Sua vez logo chegou e ele saiu correndo. Primeiramente pensei que ele se daria bem, seu ritmo de corrida era bom. Me equivoquei. No primeiro ele ja mostrou dificuldade. Ele nao conseguia subir, suas maos e pes escorregavam. Ele pingava suor e ainda estava na terceira haste de madeira. Os outros dois, ja haviam passado por esse obstaculo e pelo proximo tambem, e ele continuava ali. Tentando sem sucesso. Senti dó honestamente.

Ele agora chorava na tentativa inutil de escalar. Chorava baixo pois apesar de estar frustrado, nao poderia mostrar  que estava. Finalmente tomei uma decisao. Corri até ele e comecei a gritar como aquelas lideres de torcida para anima-lo.

- Vamos Joshua! Voce consegue! Suba e mostre a todos que voce é capaz!

Ele me olhou confuso, mas logo entendeu a minha iniciativa e assentiu com a cabeça em sinal de gratidao. Ele encarou o grande monstro na sua frente e começou a escala-lo. A primeira, segunda, terceira, quarta haste... Estava ficando orgulhoso. Ele havia chegado no topo e agora começava a comemorar, fazendo uma dancinha estranha.

- Ei Tom! Olhe, eu consegui! Eu to aqui em cima!

Abri minha boca para falar, mas nao tive a oportunidade. De repente estava vendo estrelinhas coloridas... Quando pequeno queria ser astronauta, e agora as estrelas estavam taooo proximas, eu poderia toca-las e esticasse meus braços. Nossa... Que dor de cabeça.

Espera! Espera, espera..Espera, que meu raciocio esta lento. Ahhhhh! Acho que entendi o que aconteceu.

Pelo o que deduzi foi assim: Eu incentivei Joshua, chamando toda a atençao para mim. Joshua conseguiu. Isaac se irritou. E simplesmente me meteu um tapa na orelha! É só pode ter sido isso.

- Isso foi por ter tomado uma atitude sem as minhas ordens. – Isaac me olhava severo.

Só agora fui me dar conta que estava estendido no chao. OMG! O cola-brico foi forte, afinal me derrubou e me fez ver estrelas. Deve ter sido alguma coisa parecida com isso:

http://www.youtube.com/watch?v=QzbrJrd7NTE ( Autora: Esse vídeo foi extraído do youtube para servir como referencia á força exercida do personagem sobre o outro)

Minha cabeça latejava, toda a minha face esquerda direita estava queimando, isso deixaria marca. Ainda meio zonzo me levantei...Esperei até que a minha visão não estivesse turva, na terceira tentativa de falar alguma coisa,a voz saiu.

-Desculpe Senhor.

Isso não era exatamente o que eu queria dizer, eu gostaria de manda-lo para o inferno, mas já que tenho amor a vida, resolvi apenas me desculpar.

Sem responder nada ele apenas se virou e começou a escalar com incrível habilidade o  enorme monstro de madeira. Rapidamente alcançou Joshua, que olhava a cena sem entender. Isaac se postou ao seu lado e agarrou o uniforme na altura de seu ombro. Num movimento rápido o empurrou para o chão. Simplesmente e sem dó nenhuma o atirou para baixo. Joshua abanava o ar, tentando voar sem sucesso, colidindo com o solo dolorosamente. Corri até ele.

- Joshua! – me agachei ao seu lado segurando sua cabeça entre minhas mãos.

- Hmmm...- estava completamente atordoado.

- Você esta bem? Fala comigo cara!

- Tom... – ele tentava falar mas a queda foi violenta, e isso estava afetando temporariamente.

- Eu sei que esta doendo, mas calma vai ficar tudo bem...

Ele tentou se sentar mas logo tombou em meu colo, se queixando de dor.

- Não se mexe nem fala nada Joshua. Eu... – o que eu faria?

Nesse instante o Fuzileiro homicida (ele poderia ser chamado assim) pulou do obstáculo, pousando triunfante ao nosso lado. Meu colega tentava encaixar uma peça na outra, e eu apenas o olhei, reprimindo xingamentos.

- E isso foi por te-lo ouvido.

Já que não teria nem esperava e nem teria uma resposta do rapaz atordoado, virou e começou a andar em direção aos seus comparças. No meio do caminho, parou e olhando por cima do ombro disse:

- O negro gordo esta dispensado, e Tom Kaulitz continuará com as atividades. Leve-o para seu dormitório.

Me levantei e passei um braço de Joshua por meu pescoço.

- Vamos amigo. Eu vou ti ajudar.- disse começado a caminhar para fora da clareira.

- Obrigada Tom. – falou ainda fraco.

O levei para a enfermaria,e pedi que a enfermeira tomasse cuidado, explicando o que havia acontecido.

- A cada ano, o Fuzileiro Isaac só piora, sempre mais cruel. – ela disse se lamentando.

- Percebi.

- Hoje mais cedo, uma menina chegou aqui com dificuldade para respirar, e me falou que Isaac a havia aprisionado no saco.

- Eu presenciei a cena, infelizmente.

- Esse saco já é bem conhecido pelos meus ouvidos.

- Ela...Rachel, melhorou?

- Você ainda não sabe?

Apenas neguei com  a cabeça, confuso. O que eu não sabia?

- Ela não suportou. Alguns minutos depois teve um ataque cardíaco. Eu sinto muito.

Demorei para me acustumar com o fato. A garota havia morrido, em seu primeiro dia. Ela era tão jovem, deveria ter uns 17 ou 18 anos. Meu coração se apertou e sinceramente senti vontade de chorar. Mas eu seria forte.

- Se eu fosse você, tomaria cuidado com ele. Nunca duvide quando ele diz que é capaz de algo. Ele nunca blefa. – a enfermeira me aconselhou.

- Obrigado. Cuide bem dele por favor.

- Fique tranqüilo filho. – ouvir a palavra “filho” vindo de uma mulher, me acalmou. Me fez lembrar dos tempos em que minha mãe me cobria e me desejava bons sonhos com o chegar da noite. 

Sai do local e novamente caminhei até a clareira.Quando a adentrei, Annabeth me puxou de lado rapidamente e perceptivelmente nervosa começou a falar:

- Tom, você tem que tomar cuidado com Isaac.

- Eu sei, é que eu adquiri um enorme carinho pelo Joshua, e...

- Eu sei que você só queria ajuda-lo, mas aqui é cada um por si, você não pode se apegar as amizades a ponto de lhe prejudicar.

Assenti me dando conta que aquela era a mais pura verdade.

- pode acreditar em mim Tom. Digo isso por experiência própria.

- Eu sei Annabeth. Me desculpe.

- Se eu serei responsável por você e pelo seu dormitório, pode me chamar de Annie.

- Ahhh... Certo, Annie. – disse abrindo um sorrisinho.

Ela fez o mesmo e nós voltamos para nossos lugares, onde todos podiam nos ver.

Continue a cursar o trajeto de obstáculos, ainda sentindo o olhar maligno de Isaac pousado sobre mim. Depois de cada Calouro passar mais umas sete ou oito vezes o percurso, ainda fomos correr. Corremos 10 km sem parar.Nem preciso dizer que a noite estava exausto, dolorido e estourando de raiva. Joshua havia melhorado, mas ainda não comia nada e se queixava de dores nas costas. Eu não queria estar no lugar dele.