Hermione acordou e encontrou a cama vazia ao seu lado. Estranhou aquilo, pois sempre que abria os olhos via Draco dormindo ali. Deu de ombros e foi para seu banho, demorou-se um pouco enquanto pensava em tudo o que estava vivendo. Quase havia esquecido o seu passado e o sofrimento que viveu, porque estava feliz, vivia feliz ao lado do loiro. Se na época de Hogwarts lhe dissessem que um dia seria assim, provavelmente teria praguejado. Mas não, estavam juntos há 4 meses e todos os dias, mesmo parecendo iguais, com a mesma rotina, era diferente para ambos.

Ao abrir a porta do banheiro deparou-se com o sorriso de Draco que segurava um presente em sua mão. Ele caminhou até ela e abraçou-a:

_Feliz Aniversário, Hermione. – e depositou um selinho em seus lábios.

_Eu nem me lembrava, Draco. Obrigada.

_Como não se lembrava? É seu aniversário, devia prestar mais atenção em você mesma.

_Desculpa, mas estou ocupada cuidando de certo loiro.

Draco a afastou ligeiramente e olhou de um jeito avaliativo. Depois a abraçou novamente:

_Ainda assim, devia prestar mais atenção em você.

Hermione sentiu-se aconchegada naquele abraço, sentia-se bem ao lado do loiro. Afastou-se dele e tentou pegar o presente:

_Já que é assim, o que tem para mim?

_Ah, não... Vai ter que pegar agora, Granger. – disse ele levantando os braços enquanto ela tentava alcançar. Ficaram brincando por algum tempo até que ela pegou a varinha e disse:

_Accio presente!

_Isso não  é muito justo, Granger. Deveria ter tentado pegar como boa grifinória que é.

_Pelo que sei não estabelecemos regras para esse jogo, Malfoy...

_Então agora que pegou o presente, que tal abri-lo? – e puxou-a fazendo sentar-se em seu colo.

Hermione abria devagar o embrulho enquanto uma caixinha preta surgia. Abriu devagar e viu o brilho de uma jóia: um colar com um pingente em forma de coração cujas metades eram de rubi e esmeralda. Ele pegou a jóia e afastou o cabelo dela, colocando o colar em seu pescoço e depois dando um beijo.

_É para se lembrar de mim. Esse colar é encantado, então toda vez que eu estiver perto de você, ele irá brilhar, como agora.

Hermione pegou o pingente em sua mão e percebeu que a parte verde do colar possuía um brilho fraco, mas reconfortante, como se um pequeno raio de luz passasse pela pedra constantemente.

_E a parte vermelha? Qual o encanto dela?

_Bem, ela irá brilhar sempre que tiver tomado uma decisão importante.

_Mas porque escolheu este encantamento, Draco?

_Para que você sempre persevere naquilo que decidir. Não quero que deixe de seguir sua intuição, Hermione. Por isso o encantamento.

Hermione soltou um sorriso tímido e corou, enquanto Draco observava as reações da mulher. Ele então a colocou sobre a cama e levantou-se.

_Draco, o que foi?

 _Nada. – disse o loiro pensativo. – Vamos tomar o café? Creio que os elfos querem te dar os parabéns também. – e saiu.

Hermione ficou olhando ele se afastar e sentiu seu coração apertar. Uma sensação ruim passou por sua alma, mas preferiu esquecer.

Na mesa do café, foi surpreendida com um cardápio especial feito para ela. Era o modo dos elfos desejarem-lhe feliz aniversário. Ela agradeceu cada um deles, e depois passou a observar como Draco havia ficado silencioso desde que saiu do quarto. Parecia distante e pensativo, sorrindo lhe distraidamente às vezes enquanto fingia ler o Profeta Diário.

Durante o dia, Draco ficou trancado em seu escritório enquanto Hermione cuidava de suas pesquisas que avançavam num ritmo lento, porém gradual. Esteve tão concentrada em seus estudos que não reparou que nenhum de seus amigos lhe mandou parabéns e nem que Draco a observava há algum tempo. Assustou-se quando o vi na sua frente:

_Hermione, porque não vai se arrumar para o jantar? Está quase na hora.

_Tá. Já vou...

Draco inclinou-se sobre a mesa e a beijou.

_Então vá. Quero te ver ainda mais linda essa noite. – e saiu.

Hermione recolheu suas anotações e seguiu para o seu quarto que agora só servia mesmo para guardar suas coisas, pois dormia todos os dias no quarto dele. Ao sair do banho deparou-se com um belo vestido em sua cama e um bilhete:

“Bela Dama,

Nesta noite quero tê-la ao meu lado, porque isso é a única coisa que me importa.

Draco Malfoy”

Arrumou-se e ao ouvir as batidas na porta foi atender. Era Draco chamando-a para descer. Beijou-lhe os cabelos e ofereceu seu braço para a mulher e desceram as escadas. Ao chegaram à sala, Hermione foi surpreendida com todos os seus amigos mais íntimos ali, reunidos. Harry e Gina, os Weasley e até mesmo Neville e Luna. Ela olhou para Draco e depois para todos ali e quase chorou de felicidade:

_Mas, o quê? Como? Draco?

_Eu só queria que hoje fosse especial para você, por isso convidei eles para virem aqui.

Hermione pulou no pescoço de Draco:

_Obrigada. – e foi em direção a seus amigos.

Gina foi a primeira a abraça-la:

_Feliz aniversário, amiga! Eu viria mais cedo, mas o seu dono não deixou. Aparentemente queria ter você só para ele.

_Gina, ele não é meu dono.

_Sei, sei.

_É, Gina, o Malfoy não é dono da Mi. Parabéns, amiga. Espero que seja feliz.

_Obrigada, Harry.

A senhora Weasley aproximou-se e a abraçou com seus braços de mãe, sempre calorosos para com ela, gentis e reconfortantes. Era a primeira vez que a via desde que fugiu do casamento e de todos. Não sabia o que esperar:

_Hermione, querida! Como está linda! Anda comendo direitinho? Parece feliz, está feliz?

_Sim, senhora Weasley. Estou bem e feliz.

_Que bom! Você não devia ter sumido, fiquei muito preocupada.

_É que, bem, não me sentia a vontade em voltar, por causa do que aconteceu...

_Oras, deixe de bobagem, menina. Antes de ter sido namorada do Ron, você era quase minha filha. Nunca vamos deixar de ser sua família, mesmo que tenha decidido ficar com o Malfoy. Ambos sempre serão bem vindos na Toca.

_Senhora Weasley, bem, eu...

_Não precisa explicar, eu vejo. – e piscou para Hermione, que ficou vermelha.

E assim foi, cada um dos convidados parabenizou a castanha, até mesmo Blaise Zambini a cumprimentou. Draco ficou pouco tempo em meio aos convidados, preferindo se isolar em seu escritório para conversar com Blaise:

_Pensei que ficaria junto com os grifinórios e tal, cuidando da Granger, Draco.

_Oras, Blaise, não sou cão de guarda dela. Além do que, ela sabe bem como se cuidar.

_Mas você não parece feliz por estar longe dela.

_É, não estou. 

_Quem diria que você mudaria a esse ponto, hein, Draco? Se apaixonar por uma sangue-ruim. E o pior, amiguinha do Santo Potter.

_Blaise, não chame a Granger de sangue-ruim.

_Tá, certo... Mas você realmente mudou, daqui a pouco estará convidando o Potter para jogar xadrez bruxo.

_Não exagere também, mudei, mas não a ponto de confraternizar com grifinórios.

_Mas você dorme com a Granger!

_Ela é diferente... Não sei explicar, mas é.

_Amigo, amigo, você está apaixonado por ela, não?

_É, estou. Mas não acho que isso possa durar muito. – disse Draco, divagando.

_Como assim? Está pensando em largar ela?

_Talvez, talvez...

Enquanto isso, Hermione acompanhada de Gina caminhava pelo jardim da mansão:

_Está tudo tão estranho ultimamente, Gina. Ele parece distante...

_Distante como? Você não me disse que ele sempre era distante?

_É, mas agora está diferente. Do nada ele fica pensativo e quando olha para mim parece triste, sabe?

_Mi, isso parece ser coisa da sua cabeça. Para mim ele parece é possessivo demais. Olha só o tamanho do colar que ele te deu. Possessivo e exibido, isso sim.

_Ah, esse colar. – disse Hermione segurando o pingente cuidadosamente em sua mão. – Ele é encantado. A metade verde brilha quando ele está por perto, e a metade vermelha brilha quando eu tomar alguma decisão importante.

Gina puxou o pingente para ver mais de perto e percebeu algo que a amiga não havia visto:

_Estranho. – divagou ela.

_o que é estranho?

_Na... nada. Veja, a esmeralda está brilhando. A fuinha loira deve estar perto.

_Perto o suficiente para te ouvir, Sra. Potter. – Draco caminhava na direção delas.

_Era para ouvir, mesmo, Malfoy.

_Imagino que sim, pobr... Ruiva. – ele olhou para Hermione esperando um olhar fuzilador, mas encontrou um olhar de admiração. Sorriu com isso. – Só vim chamar a Hermione para... Cortar o bolo. Acho que é assim que se diz.

_Fico surpresa que saiba algo assim, fuinha. – e Gina saiu antes que levasse uma azaração pelos “velhos tempos”.

Hermione riu baixinho.

_Porque está rindo? Eu falei errado?

_Não, só estou surpresa com o quanto você está se esforçando essa noite. Convidar meus amigos que são seus inimigos, tradições trouxas. Você está se esforçando demais por mim.

_Era o máximo que eu poderia fazer. Só não espere que eu passe a ser amigo do Potter ou dos Weasley.

_Nunca esperei por isso. Vamos então? Os convidados estão esperando.  – disse ela caminhando a frente dele.

Ele a puxou e a beijou.

_Agora sim podemos ir. – e seguiu na frente dela.

Todos estavam reunidos em volta de uma mesa e começaram a cantar assim que Hermione adentrou a sala aonde estavam. Ela estava pronta a fazer seu discurso quando se ouvem palmas solitárias enquanto uma voz com tom de deboche se faz soar pela sala:

_Parabéns, parabéns, Mione. Não recebi meu convite, acho que a coruja pegou alguma tempestade e morreu, mas vim assim mesmo, afinal, você não pode ter deixado de convidar o seu noivo, não é mesmo? Ou será que o Malfoy virou mesmo seu dono?

Hermione olhou assustada e se postou a frente de Draco:

_O que veio fazer aqui, Rony?