O Destino de Cada Coração Ii escrita por By Mandora


Capítulo 13
A Trégua E A Convivência




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Dentro da cabana de Kaede, Kagome cuidava dos ferimentos de Inu-Yasha. Miroku e Kaede já estavam melhores.

– Sesshoumaru disse que estávamos quites. – Começou Kagome. – Isto quer dizer que ele vai parar de nos perseguir, Inu-Yasha?

– Não. Estávamos quites para que ele não nos atacasse naquela hora. Da próxima vez que nos encontrarmos será diferente. O problema é que agora ele sabe o dia em que eu me transformo. E o que aconteceu com aquele fantasma, Kagome?

– Ela ainda está por aqui... Eu consigo sentir sua presença, mas dessa vez é diferente. Não existe mais aquele imenso ódio consumindo-a. Mas ainda quer alguma coisa e por causa disso não consegue partir...

– Mais fragmentos?

– Talvez...

– Kagome, será que você não consegue encontrá-la através do poder do fragmento que ela carrega? – Perguntou Sango.

– Isso é o mais estranho, Sango... Posso sentir a presença dela, mas não a presença do fragmento.

– Isso é muito estranho mesmo...

Nesse momento, Shippou adentrou a cabana, em desespero.

– Inu-Yasha! Ele está aqui! Ele está aqui!

– Quem, Shippou?

– Sesshoumaru! Sesshoumaru está aqui!

– Eu sabia que íamos lutar novamente, mas não esperava que fosse tão cedo... – Levantou-se com uma certa dificuldade. – Shippou, fique aqui e cuide da velha Kaede.

Inu-Yasha saiu lentamente da cabana, com Kagome ao seu lado, seguidos por Sango e Miroku. Lá fora, viu seu meio-irmão, Sesshoumaru, parado esperando por ele.

– Você está com uma aparência horrível, sabia? Parece um farrapo. – Ironizou o youkai.

– Ora, e de quem será a culpa? Deixe de piadinhas e diga logo porque está aqui!

– Quero fazer uma proposta... – Disse Sesshoumaru, com um discreto sorriso.

– Proposta?

Sesshoumaru desviou sua atenção do hanyou e passou a encarar Kagome.

– Você consegue senti-la, não é?

– Sim, eu sinto. Eu acho que você também consegue, só que ela não quer que você a encontre...

A feição dele tornou-se séria, ela tinha razão, Setsuna se escondia dele.

– Eu quero que você me ajude a encontrá-la, ela precisa de mim. Já percebi que você não é uma humana comum... Tem muitos poderes...

– Nem sonhando ajudaríamos você... – Interrompeu Inu-Yasha.

– Está certo... – A resposta dela deixou Inu-Yasha confuso e indignado.

– O quê? Kagome, você ficou maluca?

– Dessa vez eu acho que podemos confiar nele, Inu-Yasha... – Aproximou-se de Sesshoumaru. – Você quer propor uma trégua, não é isso?

– Isso não foi idéia minha, mas eu fiz uma promessa...

– E o que vai acontecer quando a encontrarmos, Sesshoumaru?

– Vou levá-la comigo.

– Assim, de graça? – Mais uma vez, Inu-Yasha se meteu no meio do assunto. – E quanto ao fragmento da Jóia de Quatro Almas?

– Ela precisa dele para continuar existindo, Inu-Yasha. Não permitirei que o tire.

– Mas, Sesshoumaru, ela já está morta!

– Não para mim...

Inu-Yasha percebeu uma certa súplica no rosto de Sesshoumaru. Nunca havia visto seu meio-irmão se importar com alguém mais além de si próprio. Aproximou-se de Sesshoumaru e sacou a Tessaiga.

– Se nós vamos fazer um trato, que seja da forma correta. Mas eu já vou avisando: não permitirei que aquele fantasma ou você encostem um único dedo em Kagome. – Passou a palma da mão pela lâmina da Tessaiga, cortando-a. Sesshoumaru fez o mesmo, cortando-se com uma de suas garras. Ambos deram-se as mãos.

– Jamais pensei que um dia fosse permitir que o meu sangue puro de youkai se misturasse ao seu sangue de hanyou. Mas eu não tenho muita escolha... Faremos uma trégua, eu não atacarei você ou qualquer um dos seus amigos e nem você atacará a mim ou qualquer um de meus protegidos.

Soltaram-se as mãos e o hanyou achou estranho aquele comentário.

– Que história é essa de protegidos? Só aquele inútil do Jyaken segue você.

– Tem mais alguém comigo agora, Inu-Yasha. – Uma sombra cruzou os céus. Era Ah-Un trazendo Jyaken e Rin. Ao desmontar, Rin se aproximou meio receosa e segurou a mão de Sesshoumaru. – Rin, está tudo bem... Cumprimente o seu tio Inu-Yasha...

Inu-Yasha guardou a Tessaiga e ficou olhando incrédulo para aquela menina.

– O quê? Tio, eu? Sesshoumaru, essa pirralha é sua filha?

Rin abriu um grande sorriso e abraçou Inu-Yasha, o que o deixou muito desconcertado.

– Não seja ridículo, Inu-Yasha! É claro que ela não é minha filha!

– Mas você disse tio!

– Ela não é minha filha, mas cuido dela como se fosse...

Kagome abaixou-se para ficar da altura de Rin e sorriu para ela.

– Foi para você que Sesshoumaru prometeu se unir a Inu-Yasha para encontrar Setsuna, não foi?

– Foi sim. Eu não quero que a senhorita Setsuna morra de novo. Eu não sei porque o senhor Sesshoumaru não consegue ajudá-la com a espada, assim como fez comigo...

– Sesshoumaru usou a espada em você?

– Sim! Uns lobos me atacaram, mas aí veio o senhor Sesshoumaru e me salvou com aquela espada! – A menina apontava para a Tenseiga na cintura de Sesshoumaru.

– Rin, já chega. Vai brincar com o Jyaken. – Interrompeu Sesshoumaru.

– Vamos, Rin. Eu vou apresentar o Shippou para você. – Disse Kagome. – Acho que vocês dois vão se dar muito bem...

Rin seguiu com Kagome, depois de olhar para Sesshoumaru e este consentir com a cabeça. Jyaken foi junto com elas. Miroku e Sango ficaram perto de Inu-Yasha, porque, na verdade, o maior perigo era o próprio Sesshoumaru. Não acreditavam naquela trégua. Inu-Yasha, por sua vez, olhou de jeito esnobe para seu meio-irmão.

– Hei, Sesshoumaru! Você agora anda com uma pirralha, é?

– E como é que você chama aquele filhote de raposa que anda com você?

A pergunta dele pegou o hanyou desprevenido e ele ficou sem graça.

– Pirralho...

-x-x-x-x-x-

Era uma tarde quente com um vento suave pelas copas das árvores. Três dias se passaram e Setsuna ainda não havia aparecido, apesar de Kagome continuar a sentir sua presença. Sesshoumaru continuava por perto, o que mantinha todos em estado de alerta, mesmo que ele estivesse respeitando a trégua. Shippou e Rin brincavam sob os olhos meio sonolentos de Jyaken.

A velha cerejeira à beira do rio, testemunha das juras entre Inu-Yasha e Kagome, hoje lhes servia uma gostosa sombra. Ele, encostado ao tronco da frondosa árvore, acariciava os cabelos dela, enquanto ela dormia tranqüilamente em seu colo. Inu-Yasha não deixava Kagome sozinha nem um único segundo. Uma preocupação não saía de sua cabeça. Será que realmente poderia protegê-la se Setsuna resolvesse atacá-los novamente? Ele observou seu meio-irmão aproximar-se e também sentar-se debaixo da mesma árvore.

– Parece que ela ainda não quer se mostrar... – Começou o hanyou.

– Mas vai... mais cedo ou mais tarde, ela vai se mostrar...

Inu-Yasha ficou olhando para Rin divertindo-se com Shippou.

– Quer dizer que você salvou aquela garotinha? Não achei que você iria conseguir usar a Tenseiga...

– Bobagem... Eu só estava fazendo um teste...

– Sei... – Notou que Kagome se mexeu um pouco em seu colo e abriu os olhos. – Desculpe, acordamos você...

– Não, está tudo bem. Eu tinha mesmo que colher umas ervas para a vovó Kaede.

– Eu vou com você.

– Eu vou falar com a vovó Kaede primeiro. Quando eu voltar, nós vamos. – Para Sesshoumaru. – Não se preocupe, Sesshoumaru. Ela vai voltar logo para você... – Levantou-se e saiu em direção à cabana de Kaede.

– Às vezes, a sua namorada é muito irritante...

– Mas ela sempre acerta. – Encarou o irmão. – Espero que dessa vez também.

Sesshoumaru aproximou o rosto, olhando bem para Inu-Yasha, como se o estivesse examinando.

– Eu não acredito...

Inu-Yasha meio que ficou sem graça e surpreso.

– O quê? O que foi?

– Como se não bastasse o nosso pai ter se envolvido com uma humana, você também seguiu pelo mesmo caminho... – Cruzou os braços e voltou a recostar-se na árvore. – Como é que você pode permitir mais sangue humano em sua descendência, Inu-Yasha?

– Eu não sei do que você está falando, Sesshoumaru. – Tentou fazer-se de desentendido.

– Você pensa que me engana? Seu corpo está impregnado com a essência daquela garota...

– Bem... – Corou. – eu... Hei! Espera aí! Eu não tenho que dar satisfação da minha vida para você, Sesshoumaru! – Levantou-se quando viu Kagome saindo da cabana de Kaede.

– Em outros tempos, você não me daria às costas desse jeito... Sua namorada mudou muito você...

– Em outros tempos, você não seria capaz de usar a Tenseiga, porque para isso, você precisaria ter pelo menos de um pouquinho de compaixão por um ser humano... E a minha namorada se chama Kagome... E eu não tenho a menor vergonha de lhe dizer isso... – Caminhou até Kagome e juntos saíram para procurar ervas.

Sesshoumaru ficou observando-os até sumirem pela floresta. Depois, voltou seu olhar para Rin novamente. “Compaixão por um ser humano?...” Viu-a sorrir alegremente quando percebeu que era observada por ele. Ele sorriu quando ela lhe deu um tchauzinho. “Talvez... Mas com Setsuna... é diferente...” Observou as nuvens passando pelo céu. Via o rosto de Setsuna em todas elas. “Por favor... volte para mim...”

Ao olhar novamente para os três, viu Shippou ficar pulando atrás de uma borboleta. Rin estava um pouco mais afastada, brincando com algo que fez seu sangue gelar. Era um inseto muito colorido e também muito venenoso. “Rin!” Ele levantou-se rapidamente e correu na direção dela. Lançou suas garras e destruiu o inseto.

– Já não lhe disse para não brincar com essas coisas? – A garota estava assustada, protegendo sua mão esquerda.

– Senhor Sesshoumaru! – Com o tumulto, Jyaken saiu de sua sonolência e correu na direção de Sesshoumaru e Rin, apenas para tomar um safanão de seu mestre.

– Seu imprestável! Você é responsável por ela quando eu não estou por perto!

Com a agitação, Kaede, Miroku e Sango saíram da cabana para ver o que tinha acontecido.

– Mas o que houve aqui? – Perguntou o monge. Shippou, assustado com a situação, correu e pulou no colo dele.

– Miroku! Ele assustou a gente!

– Pensei que tivéssemos uma trégua, Sesshoumaru... – Disse Miroku, olhando com desconfiança para Sesshoumaru.

– Não seja ridículo! Não fiz nada com essa raposa. – Percebeu que Rin estava tremendo. – Rin, eu não queria assustar você, mas era um inseto muito venenoso... – Ela continuava a proteger sua mão. – Aquela coisa mordeu você? Deixe-me ver...

– Senhor Sesshoumaru, eu estou bem... – A garotinha tinha as bochechas vermelhas e começava a suar.

Ao tocar a testa dela, Sesshoumaru percebeu que ela estava com febre. Pegou sua mãozinha e pôde ver um ferimento causado, não por uma mordida de inseto, mas sim pelas suas próprias garras. Ele a abraçou preocupado, pois o veneno de suas garras estava começando a agir nela, uma vez que o ferimento parecia abrir-se cada vez mais.

– Eu sei que o senhor não fez por querer... – A menina acabou desmaiando.

– Rin! – Olhou para Kaede. – Pode ajudá-la?

– Eu não posso, mas sei que Kagome pode. – Disse Kaede, após examinar o ferimento.

– Senhor Sesshoumaru! – Interrompeu Jyaken. – O senhor não precisa daquela humana, pode ressuscitá-la com a Tenseiga... – Percebeu que Sesshoumaru o olhava com um ódio quase desesperador. – Senhor Sesshoumaru...?

– E você quer que eu espere ela morrer, Jyaken? E se a Tenseiga só for capaz de ressuscitar cada pessoa uma única vez?

– Sesshoumaru, eu acho que o poder da Tenseiga é proporcional ao sentimento que está dentro do seu coração. Se você realmente... – Percebeu que estava falando sozinho quando viu Sesshoumaru seguir pelo mesmo caminho que Inu-Yasha e Kagome haviam seguido minutos atrás, carregando a inconsciente Rin. – Deixa para lá...

– Será que ele não poderia usar a Tenseiga para curá-la, Miroku? – Perguntou-lhe Sango.

– Eu não sei não, Sango, mas me pareceu que Sesshoumaru não está muito confiante no poder de sua espada, mesmo já tendo usado-a com sucesso anteriormente...

-x-x-x-x-x-

– Ahh... Que lindo! – Kagome corria sorridente por um campo ainda florido. – Eu adoro flores!

Inu-Yasha se mantinha por perto, vigiando-a, com um sorriso no rosto.

– Hei, Kagome! Você parece criança!

– Vem, Inu-Yasha! – Puxou-o pela mão e começaram a brincar de roda, até que ela tropeçasse e ambos caíssem, com ele por cima dela.

– Sua boba!... – Se olharam rindo por alguns segundos e depois se beijaram. De repente, ele parou de beijá-la, sentou-se e ficou olhando desconfiado para a floresta. – Saia daí, Sesshoumaru!

– Pelo menos essa garota não interferiu no seu olfato... – Disse ironicamente Sesshoumaru, surgindo da floresta com Rin. Inu-Yasha cruzou os braços, meio aborrecido.

– Hunf! E como é que eu poderia deixar de notar o seu fedor?

Kagome levantou-se, foi até Sesshoumaru e pegou Rin dos braços dele.

– O que aconteceu com ela, Sesshoumaru? Está ardendo em febre... – Notou o ferimento na mão de Rin, que já estava se espalhando pelo braço. – Sesshoumaru...

– Foi um acidente... Aquela velha disse que você poderia ajudá-la...

– Eu posso, mas... Por que você não usa a Tenseiga?

O youkai lembrou-se de quando falhou em usar sua espada em Setsuna.

– Não é sempre que eu consigo usá-la...

– Está certo... – Ela sentiu a mão de Inu-Yasha em seu ombro.

– Kagome, se lembra do que aconteceu quando você me curou?

– Inu-Yasha... Rin precisa de ajuda... e, qualquer coisa que aconteça, a vovó Kaede pode fazer aquela poção... – Sorriu para ele.

Kagome sentou-se com Rin em seu colo e colocou sua mão sobre o ferimento. Fechou seus olhos e sua mão começou a brilhar. Um brilho verde que começou a cicatrizar o ferimento de Rin. Gotas de suor desciam pelo rosto de Kagome. Inu-Yasha observava atentamente Sesshoumaru, que tinha uma certa preocupação em sua face. Logo, o brilho cessou e, quando Kagome retirou sua mão, o ferimento estava curado. Rin começou a abrir os olhos lentamente.

– Senhorita Kagome...

Sesshoumaru abaixou-se e acariciou a cabeça de Rin.

– Como você está, Rin?

– Estou muito bem, senhor Sesshoumaru... – Respondeu a menina com um sorriso.

– Obrigado... – Agradeceu ele à Kagome, o que a deixou sem graça.

– Eh... De nada... – Notou o modo como Inu-Yasha olhava para Sesshoumaru e levantou-se segurando Rin pela mão. – Vamos, Rin, vou levar você de volta... Eu acho que Sesshoumaru e Inu-Yasha têm muito o que conversar...

– Você tem certeza que está bem, Kagome?

– Não se preocupe, Inu-Yasha... Se eu precisar eu grito... – Deu-lhe um suave beijo nos lábios e saiu com Rin.

Inu-Yasha ficou meio sem graça de beijar Kagome na frente de Sesshoumaru, pois este o olhou com um certo desdém.

– O que você está olhando, Sesshoumaru?

– Nada... Você a mima demais, Inu-Yasha... Deveria deixar que ela se virasse sozinha de vez em quando, ela é muito forte.

– Se você estivesse no meu lugar faria a mesma coisa por Rin ou Setsuna... Afinal de contas, não foi por elas que você se sujeitou a esta trégua? Pelas duas?

– Só porque convivemos juntos nos últimos dias não quer dizer que você me conheça, Inu-Yasha. Você não sabe da metade das coisas que se passam comigo...

– Isso é o que você pensa, Sesshoumaru...

– O que quer dizer?

– Eu sei o que você está passando porque eu mesmo já passei por isso... Você tem medo de admitir o que sente porque acha que isso o tornará um fraco. Mas, na verdade, quando você aprender a encarar isso, você se tornará muito mais forte. Mas só depende de você, Sesshoumaru...

– Não seja ridículo, Inu-Yasha...

Uma brisa fria soprou e os dois permaneceram ali, olhando um nos olhos do outro.


-x- Continua no próximo cap -x-


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