Capítulo 4 – Sentimentos Redundantes.

A casa parecia inabitada. Havia uma imensa vontade de todos em não me transmitir sua preocupação, mas falhavam nesse intento. Eu podia sentir através de Jasper, todas as emoções tensas que emanavam de Esme, Alice, Emmert, Rose e até de Jasper, que por sinal, sabia que eram necessários todos aqueles sentimentos tão confusos, então sabia que não adiantava tentar muda-los.

A parte da minha mente que estava focada na minha família, percebia, mais uma vez, o quanto eu era amado por eles. Eu via todo o sofrimento de Esme ao ver a mim e Bella ter que passar por mais esse improvável obstáculo, para sermos felizes. Ela de alguma forma destorcida achava que eu devia merecer ser feliz sem tantos problemas.
Eu não poderia concordar menos... Apesar de querer isso desesperadamente.
O monstro egoísta dentro de mim questionava por que raios as coisas tinham que ser tão difíceis para mim... Como se eu merecesse qualquer alívio desse sofrimento. Pelo que eu era, eu deveria estar mais do que grato por ter tido a oportunidade de ser feliz com Bella nesse tempo.

A grande pergunta que rondava minha cabeça era: Por que meu anjo deveria sofrer também? Eu faria tudo, qualquer coisa para não vê-la sofrer como eu vi nessas últimas horas... E ainda assim eu era obrigado a assistir todo esse calvário que Bella disse que valia a pena passar.

Assim como Esme, todos os outros lamentavam a situação. Havia também em suas mentes um grande choque e surpresa pelo atual estado de Bella. Quem poderia imaginar um fruto da relação entre um vampiro e uma humana?

Porém havia uma mente que se focava em muitas coisas menos na situação que vivíamos. Alice foi a única que de certa forma não tomou partido na situação. Eu sabia de seus sentimentos por mim e por Bella, mas ela era a única que não se manifestava. Parecia que procurava uma maneira de expressar tudo o que estava sentido. Alice ainda se culpava muito por não ser útil com o seu dom. Ainda havia nela um sentimento de perda que ela nunca precisou lidar.

Alice, por pouco se lembrar de sua vida humana, nunca antes precisou lidar com a perda, sempre se antecipava aos fatos e de certa forma, isso a dava um poder de mudar o futuro, ou de pelo menos se preparar para ele. Mas na situação em que se encontrava, ela não podia nos ajudar em toda a confusão que tinha se tornado a família Cullen, em pouco mais de 24 horas. E somado a isso havia essa insegurança da sensação do medo em relação à Bella. Ela tinha medo em relação àquela que era sua única e grande amiga e sabia que não era possível fazer nada para ajudar Bella. Sabia que sua escolha era por amor , mas não entendia – assim como eu – como ela simplesmente podia se doar tanto em prol de algo que a faria sofrer até a morte.

Alice sempre fora da família quem estivera mais conectada comigo, que sempre precisou de muito pouco para entender ou se fazer entendida. Alice espelhava todos os sentimentos meus e sofria ainda por me ver sofrer pela minha culpa. Sofria por culpa e impotência própria. E nesse momento tão conflitante para ela, simplesmente não conseguia vir até mim e conversar. Focava-se apenas em tentar ver o futuro que era apenas uma grande imagem vazia.

Éramos 6 estátuas perfeitas sentadas ao redor da humana, daquela humana que tinha feito tantas coisas tidas como impossíveis por sua condição e mais uma vez lutava contra todas as probabilidades. Bella mais uma vez lutava pelo impossível. Eu queria desesperadamente ter a esperança de Bella ou de Esme que toda essa maluquice de gravidez desse certo. Nada me fazia mais feliz do que ver Bella feliz. Então se fosse filhos seu desejo, eu faria tudo até abrir mão dela para que ela pudesse ter o que queria.

Se Jacob pudesse convencê-la...

Era doloroso pensar que se Bella aceitasse tal coisa ela estaria com outro da forma como esteve comigo naquela ilha. Mas se fosse para ela não insistir em continuar com esse monstro dentro dela, eu já poderia me dar por satisfeito e ser grato ao pouco tempo que eu pude chamá-la de minha.

Argh... A quem eu quero enganar... Primeiro eu jamais ficaria satisfeito em ver Bella com outro, mas ainda sim seria melhor do que vê-la morrer por minha culpa. Segundo, sabendo como era meu anjo, eu jamais devia esperar dela qualquer reação possivelmente lógica. Bella se apaixonou por um vampiro, casou-se e exigiu ao casar fazer amor com ele. Não havia nenhuma lógica nisso e ainda assim ela quis. Como esperar dela uma reação que fizesse sentido agora?

Enquanto eu divagava como agir, para que Jacob tentasse convencer Bella eu ouvia o carro de Carlisle chegar a nossa casa. Ninguém se mexeu. Todos estavam perdidos naquela situação. Quando entrou, Bella ainda dormia, em seus pensamentos ele disse. Como as coisas estão? Algum sinal de melhora? Ela conseguiu ingerir água? Comida?

Não, Apenas meneei a cabeça. Parecia não ter forças para fazer qualquer coisa.
Vamos insistir em tentar alimenta-la... Senão ela morrerá de inanição. Vá preparar algo para ela comer, filho, você também não pode ficar assim. Ela precisa de força para continuar, você, por mais que não concorde tem que estar com ela. Apoiando, cuidando.Ele pensava.

Carlisle estava certo. Eu sabia disso. Mas eu não conseguia lidar com todas aquelas coisas que eu sentia. Como ser o apoio que Bella precisava sendo que eu não conseguia nem me apoiar. Eu era um fraco. Deveria agora está focando todo meu ser em convencê-la a desistir de tudo isso, da gravidez, da transformação, de mim... Mas só pensar isso, meu corpo duro e frio ficava ainda mais fraco. Eu não queria que ela desistisse de nada. Eu queria tanto que nossa história pudesse dar certo. Por que de todas as coisas erradas que eu fiz todas elas foram por amar demais, desejar e querer demais aquela mulher... Eu devia merecer castigo por amar demais Bella?
"Bom dia" - A voz fraquinha de meu anjo falou da sala. Eu já tinha preparado ovos pego pães, suco e frutas para Bella. Eu torcia para que o mal estar dela, tivesse sido só nesse período inicial e que a partir de agora ela conseguisse se alimentar. Eu sabia que isso era parte fundamental para que ela resistisse ao sei lá o que fosse ter que enfrentar nessa... Gravidez.

"Como se sente?" - Perguntou Carlisle enquanto se sentava em frente a Bella.
"Cansada, com dores nos estômago e com sede, muita sede" - Respondeu ela parecendo fazer um esforço escomunal para falar aquela frase. E assim que terminou de falar seu rosto distorceu de dor e ela mais uma vez vomitou. Eu me ajoelhei do lado dela me amaldiçoando por fazê-la passar por isso. Segurei seus cabelos na tentativa de amenizar seu desconforto.

Rose estendia uma bacia para Bella vomitar ali. Suas roupas já estavam apertadas devido ao intenso crescimento da coisa no corpo de Bella. Seu rosto tão magro, pálido e abatido destorcendo aquelas feições que eu tanto amava admirar. Rose percebeu isso também e assim a levou para o quarto dela e de Emmert para colocar uma roupa que a deixasse mais confortável e tomar um banho se ela quisesse.

Assim que minha esposa estava longe o suficiente Carlisle começou a falar. A família já estava reunida na sala.

"Eu sei que isso não está sendo fácil para você, meu filho... Assumo minha responsabilidade por não ter lhe alertado antes sobre essa possibilidade... mas eu realmente não sabia que era possível. O mais importante agora é que nós vamos cuidar de Bella o melhor que eu puder. Mas eu preciso da família para ajudar e sei que nenhum de vocês irá dizer não a isso. Ela é da nossa família, Edward, nós faremos tudo que estiver ao nosso alcance para que tudo isso dê certo. É preciso só acreditar."

Eu não queria responder. Eu sabia - na verdade todos sabiam - que aquilo não tinha chance de dar certo. Simples, mas mesmo assim de alguma forma o gesto de Carlisle conseguiu me mostrar mais uma vez, o quão generoso aquele homem era. Humano ou não, Carlisle era um ser muito melhor do que tantos homens... Mesmo também não acreditando completamente na tentativa de Bella lá estava ele cuidando de nós dois, tentando dar a mim um pouquinho de esperança nessa história. Então eu apenas assenti quando ele continuou: "Preciso que Jasper e Emmert saiam em busca de informações... Obviamente não seguiremos o modelo convencional de uma gestação humana, não haverá nove meses. Precisamos de informações, qualquer tipo delas... Desde lendas até relatos de quem possivelmente viveu algo parecido. Precisamos estar preparados para todas as possibilidades. Eu sugiro que você tente localizar Maria e ver se ela já conheceu alguma história parecida. Só temos que tomar cuidado para que não chegue ao conhecimento dos Voltuori. Não sabemos qual será a reação deles, então eu preciso de cuidado. Não queremos mais riscos a Bella e ao feto. Alice ficará conosco porque sei que ela pode auxiliá-los mesmo a distância. E que ela irá querer ficar perto de Bella, não é, Alice?"

Alice assentiu. Carlisle seguiu " Esme ficará responsável por Charlie e nossa história de Forks. Ela dirá a todos e principalmente ao Charlie que Bella ficou doente na Ilha. Que nós estamos tratando-a num hospital especializado em Atlanta, longe suficiente para que ele não vá até lá. Tomaremos o cuidado também em dar o número errado do hospital. Ele ficará irritado, mas é isso que nós vamos fazer. Só não sabemos ainda por quanto tempo vamos consegui enganá-lo. Eu acho que isso não será problema para você, não é amor?"

"E quando tudo não der certo como nós queremos?" Eu perguntei num fio de voz não querendo de forma alguma falar, mas sabendo o quão necessário era fazer essa colocação. Era inevitável o final dessa história.

Esme veio para o meu lado e me abraçou com o maior carinho que alguém já tinha me abraçado. Era algo tão puro, tão reconfortante, tão maternal... Eu era de novo agradecido pelo gesto só não conseguia articular as palavras para agradecer. E consegui ficar constrangido por todo amor que eu recebia mesmo não merecendo. Ela me disse.   “Tudo vai ficar bem... o que foi que eu te disse? Fé, Edward, é a única coisa tão poderosa quanto o amor para transformar as coisas... Amor eu sei que você tem, meu filho. Você ama Bella, não ama?"

Eu assenti, ela sorriu. “Então você precisa acreditar. As coisas acontecem por um motivo. E no final você verá que tudo valeu a pena. Eu sei que é difícil. Mas a frágil humana que você tanto ama, só superou tudo que superou por amar você, meu bem. E por acreditar que valia a pena, que você merecia esse amor. Eu sei que é quase impossível vendo Bella desse jeito, mas tente, apenas tente, ok?"

Ela me olhava tão intensamente que eu desviei o olhar. Ah, como eu queria seguir o conselho de minha mãe, mas, para que ter fé sendo que quando tudo acabasse...

A família continuava naquela sala. De uma maneira a fala de Esme fez com que o clima melhorasse um pouco. Apenas eu não conseguia acreditar. Carlisle então fez uma pergunta para mim. "Você não se afastará de Bella nesse período, eu já sei. Mas você precisará caçar. Como fará isso?"

"Eu não vou." respondi simplesmente porque não havia possibilidade de me afastar dela...
"Mas você precisa caçar, Edward." - Disse meu pai

"Eu não vou." respondi novamente." Eu não vou me afastar quando Bella mais precisa. Nós veremos uma maneira de vocês caçarem mas eu não vou"

Carlisle tentou apelar para o bom senso. "Filho, você com sede pode ser perigoso para Bella. Não seja teimoso. Você não quer prejudicá-la, então precisamos ver uma maneira de você caçar."

"Pai, eu sei que essa é sua preocupação. Mas eu já resistir o sangue de Bella em diferentes situações. Eu sei que posso me controlar. Não vamos ter essa discursão."
Carlisle suspirou. Até para meus ouvidos aquilo parecia birra. Se não tivéssemos numa situação daquelas, eu realmente teria parecido um adolescente mimado desobedecendo às ordens do pai. Mas ele não insistiu, viu que era inútil.

Nesse momento vi Bella descendo nos braços de Rose que a colocou no sofá, voei para seu lado." Você está bem?"

Ela deu um pequeno sorriso."Estou sim" Analisando-a, só nos poucos minutos era possível perceber mudanças em seu estado. A coisa se desenvolvia assustadoramente rápido. Manchas roxas apareciam em sua pele.

Carlisle foi para o lado de Bella. Ele tinha que examiná-la. Então perguntou. "Querida, você gostaria de ser examinada aqui ou na sala que eu preparei, lá em cima?"

"Pode tudo ser feito aqui em baixo? Prefiro ficar perto de vocês"

"São exames iniciais, Bella. Mas faremos o possível para manter você segura. Mas precisaremos subir mais tarde para tentarmos uma ultra-sonografia e para fazer uns exames com algumas amostras do seu sangue"

Eu assim como todos os outros vampiros ouviram Bella engolir seco apenas a menção de tirar uma amostra do sangue dela. Eu posso afirmar com toda certeza que não era por medo de estar numa sala com sete vampiros, era medo de agulha, Bella tinha medo de agulha!

Uma agulha no julgamento distorcido dela era mais perigosa do que vampiros. Assim como eu também sabia que Bella preferiu fazer os exames aqui na sala de estar, porque não gosta de hospitais, nem de ambientes que lembrem um. Como eu poderia de alguma forma entender o que se passava na cabeça dela?

Impossível...

Então Rose riu. E disse a Bella: "Medo de uma agulha Bella?" E acariciou os cabelos dela ternamente, eu me senti enjoado novamente.

Então Bella abaixou o rosto numa postura tímida. Seu rosto corou, ou chegou ao mais próximo disso possível de acordo com seu estado. Mesmo no estado deplorável em que se encontrava, ela era tão linda... Nada poderia ser mais bonito do que o corar do seu rosto, quando estava envergonhada. Ela não tinha idéia do quão perfeita ela era.
Fugindo do desconforto, Bella falou para Carlisle.

"E então, como acontecerá daqui para frente? Como será na hora que o bebê nascer?"
"Nós não sabemos ainda Bella. Não há nenhum tipo de comprovação científica sobre um caso desses. Então agiremos com é... o que o bom senso nos permite dentro dessa situação inusitada minha querida. Faremos os exames hoje, e veremos de que forma progredir, entende? Além do mais Jasper e Emmert estão de partida hoje para pesquisar e conseguir informações de como garantir a sua segurança"

Ela assentiu. "Eu confio em você, Carlisle. E quero lhe dizer que confio que você não vá fazer nada contra o bebê. Mesmo sendo sua opinião e de Edward diferente da minha.." Ela se interrompeu para tossir enquanto alguns espasmos cortavam-lhe o ar. "Mas eu tive pensando e acho que isso pode dar certo..."

"Bella" Eu disse tentando disfarçar o desespero em minha voz "Não há maneira de levar essa história a frente e você sobreviver a isso, nenhum ser humano agüentaria..."

"Exatamente" disse ela me cortando. " Não como humana. Edward você se lembra quando me contou como Carlisle te salvou da gripe espanhola?  Como salvou Esme?" Eram perguntas retóricas, ela continuou. "Carlisle te mordeu quando não havia mais escapatória para você. É isso que você fará comigo. Eu só preciso manter meu coração batendo, para que ele se desenvolva o tempo necessário. Se eu mesmo humana consegui viver tempo suficiente para que ele cresça dentro de mim, quando o bebê nascer não haverá problema, você me morderá e eu serei igual a você. E nós estaremos bem pela eternidade"

Bella falava baixinho, se esforçando muito para conseguir me explicar seu plano. Minha vontade era gritar com ela que aquilo não fazia sentido nenhum. Só que ela já estava tão frágil... Então mais uma vez eu engolia tudo para apoiar meu anjo que não fazia idéia de como ela estava errada.

"Faz sentido..." Disse Rose fazendo com que o nível da minha irritação chegasse ao limite. Eu voei para cima dela. Emmert se colocou rapidamente entre nós dois. "Você não faz idéia da vontade que eu estou de acabar com você. Não faz isso, Rose, por favor. Pois de Bella, eu até entendo que diga essas coisas, mas você eu não vou admitir."

"Não brigue" Disse Bella fazendo se levantando e com o esforço, parece que algo a fez vomitar de novo. O som que saiu de dentro dela, ao cair foi agonizante. Parecia de um animal sendo abatido. Eu caí em frente a ela, "Me perdoe amor. Eu não queria que você passasse mal, me perdoe. Eu posso fazer algo por você? Por favor, eu nunca mais digo nada contra Rose, por favor.."

De novo Bella sofria por minha causa. Quantas vezes eu iria feri-la? Rose a pegou nos braços, após Bella terminar de vomitar e a conduziu para o sofá, onde ela deitou parecendo mais exausta do que nunca.

Acho melhor começar examiná-la agora. Pensou Carlisle. Filho tente se acalmar. Você já conhece Rose. Então não adianta brigar. Ela concorda e você não. E a decisão não está em suas mãos. Aceite isso. Quanto mais brigas você e Rose tiverem por causa de Bella. A única prejudicada é a própria, por favor!

"Bella querida eu vou começar a te examinar, Tudo Bem?" perguntou meu pai.

"Ok" Foi só o que Bella respondeu.

O resto da dia foi só de exames para Bella. Carlisle fez todos os procedimentos que faria em uma mulher grávida. Verificou todas as taxas no sangue de Bella e constatou o que não seria uma surpresa para ninguém que o organismo não estava nada bem com o corpo estranho dentro dela. Verificou-se que numa grávida comum Bella estaria 'pré - eclampsia', sintomas como pressão muito alta, batimentos cardíacos altos e irregulares, dificuldade de respiração era uma constante em seu estado. A sua falta de ingestão de alimentos e água, só contribuíam para piorar seu estado. Carlisle decidiu que ela receberia vitaminas e alimentação pela corrente sanguínea.

Foi a noite que nós contamos a Bella o plano para com Charlie. Esme já tinha se encarregado de ligar para ele e dizer exatamente o combinado. Ele reagira como esperávamos. Mas já era um problema a menos...
E quando inevitavelmente as coisas acontecessem eu lidaria com tudo depois.
O que quer que fosse...

Amanhecia calmamente. As luzes do dia eram suaves e entravam pela grande parede de vidro da casa. Bella dormia no sofá, pois queria participar de tudo que acontecesse naquela casa. Disse "que não precisava ser protegida de nada que fosse dito." Eu apenas bufei para conter exatamente as reações que gostaria de ter. Rose a apoiou.
Jasper e Emmert sairiam antes do anoitecer para iniciar as 'pesquisas' como nomeou Carlisle. Este estava preso em seu escritório tentando descobrir formas de deixar Bella o mais confortável possível. Esme tentava organizar a casa para melhor deixar Bella. A despensa já fora abastecida e todas as coisas que uma pessoa que precisava de cuidados médicos poderia precisar a casa já tinha. Agora estava ao telefone tentando ver a possibilidade de manter um estoque de sangue para o caso de necessidade dela.

Alice se mantinha concentrada em visualizar o futuro. Ela vira que Emmert e Jasper iriam conseguir localizar Maria, só não tinha certeza se conseguiria informações. Ela também descobrira um meio de driblar 'sua cegueira' tentando ver ao redor e não se concentrando em Bella. Agora suas visões conseguiam acontecer, mas sempre de forma desfocada e distante. Apenas eu e Rose estávamos naquela sala velando o sono de meu anjo. Eu ainda não estava certo que poderia conversar com ela sem querer arrancar seu pescoço, então me mantive concentrado apenas em Bella e seu sono, sua respiração difícil e seu coração batendo. Som esse que estava com os dias contados...

"Agora eu entendo" Disse Rosalie desviando minha atenção de meus pensamentos sombrios. " O porquê você ia toda noite assistir Bella dormir e dizia que era perfeito. É mesmo fascinante"

Aquele comentário me incomodou muito mais do que eu achei que fosse possível. Por causa de todos os acontecimentos, eu agora era obrigado a partilhar o sono de meu anjo. Aquela era uma das coisas mais íntimas que existia entre mim e Bella. Eu não estava orgulhoso do sentimento de posse que sentia. Mas eu não queria dividir os últimos momentos do sono de Bella, as batidas de seu coração com ninguém.
Eu preferi não responder. Rose não falou mais.

Bella acordou pouco depois. Mais uma vez a tentativa de se alimentar normalmente foi inútil. Só o cheiro da comida parecia fazer Bella enjoar. Na verdade parecia fazer o corpo dela reagir, a coisa reagir. E cada momento que passava fazia seu estado parecia pior, muito pior.

"Não !" Gritou Alice ao sair correndo da cozinha, poucos minutos apos Bella despertar "Droga eu não consigo ver nada"

Eu olhei na mente dela e tudo que existia era um grande vazio. E aquilo só podia significar uma coisa: Lobisomens!

Aliás, um lobisomem: Jacob Black!

Assim que proferiu a frase, a família se reuniu toda na sala em questão de segundos. Charlie já tinha passado a informação para Billy que Bella estava doente. Jacob então assumiu que numa tentativa frustrada minha de transformá-la eu a matei.

Eu estava quase feliz que Jacob tenha vindo até aqui. Pois sabia não ser possível eu procura-lo. Sabia que isso teria apenas um caminho: uma guerra.

Carlisle se apressou em atender a porta. "Entre, por favor, Jacob," Bella disse mais alto. Eu podia ver os olhos de Carlisle se apertaram.

"Com licença," Jacob disse para meu pai doutor enquanto entrava. Eu podia ver a dificuldade dele em virar as costas para um vampiro. Mas o único em que ele ainda confiava era em meu pai então, mesmo a contra gosto o fez. Seu instinto todo estava focado em começar uma luta, uma guerra pelo que ela achava ser a transformação de Bella.

Jacob entrou na casa e eu pude ver por sua mente analisar todo o ambiente desconhecido para ele. Ele questionava a claridade do ambiente certamente não acreditando que vampiros como nós pudéssemos gostar da luz.

Ele catalogou todo: as paredes, os móveis e nós... Os vampiros ali sentados naquele lugar. Então ele olhou para mim. Jacob tinha um dom para ver as pessoas, para enxergá-las. E de certa forma era muito parecido em alguns aspectos comigo. Então não havia sentido em esconder minha agonia dele. Ele era o único que entenderia o único que me culparia.

O que eu não esperava, porém é que ele conseguisse ver o homem amargo que me tornara nesse pouco tempo. Então ele entendeu, pois antes sequer dele conseguir se divertir com meu sofrimento, ele chegou à conclusão obvia: Bella.

Seus olhos seguiram os meus e ele a viu no mesmo instante que sentiu o seu cheiro. Seu doce quente e humano cheiro.

Bella estava meio escondida pelo braço do sofá, em uma posição fetal, seus braços ao redor de seus joelhos. Por um longo instante ele só pôde a Bella que amava sua pele ainda macia, cor de pêssego, seus olhos ainda eram cor de chocolate.

Seu coração pulsou numa estranha, quebrada batida, e ele pensou estar sonhando tão feliz e aliviado que estava.

Então, realmente a viu.

Havia profundos círculos roxos abaixo dos olhos dela, que se destacavam pelo seu rosto fundo. Ela estava mais magra, sua pele parecia mais esticada - como se seus ossos fossem rasgá-la, A maior parte do cabelo dela estava presa em um nó, mas algumas mechas escorriam pela sua testa e pescoço, repleto de suor que cobria sua pele. Havia um que de fragilidade em seus pulsos e dedos que era assustador.

Ela estava doente. Muito doente.

Não era mentira. A história que Charlie disse à Billy não era apenas uma história. Enquanto ele olhava, com olhos esbugalhados, a pele de Bella ficou meio esverdeada. Ele viu Rosalie que estava ao lado dela, atrapalhar sua visão, ficando de um estranho jeito protetor. Ele natural e rapidamente viu que aquilo estava errado.

Isso estava errado. Eu sabia que como Bella se sentia sobre quase tudo - seus pensamentos erma muito óbvios; algumas vezes era como se tivesse escrito em sua testa. Então ela nem precisava me dizer os detalhes pra eu saber. Eu sabia que Bella não gostava de Rosalie. Eu podia ver em seus lábios quando ela falava dela. Não era como se ela não gostasse dela. Ela tem medo da Rosalie. Ou tinha. Não havia medo no olhar que Bella lançou pra ela. A expressão dela era de súplica... ou algo assim. Então Rosalie pegou uma bacia do chão e colocou embaixo do queixo de Bella bem a tempo dela vomitar lá dentro.

Ele me viu ficar de joelhos ao lado de Bella – Ele analisava a cena, nada fazia sentido.

Quando Bella pôde levantar a cabeça, ela sorriu fraca pra Jacob, meio constrangida. "Desculpe por isso," ela sussurrou.

Eu grunhi, não conseguindo me conter. Minha cabeça encostou-se aos joelhos de Bella, e ela colocou uma das mãos acariciando minha bochecha tentando me confortar.

Inconsciente Jacob deu alguns passos para mais perto, até que Rosalie bufou correndo para entre Jacob e o sofá. Não é preciso dizer o quão irritada Rose estava com a idéia da proximidade entre Bella e os lobos.

"Rose, não," Bella sussurrou. "Está tudo bem." Depois de dito, Rose saiu da frente, a muito contragosto, nem um pouco feliz com a situação. Jacob nunca pareceu menos se importar com a proximidade conosco.

"Bella, o que eu há de errado?" Ele sussurrou enquanto caía de joelhos em frente ao sofá, Bella e a mim. Alcançou sua mão e notou a gelidez. "Você está bem?"

"Eu estou feliz que você tenha vindo me ver hoje, Jacob," ela disse.

Naquele momento eu vi mesmo quão bem Jacob fazia bem a ela. Por mais dor e sofrimento que Bella estivesse passando era claro a mudança nela ao vê-lo. Parecia cada vez mais inevitável que se Jacob conseguisse convencê-la. Ela seria feliz com ele. E isso foi a conclusão mais cruel que eu chegara à minha vida.

"O que é isso, Bella?" Ele insistiu, segurando firme a frágil mão de minha esposa. Ao invés de responder, ela olhou pelo cômodo como se estivesse procurando alguma coisa, em seu olhar, insegurança e incerteza. Todos ansiosos olharam pra ela. Ela finalmente disse pra Rosalie.

"Me ajude a levantar, Rose?" Ela pediu

Rosalie mordeu os lábios, para evitar que pudesse falar qualquer coisa que magoasse Bella. Pois a verdade é que ela queria cortar a garganta de Jacob. "Por favor, Rose."

Então mesmo contrariada, ela foi até Bella de novo, perto de mim, e pôs os braços cuidadosamente embaixo dos ombros de Bella.

"Não," Jacob sussurrou. "Não se levante..." Ela parecia muito fraca.

"Estou respondendo à sua pergunta," ela retrucou, soando mais próximo ao jeito que ela falava com Jacob, como pude perceber em alguns momentos. Rosalie tirou Bella do sofá. Eu, covardemente, escondi meu rosto nas almofadas. Eu não conseguia lidar com todo aquele sofrimento: o meu, o de Bella e o de Jacob agora.

Dessa forma ele pode ver: o corpo de Bella estava inchado, seu tronco estava de um estranho jeito, parecendo um balão. Estava marcando a blusa cinza que ela vestia, que era grande demais para os seus ombros e braços. O restante dela parecia mais magro, como se um grande volume tivesse sido sugado do restante do corpo. Levou um tempo até que eu percebesse qual parte estava deformada - eu não entendi até que ela colocou as mãos ternamente sobre o seu estômago inchado, uma em cima e uma embaixo. Como se ela estivesse aninhando aquilo.

O choque e a incredulidade de Jacob foram tamanhas que ele parecia não conseguir assimilar. Então, eu vi sua mente tentando trabalhar para fazer compreender como aquilo acontecera em tão pouco tempo. Como ela poderia estar assim. Grávida e doente daquele jeito.

Sua mente dizia: Eu não queria ver aquilo, não queria pensar naquilo. Eu não queria pensar nele dentro dela. Eu não queria saber que algo que eu odiava tanto tinha violado o corpo que eu amava. Ele parecia estar enjoado, como eu estive algum tempo atrás... Ele continuou: Mas pior que aquilo, muito pior. O corpo deformado dela, os ossos pressionando a pela do rosto dela, eu só podia imaginar que ela parecia daquele jeito - tão grávida, tão doente - porque o que quer que estivesse dentro dela, ele estava sugando a vida dela pra alimentar a si próprio... Porque aquilo era um monstro. Como o pai. Eu sempreo soube que ele a mataria.

Havia um limite que eu comportava as acusações dele. Apesar de tudo ser tão dolorosamente real, eu não agüentava mais. Então disse: "Lá fora, Jacob,".

Ele se levantou também. Me encarando toda a fúria prestes a explodir. Era pra isso que eu estava ali. Pensou ele

"Vamos fazer isso," Jacob falou em voz alta.

Emmert me ladeou seguido por Jasper. Mais uma vez Jacob parecia não se importar em entrar numa briga que não era justa.

"Não," Bella disse, e ela se moveu, desequilibrou-se, caindo nos meus braços. Rosalie se moveu com ela, como se tivesse uma corrente prendendo uma à outra.

"Eu só preciso falar com ele, Bella," Eu disse com a voz baixa, falando apenas com ela. Eu toquei seu rosto, acariciando-o.

Isso pareceu piorar as coisas para Jacob, que pensava, depois de tudo o que ele tinha feito pra ela, ele ainda podia tocá-la daquele jeito.

"Não se desgaste," eu supliquei para Bella. "Por favor, descanse. Nós estaremos de volta em alguns minutos." Eu disse fazendo o possível para ignorar os pensamentos do lobo. Nem eu tinha a resposta para aquela pergunta.

Ela me olhou cuidadosamente. Então ela concordou e sentou-se novamente no sofá. Rosalie ajudou a se ajeitar nas almofadas. Bella olhou pra Jacob, tentando encontrar seus olhos.

"Comportem-se," ela disse. "E então, voltem." Como uma mãe que fala ao filho, que vai passear sozinho pela primeira vez.

Jacob não respondeu. Só seguiu em direção a porta, atrás de mim.