Akuma Hunters escrita por Najayra


Capítulo 12
Capítulo 12 - Declarações




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[No Além-Mundo, Biblioteca Mellan Riken]

Karin e Allyan foram até a tal biblioteca procurar por informações, para descobrir um meio de buscar Shelley. Logo na entrada, o nome da biblioteca chamou a atenção de Allyan.

- Mellan Riken? Que idioma é esse?

- Sueco.

- E por que o nome da biblioteca está em sueco?

- Questão de sonoridade. Não ficou bonito?

- Bom, ficou, mas...

Karin, sem dar ouvidos a ele, foi adentrando a biblioteca e procurando pelos livros que interessavam.

- Essa biblioteca é maravilhosa! Aqui tem de tudo: rituais, tratamentos, lendas, conhecimentos ocultos sobre cada raça... – disse Karin fascinada.

- Espero que possamos encontrar algo que nos ajude. E que seja rápido, pois não me sinto bem.

- É a biblioteca.

- Como assim?

Karin pegou três livros, um marrom, outro verde e outro azul.

- Venha aqui.

Eles seguirem até uma mesa. Karin colocou os livros verde e azul deitados, um ao lado do outro, e começou a explicar.

- Imagine que o Submundo é o livro verde e o Além-Mundo, o livro azul.

- Certo.

- Entre os dois mundos, existe uma linha tênue, uma barreira que os separa. – ela colocou o livro marrom em pé, entre os livros. – Esta biblioteca está bem em cima dessa linha. A atmosfera daqui é muito forte e pesada, tornando difícil a permanência de qualquer forma de vida. Por isso você está passando mal.

- Agora, eu entendi. Mas, por que você está bem?

- Eu não sei. Gosto daqui. Talvez eu tenha nascido para cuidar deste lugar. – ela dizia brincando.

- Claro, com certeza Karin. – ele concordou sarcástico.

Os dois voltaram a pesquisar nos inúmeros livros daquele lugar.

[No Submundo]

Shelley caminhava pelos corredores do palácio, entediada. Vinny estava tratando de assuntos administrativos e, além disso, não a deixou sair para caçar. Passeando, ela passou em frente à porta do quarto de seu pai, o Rei Demônio, aquele que matou sua mãe e condenou sua irmã. Ela decidiu entrar. Abriu a porta devagar e olhou para a cama. No quarto escuro, um homem velho de barba um pouco grisalha, parecia cansado demais. Ela se aproximou dele com um olhar indiferente, não parecia que estava diante de seu pai, uma pessoa que há muito tempo não via.

- Shelley... – a voz dele se arrastava.

- Quantos anos? – ela foi curta e grossa.

- 1400.

- Você já está bem velho, hein?

- Mesmo assim, não irei morrer tão cedo.

- Você nunca irá morrer, a menos que te matem.

- Você seria capaz de fazer isso, certo? – ela não respondeu à pergunta.

Shelley deu meia volta e foi seguindo em direção à porta do quarto.

- Você está tão linda, minha filha. E com esse vestido, ficou idêntica a sua mãe.

- Isso é uma honra, para mim. A pessoa que mais admirei e amei foi minha mãe.

- Só espero que não cometa os mesmos erros que ela. Seu irmão não será tão bondoso quanto eu fui.

- O senhor a matou, ele já me avisou que fará o mesmo comigo. E não se preocupe... Não pretendo cometer os mesmos erros. – ela abriu a porta e sussurrou, alto o suficiente para que ele ouvisse. – Cometerei erros melhores. – e ela saiu.

Um demônio é imortal, mas ele envelhece, porém mais lentamente. A aparência de um demônio de 1400 anos equivale a um humano de 60 anos. Mas, apesar de não morrerem, sempre são mortos. O medo dos jovens de que o Submundo seja governado por um grande grupo de anciãos é enorme. Alguns demônios são escolhidos para sobreviverem e são estes que formam o grupo de anciãos, formado por 20 membros. A figura do Rei ou da Rainha não pode estar dentro desse grupo. Mas nenhum demônio chega a ficar daquele jeito, Shelley sabia que seu pai estava fingindo.

Shelley seguiu para o quarto de Vinny e se deitou sobre a cama. Pegou um de seus brincos e tentou inutilmente fazer contato com seus amigos e sua irmã, mas principalmente com Luka. Ela só não sabia que o ato não fora tão inútil, Luka escutava, do outro lado, o chamado dela. Ele só não queria responder. Após chamar o nome dele várias vezes, Shelley havia acabado de desistir, quando ele resolveu responder:

- Estou te ouvindo.

- Luka?! Ai, finalmente. Luka, escute o que eu tenho a dizer.

- Para quando é o casamento?

- Ahn?

- O noivo deve estar super feliz. Ele te tratou como o de costume ou você deu a ele alguma coisa que o fez mudar de atitude?

- Eu dei a ele? O que você está sugerindo, Luka?

- Não estou sugerindo, estou dizendo na cara. Você dormiu com ele!

- Como você é ridículo! Eu jamais faria isso!

- E por que não?!

- Porque eu não gosto dele, eu o odeio!

- Mas vai casar com ele!

- Isso não tem nada a ver!

- Ah, claro! Você vai casar com uma pessoa que não ama! Tem que ser muito idiota!

- Do mesmo jeito que eu sou idiota de gostar de uma pessoa como você! Que só sabe gritar, me julgar mal e que não está nem aí para mim!

Luka ficou completamente em silêncio, na verdade, sem reação. O que ela havia dito era verdade. Ele estava fazendo tudo errado, sem ressaltar a parte em que ela falou que gostava dele.

- É assim que o Vinny se sente! Ele me ama e eu só o deixo de lado. Eu amo você e você não está nem um pouco preocupado!

“Opa!” Ele pensava: “Ela acabou de falar que me ama?!”

- Isso é muito ruim! Viver discutindo com uma pessoa que é importante para você. Eu me sinto mal, o Vinny também deve sentir. Compartilhamos do mesmo problema, por isso iremos nos dar muito bem. Nós nos entendemos.

- Shelley! Você tem noção da besteira que você está dizendo?!

- Você ainda acha que isso é besteira?!

- Claro! Você está dizendo que vai casar com outra pessoa, sendo que você ME ama! Ele te deu algo estragado para comer?

Dessa vez foi Shelley quem congelou. Quando saiu da boca dela, ela não havia percebido a sonoridade e o peso daquelas palavras, saiu tão naturalmente. Mas agora, ouvindo de outra pessoa, ela não acreditava que havia dito aquilo. Shelley pegou os brincos, jogou-os dentro de um baú que ficava ao lado da cama e os ignorou. Não queria mais ouvir, não queria mais saber... Tudo iria se acertar. Ela iria se acostumar com a nova vida, sem ter que fazer muito esforço. Ao contrário, se ela quisesse voltar a sua antiga vida, o esforço seria muito maior e o sofrimento ainda mais.


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