– Odeio a minha vida. – falei bocejando.

– Ei Bella, pare com isso, a vida é muito boa pra ser odiada. Não foi você quem disse ontem que, não tinha problema em trabalhar no Hotel, aliás, não trabalhar? – Alice riu.

– Acordar cedo é a parte ruim nisso tudo. – murmurei enquanto me sentava sobre a cama.

Eram cinco e meia da manhã e, eu já estava acordando, aquilo era a morte. Já não me bastava acordar cedo nos dias em que tinha aula? Às vezes eu pensava seriamente que queria ter a vivacidade de Alice.

– Pense pelo lado bom, não temos aula hoje! – ela abriu os braços e sorriu.

– Esse não é o lado bom. Se tivéssemos aula, eu dormiria na classe. No trabalho eu acho que vai ser meio impossível... – bufei.

Os professores estavam em algum tipo de reunião e estaríamos livres de aulas hoje. Por isso eu começaria a pagar minha “penitência” no Hotel and... Deixa pra lá, é cedo demais pra começar a pensar, quem sabe um dia eu consiga dizer o nome todo do lugar.

– Me desculpe, foi Esme quem me pediu pra te acordar. Ela meio que sabia que isso seria difícil pra você.

– Sabia é? – revirei os olhos – Olha, diga ao general, quer dizer, a Esme, que estarei pronta na hora certa. – ela assentiu e parou na minha frente com uma cara de paisagem e os braços ao lado do corpo – Fala logo, o que quer Alice? – eu sorri pra ela.

– Eu? Nada... – suspirou. Eu olhei pra ela esperando que ela falasse – Que seja, acha que eu devo convidar Jazz pra ir comigo no jogo de baseball hoje?

Claro, ainda tinha o tal jogo. Será que depois de trabalhar eu teria animo pra ir? Já que eu não tenho animo algum agora, sem ter feito nada...

– Jazz, quem?

– Jasper Withlock. Se lembra?

– Oh, sim.

– Sim?

– Não.

– Sim ou não Bella, decida-se! – ela cruzou os braços.

– Sim, eu me lembro de Jasper, e não, não deveria convidá-lo. – me levantei, arrastando os pés na direção do banheiro.

– Mas, por quê? – ela perguntou como uma criança mimada de três anos de idade.

– Porque seus pais e seus irmãos, quer dizer, - repensei excluindo Emmett do tema “preocupação” – e Edward ficariam loucos, você estaria quebrando as regras.

– Desde quando se preocupa com as regras? – ela fez uma careta.

Fitamos-nos por alguns segundos. Droga, eu estava ficando careta, Alice estava totalmente certa, desde quando eu me importava? Além disso, agora eu filosofava nos pensamentos, Edward estava me afetando seriamente. De todas as maneiras possíveis.

– Oh... – finalmente gaguejei. – Esqueça o que eu disse. Leve o cara.

– Quem?

– Jasper. Oh meu Deus, vocês não conhecem gírias por aqui? – ela sorriu.

– Tem certeza disso?

– Sim vai fundo! – ela me fitou meio envergonhada – “Vai fundo” quer dizer, vá lá e faça o que tem que fazer. – gritei já dentro do banheiro.

POV. Edward

– O que você vai fazer hoje? – Tanya falava excitadamente do outro lado da linha.

Eu me perguntava como ela havia conseguido meu número. Emmett, claro. Eu já estava me cansando das mensagens melosas e reveladoras que ela me enviava a todo tempo, e agora ela havia tomado coragem de ligar.

– Eu vou... – tentei inventar algo, mas eu odiava mentir – Vou escrever alguma coisa, e ler. Só isso.

Eu estava sentado na enorme cadeira atrás da escrivaninha no escritório de Carlisle desde a hora em que havia acordado, pensando na vida como sempre. Eu gostava de anotar alguns dos meus pensamentos, ás vezes eles viravam poemas, ás vezes músicas, e quem sabe um dia virariam livros. Era uma maneira que eu havia encontrado pra passar o tempo.

– Escreva um poema pra mim. – ela quase ordenou. – Que fale de amor, de preferência.

– Eu até escreveria, mas pra escrever, temos que sentir o que está colocando no papel. Perdoe-me. – falei rapidamente.

– Não. Tudo bem. – ela parecia raivosa – Se quiser se divertir um pouco, eu e o pessoal do colégio estamos indo para o hotel de Carlisle.

– O QUE? – quase cai da cadeira.

– É, nós vamos para o Hotel and Leisure Area Cullen. Algum problema?

– Não, nada. Olha, depois nos falamos Tanya. – desliguei rapidamente.

Eu comecei a pensar em como Isabella se sentiria em ter que trabalhar enquanto seus amigos se divertiam, e se Tanya estivesse lá, com certeza encontraria uma maneira de humilhá-la.

Segui até a cozinha, onde Esme e Alice conversavam sobre vestidos, sempre o mesmo assunto. Parei olhando em volta.

– O que foi Ed? – Alice perguntou sorridente.

– Onde está Isabella? – perguntei tentando disfarçar o interesse pra evitar uma discussão com Esme.

– Carlisle a levou para o Leisure Area, por que? – Esme me fitou curiosa.

– Apenas queria saber se precisavam que eu a levasse, mas vejo que não. – tentei sorrir – Alice, por acaso você não quer ir até o Leisure Area hoje? Tanya disse que todos nos colégio vão. – Mencionei Tanya para acalmar os nervos de Esme, e incrivelmente funcionou.

– Claro. – Alice piscou pra mim por algum motivo.

– Ótimo, então daqui à uma hora nós vamos, certo? – perguntei sentando-me na mesa.

– Vou subir e arrumar minhas coisas. – ela saiu rapidamente.

– Quer ir mãe? – perguntei por educação torcendo para que ela negasse.

– Não querido. – suspirei aliviado – Seu pai vem me buscar mais tarde. – ela sorriu e se levantou.

– Ótimo. – fingi um sorriso. Com Esme lá, seria um pouco mais difícil manter Tanya de lado. – Onde está Emmett? – perguntei por força do hábito.

– Ele já foi pra lá bem cedo, antes mesmo de Bella e seu pai. Quando se trata de diversão ele é o primeiro a chegar. – ela riu – Queria que fosse assim com os estudos.

– Não acho que isso seja possível... – eu admiti rindo.

POV. Bella

Carlisle havia ligado o som em uma música calma, um instrumental qualquer, e ele apreciava a música como se fosse a um perfume.

– Você e Edward se parecem muito... – murmurei para evitar o silêncio incomodo.

– Sim. – ele sorriu – Está nervosa com seu primeiro dia de trabalho?

– Não mesmo. – sorri – O único problema é ter que acordar cedo, mas eu disse pra mim mesma, “Vai nessa!”, e aqui estou eu. – sorri pra ele, que fez uma careta – Você não sabe o que quer dizer “vai nessa!”, não é mesmo?

– Não, eu até sei, mas por que tantas gírias? – ele riu.

– O que os ingleses têm contra gírias? Nós não falamos nada de seu sotaque...

– Bom na verdade, pra mim é você quem tem sotaque. E, - ele fez uma curva – o sotaque inglês é considerado sexy. – ele gargalhou.

– É. – afirmei, me lembrando do modo como Edward falava. Aquele sotaque na boca dele era muito sexy, com certeza.

Depois de alguns minutos chegamos a um enorme portão dourado. Carlisle abriu o vidro e murmurou algumas coisas para o homem dentro da cabine, o que fez com que o portão se abrisse lentamente. Ergui meus olhos fitando as letras em um prata brilhante: “HOTEL AND LEISURE AREA CULLEN”.

– Wow... – murmurei enquanto entrávamos.

O carro seguiu por uma estrada uniforme, aos lados havia uma extensa área verde e algumas pessoas faziam piquenique sobre a grama. Abri a janela rapidamente e coloquei a cabeça pra fora, pude ver uma enorme piscina de longe, com uma fonte que imitava a fonte da Trafalgar Square, mas era um pouco menor.

Ele seguiu com o carro lentamente, para que eu pudesse ver tudo, até que parou em frente a um enorme salão com as paredes de vidro, que me lembraram a casa dos Cullen.

– Caramba! – gritei ao descer do carro, boquiaberta.

– É, vai poder aproveitar tudo o que quiser, assim que terminar seu castigo... – Carlisle disse rindo.

– Oh, é mesmo... – bufei, e me virei pra ele – Isso aqui é lindo... – murmurei enquanto pegava minha mochila no carro.

– Obrigado. – ele disse pegando a mochila da minha mão. Cavalheirismo inglês, claro.

Eu o segui, entrando no imenso salão. O lugar me lembrava um palácio e o dourado por todos os lados parecia ouro reluzindo, as grandes cortinas verde musgo davam a sensação de conforto. Havia um grande balcão aonde, depois de alguns minutos hipnotizada, percebi a presença de algumas pessoas encostadas, com certeza faziam algum tipo de cadastro.

– Victoria? – Carlisle chamou a moça de cabelos ruivos enrolados em um coque, que deixava alguns fios caindo sobre seu rosto.

– Carlisle, que bom que chegou. Estamos tendo alguns problemas com o cadastro de algumas pessoas... – ela parou de falar bruscamente e sorriu em minha direção – Olá. – ela disse.

– Oi. – falei colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

– Victoria, essa é Isabella, ela veio dos Estados Unidos em um programa de intercâmbio viver conosco e, vai trabalhar aqui por um tempo, mas é apenas como um castigo, então, não exagere no serviço... – ele riu.

– Claro, claro. – ela disse rapidamente – Adolescentes e suas loucuras, não? Falando nisso, Emmett fez uma bagunça na piscina 3 e...

– Oh Deus... Depois damos um jeito em Emmett. - Carlisle suspirou – Certo Bella, eu não quero que fique brava comigo por isso, é apenas uma maneira de punição por seu comportamento anterior, nós já a amamos como uma filha e não queremos seu mal, pelo contrário. – ele sorriu.

– Claro, tudo bem. – sorri pra ele.

Era impossível ficar brava com Carlisle, ele era extremamente gentil. E naquele lugar lindo, uma hora ou outra, eu teria que me divertir.

– Victoria, é com você. – ele me empurrou de leve na direção da ruiva – Vou dar um jeito em Emmett e volto depois... – Carlisle saiu.

– Bom Isabella, hoje há duas três tarefas em que estamos precisando de ajuda. - ela riu com a minha careta de desgosto – Acalme-se não é nada demais. Certo, a primeira é checar os quartos principais onde os Cullen, e você agora, claro, ficam. Precisamos que esteja tudo perfeito nos quartos dos patrões não é mesmo?

– Sim. – afirmei enquanto a seguia pelo hall.

– Bom. A segunda é na quadra de tênis, preciso que você cheque se há bolas e raquetes o suficiente e os uniformes também...

– Ok... – murmurei fitando o lápis que ela balançava sem parar na mão direita.

– E a terceira, e última, – ela sorriu com isso – estamos sem ninguém pra cuidar das crianças na piscina 9, mas há uma professora de natação a caminho, então só preciso que fique lá até que ela chegue. – ela parou de frente para o elevador me fitando – Pode fazer essas três coisas?

– Claro. – eu estava aliviada por serem coisas fáceis, pelo menos pareciam.

– Tudo bem, aqui no elevador há vários números... – eu entrei rapidamente – Pra chegar a área Cullen, é assim que eu chamo o andar deles, é só apertar a letra C, bem aqui. Depois aperte o 1 pra voltar pra cá e...

– Deixa que eu levo ela Vic! – dei um pulo ao ver Emmett entrando no elevador – Vamos lá Bellinha... – ele apertou o C.

– Emmett! Seu pai está lhe procurando... – Victoria segurou a porta do elevador.

– É claro que ele está, e é por isso que estou fugindo. Tchau Vic! – ele acenou e tirou a mão dela que bloqueava a porta.

– Emmett, o que você aprontou na piscina? – eu gargalhei enquanto a porta se fechava.

– Nada demais... – ele fez cara de inocente.

– Sei... – bocejei ainda sonolenta por ter acordado cedo.

– Ei Bella, ainda está com sono?

– Muito. Odeio acordar cedo, como vocês conseguem?

– Depois de tantas vezes em que eu fui dormir tarde, e tive que acordar cedo e ir pra droga do colégio, mesmo acabado, porque meus pais não podiam suspeitar de nada, acabei me acostumando a acordar cedo... - Emmett era tão grande que até mesmo o elevador parecia apertado com ele ao lado.

O elevador parou depois de alguns minutos, e ao sair avistei a pequena – nem tanto assim, apenas pequena se comparada com o resto do lugar – e confortável sala redonda, com cinco portas distribuídas pelas paredes.

– Esta é a Área Cullen, como diz a Vic. – ele abriu os braços exibindo o lugar e se jogou em uma das poltronas vermelhas no meio da sala – O que vai ter que fazer?

– Checar se está tudo certo e organizar... – falei ainda assustada com a beleza do lugar.

– Bom, então estou indo... – ele se levantou rapidamente.

– Não quer me fazer companhia?

– Não, eu tenho alergia... – ele entrou no elevador.

– Eu não vou limpar nada Emmett.

– Não tenho alergia de poeira, e sim de qualquer tipo de trabalho Bellinha... – ele riu já dentro do elevador.

Coloquei as mãos na cintura e olhei em volta. Aquilo não seria difícil eu apenas teria que organizar algumas coisas e depois partir para a segunda tarefa. Havia uma mesa pequena ao lado de uma das portas com vários porta-retratos, eu parei fitando um por um.

Na primeira foto estavam Emmett e Edward vestindo terno, Emmett até parecia outra pessoa sem sua camisa branca gola V e Edward estava perfeito, o terno lhe caia muito bem e ele usava um óculos escuro, sorrindo abertamente. Eu senti uma enorme vontade de vê-lo daquele jeito na minha frente, agora mesmo, ou talvez fosse melhor não, eu com certeza babaria ou cairia dura no chão.

Na segunda foto estavam Edward e Alice, ele fazia uma careta impagável, ela o abraçava e sorria e na terceira estavam todos os Cullen em volta de uma mesa enorme, apesar de só se poder enxergar Edward e Esme perfeitamente. Eu sorri com aquilo, eu já os amava como se fossem da minha própria família.

Larguei o porta-retrato no lugar me lembrando do que tinha que fazer, e segui para a primeira porta.

POV. Edward

Eu esperava o elevador, impaciente, encostado na parede. Alice estava ao meu lado entretida com o celular, que começou a tocar uma música alta.

– Katy Perry? – perguntei ouvindo a voz da mulher cantando.

– Sim, como você sabe? – ela perguntou ainda vidrada no celular.

– Não sabia, eu só chutei. – falei, tentando ouvir a música claramente – Que música é essa?

– One Of The Boys. Legal né? – ela sorriu maliciosamente – Quem ela te lembra?

– Ninguém... – eu sorri.

É claro que eu sabia. Pelo menos o início da música me lembrava Isabella e suas loucuras.

“Eu vi uma aranha e eu não gritei,

pois eu posso arrotar o alfabeto, só precisa me desafiar.

E eu escolhi guitarra invés de ballet.

E eu acabo com esses otários, só porque eles estão no meu caminho.”

(One Of The Boys)

– Finalmente. – bufei ao ver a porta do elevador se abrindo.

– E aí família! – Emmett gritou ao sair.

– Hey Em! – Alice sorriu.

– Bella está lá na Área Cullen, é meio que a primeira tarefa dela ter que arrumar o lugar. – ele passou o braço em volta do pescoço de Alice – Que roupinha fofa Edward... – ele disse caçoando do meu uniforme de tênis – Parece uma garotinha indo para a aula de balé, só falta à saia. – ele gargalhou.

– Você sabe mesmo elogiar os outros Emmett, mas isso é um uniforme, e não é minha culpa se você não sabe jogar. Você não vem Alice?

– Não, depois eu vou. Não quero segurar vela... – ela e Emmett riram juntos.

– Se é que a Bellinha vai querer ele vestido assim. – Emmett gargalhou.

– Vela, por quê? – perguntei.

– Ah, qual é Edward! – Alice caçoou.

– EDWARD! – ouvi o grito de Tanya.

Ela usava um óculos escuro, e acenava do outro lado do hall.

– Oh Deus, não deixem ela vir atrás de mim! – entrei no elevador.

– Pega ai Edward, só pra ficar mais masculino. – Emmett arremessou o óculos escuro que estava pendurado na gola da camiseta dele e eu o segurei.

– Espera Ed... – ouvi Tanya gritar.

Apertei o botão C e a porta se fechou. Respirei aliviado e coloquei os óculos.

O silêncio do elevador me acalmou os nervos, apesar do frio na barriga que agora me incomodava. Toda vez em que Isabella se aproximava meu corpo soava um alarme estranho com várias reações além dessa, havia o suor excessivo, minha língua enrolava e eu começava a falar coisas estúpidas, mas a pior reação de todas eram as lembranças do meu sonho inapropriado com nosso beijo.

Aquele sonho me assombrava todos os dias, eu me sentia o próprio Hamlet* toda vez em que me lembrava daquilo, e ao mesmo tempo em que eu pensava que deveria esquecê-lo, eu não queria porque no fundo eu sabia que nunca beijaria Isabella daquela maneira, por isso o sonho me consolava. Tudo era tão contraditório que confundia meus pensamentos já perturbados.

“Tudo que eu faço é sonhar com você, a noite inteira sem interrupção.

Ao amanhecer, eu ainda vou estar sonhando com você.

Você é todos os pensamentos, você é todas as coisas

Você é toda música que eu sempre canto.

Verão, inverno, outono e primavera.

E se fossem mais que vinte e quatro horas em uma dia,

Elas seriam gastas em doces sonhos distantes.”

(All I Do Is Dream Of You)

POV. Bella

Eu já havia passado pelo quarto de Esme e Carlisle, reconheci pela imensa cama de casal. Também pelo quarto de Alice, o quarto todo rosa com detalhes em azul, que tinha apenas algumas revistas jogadas sobre a cama. O quarto de hóspedes estava organizado, o que me deu mais tempo para arrumar o pior de todos, de Emmett claro, mas mesmo assim não estava tão bagunçado.

Só me restava o quarto de Edward, e ao entrar eu tinha certeza que era o quarto dele, não só pelo fato de que era o único que restava, mas também porque era o mais organizado, além de ter uma pequena pilha de CDs organizada em ordem alfabética. Há um tempo eu acharia isso patético, mas agora me parecia engraçado, talvez eu estivesse enlouquecendo, mas era uma boa idéia organizar os CDs assim.

– Ou seria uma boa idéia admirar Edward os organizando... – murmurei pra mim mesma – Talvez eu devesse bagunçar os CDs de propósito. – ri maliciosamente.

– Isso seria uma maldade imensa... – Reconheci a voz de Edward e não me virei para vê-lo.

– O que você ouviu? – perguntei temendo ele ter ouvido a parte de que eu queria vê-lo organizar os CDs.

– Ouvi que você quer bagunçar meus CDs propositalmente Isabella. – ele riu.

– Oh... – sorri aliviada – Como eu disse ontem, eu sou uma garota má Edward. – falei e me virei em sua direção – Oh meu Deus... – a frase saiu lentamente.

O fitei encostado na parede, com os braços cruzados, por alguns segundos. Edward vestia um tipo de uniforme todo branco, a blusa deixava seus braços firmes e levemente musculosos a mostra, e o short curto suas pernas. Ele ainda usava um óculos escuro e sorria, o que me fez lembrar da foto que tinha visto na sala.

Eu não tinha palavras pra ele, nem parecia o mesmo garoto alto e recatado de calça jeans, sempre usando jaquetas de frio que havia visto nos dias anteriores. O quarto sumiu enquanto eu o olhava, talvez eu já estivesse babando, como havia previsto. Se Edward dissesse alguma palavra que realçasse o sotaque irresistível eu poderia agarrá-lo ali mesmo.

– Isabella, está se sentindo bem? – ele retirou os óculos e o brilho dos olhos verdes me deixou ainda pior – Quer um pouco de...

– Não diga água, não diga! – falei de repente. Água era uma das palavras em que o sotaque britânico ficava mais evidente, e aquilo seria o fim.** - Tudo bem. Estou bem. – sorri pra ele.

– Qual o seu problema com água? – Merda, ele disse.

– O problema não é a água, e sim você dizer água? – ele fez uma careta.

– Então qual o seu em me ouvir dizer água?

– PARE de dizer água está bem?

– Por quê?

– Deixa pra lá... – me aproximei dele – Gostei do uniforme.

– Até parece. – ele riu – Emmett disse que eu pareço garota com isso...

– Emmett é um idiota. Você não parece uma garota, não mesmo... – Oh céus, era melhor eu me afastar dele.

– Você está estranha... – ele disse num sussurro.

Cheguei mais perto dele, aquilo era ridículo, mas eu precisava chegar mais perto. Ele me fitava curioso, sua respiração estava pesada e descontrolada, talvez a minha estivesse também. Toquei seu peito lentamente com a mão esquerda, ele ficou paralisado, como se estivesse assustado.

Eu não tinha a menor idéia do porque eu queria tanto beijá-lo, eu não tinha sentido aquilo por nenhum outro garoto antes, e olha que eu andava com um bando de garotos altos, morenos e musculosos e nenhum deles me deixava daquela maneira, talvez fosse apenas porque ele era diferente de todos os outros com quem eu já havia convivido, e tudo era tão novo, excitante.

“Quero trancar você no meu armário onde não há ninguém por perto.

Quero colocar a sua mão no meu bolso, porque você tem permissão.

Quero te levar para o canto e te beijar sem fazer barulho.

Quero ficar assim para sempre, direi isso alto.

Agora você está na minha e não pode sair.”

(Hot)

Levei meus lábios para mais perto dos dele.

– EDWARD, você está aqui? – a voz histérica de Tanya gritou.

– Agora sim, ela vai apanhar... – me afastei de Edward rapidamente abrindo a porta do quarto – O que você quer sua... – engoli seco ao avistar Esme ao lado dela.

– Mãe? Você não viria mais tarde, eu não a vi lá em baixo. – Edward disse.

– Não, não viu porque entrou correndo no elevador... Posso saber o que faziam dentro do quarto, os dois, sozinhos? – ela perguntou nos olhando de cima a baixo.

– Edward estava prestes a me dar a água dele, - ironizei - mas a loirinha gritou e estragou tudo! – coloquei a mão na boca.

– Água? – as duas perguntaram ao mesmo tempo.

– Isabella não estava passando muito bem... – Edward murmurou quase rindo.

– Na verdade eu estava ótima... – sussurrei – Bem, vou começar minha segunda tarefa... – bufei seguindo para o elevador.

* Hamlet – Na peça, escrita por William Shakespeare, Hamlet é assombrado pelo fantasma do pai. Por isso a citação de Edward. Se quiser saber mais sobre a história, aqui o link: http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_833.html

* Sotaque Britânico – Certo, se você é uma fã de Robert Pattinson sabe que ele tem o sotaque mais sexy do mundo não é? E você já o ouviu dizer “água”? Ou no caso, “water” com o sotaque de tirar o fôlego? Se sua resposta foi NÃO, então O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO? HAHÁ, se quiser ver entra nesse link do vídeo do Rob na Oprah: http://www.youtube.com/watch?v=oNT5qK8T1jk PS.: Ele fala a bendita palavra em, mais ou menos, 0:48 do vídeo.

MAIS ALGUÉM QUER RECOMENDAR A FIC? Ficaria muito feliz, obrigada ;D