Inglaterra escrita por Anna


Capítulo 2
Garota Problema




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- Bom dia ouvintes da F.H.S, como vão nesta manhã? Um pouco de música antes da próxima aula? Vamos lá... – Jessica Stanley berrava, e nós éramos obrigados a ouvir aquela droga toda.


“Eu sou aquela, eu sou aquela que sabe a dança

Eu sou aquela, eu sou aquela que tem as curvas

Eu sou aquela, eu sou aquela que usa calcinha

Eu uso calcinha...”


- É, essa vai em homenagem a Bella Swan, isto mesmo. Como vai a detenção Bellinha?


“Eu não me importo com o que você está dizendo

Eu não me importo com o que você está pensando

Eu não me importo com nada

Esteja pronto, esteja pronto porque eu estou acontecendo...”

(Avril Lavigne – I Don’t Have To Try)

- Tirando a parte é claro, de que ela tem curvas, e de que está acontecendo... – ela gargalhou.


- Está ouvindo? Agora ela anuncia no rádio, aquela vadia...

- Sem palavras obscenas aqui moçinha... – ele fez sinal com o dedo pra que eu parasse.

- Mas, que merda... – murmurei cruzando os braços.

- E é por essa atitude desobediente que a senhorita está aqui. De onde vocês jovens tiram esse palavreado repugnante? – ele se debruçou na mesa esperando uma resposta.

- Eu vou dizer de onde eu tiro... – hesitei respirando fundo – Por que Jéssica não está aqui também? Aliás, por que ela está encarregada da rádio? Isso é um trabalho pra nerds, o que ela não chega nem perto, aquela loira falsa e burra...

- Isabella...!

- Ela deveria ser líder de torcida, a bunda dela é mil vezes maior que o cérebro...

- Chega Isabella!

- Será que o senhor pode me jogar na detenção de uma vez? – perguntei levantando-me.

Ele bufou. O diretor Harry era daquele tipo de homem velho e carente, é claro que descontava toda sua raiva nos alunos por ter sido abandonado pela única louca que o agüentou por mais de três dias. Eu apenas havia xingado Jéssica, como sempre, mas isso foi o bastante pra ele.

Eu era um de seus “saco de pancadas” preferido, depois de Mike Newton, o garoto popular que ficava com todas as garotas, vadias como Jéssica, é lógico. Tudo o que eu fazia era vigiado por ele, o que resultava na detenção. As únicas que se salvavam eram as garotas como Jéssica, pra elas, ele tinha outros planos.


Ele me deu uma semana ajudando a senhorita Sue a organizar e limpar os livros na biblioteca, não me parecia tão ruim, a não ser pelo fato de que eu odiava ler, mas a poeira não me importava, meu quarto era bem mais sujo que aqueles livros.

Eu poderia continuar ali trocando insultos com o diretor Harry por mais tempo, ele morria de medo por eu ser filha de Charlie, o chefe de polícia em Forks, e eu sabia sobre suas tentativas de assédio sexual contra algumas alunas, apenas tentativas, porque ele era gordo o bastante pra que desse tempo para elas fugirem.


Segui em direção a biblioteca e, Sue lia O Morro dos Ventos Uivantes pela vigésima vez.

- Eu realmente não entendo o que há de interessante nesse livro careta... – murmurei jogando a bolsa ao lado de sua pequena mesa.

Sue era a única que me entendia, era tão fácil conversar com ela. Depois da morte de Renée, Charlie se tornara ainda mais fechado do que antes, e ela era com quem eu conversava se precisava de apoio. Eu a amava como a uma mãe, o que ela estava prestes a se tronar se depender de Charlie...

- O que houve desta vez? – ela perguntou-me irônica, levantando os olhos pra mim e fechando o livro.

- Hormônios... – murmurei começando a empilhar alguns livros.

- Hormônios não saem do corpo pra falar mal de colegas de classe... – ela riu.

- Oh, os meus saem, constantemente.

- Alguma novidade sobre o intercâmbio? – ela mudou de assunto levantando-se pra me ajudar.

- Parece que encontraram uma família disposta a ganhar um problema... Ou seja, me aceitar em sua casa. – sorri.

- Oh não diga isso querida, você não é um problema, apenas, causa alguns... – ela riu, mas falava sério.

- Sim, alguns... – confirmei – Parece que são muito hospitaleiros, típico dos ingleses. Estou esperando a confirmação.

- E a minha autorização, já que estou revendo meus conceitos sobre isso... – Charlie murmurou autoritário passando pela porta – Acho que, se – ele disse o “se” mais alto – você for mesmo para a Inglaterra, eu vou vir te tirar da detenção todos os dias, mesmo sem estar aqui... Virou rotina!

- Oh claro... Como se fosse assim, tão ruim ver Sue todos os dias pai... Me agradeça... – sorri, e Sue corou.

Charlie parecia um jovenzinho apaixonado quando se tratava dela, ele pensava que eu não soubesse, mas ele nunca fora muito bom em esconder as coisas de mim. Depois de tanto tempo sem uma namorada, eu me sentia bem por ele ter a encontrado, totalmente patético... Sorri.

- Eu te ligo... – ele sussurrou pra ela me levando até a porta.

- Depois terminamos com os livros Sue... – gritei.


O caminho até em casa fora calmo, como havia dito Charlie, a detenção virara rotina pra nós dois. Quando estávamos perto de casa ele resolveu começar.

- O diretor Harry demorou um pouco mais pra me ligar hoje, eu tive  esperança de que não havia aprontado nada... – ele murmurou.

- Seria um milagre... E Jéssica me provocou... – retruquei.

- Logo hoje que, o pessoal do intercâmbio ligou...

- Sério? – pulei – Oh, minha nossa! O que eles disseram?

- Aquela família que eles tinham em mente, se lembra?

- Sim. – Charlie posicionou o carro em frente a casa e saiu. Eu sai junto com ele.

- Eles confirmaram. – ele tentou sorrir, e eu o segui pra dentro de casa.


 Entrei em casa rapidamente esperando mais detalhes, mas Charlie foi até a cozinha. Era óbvio que ele estava triste, eu era a única pessoa que ele tinha além de Sue, mas era diferente.

- Ei pai... Conte-me mais droga! – sorri.

- Bem, pelo que me disseram, eles são uma família de respeito, típicos ingleses... – ele fez uma careta.

- E...? – esperei.

- Pai, mãe e três filhos, parecem que da sua idade mais ou menos.

- Viu? Agora pare de resmungar... – eu o abracei, mesmo sendo meio inusitado pra ele.

- É... – ele sorriu – Vou sentir sua falta Bells. – ele bagunçou meu cabelo.

- E eu a sua...

– Você tem que ir em duas semanas... – ele disse com pesar – Parece que amanhã vou poder conversar com o doutor, oh, como se chama... Carlisle, Carlisle Cullen. Ele vai ser meio que seu, “pai substituto” – Charlie fez as aspas com deboche, soltando-se de mim – É, a família Cullen, você será Bella Cullen – ele gargalhou.

- Eu sou uma Swan, cara! – falei com orgulho – Cullen... Que sobrenome estranho... – ele riu.

- Você pede uma pizza? – Charlie se dirigiu á sala.

- Como sempre... – peguei o telefone.

- Ingleses gostam de pizza? – ele perguntou com deboche indo em direção a sala.


POV. Edward

- Emmett, o que diabos você está fazendo? – perguntei fechando o caderno.

Ele copiava as respostas do meu trabalho respostas sem nem ao menos disfarçar.

- Só conferindo se eu acertei, der... – ele riu e puxou o caderno de minhas mãos.

- Você nunca aprenderá se continuar assim...

- Oh claro, claro papai... Carlisle é bem mais divertido...

- Garotos... – Esme entrou na sala de jantar. – Poderiam desocupar a mesa? Quero todos aqui pra que possamos conversar, certo? – ela sorriu.

- Claro, mãe. – respondi juntando meus materiais.

- Já vai... – Emmett murmurou.


Carlisle e Esme sempre nos trataram como iguais, mas é claro que eu fazia o melhor pra ser tratado diferente afinal, eu era a única pessoa responsável desta casa na ausência deles.

Alice era como sempre impulsiva e espevitada, não parava um segundo, sempre fazia compras e gastava o bastante para alimentar uma família americana por um mês. Já Emmett, era totalmente irresponsável, seu lema era “viva a vida loucamente...”, ele era meu oposto, o que me deixava nervoso todo o tempo.


Carlisle segurou a mão de Esme e eles se posicionaram na ponta da mesa, senti inveja por um momento, quando eu sentiria o que eles sentem? Alice e Emmett já haviam tido experiências amorosas, e eu era o único que ainda não havia o feito. Isso me parecia ser impossível, nenhuma garota me parecia o bastante, não que elas não se interessassem, pelo contrário, mas eu não havia encontrado o que estava procurando, talvez como Emmett sempre dizia, eu morreria solteiro.

- Bem, tomamos uma decisão sobre a garota do intercâmbio... – Esme começou.

- Graças a Deus... Ela não vem certo?

Era o que eu mais, queria, não precisávamos de mais uma desmiolada por aqui. Eu nem ao mesmo havia concordado em pensar na possibilidade.

- Cala a boca Ed! Eu quero que ela venha, finalmente uma garota pra me fazer companhia... – Alice me empurrou.

- Eu vou com Alice, talvez ela seja gata... – Emmett murmurou malicioso.

- Oh, por favor! – implorei.

- Vão nos deixar falar? – Carlisle levantou a voz. Nós paramos. – Bem, perdoe-me Edward, mas nós concordamos sim. Isabella Swan chega em duas semanas. – ele sorriu. Eu abri a boca pra começar a falar, mas ele retomou o assunto – Ela é de Forks, Washington, nos Estados Unidos e vai terminar o último ano com vocês...

- Mas Carlisle!

- Edward... Isso será bom pra ela, está sofrendo na escola em que estuda. Vamos recebe-lá com muito carinho... – Esme disse afetivamente.

- Oh. Certo. – concordei raivoso e subi para meu quarto – Todos em um complô... – murmurei antes de sair.


Ótimo. Agora teríamos uma americana vivendo conosco, já não bastava Emmet de intruso em nossa escola por ter reprovado três vezes? Não, precisávamos de mais uma... Isso seria a pior experiência de nossas vidas.

Apertei play no som pra ouvir Debussy, tentando me acalmar.


“Eu sou quente, e quando não estou

Sou frio como o gelo

Me veja vindo,

Fique com pé atrás

Ou pague o preço.

O que eu quero eu pego

O que eu não quero eu quebro

E eu não quero você...”

(Problem Child)


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