Akuma Hunters escrita por Najayra


Capítulo 10
Capítulo 10 - Mudando as regras do jogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/98982/chapter/10

Era um belo dia de chuva. Quando eu digo belo, eu quero dizer REALMENTE BELO, uma tempestade ocorrendo lá fora. Luka estava observando, através da janela, as pessoas se escondendo embaixo das marquises, correndo para seus carros... Todos fugindo da chuva. Ele observou no vidro, as gotas de água escorrendo continuamente. Em sua mente, imaginava aquelas gotas na cor carmim, sangue escorrendo por sua garganta e saciando sua vontade.

Depois de beber o sangue de Shelley várias vezes, ele acabou incorporando algumas características de demônio ao seu corpo. Uma mutação ocorria em seu organismo. Antes ele bebia o sangue dela através de cortes que ela mesma fazia em si e também era só quando ela oferecia. Agora, ele tinha desenvolvido caninos e um vício pelo sabor dela. Justo agora que ela não o deixa nem chegar perto...

Luka eliminou de sua mente qualquer coisa relacionada a ela e se jogou na cama. Colocou o braço sobre a testa e fechou os olhos, tentando relaxar. Ele podia ouvir, claramente, Shelley brigando com Karin lá na sala enquanto Allyan tentava separar as duas. Logo depois, ele ouviu outra coisa. Os passos furiosos de Shelley em direção ao quarto. Ela entrou e bateu a porta (já consertada) com força. Ela foi até a janela, deu um suspiro pesado e fechou os olhos, erguendo o rosto, em uma tentativa de se acalmar. Após abrir lentamente os olhos, ela se virou para a cama e se espantou ao ver Luka. Será que ela ainda não tinha notado sua presença? Ele era tão invisível assim?! Shelley o olhou com uma expressão indiferente e meio monótona.

 

— Ah... Já estou saindo.

 

Ela começou a caminhar em direção à porta quando Luka ergueu se corpo e, pegando-a pelo pulso, ele a puxou. A pequena foi simplesmente guiada para onde ele queria. Ao puxá-la, ele a fez cair sobre ele, e então se virou rapidamente, deixando a pequena loira sob ele, deitada na cama. Luka apoiava suas mãos na cama, ao lado do rosto dela, ele queria e fez seus corpos e seus rostos ficarem o mais próximo possível.

 

— Luka. O que você está fazendo?

 

— Tentando conversar com você.

 

— Não é assim que irá conseguir as coisas...

 

— Está fugindo de mim?

 

— Por que pensa isso?

 

— Você me irrita sabia?

 

— É, eu desconfiava.

 

— Por que não me dá sangue?

 

— Ah, você quer?

 

— Eu posso?

 

— Não.

 

— Shelley!! Vou te bater!

 

— Não tire a diversão do Vinny.

 

Luka fechou a cara depois disso. O nome daquele cara, de alguma maneira, o deixava muito contrariado.

 

— Ah! Desculpe! Não sabia que era proibido falar o nome dele.

 

— É você quem o odeia, não eu.

 

— Exatamente. Pode sair de cima de mim agora?

 

— Você aceita até apanhar dele. Por que logo eu tenho que te obedecer e ser bonzinho?

 

— Porque você é meu servo.

 

Luka sorriu ao ouvir a palavra “servo”, um sorriso malicioso.

 

— Grande coisa... – ele praticamente sussurrou.

 

— Como é?

 

Shelley mal terminou sua pergunta. Luka avançou o rosto contra o pescoço dela, tão rápido que não deu tempo dela reagir. Ele abriu a boca e expôs os dentes, que logo perfuraram a pele do pescoço da loira. Shelley grunhiu, Luka tinha sido violento e seus caninos machucaram ao perfurar. Ele estava sendo completamente controlado por sua sede. Por mais que Shelley tentasse se soltar, empurrá-lo de cima dela, ela não conseguia. Luka estava bebendo mais do que podia, mais do que seria “saudável” a ela. Após se rebater contra Luka, Shelley conseguiu força para afastá-lo. O pescoço dela, além das duas marcas, tinha um roxo meio avermelhado em volta.

 

— Seu cretino, desgraçado... – ela estava realmente irritada.

 

— Você é simplesmente deliciosa, Shelley.

 

— Eu vou MATAR você!

 

Ela avançou sobre ele. Lá estavam os dois de novo, se arrancando os cabelos. Um demônio e um semi-demônio se pegando, ou melhor, tentando se matar no chão do quarto. Rolando e batendo em tudo que era móvel. Karin e Allyan foram correndo até o quarto, após ouvir os grunhidos e os barulhos dos móveis sendo massacrados. Enquanto Shelley tentava matá-lo, Luka tentava sobreviver, mas ao mesmo tempo tentava pará-la, o que acabava piorando a situação. Karin e Allyan observavam a cena, tentando achar uma brecha para que pudessem pará-los.

 

— Nossa! Esse é o verdadeiro adultério que ela havia falado? – disse Karin.

 

— Karin, agora não é hora! – respondeu Allyan.

 

Allyan finalmente pode tentar separá-los. Ele agarrou Luka enquanto Karin puxava Shelley. Os dois foram afastados iguais a cães em meio a uma briga, só faltavam latir... Karin observou a marca chamativa no pescoço da irmã e assoviou.

 

— Gente! Que fome, hein rapaz?

 

— Isso não seria necessário se ela não ficasse fazendo “charminho” !

 

— Charminho?! Quem é você para falar isso?

 

— O que foi que eu fiz, sua louca?!

 

— Você realmente acha que vou te dar uma parte do meu corpo de mão beijada, a qualquer hora e a qualquer momento?! Eu não sou tão boazinha assim!!

 

— Vocês dois! Parem agora, fiquem calmos! -  disse Allyan.

 

— Por quê? Isso está ótimo! – se expressou Karin.

 

— Vai lá! Fica com o seu irmãozinho querido! Ele sim, te ama profundamente e te trata com MUITO carinho!

 

— Quer saber?! Seria melhor viver com ele do que viver com você! Um cão sarnento e estúpido!

 

— Pode ir embora então!

 

— Nem precisava dizer!

 

Shelley se livrou de Karin. Descabelada, ofegante e com uma bruta marca no pescoço, ela foi até a sala. Passou pela cozinha primeiro para beber um copo de água. Pegou o copo e encheu de água, levou à boca e bebeu. Após colocar o copo dentro da pia, ela soltou sua última e proibida frase:

 

— Ficar com o Vinny... É, talvez eu vá mesmo. Seu idiota...

 

Vinny que já pretendia fazer uma visita às suas irmãs, chegou bem na hora, ou melhor na hora errada. Ele ouviu a última frase de Shelley e isso foi o que ele precisava para arrancá-la de vez de lá. Vinny passou o braço pela cintura de Shelley e com a outra mão, tapou sua boca. Shelley se assustou e segurou, com força, o braço do irmão. Ele sussurrou à orelha dela:

 

— Calminha... Venha comigo, eu vou realizar seu desejo.

 

Shelley não conseguia se soltar, estava em pânico, envolta pelos braços de Vinny. E então, ele a arrastou para dentro do portal que a levava ao Submundo.

 

 

[No Quarto]

 

 

— Afinal, o que aconteceu entre vocês? – perguntou Allyan.

 

— Ele foi beber o sangue dela, virou um animal louco e selvagem e machucou a Shelley. – respondeu Karin.

 

— Karin, seus resumos são horríveis... – reclamou Luka.

 

Luka estava todo arranhado e cheio de roxos. No momento em que Luka levava sermão dos dois, Karin congelou por um segundo. Os dois perceberam a reação da ruiva e se preocuparam.

 

— Karin, o que foi? – perguntou Allyan.

 

— A Shelley...

 

— O que que tem aquela louca? – perguntou Luka.

 

— Eu não consigo sentir a presença dela nesse mundo...

 

Fez-se um silêncio e todos arregalaram os olhos, assustados com as palavras de Karin.

 

— Ela foi mesmo... – Luka deu um murro na parede, estava cabisbaixo.

 

— Não acho que ela tenha ido por livre e espontânea vontade até o Vinny. – disse Karin. – Tem algo errado aí...

 

— O que vamos fazer agora? – perguntou Allyan.

 

— Temos que dar um jeito de buscá-la. – respondeu Luka.

 

— E como pretende fazer isso, cachorro? – Karin estava irritada com as alterações rápidas de humor dele.

 

— Nós temos uma diabinha aqui ainda. – ele respondeu se aproximando de Karin.

 

Ela encolheu um pouco com medo da fala e do olhar assustador.

 

 

[No Submundo]

 

 

Shelley estava deitada sobre a cama de Vinny, parecia desmaiada, mas era apenas efeito do “teletransporte”. Ela não estava acostumada a atravessar a barreira entre os dois mundos com frequencia. Era uma região tensa, com aspectos físico-químicos pouco propícios a existência de vida. Ela começou a acordar lentamente, sua cabeça pesava, seu corpo a prendia à cama. Quando sentiu a dor no pescoço causada pela marca que Luka deixara, ela finalmente se localizou. Olhava em volta e tudo o que via era o antigo quarto de Vinny, com as decorações reais, sutis e elegantes do palácio do Submundo. Shelley não parecia estar desesperada, mas sim, desapontada. Depois de tanto esforço para se livrar daquilo, ela estava lá de novo. Shelley abaixou a cabeça, agarrou os cabelos e deu grito agonizante, prolongado e profundo.

 

— Quanto drama.

 

Shelley seguiu a voz até a porta, onde Vinny estava encostado. Sem dizer nada, ela lhe lançava um olhar deprimido, revoltado.

 

— Bem vinda de volta, Shel.

 

— E quem queria voltar para cá?

 

— Você me chamou. Esqueceu?

 

— Vá embora.

 

— Embora? Agora que finalmente tenho minha noiva aqui? Agora que finalmente serei feliz com a mulher que eu amo?

 

— Humpf. Ama é?

 

— E ainda duvida disso?

 

Ele se aproximou da cama e se sentou ao lado de Shelley. Estendeu o braço e afagou o rosto macio da jovem. Shelley mantinha o olhar baixo e sem vida.

 

— Diga-me. O que você está pensando, minha querida?

 

— Eu estou cansada. Cansada de sofrer, cansada de lutar, cansada de fugir...

 

— Então, meu amor, se entregue a mim. Eu prometo que a farei feliz.

 

Na mente de Shelley, pensamentos que não podiam ser pronunciados, a perturbavam: “Não adianta. Não importa o que eu faça. Eu sempre volto à estaca zero. Não tem como fugir. É apenas nadar e morrer na praia. Não agüento mais.”

Vinny passou a mão do rosto de Shelley para sua nuca e lentamente foi se aproximando. Shelley decidiu deixar, já que era para ser, que fosse de uma vez. Ela estava, naquele momento, desistindo de todos os seus ideais. Vinny tocou os lábios dela com os seus, delicadamente, e Shelley deixou que eles se moldassem em um beijo. O primeiro beijo sincero entre os dois irmãos. Sincero, era apenas o que aparentava ser. Mas a realidade era outra...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!