Bella PDV

    Eu mal tinha acabado de pensar que as coisas estavam dando certo, quando eu o vi. Um vulto passando uns metros a minha frente, cortando caminho pelo meio das árvores.
    A única coisa que sempre me assustou, foram os mortos. Coisas passando pelas paredes, pelo meu cobertor, prontas para puxar meus pés? Óh. Trágico.
     Ao invés de bancar a esperta e dar a volta, ou simplesmente ficar parada, eu saí andando atrás do vulto. Enquanto eu pensava no quanto estava levando à sério esse negócio de enfrentar seus medos, vi o vulto mais na minha frente. No meio das árvores, era mais escuro, de modo que eu não via direito o que estava me assustando. E se fosse um mega-espírito-fodão? E se o tal do Chuck Norris ficasse rondando Forks Lucky, por causa do Jazz e do Emm?
    Em um ato muito nobre, parei e peguei um pedaço de madeira. Não me importava se espíritos não podiam ser atingidos com troncos de árvores. Pelo menos ele ficaria impressionado com a minha perspicácia. Continuei andando, até me dar conta de que não só não sabia mais pra onde tinha ido, já que saíra da trilha, como também que o vulto sumira. Fui andando para trás, até esbarrar em uma árvore, cheia de maçãs. Elas caíram em cima de mim, fazendo um estrondo enorme. Não demorou muito, e o vulto voltou, avisado pelo barulho. Saco, lá se vai o elemento supresa.
 - Bella?
     Ai, eu queria enfiar minha cabeça naquele tronco. Matthew estava parado na minha frente, com seus lindos olhos verdes, segurando a risada pela cena. Devagar, eu larguei o tronco no chão. Olhei desconfiada pra ele. O que aquela criatura aparentemente fofinha estava fazendo no meio da floresta? Porém, ao invés de perguntar, fingi que estávamos em um lugar totalmente normal, em um encontro casual.
 - Hey, Matthew! Como vai? - Minha tentativa de normalidade acabou dando errado, pois nós começamos a rir descontroladamente na mesma hora.
 - O que você está fazendo aqui? - ele perguntou, um tempo depois.
 - Nada de muito especial – suspirei, admitindo. Estávamos sentados comendo maçãs. - Pensei em dar uma caminhada anti-estresse.- sorri.
 - E pra isso, escolheu a trilha que dá para a minha casa. Sorte minha. - ele disse, com um sorriso meigo.
 - A sua casa é pra cá?
 - Uhum – ele demorou um pouco para continuar, até terminar de mastigar. - Moro com o meu tio... Trabalho pra ele.
 - Ah. - mordi outro pedaço da maçã. Ficamos em silêncio por um momento, até que me lembrei da visita dele ao Lar dos Cornos. - O que você foi fazer mesmo? Quer dizer, no Lar dos Cornos. - Matthew deu de ombros.
 - Hm, acho que eu não sei bem. Tipo, meu tio e a Halis tem essa mania de ficar trocando encomendas. Ele sempre tem alguma coisa para mim levar lá. Sei lá, acho que deve ser alguma mercadoria que ele produz, ou algum planinho idiota para juntar a mim e a filha estúpida dela. - no final, ele fechou a cara. Fiquei curiosa na hora.
 - Quer dizer que há mesmo alguma coisa entre você e a Alice?
 - Não! Mas a Halis sempre disse que faria muito gosto. Ela gosta de mim, e se dá muito bem com meu tio. Só que não, sem chance de eu me acertar com a garota.
  - E por quê não?
 - Pra começar: cê já viu com quem ela anda? Rosalie e Jéssica, irmã. Isso sem contar na humilhação que eu sempre vejo o Emmet passar, quando corre atrás dela. Eu sempre preferi fazer minhas coisas, ficar na minha. Hoje agradeço a isso. São um bando de mentirosos, isso sim. Dê uma razão, e eles vão apunhalar uns aos outros pelas costas. Isso é que eu chamo de amizade verdadeira. - e ergueu a maçã para cima, em sinal de brinde.
     Falamos mais algumas coisas banais, nas quais eu não prestei nenhuma atenção. Só conseguia pensar no discurso que Matthew tinha dado, sobre as pessoas que eu mal conhecia, mas já considerava amigas. O pior de tudo, é não saber em quem acreditar. O garoto à minha frente parecia a sinceridade em pessoa, mas meus amigos pareciam confiáveis também. Por outro lado, Alice tinha sido grosseira com Matthew só porque a própria mãe queria que ela namorasse com ele.
     Será que eu tinha o direito de ficar pensando nisso? Todos em Forks, com exceção do besta do Edward, estavam sendo os melhores comigo. Se eles estavam ou não fingindo ser algo que não são... Bom, não é da minha conta. Pensei em Halis, em como era educada, gentil, e fofa; não, ela definitivamente não poderia ser falsa, ou dissimulada. Alice, sendo sua filha, com certeza não poderia  ser... Malvada.
     Parando para refletir, eu não sabia mesmo aonde estava me metendo. Chegara ali agora, quando todos já estavam tendo sua própria vida e problemas. Mas só agora percebia isso.

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Edward PDV.

     Não era possível que Emmet e Jasper estivessem realmente saindo para procurar aquela garota. Pensando bem, nada daquilo era possível. Forks Lucky era uma cidade que não tinha mudanças, novidades ou qualquer coisa desse gênero. Com que direito Isabella Swan poderia vir mudar isso? Aproveitei que Jasper tinha saído a procura da Isabella, e fui atrás de Emmet.
 - OK, Emm, me desculpe. Sério, eu fui um... bruto. - Bom, pelo menos era disso que Renée me chamva às vezes. Emmet olhou pra mim, visivelmente magoado.
 - Não, Edward. Você sempre faz isso!
 - E você sempre me perdoa!
 - Não mais! Agora as coisas vão ser diferentes, e eu não vou ser mais capacho de ninguém! - berrou, revoltado. Ainda bem que estávamos na rua, na frente da pensão de Halis, e não na sala, com os outros. Segurei minha vontade de dizer: “é mesmo? E você pretende ser o que da Isabella, posso saber?” - E você sabe o que mais? Se continuar me irritando, o senhor Chuck Norris vai te punir! Ele consegue acabar com uma pessoa com uma bola de sabão!
     HÃ?
 - Cara, eu... Tudo bem, negócio é o seguinte: você sabe que eu te amo. - Que merda, eu realmente não gosto de demonstrar afeto, muito menos de me declarar pra um babaca que ama o Chuck Norris. Mas a situação requeria medidas drásticas: falar a verdade era uma delas. - A gente é parceiro desde criancinha, rapaz. Eu só estou com ciúmes, amigão. Por favor, desculpa aí. Juro que eu vou mudar.
     Acho que nunca tinha dito aquelas coisas para Emmet. Eu nunca fui dado a demonstrações de fraqueza, ou de sentimentos, o que é basicamente a mesma coisa. Mas a verdade é que aquele babacão era o meu chuchuzinho.
     Ele ficou tão chocado quanto eu, acho. Na verdade, eu tive muita vontade de rir, e isso é uma coisa que eu com certeza não costumo fazer. Não me senti mal por ter dito aquelas coisas para o Emm... Afinal, ele é meu melhor amigo. Porém, tudo o que eu estava pensando deslanchou quando eu vi o que ele estava prestes a fazer.
     Com lágrimas nos olhos, Emmet se aproximava de mim. Para me abraçar. Ah, merda.