O Destino de Cada Coração Ii escrita por By Mandora


Capítulo 7
Justiça ou Vingança?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/990/chapter/7



Seguindo a direção indicada pelo youkai, Sesshoumaru e Setsuna encontraram um vilarejo que estava sendo devastado por bandidos. Haviam corpos de camponeses pelo chão. Parte das casas estava queimada. Aquela cena trouxe lembranças a Setsuna. Sua família, seus amigos, seu lar. Fechou seus olhos e respirou profundamente.

– Setsuna, você está bem?

– Que tipo de ser realiza tamanha monstruosidade?

– Eu... por exemplo. – Disse ele de forma natural. Pensou que Setsuna fosse ficar chocada, mas ao invés disso, ela sorriu, pela primeira vez desde que a encontrou.

– Vamos, meu senhor. – Segurou no braço dele. – É hora de retribuir o presente de aniversário que me foi dado por Tatsuyo...

Sesshoumaru e Setsuna se dirigiram ao centro do vilarejo. Lá encontraram cavalos, pilhas de objetos valiosos retirados das casas e mulheres e crianças amarradas. Os bandidos estavam reunidos, comendo e bebendo, ao redor de uma fogueira. Eram muitos, talvez uns cinqüenta ou sessenta. Havia um, com chapéu de pele e barba por fazer, que Setsuna reconheceu imediatamente. Era Tatsuyo Matsumoto e aquele era o mesmo bando que havia arrasado seu vilarejo.

– Queres participar, meu senhor? – Perguntou Setsuna a Sesshoumaru.

– Você me permite? – Tinha um sorriso discreto no rosto.

– Meu alvo, Tatsuyo Matsumoto, é aquele ali... Podes fazer o que tiveres vontade com os outros.

– Esperava que dissesse isso...

Entre um gole de sake (x) e outro, Tatsuyo percebeu Sesshoumaru e Setsuna se aproximarem e ordenou a seus capangas que os atacassem. Os dois aproximaram seus corpos, ficando de costas um para o outro.

– Isso vai ser divertido. – Sesshoumaru não fazia questão de esconder sua satisfação.

– Matar não é divertido, meu senhor...

– Primeiro você experimenta, Setsuna, depois me diga como se sentiu. – Avançou contra os bandidos.

Os pobres coitados, bêbados como estavam, não tiveram a menor chance. Para falar a verdade, não teriam chance nem mesmo sóbrios. Setsuna ficou observando Tatsuyo com tamanha frieza que ele se intimidou. Ele mandou outro bandido atacá-la que pulou sobre ela, mas passou direto, pois ela desmaterializou seu corpo. Setsuna ficou observando Sesshoumaru matar os outros. Apesar da frieza, ele tinha um brilho no olhar, era como se sentisse prazer ao matar. Então encarou o bandido apavorado no chão. Ele não estava presente quando ela foi morta, mas estava ali. Colocou a mão sobre seu próprio peito e pôde sentir o fragmento da Jóia de Quatro Almas pulsar como nunca havia pulsado antes. Seu rosto tornou-se sombrio.

– Esfera da alma...

O bandido foi desintegrado pela esfera de luz lançada por ela. Tatsuyo tentou correr, mas Setsuna criou uma barreira de energia, que o deteve. Parte dos bandidos que lutavam contra Sesshoumaru tentou detê-la, enquanto ela caminhava tranqüilamente na direção de Tatsuyo. Ela matou a todos sem sequer piscar. Sesshoumaru ficou observando-a, pois logo não havia mais bandidos, a não ser Tatsuyo, diante dela, implorando por sua vida. Não havia a menor sombra de compaixão no rosto dela e a mágoa estava presente em sua voz.

– Falas como um asno, comes como um porco e ages como um covarde! Dar-te-ei a mesma resposta que deste ao meu pai. Mas, primeiro, eu quero que sofras o que sofri e quero que carregues contigo este sofrimento por toda a eternidade.

– Seu... pai? – Tatsuyo estava confuso, além de bêbado, não se lembrava dela.

Setsuna colocou a mão sobre a cabeça de Tatsuyo e ele pôde ver tudo o que aconteceu na noite em que ela foi morta, pelos olhos dela. Viu a si próprio assassinando a família e finalmente, deferindo o golpe que resultou na morte de Setsuna. Cada dor, cada sentimento, pôde sentir tudo invadindo sua mente e controlando seu corpo. Nada mais havia em sua mente a não ser aquelas dolorosas e tristes lembranças.

– A morte seria uma dádiva para ti, bandido... Vagarás por este mundo, como louco. A cada momento, reviverás a monstruosidade que me fizeste. Nunca mais terás um momento sequer de paz...

Tatsuyo revirou os olhos e caiu inconsciente, apenas para sonhar com os pesadelos de Setsuna. Ela por sua vez, olhou ao redor e notou os camponeses assustados, mulheres e crianças, amarrados. Ela não reconhecia seus rostos e ainda tinha aquele sentimento, ansiando por mais mortes. Alguma coisa dentro dela havia mudado. Percorrendo o local com olhar, localizou Sesshoumaru. Ele estava rodeado pelos corpos dos bandidos e olhava para ela intensamente.

– Agora está acabado, Setsuna.

– Mas ainda não é o bastante...

Havia um certo cansaço em sua voz e, como que hipnotizada por uma triste melodia, lançou várias esferas da alma sobre os camponeses, matado-os um a um. Por pouco Sesshoumaru também não foi atingido. Percebendo que ela estava fora de controle, movimentou-se, ágil como o vento, e parou diante dela, segurando suas mãos.

– Agora já chega... – Ficou observando o rosto de Setsuna. Ela parecia assustada e confusa, mas o reconheceu imediatamente.

Setsuna olhou ao redor e se deu conta do que havia feito. Lágrimas caíram de seus lindos olhos azuis.

– Deus, o que foi que eu fiz?

Ela tornou a fitá-lo profundamente. Por um momento, Sesshoumaru se perdeu naqueles olhos e afastou as lágrimas que deles caíam com sua mão.

– Setsuna, por que está chorando? Já encontrou e puniu os culpados...

– Mas a que preço? Quantas vidas inocentes tirei? Eu não sei o que aconteceu... E também quase ceifei tua vida... – Mais lágrimas caíram de seus olhos, enquanto acariciava o rosto de Sesshoumaru.

Com o único braço que tinha, Sesshoumaru a envolveu e a aconchegou em seu peito. “Essa garota me causa uma sensação estranha...” Algumas casas ainda ardiam em chamas, enquanto dois ou três cavalos corriam amedrontados para fora da aldeia arrasada. Muito pouco também sobrara dos corpos das vítimas de Setsuna, apenas pedaços de armadura, ossos e a terra preta no solo queimado. Tatsuyo era o único sobrevivente, se é que assim o poderia chamar. Ele agonizava em seus pesadelos, caído ao chão, gemendo em desespero pelas memórias de Setsuna em sua mente. Sesshoumaru só poderia considerar a si próprio como sobrevivente.

– Vamos embora daqui, Setsuna...

Saíram do lugar deixando para trás o completo caos.

-x-x-x-x-x-

“Ela está muito estranha...”. Inu-Yasha ficava observando Kagome enquanto caminhavam. “Ela está me evitando”.

– O que foi, Inu-Yasha? – Perguntou Kagome, sem encara-lo.

– Eu é que pergunto! Você tem ficado muito quieta, Kagome. E, além do mais... – Parou diante dela, mas ela novamente baixou o olhar. – ...É disso que eu estou falando... Você nem consegue me olhar nos olhos... Você se arrependeu, não foi?

– Ora, Inu-Yasha. É claro que não! Não diga bobagens... Eu só estou um pouco cansada, só isso... – Saiu de fininho e ficou do lado de Sango.

– Kagome... – Já estava ficando irritado, quando Miroku o interrompeu.

– Inu-Yasha, você não deve ficar apressando as coisas desse jeito... Tenha paciência...

– Hunf! Olha só quem fala. Você não sabe de nada, Miroku.

– Por acaso aconteceu mais alguma coisa além do fato de vocês estarem namorando?

A pergunta de Miroku tinha um ar bem malicioso e Inu-Yasha tratou de cobrir-lhe a boca, para que não fossem escutados pelos outros.

– Como é que você sabe disso?

– Sango me disse que viu vocês dois se beijando... Ou será que não foi só um beijo?...

– Do que você está falando, Miroku? Nós só dormimos juntos. – Percebeu que falou demais e tentou consertar a situação. – Mas nada aconteceu! Eu juro!

– Sei, sei... Eu também juro que nunca pedi a ninguém para ter um filho meu... Depois, eu é que sou o sem-vergonha! – Sua frase estava impregnada de ironia.

– Hei, Miroku! Não me compare a você!

Kagome, Sango e Shippou, que estavam mais à frente, ficaram observando os dois discutindo.

– Desde quando aqueles dois são tão amiguinhos, Kagome?

– Sei lá, Sango. Agora eles vivem de segredinhos...

Como que se houvesse levado um choque, Kagome sentiu um arrepio na espinha e caiu sobre os joelhos. Parecia que alguma coisa havia sugado suas energias. Só não desabou ao chão porque Sango a amparou.

– Kagome, o que foi?

– Kagome! – Grita um desesperado Shippou.

Miroku e Inu-Yasha esqueceram-se de sua pequena discussão e correram até Kagome e Inu-Yasha a ajudou a se levantar. Kirara se transformou para que Kagome pudesse se apoiar nela.

– Kagome, o que aconteceu? – Perguntou Inu-Yasha, visivelmente preocupado com ela.

– Tem... tem algo muito ruim... naquela direção... – Apontou um trilha adiante.

– Eu e Miroku vamos dar uma olhada. Sango, fique aqui e cuide da Kagome...

– Certo. – Respondeu Sango.

– Eu volto logo, Kagome...

– Tenha cuidado...

“Já que Miroku e Sango já sabem, não tem mais porque ficar fingindo.” Pensando dessa forma, Inu-Yasha deu um beijo discreto nos lábios de Kagome e seguiu em frente. Todos, inclusive Kagome, ficaram surpresos com o gesto dele. Kagome, com um sorrisinho meio sem graça, teve que confessar o que todo mundo já sabia.

– Pois é... A gente está namorando...

– Que bom! Que bom! Agora vocês dois não vão mais brigar! – Shippou saltitava de alegria, talvez achando esse ser o fim do mau humor de Inu-Yasha.

– Humm, eu não sei não, Shippou... Geralmente namoros causam mais brigas... – Miroku percebeu que Sango o olhava furiosamente. – O que foi, Sango?

A exterminadora virou o rosto em sinal de desaprovação, ele só não tinha se apercebido do porquê. Então escutou Inu-Yasha mais adiante gritar.

– Miroku! Você vem ou vai deixar o trabalho duro todo para mim?

– Já estou indo!

Os dois seguiram na direção que Kagome indicou. Não demoraram muito para encontrar o primeiro acampamento que Sesshoumaru e Setsuna atacaram. Miroku notou várias manchas escuras pelo lugar, como se fossem de fogueiras. Elas exalavam tanta energia maligna que resolveu não se aproximar, mas pôde observar um pedaço de armadura e fragmentos de ossos sobre uma das manchas.

– É melhor não entrarmos neste acampamento, Inu-Yasha...

– Eu já percebi a energia desse lugar. Parece com aquela que encontramos no lugar onde Kagome lacrou Sesshoumaru, mas só que é muito mais forte.

– Isso foi obra daquele espírito...

– Como pode ter tanta certeza?

– Está vendo aquelas manchas na terra. Eram corpos, foram incinerados até os ossos. O ódio dentro dela os incinerou. E também tem aquele símbolo naquele pedaço de armadura. É o símbolo de Tatsuyo Matsumoto, um bandido sem escrúpulos que nunca anda sozinho. Seu grupo deve ter mais de cinqüenta homens. E também usa youkais menores, como aranhas, cobras e lagartos, para espionar. Isso aqui devia ser um posto de vigília enquanto a maior parte do grupo saiu para pilhar alguma aldeia. Talvez Setsuna acredite que Matsumoto seja responsável pela morte de sua família.

– Então logo Sesshoumaru vai ter o que quer...

– Sesshoumaru?

– Sim, Miroku... O cheiro dele está nesse lugar. Ele está ajudando aquele fantasma a ter sua vingança para que ele possa ter a dele. Quando ela estiver satisfeita, ela vai dar a ele o fragmento da Jóia de Quatro Almas.

– E ele poderá tentar manejar a Tessaiga novamente!

– Vamos voltar para o vilarejo. Kagome não tem condições de ficar andando por aí. E se eles já chegaram até aqui, não vai demorar muito para virem atrás de nós.

=================================================

(x) Sake = Tipo de vinho japonês


-x- Continua no próximo cap -x-


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Destino de Cada Coração Ii" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.