Akuma Hunters escrita por Najayra


Capítulo 6
Capítulo 6 - Adeus Ferimentos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/98982/chapter/6

No dia seguinte, Luka ligou para a agência avisando que Shelley faltaria por alguns dias, pois ela estava doente e precisava repousar. Após desligar o telefone, ele se dirigiu ao quarto onde estava Shelley, com os braços completamente enfaixados, sentada sobre a cama e encostada à parede. Ela, que olhava para a janela do quarto, dirigiu seu olhar ao jovem com a expressão serena de sempre.

 

— E então? Ela reclamou muito? – ela perguntou.

 

— Menos do que eu esperava.

 

— Quanto tempo?

 

— Oito minutos.

 

A loira deu um riso baixo e logo o olhou com um toque de malícia.

 

— Eu... Pedi ao Al que comprasse torta de morango.

 

Luka a olhou, surpreso, e logo deu um suspiro pesado.

 

— Se a gente der a mão, você já quer o braço, né?

 

Ela, discretamente, fez bico e virou o rosto. Ele sorriu arrependido, foi até ela e se ajoelhou na cama indo até bem próximo dela. Ela não teria problemas com camisa escondendo o pescoço, pois ele havia acabado de acordar e estava vestindo apenas uma calça. Ele então aproximou bastante seu rosto do dela.

 

— O que foi, Luka?

 

Ele parecia querer dizer algo, apreciava a cor profunda de seus olhos, o mais perfeito azul ciano. Desistindo de seu comentário, avançou o rosto mais um pouco e deixou seu pescoço ao alcance da boca da jovem.

 

— Luka. Algum problema?

 

— Nenhum. Apenas beba.

 

Ela levou seus lábios até o pescoço dele e perfurou devagar a pele do pescoço com seus caninos. Luka não sentiu praticamente nada, a única sensação era a de seu sangue percorrendo a veia. Shelley estava se satisfazendo com o sangue dele, tinha um sabor que lhe agradava muito. Por reflexo, ela ergueu um dos braços, lentamente, tocando o peito de Luka. Luka percebeu o movimento da pequena e se surpreendeu. Logo Shelley parou de beber e olhou para ele, lambendo os lábios.

 

— Shelley... Você... – ele pegou a mão que repousava em seu peito.

 

Shelley o olhava sem conseguir entender suas atitudes. Ele estendeu o braço dela e começou a retirar as ataduras. Conforme retirava as faixas, percebia que os cortes já não estavam tão profundos, percebia que eles já estavam cicatrizando, o que possibilitava que ela movesse os braços. Depois de ver seus ferimentos desaparecendo, Shelley sorriu e agora conseguia compreender os atos de Luka.

 

— Obrigada, Luka. Graças a você isso será mais rápido do que eu imaginava.

 

— É. Eu só não esperava que fosse tão rápido...

 

Neste instante, eles ouviram a porta da sala se abrir, era Allyan voltando com a torta. Luka a ajudou a se levantar, apesar de ela já conseguir se mover um pouco. Os dois foram para a sala e viram a bela torta que ele trazia, Luka pegou os pratos e talheres, eles se sentaram à mesa e começaram a comer. Allyan ficou super contente de ver que Shelley já conseguia mover os braços.

 

 

[Alguns dias depois]

 

 

Shelley se olhava no espelho. Ela estava vestindo apenas uma saia jeans e sutiã, observava os ferimentos em seu corpo, que aliás, tinham desaparecido totalmente. Seu corpo estava intacto novamente, com exceção dos pedaços de carne que foram arrancados de seus braços. Agora tinham apenas marcas pequenas e redondas (local onde Vinny afundou as unhas), a pele já estava regenerada em 95%. Shelley vestiu uma regata preta e se sentou à beirada da cama, muito feliz. Ela cruzou as pernas e apoiou o cotovelo sobre o joelho, em seguida suportou o queixo em sua mão. Ela sorria gentilmente lembrando de todas as vezes que bebeu do sangue de Luka e, também, das vezes que ele bebeu do dela...

 

[ Flashback On]

 

— Você está quase recuperada por completo.

 

— Verdade...

 

— Bom... Acho que mereço uma recompensa.

 

— Como é?

 

— Deixe que eu beba seu sangue.

 

— Ai, ai. Como você é rápido... Ok.

 

Como estavam na cozinha, ela pegou uma faca e fez um corte na palma da mão.

 

— Sabe... Qual o sentindo de você se cortar enquanto está tentando cicatrizar os outros cortes?

 

— Você quer beber, não é?

 

— Mas eu...

 

— Se quiser pegar meu sangue de um jeito bem mais interessante, terá que beber assim primeiro. Agora venha.

 

Ela estendeu a mão com o sangue escorrendo. Luka foi até ela, pegou a mão da loira e começou a lamber o corte e beber o sangue que escorria. Ela o observava, intrigada.

 

— É bom? – ela perguntou.

 

— Como posso dizer... Tem gosto de demônio.

 

— Seu idiota.

 

Ele riu e parou de beber, fechando a mão dela em punho para que parasse de sangrar.

 

— E o meu?

 

— Seu o quê?

 

— Meu sangue. Qual é o sabor?

 

— Hum...

 

Ela pensava e fazia caras e bocas para irritar Luka.

 

— É doce. Você está com muito açúcar no sangue.

 

— Ridícula...

 

— Mas...

 

— Mas o quê?

 

— É quente.

 

— Shelley... Você me irrita.

 

A jovem riu e observou Luka sair do quarto após um pequeno “banquete”.

 

[Flashback Off]

 

Shelley ria das várias lembranças que se sucederam. Cada vez que ele bebia o sangue dela era uma reação diferente e engraçada. O rosto dela transparecia felicidade e um pequeno toque de outro sentimento comprometedor.

 

— Então... Se apaixonou pelo humano?

 

Shelley se assustou e levantou da cama de súbito ao ver seu irmão sussurrando próximo de sua orelha.

 

— Vinny!

 

Ele a observou de cima em baixo, procurando pelos machucados.

 

— Você parece que se recuperou muito bem, não é, Shelley?

 

— Como pode ver... – a voz dela estava cheia de segurança e desafio. Isso não o agradou nem um pouco.

 

— O que você andou fazendo? – ele dizia se aproximando.

 

— Tenho uma excelente alimentação, podemos dizer assim.

 

Ela abriu um sorriso sarcástico. Apesar de ele se aproximar, ela não movia um músculo. Da última vez, ela estava fraca e tinha medo de qualquer coisa que ele fizesse contra ela. Agora, ela estava forte e “bem alimentada”, não tinha mais medo dele.

 

— O que te deixou assim... Teimosa?

 

— Nada de especial.

 

Ele tocou o rosto dela, acariciando e analisando suas feições. Ela mantinha um sorriso maligno que o deixava irritado.

 

— Detesto essa sua cara. Você fez algo errado, não é?

 

— Talvez...  – ela mostrou os brancos dentes.

 

Viu-se, de repente, um vulto se aproximando dos dois e ficando entre eles. Era Luka que entrara na frente de Shelley e a afastara, escondendo-a atrás dele.

 

— Quanto tempo, humano.

 

— Pois é. O que faz aqui?

 

— Vim visitar minha irmã.

 

— Ok. Pode ir agora.

 

— Quem você pensa que é?

 

— Servo dela.

 

Fez-se um silêncio enquanto Vinny mostrava sua cara de pasmo.

 

— Shelley!!

 

— Sim? – ela respondeu inocentemente.

 

— Você trocou seu sangue com ele?!

 

 Ela não respondeu, apenas deu uma risadinha mostrando os dentes. Vinny já ia avançando contra ela, sentia vontade de arrancar-lhe o pescoço, quando Luka o impediu de dar mais um passo. Mostrou os dentes para Vinny, como um animal selvagem. Ele percebeu que aquilo era instintivo e teve certeza quando viu os caninos apontando na boca de Luka.

 

— Minha irmã idiota. Devo te denunciar por adultério?

 

— Denuncia. Estou louca para que os anciãos fiquem sabendo disso. Assim nunca mais pisarei naquele mundo horrível e você nunca mais precisa sonhar em tocar em mim, irmãozinho.

 

— Por que uma atitude tão idiota como essa?!

 

— Porque agora estou decidida.

 

— A quê?!

 

Shelley tocou o ombro de Luka, pedindo para que ele se afastasse. Ela se aproximou até demais de Vinny, seus rostos ficaram a centímetros de distância.

 

— Sabe o que eu mais quero agora, meu irmão?

 

— Shelley, você vai se arrep...

 

— O que eu mais quero... É matar você.

 

Shelley tocou levemente seus lábios nos dele, para atiçá-lo e se afastou.

 

— Faça uma boa viagem de volta ao submundo.

 

— Você me paga. Verá, não ficará assim.

 

— Irei aguardar, Vinny.

 

Então, ele desapareceu.

 

— Adultério, é? – Luka perguntava rindo maliciosamente e mudando de assunto.

 

— Eu não fiz nada, fiz?

 

— Não...

 

— Pois então.

 

— Ainda não.

 

— Ainda não? Você tem problema?

 

Quando Shelley se virou para falar com Luka, ele já havia saído do quarto. Shelley simplesmente odiava quando a deixavam falando sozinha. Shelley foi até a porta, arrancou a maçaneta do lado de fora e a bateu com toda força. Assim, ninguém iria ousar atormentá-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!