menor, durante todos os dias da semana, e como uma boate nos fins de semana, no espaço do galpão. Era lá que Anastácia trabalhava agora.

Ela quase nunca tinha contato com os clientes noturnos, pois trabalhava em campo e na loja a maior parte do tempo. E, nesse exato momento, no meio de toda aquele “untz, untz”, de gente bêbada amontoada e daquelas luzes provocadoras massivas de enxaqueca, ela dava graças a Deus por isso. Não se imaginava tendo que trabalhar todos os finais de semana lá, como fazia Lizzie, sua companheira de trabalho da loja.

“Sim. Tanto pela manhã, como pela noite, os tipos que aparecem são sempre os mais esdrúxulos e pitorescos”, pensou Ana, enquanto dirigia-se até o balcão, onde uma animada Maeve servia drinques.

Maeve McCaughney era a dona d’A Tumba. Uma animada e meio misteriosa ruivinha, que tinha por hobby ocultismo e fazer drinques “especiais”. Ela quem convidara Ana a trabalhar na loja, logo na saída do mercadinho da qual fora despedida. Ela tinha dito que o destino tinha feito as três se encontrarem. Bastou Ana olhar ao redor e fazer as contas, para notar que ela também podia ver Kira.

Inicialmente Anastácia trabalhava apenas como balconista, mas logo descobriu que havia um negócio a mais do que vender velas e cartas de tarot naquela loja. Havia também um serviço de Ocult Chasers, comumente chamados de Caçadores de Ocultos, que tinham por trabalho lidar com os seres conhecidos por Ocultos.

Ocultos eram todos aqueles que dividiam o lado mítico e sombrio da sociedade, em resumo. Vampiros, fantasmas, lobisomens... Todos aqueles que costumam ser vistos pela maioria como mitos, fictícios, irreais. Mas não para Ana. Para ela, todos eram perfeitamente possíveis de existir. Afinal, quem era ela para desmentir a existência deles quando ela própria dividia apartamento com uma Oculta Classe G.

Maeve dividia os Ocultos por classes. A Classe G, ou classe Ghost, era a qual Kira pertencia. Era única classe com a qual Anastácia tinha trabalhado desde que tinha assumido também o posto de Chaser. Por isso a existência de outras classes era apenas uma possibilidade para ela. Ao menos até agora.

- IRRHH!!! ANA! ANAAAA! – Insistiu Kira, puxando nervosamente a manga de Anastácia.

Isso indicava assunto importante, pois ainda custava um pouco de concentração para a companheira poder se materializar o suficiente para não atravessar sólidos. Nesse sentido, Anastácia parou de caminhar em direção ao balcão, em cima do qual Maeve fazia malabarismos agora, virando-se para onde a fantasma estava.

- O que houve, Ki? Sei que pode parecer uma piadinha de péssimo gosto, mas você está meio que mais pálida que o normal.

Como Kira não falava nada coerente e apenas apontava para um canto afastado, gaguejando e tremendo, Anastácia decide olhar na direção indicada pela amiga. O que ela viu a deixou entre o choque e a vontade de explodir em gargalhadas.

- Ah, Ki... Não me diga que você é uma fantasma que tem medo daquilo?

- C-co-como eu não teria?! É um zumbi, Ana! UM ZUMBI!

- Eu diria UMA zumbi. – Disse Ana, olhando com certa curiosidade. Era a primeira vez que via uma de perto.

Ao longe, Lizzie, outra Chaser e atendente da loja e da boate, tratava de remendar o braço de uma garota extremamente pálida. Quando a menina, sem querer, deixou o braço cair, Kira soltou um gritinho, atraindo a atenção de ambas. Lizzie acenou para elas sorrindo, ao passo que a garota ao seu lado apenas as fitou com tédio.

Apesar de estar se divertindo com o horror da companheira por outro Oculto, ela tinha um trabalho a finalizar e estava cansada demais para prolongar a estadia. Apenas acenou de volta e indicou que estava indo ao balcão. Tornou a andar na direção da dona do estabelecimento.

- Ora, ora... A que devo essa honra? – A dona do estabelecimento as saudou efusivamente, sentada no balcão com as pernas cruzadas.

- Relatório. O que mais me faria vir a essa bagunça não fosse isso? – Ana cruzou os braços e arqueou a sobrancelha.

- Sabe, você deveria se divertir mais, Annie! – A risada de Maeve soou cristalina.

- Ah, mas vou me divertir muito em meio a meus travesseiros, abraçada a meu ursinho de pelúcia. – Anastácia ironizou, fazendo com que Maeve estreitasse os olhos felinos.

Um momento de silêncio, quase desafiador e ambas caem na risada. Desde que tinham se conhecido, tinham se acostumado a fazer esses jogos de provocações uma com a outra. A diferença de idade pouco ou nada significava entre elas, mas apesar das ironias, havia uma aura de respeito entre elas.

- Ah, que pena. Para estar indo dormir com o ursinho, quer dizer que o príncipe encantado não apareceu pra você ainda. – Maeve, como sempre, ironizava a vida praticamente celibatária da outra.

- Príncipes encantados não existem, Mae. E não é como se eu tivesse tempo ou energia para muitos namorados, então desista dessa provocação. – Ela dizia isso dando de ombros, mas sempre ficava um pouco irritada.

O que ficava nas entrelinhas era que a possibilidade de Anastácia arrumar um namorado normal, não coincidia em absolutamente nada com o fato de que este teria que entender as sumidas misteriosas dela, bem como os machucados, as saídas a noite (que potencialmente seriam sem ele), o cansaço extremo, o trabalho estranho e... Ah, claro! O fato dela falar com fantasmas. Claro que qualquer namorado normal seria perfeitamente capaz disso. Até parece.

- Ai, ai... Até que você mesma aceite sua vida exótica, será difícil se abrir para alguém, não? – Maeve suspirou, sabendo que havia pisado num calo da mais nova.  Colocou a mão na cabeça dela. – Vamos, vamos, está saindo fumacinha dessa sua cabecinha. Não pense tanto nisso e dê uma olhada ao redor. Talvez encontre algo interessante essa noite, como um belo e misterioso rapaz que não tirou os olhos de você desde que chegou... – Maeve falou próxima a ela, indicando com o olhar a direção de um rapaz de roupas escuras que a olhava insistentemente.

- Ah, se vai ficar me enchendo o saco mesmo, então me prepare um drinque... Não conseguiria dormir fácil mesmo... – Ela sentou-se numa das cadeiras vagas do balcão, resmungando.

Kira sentou no balcão no exato local onde Maeve estivera sentada até então. A dona do estabelecimento tinha girado as pernas para dentro do bar e saltado como uma fada para preparar um especial da casa para a jovem Chaser. Já tinha jogado a semente, agora era só esperar que Anastácia se ajeitasse com um dos clientes da boate, que eram tudo menos normais. Esperava que ela encontrasse alguém que pudesse apoiá-la, que a entendesse e ninguém melhor para entender o mundo oculto do que um cliente d’A Tumba.

O rapaz, ao longe, continuava a fitar a garota no bar. Mal acreditava que a tinha encontrado. Sorriu só de pensar qual seria a reação dela ao vê-lo. Então lembrou da sua missão e perdeu um pouco o ânimo. Não vinha sendo fácil trabalhar para quem trabalhava desde que tinha recebido as instruções sobre o novo alvo. Esperava poder cumprir sua missão sem causar sofrimento à jovem.

Anastácia emanava uma aura poderosa de “se aproxime e morra”, evitando que a maioria dos presentes sequer a olhasse por muito tempo. Era boa nisso, mas, por algum motivo, isso parecia não estar funcionando nem um pouco com o rapaz que Maeve indicara. Podia sentir seu olhar nela e isso a deixava um pouco incomodada. Não costumava confiar nas pessoas, no geral, em estranhos, menos ainda, e em homens, nem pensar.

Sabia que ela o tinha percebido, com isso, era partir para ação. Ele chama uma garçonete, endereçando um drinque à garota do balcão.

- Uau, em menos de cinco minutos, apenas parada, você conseguiu a atenção daquele mal-caminho ali. – Disse Lizzie, entregando o drinque a Ana. – Cortesia do gato ali. É seu favorito.

- Leite quente? – Anastácia ironizou, sem recusar, porém, o drinque que Maeve criara especialmente para ela, na ocasião em que tinham feito uma festa de boas vindas para ela.

- Dia difícil? – Perguntou a inabalavelmente animada Chaser.

- O de sempre. – Ana deu de ombros.

- Só que vezes três. – Completou Kira, suspirando.

- Bem, então Kira vem comigo para uma sessão de meditação re-energizante, enquanto torcemos para que Ana saiba deixar seu dia melhor.

-Ei, o que quis dizer com isso? – Ana perguntou, um pouco exasperada.

- Que ele vem aí – Diz Lizzie, inclinada ao ouvido dela.

Ao dizer isso, virou-se e sumiu, misturando-se à multidão.

- O que?! – Ana exclamou de surpresa, virando-se rapidamente, apenas para dar de cara com o rapaz.

- Então a garçonete era sua amiga afinal...

A voz dele era levemente rouca e grave, causando um leve arrepio em Anastácia. No entanto, foram os olhos orientais, faiscando prateados, que fizeram a Chaser pensar que aquilo só poderia ser um truque da sua imaginação. A nota de reconhecimento impressa nos olhos dela, fez o sorriso dele se alargar mais ainda.

- Há quanto tempo, Hime!

- Hiro?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que gostem e espero reviews *-*