Inu-Yasha saiu correndo e foi até a cabana onde havia deixado Kagome, mas ela não estava lá. Pegou o arco e flecha e saiu. Só então percebeu que os barris estavam destruídos e seu líquido derramado pelo chão. Olhou ao redor e viu Kagome seguindo por uma trilha escura para dentro da floresta.

– Kagome! – Sacou a Tessaiga e correu desesperadamente pela mesma trilha tentando alcançá-la.

A trilha levava até uma clareira no meio da floresta. Nesta clareira, ele pôde ver uma estranha moça de cabelos cor-de-fogo. Tinha um semblante muito calmo e frio. Kagome se aproximou dela e ficou de joelhos. Parecia estar numa espécie de transe. Inu-Yasha avançou, mas foi repelido por uma barreira de energia. A moça olhou para ele e deu um sorriso maldoso.

– Que bom que vieste, Inu-Yasha... – Disse a moça. – Assim posso poupar tempo e pegar tua espada também. Isso deixará meu senhor muito contente...

– Seu senhor? Deixe a Kagome em paz! Ela não fez nada para você! É comigo com quem você tem que lutar!

– Tão nobre... Mas eu não preciso lutar... – Ergueu outra barreira atrás de Inu-Yasha, cercando-o. Depois, aproximou-se de Kagome. – A tua cabeça em uma bandeja como presente para o meu senhor...

– Não! – O hanyou avançou furiosamente contra a barreira, porém foi em vão. Foi repelido com tanta força que o impacto quebrou o braço que impunhava a Tessaiga e atirou seu corpo contra a outra barreira, gerando centenas de faíscas. Caiu completamente paralisado. Viu Setsuna colocar as mãos no rosto de Kagome. – Por favor... não... não a tire de mim... – Lágrimas caíram de seus olhos.

Apesar do transe, lágrimas também caíram dos olhos de Kagome sobre as mãos de Setsuna.

– Inu-... Yasha... – Murmurou ela.

Setsuna percebeu que Kagome não chorava por temer pela própria vida, mas sim, pela vida de Inu-Yasha. Seus sentimentos por ele eram tão fortes que imobilizaram Setsuna por um momento. Um momento em que viu Inu-Yasha levantar-se e, mesmo ferido como estava, golpeava a barreira incansavelmente, na esperança de rompê-la. Setsuna foi invadida por todas as doces lembranças que Kagome tinha de Inu-Yasha. Viu inclusive a face de Sesshoumaru quando atacou os dois. Viu os dois arriscarem as próprias vidas, um pelo outro. Sentiu que o fragmento em seu peito brilhava, pois Kagome o estava purificando.

– Teu amor por ele é tão forte assim? – Setsuna afastou-se um pouco e desfez o encanto sobre Kagome. – Por que me mostraste o meu senhor?

– Para que você soubesse o quanto ele é ruim! – A colegial tentava recobrar as forças. – Sesshoumaru enganou e usou você! Será que não percebe?

Sesshoumaru saiu de detrás de uma árvore.

– Setsuna! Por que esta mulher ainda respira? – Percebeu que ela o olhava friamente. – O que foi?

Setsuna caminhou até Sesshoumaru e desfez as barreiras que prendiam Inu-Yasha. Kagome correu até ele e o abraçou.

– Eu fui uma tola por querer acreditar que o teu coração frio pudesse abrigar algum sentimento além do ódio e da vingança... – Disse a ruiva.

– Mas do que é que você está falando?

– Eu vou cumprir parte da promessa que te fiz... Terás a tua espada e o fragmento em meu peito, mas não vou matar por ti!

– Eu não quero que você morra.

– Chega... Chega de tuas mentiras! Queres aquela espada? – Setsuna ergueu sua mão na direção de Inu-Yasha. – Então a terás!

Kagome viu seu arco que Inu-Yasha havia trazido. Pegou-o e mirou sua flecha no braço de Setsuna. “Eu tenho que acertar... é o único jeito de impedi-la...”. Sua flecha acertou com precisão a mão de Setsuna, destruindo-a, juntamente com parte do seu braço. Puxou outra flecha que deixou ‘no gatilho’. Setsuna ficou olhando incrédula para o braço destruído.

– Como pudeste me ferir com arma tão inferior? – Encarou Kagome. – O que esperas, Kagome?

– Não faça isso. – Interviu Sesshoumaru, colocando-se entre a flecha de Kagome e Setsuna.

– Sesshoumaru! Você já provou da minha flecha antes... Sabe que não pode detê-la! Esse é o único jeito de libertá-la! Saia da frente! – Percebeu um olhar diferente em Sesshoumaru. Apesar de saber que não poderia deter aquela flecha, protegia Setsuna com seu próprio corpo. Ele virou-se de costas para Kagome e encarou Setsuna.

– Setsuna... Eu não menti para você. O sentimento que você viu em meu coração foi verdadeiro, mas você não quis ver o outro lado sombrio do meu coração... E este lado também faz parte de mim. Naquela noite, eu lhe disse que nosso acordo estava cancelado e você me disse que sua alma pertencia a mim. Então eu quero que você cumpra a segunda promessa que me fez. Que estará sempre comigo.

Os olhos de Setsuna encheram-se de lágrimas. Kagome baixou sua flecha, pois não sentia mais nenhuma energia maligna vindo daquele espírito. Setsuna fechou seus olhos e desapareceu. Sesshoumaru voltou-se para Inu-Yasha e Kagome.

– Eu poderia matá-los tão facilmente agora...

– Você não mudou nada, Sesshoumaru... – Murmurou Inu-Yasha.

– Eu disse que poderia, mas não o farei. Sua amiga purificou o fragmento que estava enlouquecendo Setsuna. Confesso que parte de sua loucura foi minha culpa... – Encarou Kagome. – Nós estamos quites, garota... – Saiu caminhando.


-x- Continua no próximo cap -x-