Fui movendo minhas pernas lentamente, uma de cada vez, como se algo  fizesse  forças contra mim.

            Como se estivesse impaciente, ele veio até mim, passou uma mão pelas minhas costas e a outra sob minhas pernas para me carregar, e me levar até o banheiro.

            - Se soubesse que tava tão devagar eu tinha te carregado antes. – ele falou enquanto me soltava na porta – agiliza.

            Eu fiz careta para ele, fechei a porta e me troquei. Meus músculos doíam, como se reprimissem cada movimento meu, me obrigando a economizar movimentos e realmente agilizar para evitar mais dores. Me olhei no espelho antes de sair – meu deus eu estava horrível. Dei uma arrumada rápida no cabelo, penteando meus fios lisos com os dedos, e passei uma água no rosto para lavar a cara de sono. Não adiantou muito já que eu continuava com cara de quem não dormia a dias. Sem muitos recursos a mão(maquiagem), não havia mais nada que eu pudesse fazer, decidi sair.

            - Uau! Que mudança! – ele falou rindo.

            - Avá! – eu falei, já conseguindo andar normalmente. – me dê a mochila por favor. – falei, sentando na cama do quarto.

            Revirei-a mas não encontrei nada que pudesse calçar.

            - Será que você pode ver se minha mãe está vindo? Meu pé está gelado.

            Ele saiu do quarto e foi para o corredor.

            “ele me ama; ele gosta de mim! Era difícil de acreditar, mas era verdade! Amar nos traz uma felicidade tão boa e tão constante.”

            - Do que você está rindo? – ele falou me olhando.

            - Nada. -  respondi automaticamente.

            Que merda! Não posso nem ficar absorta em pensamentos mais.

            - Nada é? – ele veio andando na minha direção e me envolveu nos braços dele, deixando nossas cabeças bem próximas uma da outra – tem certeza?

            - Eu estava pensando... – falei, já me deixando levar...

            - Hum... – ele falou, querendo mais.

            - Em você... – não sei porque eu estava falando aquilo- na gente...

            - Sério? E que conclusões você tirou? – ele colocou as mãos em minhas costas e me colou ao seu corpo.

            - É bom.. eu desejava isso – as palavras saiam numa facilidade inacreditável; era como conversar com meu próprio pensamento.

            - Interresante...

            - Ele olhou profundamente em meus olhos e me beijou. Primeiro lentamente, e depois violentamente; sempre mostrando a sede que tinha de algo mais, mas não me induzindo a nada. Depois de “alguns” segundos, eu abaixei minha cabea e recuei, ofegando, tentando voltar a realidade.

            - Devagar... Nós estamos no hospital –falei so agora cendo que minha mão estava segurando firmimente sua camisa, amassando-a. – me desculpa.

            Tirei minha mão da camisa, e a entrelacei na dele.

            - Você vai comigo até a minha escola?

            - Vou sim. Já perdi o 1º horário mesmo.

            - E a minha mãe?

            - Tá vindo no final do corredor.

            - E você me agarra desse jeito? – falei, indignada.

            - Não acho que ela iria ligar.

            - Até parece! – falei, descolando meu corpo do dele e arrendando para trás.

            Meio segundo depois, a porta se abre e entram minha mãe, o pai do Arthur e o Medico.

Ainda bem que eu havia me desgrudado dele.

            - Vejo que temos um casal aqui. – o medico falou, sorrindo.

            Eu dei um sorriso também.

            - Mãe, cadê os meus tênis?

            - Estão naquela sacola ali no canto. Você veio com eles.

            - Ata. – me levantei e peguei-os, voltei para cama e os calcei.

            - Bom Luci, vejo que a Natália está melhor. Sabia que no começo o corpo não iria responder normalmente, mas depois de alguns minutos ele volta ao normal, como dá pra ver.

            - Então é por isso que você tava tão retardada? – o Arthur falou rindo.

            - Ata!- falei olhando seria para ele.

            - Então ela tá liberada? – minha mãe perguntou, olhando para o médico.

            - Sim. Ela já pode ir.

            - Então vamos Natália.