Inglaterra escrita por Anna


Capítulo 3
Despedidas




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POV. Bella

A primeira semana havia se passado rapidamente, a detenção se tornara um tipo de terapia me acalmava agora, eu estava tentando me conter ao chegar perto de Jéssica, até tinha ouvido de um grupo de garotas perto do refeitório que meu comportamento estava a deixando nervosa.

– Agora Jess não tem sobre o que falar na rádio, Bella está tão calma quanto um rato morto  de laboratório...  – uma garota morena murmurou.

Eu ri com a comparação, tantos animais pra ser comparada, e ela me arruma isso, rato de laboratório? De qualquer maneira, essa segunda semana havia demorado mais pra se passar, talvez porque eu estava sentindo o clima patético de despedida. Charlie até havia se arriscado a fazer um bolo na quinta feira e quase colocou fogo na casa.

– Pai, da próxima vez, chame Sue pra fazer isso, ou melhor, não faça! – falei enquanto tentava frustradamente tirar os queimados da assadeira.

– Tá legal, eu tentei ser um pai, mais... Pai sabe?

– Char...Er, pai, os pais não fazem bolos na maioria das famílias normais, quem os fazem são as mães... – hesitei vendo a careta que ele fez – E você é um ótimo pai, menos quando tenta cozinhar certo? – ele riu alto.

Na sexta-feira eu dei um belo soco na cara de Jéssica, aquilo lavara a minha alma, foi bem na saída, nós não nos veríamos novamente pelo menos naquele ano e aquilo era completamente normal da minha parte por ter ficado uma longa semana sem ao menos insultá-la. O olho roxo e grande dela só não era maior que minha satisfação. Eu ouvi os gritou do diretor Harry pra que eu voltasse lá pra sua sala, mas era tarde demais.

Só assisti o drama dela por alguns minutos e então entrei na Chevy.


Hoje era um típico domingo em Forks, o tempo nublado de sempre, e as nuvens escuras que cobriam a luz do sol. A árvore que ficava ao lado de minha janela tinha as folhas balançando lentamente e a chuva aumentava aos poucos.


Desci as escadas pensando já, em começar a arrumar as drogas das malas, por mim eu não levaria muito, nunca precisei de muitas coisas, mas desta vez eu teria que levar todo meu guarda-roupa, um ano era digno de pelo menos duas malas grandes e eu estava disposta a começar a arrumação o mais cedo possível, já que a noite eu teria que agüentar as despedidas melosas, mas acordara muito tarde.

– Ei Bells! – Charlie gritou da sala ouvindo meus passos em direção a cozinha.

– Bom dia... – murmurei virando-me pra vê-lo - Oh...

Eu nuca havia visto a sala tão cheia antes, todos estavam lá. Billy e Sue ao lado de Charlie no sofá e os garotos de La Push se batiam num canto com, o que parecia ser uma das almofadas velhas, Jacob gargalhava alto como sempre e ao me ver veio em minha direção levantando-me em um de seus abraços de urso.

– Vou sentir sua falta Bells, mas, vai ser ótimo pra você... – ele sorria.

– É... O que é tudo isso afinal? – perguntei enquanto ele me colocava de volta no chão.

– Um tipo de festa de despedidas... – Sue murmurou do sofá. Sua mão direita entrelaçada com a de Charlie.

– Você tem permissão pra sair com os garotos hoje... – Charlie disse tentando sorrir.

– Como se eu precisasse de permissão... – sussurrei, e depois coloquei a mão na boca – Tá, então vamos? – perguntei a Jake.

– Mas, já? – Charlie se assustou.

– Pai, eu tenho que arrumar as coisas depois...

– Então venha me dar um abraço sua ingrata... – Billy resmungou com sua voz rouca e eu o abracei.

Aproveitei pra abraçar Sue também e ela murmurou um “Boa sorte”, mas eu sabia que a veria novamente no aeroporto. Eu realmente não queria ficar pra despedidas, Charlie começaria a se lembrar de mim quando era pequena, e talvez até chorasse, afinal, eu não o veria por um ano ele esqueceria a atitude de homem fechado, sem dúvida.


Os garotos pararam em um posto de gasolina pra comprar bebidas antes de irmos até a praia de La Push, o lugar preferido deles. Eu nunca me dei bem com cerveja, sempre acontecia algum desastre quando me embebedava, mas eles com certeza me chamariam de careta se pedisse que não comprassem nada.



A praia estava deserta como sempre e a chuva, agora bem fina, não incomodava nada enquanto caminhávamos pela areia. Aqueles garotos eram os mais agitados que eu já havia conhecido, principalmente Paul,Seth e Jared. Quil e Embry eram mais sossegados, apesar de hoje não estarem por causa da bebida. Jacob e Sam caminhavam ao meu lado e Jake comentava sobre algo extremamente engraçado, ele ria tanto que eu não entendera uma palavra que saiu da boca dele.


– Ei Bella, quanto tempo vai ficar lá? – Sam perguntou, ele era o único que não bebia, por ser o mais velho e mais prudente ele dirigiria na volta, e também Seth, por ser menor de idade.

– Um ano, mais ou menos... É sim, um ano... – eu me sentia um pouco confusa agora e bebi outro gole.


Minha cabeça rodava um pouco e a vista estava embaçada, a sensação estranha cobria-me e eu tinha vontade de rir sem parar.


– Bella, você não vai ficar esnobe como os ingleses certo? – Paul gritou.

– Quem disse que os ingleses são esnobes Paul... – Sam murmurou pra ele.

– Ah... Fui eu der... – ele riu e todos rimos juntos.

– Quem sabe, ela finalmente arrume um namorado... – Jared gritou rindo.

– Calem a boca! – eu gargalhava.

– Bells, deveríamos ir Charlie vai ficar preocupado... – Jacob tentava ser sensato com uma carranca.

– Certo, certo... Charlie é muito bravo... – eu gargalhei e depois suspirei.


– Jacob seu irresponsável eu disse que... – Charlie murmurava, ele parecia distante pra mim.


Não pude enxergar nitidamente, mas senti as mãos fortes de Jacob me carregando, fiquei em silêncio, me aconchegando em seu peito quente e depois de alguns minutos senti a  cama em baixo de mim.

– Parabéns Bella, Charlie me deu uma bronca, e você gargalhando... Está certa, não pode beber... – sua voz era um sussurro.

– Uhum...

– Bells...?

– O que? – consegui responder.

– Não vai ser como os caras disseram, certo? Nada de esnobes e ingleses branquelos certo? Porque eu acho que...

Não pude ouvir mais nada depois disso.


O Telefone toca no meio da noite


Meu pai grita: O que você vai fazer com a sua vida?

Oh, papai querido, você sabe que

você vai continuar sendo o número um

Mas garotas querem se divertir...”

(Girls Just Wanna Have Fun)


Acordei ás duas e meia da manhã como ronco estridente de Charlie que ecoava pela casa, minhas malas, ainda vazias encostadas ao lado do armário, eu teria que fazer isso agora, não haveria tempo de manhã.



A pequena viagem até o Washington Dulles não foi longa eu pude dormir o suficiente pra estar em pé até entrar no avião. Charlie já havia começado a relembrar momentos patéticos, como a primeira vez em que viajei de avião com ele e Renée, como se fosse uma coisa boa, eu vomitei durante todo o vôo, o vomito era uma reação ao meu nervoso. Sue apenas ria das histórias e Jacob conversava comigo no banco de trás enquanto eu tentava dormir mais um pouco.


Depois de chegar ao aeroporto o vôo não demorou muito a ser anunciado e eu me despedi deles a altura com direito a abraços beijos, e tudo mais que eu realmente me sentia desconfortável em fazer, mesmo os amando. Eles acenaram e os três chorando cada um a seu jeito fizeram meu estômago começar a reagir ao nervoso. Segurei-me pra não vomitar e depois da decolagem o vôo estava sendo calmo.


A realidade vinha à tona agora, apesar de ter sido sempre independente, pensar em estar em um lugar onde não conhecia uma só pessoa, viver em uma casa completamente desconhecida, com uma família cheia de costumes com os quais eu não era acostumada fez meu estômago embrulhar novamente, eu me recostei na poltrona e fechei os olhos tentando me acalmar.



POV. Edward


– Isso é tão empolgante, o que achou Ed? – Alice ergueu um enorme cartaz branco com o nome da garota, na verdade o apelido "Bella" em uma cor rosa vibrante.

Apenas confirmei com a cabeça tentando me conformar com a idéia impensada de meus pais, mesmo depois de quase duas semanas isso me incomodava. Pra que eles queriam introduzir outra pessoa na família? Uma pessoa desconhecida, aliás... Esse era o ponto que mais me intrigava, e se todos gostassem mais da garota e a mimassem todo o tempo? Não restaria nem um pouco de atenção pra mim.

Balancei a cabeça tentando expulsar as idéias egoístas e me coloquei a ler novamente.

– Cara, quando vai deixar de ser nerd e virar um homem? – Emmett fechou o livro desmarcando a página, e o pegou de minhas mãos – “O morro dos ventos uivantes”... Você ta de brincadeira né? – ele gargalhou.

– É um romance muito digno e bem escrito, você deveria ler pra melhorar seu palavreado e seu modo de tratar as damas... – murmurei abrindo na página novamente, eu tinha sorte por observar a página antes de começar a ler.

– Damas? Nesse século se diz gatas, talvez minas, até mesmo garotas, menos damas.

– Não a meu ver...

– Oh Esquece, você é um velho de cem anos ou mais... – ele gargalhou – Quantas namoradas já teve até hoje usando seu método, digamos, “cavalheiro” – ele fez uma reverência.

– Bom... Não muitas, mas...

– Mas, nada Edward, se lembra do encontro que te arrumei com aquela gostosa a... Como era o nome dela mesmo...?

– Maria?

– Isso, isso. Você escreveu em um papel os assuntos que conversariam durante a conversa... Aquilo foi o fim. Se não queria sair com ela era só dizer um simples não e pronto...

– Primeiro de tudo, não trate as dam... Garotas – corrigi do melhor modo citado por ele – como gostosas elas, não são de comer...

– Algumas...

– Não! Nem pense nisso – ele riu e hesitou – Segundo, precisávamos ter assuntos certos, eu não queria ficar sem ter o que falar.

– É não ficou sem ter o que falar, mas ficou sem ter o que pegar porque ela fugiu... – ele riu mais alto.

– Olha...

– Garotos, vamos até o aeroporto buscar Bella, querem ir? – Esme me interrompeu.

– Claro, prefiro tudo a ter que ficar falando com o vovô aqui... – ele bateu em minhas costas.

– Mãe, eu não vou, tenho que retomar minha leitura... – murmurei e ela fez um bico de chateação.

– Você é quem sabe... Vamos Emmett...

Peguei o livro me dirigindo ao jardim, talvez ali eu tivesse mais paz pra continuar, mas comecei a imaginar a garota que chegaria em algumas horas.


POV. Bella


Nos últimos minutos do vôo, me apressei em ir ao banheiro vomitar antes que não pudesse levantar-me pra fazer isso durante a aterrissagem. Despejei o máximo que pude, afinal eu não queria vomitar nos Cullen.


Ao descer do avião havia muitas pessoas esperando com cartazes, encontrar meu nome em um deles não fora difícil, porque o cartaz escrito Bella com a pior cor que poderiam ter inventado era o maior do lugar.


Observei a pequena e magra garota que o segurava, parecia ter a minha idade, mas era bem mais baixa que o enorme garoto ao seu lado. De mãos dadas um casal que parecia amigável, sorria e tentava conter o animo da garota que até dava alguns pulos. Perguntei-me se Charlie havia mencionado certo que eram três filhos, mas era difícil saber quem era quem pois eles eram extremamente lindos e parecidos. Senti-me envergonhada por ser tão desajeitada e tropeçar em uma das minhas próprias malas e respirei fundo.

– Aqui vou eu... – murmurei indo em direção a eles.


“Eu vou estar abanando a minha mão vendo você se afogar


assistindo você gritar baixo ou alto

E talvez você devesse dormir

E talvez você apenas precise de um amigo

Tão desajeitada quanto você tem sido

Não tem ninguém rindo

Você vai estar a salvo aqui...”

(Clumsy)


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