The Thief escrita por HannahHell


Capítulo 3
Capítulo 2:Uma Festa Interessante.




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Tomás arrumou a gravata mais uma vez, antes de se dar por satisfeito. Seus cabelos negros e levemente cacheados estavam penteados impecavelmente para trás, sua barba estava perfeitamente feita, seu rosto cheirava colônia e seus olhos azuis brilhavam em contraste com o traje social que usava.

Um paletó preto risca de giz, com uma camisa branca e uma gravata italiana azul, a calça social combinando com o paletó e o sapato lustroso preto completava o ar de classe que ele exalava, quem o visse naquele momento não pensaria que era apenas um detetive federal.

Pegou sua carteira e a guardou no bolso interno do paletó e saiu do apartamento. Seguiu para as escadas e as desceu com passos apressados, saindo no estacionamento. Caminhou para a sua vaga, onde o Megane Sedan prata estava estacionado com sua pompa singular.

Não era um homem que sonhava com carros pomposos, ou com luxo sem igual, ficava contente com seu salário razoável e seu apartamento simples, mas seu carro... Ele precisava de um veículo confortável, rápido, silencioso e bonito. Eram ossos do ofício, pelo menos seu carro deveria passar uma impressão imponente e importante. Afinal de contas ele era um detetive de respeito.

Ligou o carro e o conduziu com facilidade para fora do estacionamento. Logo estava nas pacatas ruas do seu bairro.

Mas não pode impedir seu costumeiro choque ao chegar à avenida principal e pegar o terrível transito do começo da noite, por sorte ele só precisava seguir por alguns metros, passar por quatro semáforos e pegar a saída para a estrada.

Logo chegou ao salão, era um lugar grande e bem iluminado, longe da agitação da cidade, mas perto o suficiente para ninguém reclamar. Era requintado e a segurança era simples, mas eficiente, com seguranças e guardas cobrindo todas as entradas.

Parou o carro no estacionamento e saiu, entregou seu convite na porta e entrou no belo salão. Todos seus colegas de trabalho estavam lá. Alguns dançando ao som da musica ritmada e lenta, outros bebendo próximos ao bar e os demais espalhados pelas várias mesas conversando.

As estrelas da festa, todos os senhores pomposos e sisudos que se aposentaram e mereciam essa festa de despedida estavam misturados com os mais jovens.

Tomás decidiu se sentar ao bar para conversar com alguns amigos próximos, pediu uma dose de uísque com um pouco de gelo e começou uma conversa animada sobre o que fariam quando tirassem férias.

Esse era um assunto normalmente tratado quase como um conto de fadas ou histórias de sonhos futuros que nunca se realizavam, afinal para eles, tirar férias só quando têm um motivo muito extremo, quase que como uma licença de saúde.

Foi no meio dessa conversa animada cheia de história e fantasias que um colega chegou acompanhado por uma mulher que nunca tinham visto antes.

Ele com seus trinta anos, cabelos castanhos, olhos claros e rosto angular, usando um belo Smoking preto com o colete e a gravata borboleta azul marinho. Do seu lado, uma bela mulher usando um vestido longo vermelho sangue que deixava os ombros a mostra e tinha um grande decote em vê nas costas, ela usava uma sandália da mesma cor do vestido provavelmente bem alta, pois ela estava quase da mesma altura do homem. Seu cabelo channel preto e seus olhos azul acinzentados quase brancos chamavam muita atenção, assim como o contraste de todas essas cores com sua pele branca.

Ele sorriu para os homens e o casal foi até o bar, Dimitri sorria ao exibir e apresentar sua acompanhante, que deixava as mulheres e namoradas presente extremamente nervosas.

-Olá homens – ele sorriu para os amigos.

-Quem é essa, Dimitri? – Tomás perguntou depois de tomar um gole do seu uísque.

-Natasha Zhirkov – ele sorriu – ela é uma modelo russa – sussurrou quando ela se afastou para pedir uma bebida.

-É mesmo? – Tomás a analisou atentamente – você tem muita sorte meu amigo – ele deu uns tapinhas nas costas do companheiro e voltou a observar a mulher atentamente, não podendo deixar de reparar como ela parecia familiar.

-Boa Noite, Cavalheiros – ela cumprimentou com um sorriso e um forte sotaque russo.

-Boa Noite- os homens responderam em uni som.

-Vejo que gosta de uma boa vodka e sem gelo? É bem corajosa – Tomás comentou.

-Na minha terra, isso é quase que como tomar água – ela riu da própria piada e foi conversar com o acompanhante.

Tomás sabia muito bem quem ela era, conhecia aquele codinome, foi com essa identidade; Natasha, a modelo Internacional Russa, que Larissa saíra do país dois anos atrás, mas ele precisava de uma prova, conversar com ela a sós. Não podia se precipitar e, no final, ela estava no meio do campo inimigo, não tentaria nada.

Reparou que ela sussurrou algo no ouvido de Dimitri e se afastou lentamente indo para a área aberta, nos jardins, onde não havia ninguém.

Achou o ato estranho, ela não costumava sair de perto do bar, ou de seus acompanhantes, a seguiu com o olhar e a resposta para tudo veio assim que ela abriu a pequena bolsa preta que segurava na mão esquerda e tirou seu celular, colocando-o na orelha segundos depois.

Tomás se levantou lentamente e tirou um cigarro do bolso acenando com a cabeça para o mesmo jardim onde ela estava e depois para o cigarro. Seus amigos compreenderam que ele ia fumar e o assistiram sair logo voltando sua atenção para as conversas e bebidas.

-Quem é você? – a voz dela soava indignada – como? Você está brincando comigo? – ela devia ter se distraído bastante, por que seu sotaque havia desaparecido.

Tomás se aproximou lentamente para ouvir melhor, se sentando no banco de pedra à menos de um metro de onde ela estava parada. Acendeu seu cigarro para seguir com a desculpa que deu para os amigos.

-Eu quero falar com o Dan – ela ordenou nervosa e fez uma cara de possessa ao ouvir a resposta da pessoa do outro lado da linha – olhe aqui, sua vadia, não me importa o que você falar, não vou acreditar no que sai dessa sua boca suja, deixe-me falar com ele. Agora – ela parecia mesmo muito irritada, tão irritada que não reparou no cheiro de cigarro que vinha dele e, mesmo se virando várias vezes para a direção do detetive parecia que não o via.

-Dan – ela parecia aliviada e se apoiou no corrimão da escada que levava para a parte inferior do jardim – onde você está? Quem é aquela mulher ? – o alívio foi substituído por choque, depois por frustração, seguido de decepção, raiva e, por fim, todos juntos – Como? – ela sentou na escada com o choque da notícia que recebera – mas... Mas...

Isso já era demais, Tomás já tinha terminado o cigarro e a observada tentando descobrir o que ela estava armando, mas aquilo não parecia uma armação. Levantou-se e andou até parar atrás da criminosa, o que ela falava eram murmúrios ininteligíveis.

-Larissa? – ele murmurou encostando no ombro dela, mas ela não pareceu ligar.

-Por que... Depois daquilo que você disse? – ela abaixou a cabeça, sua voz tremia e Tomás podia jurar que a ouviu fungar – você prometeu, prometeu que estaria comigo, que nunca mais me trairia. Você prometeu, Daniel – repetia isso tantas vezes cada vez mais baixo, até que terminou com um – Você é um bastardo, eu devia ter acabado com você quando tive chance – ela tirou o celular da orelha e o colocou na frente do seu rosto – VAI PARA O INFERNO! – gritou irritada, desligou o celular e o guardou com raiva na bolsa.

-Larissa? – o detetive tentou mais uma vez.

-Que foi? – ela perguntou irritada, sua voz tremia e ela passava as mãos compulsivamente pelo rosto. Larissa Moraes estava chorando.  E isso parecia errado e estranho em tantos níveis que Tomás não sabia por onde começar.

-Não era você que dizia que chorar era para os fracos? – ele indagou ao sentar do lado dela.

-O que você quer? – ela o encarou, as lágrimas percorriam por suas bochechas enquanto ela soluçava.

-O que aconteceu? Esse Dan com quem você estava falando, era o mesmo que testemunhou no seu julgamento?

-O mesmo – ela abraçou os joelhos e escondeu a cabeça – eu achei que ele tinha mudado, mas pelo jeito estava enganada.

-Não achei que você era do tipo de pessoa que chorava por causa de um canalha qualquer – ele olhou para cima e deu uns tapinhas amistosos nos ombros dela.

-Acho que você nunca realmente se apaixonou por alguém e foi traído por essa pessoa – ela murmurou – duas vezes – completou deixando um soluço escapar.

-Nisso você está certa – ele murmurou – a sensação é tão ruim assim?

-Eu estou chorando, o quão ruim você acha que pode ser?

-Certo, é péssimo – ele suspirou e olhou ao redor – quer ir embora?

-Não dá, Dimitri me trouxe, não tenho como ir embora e não acho que seria bom para a imagem de uma modelo internacional ser acusada de roubo de carro – ela ergueu o rosto e passou as costas das mãos no rosto para tentar se livrar das lágrimas que pararam por um momento.

-Venha, eu te levo – ele levantou e fez um sinal com a mão para que ela o acompanhasse.

-Mas o que você vai falar para o seu amigo?

-Seu cachorrinho de estimação morreu e você está triste demais, como eu já estava de saída de qualquer jeito mesmo, lhe ofereci uma carona, isso parece acreditável?

Ela suspirou e se levantou – parece. Ela sorriu e os dois entraram, conversaram um pouco com Dimitri e os demais colegas de Tomás, era óbvio que ela estava chorando e, como boa mentirosa que era, conseguiu convencer os homens de que era sobre ‘o pobre cachorrinho, companheiro de infância que havia morrido’.

Os dois saíram e logo estavam entrando no Megane do detetive, ela ainda parecia abalada e estava quieta demais para o gosto dele, que a cada segundo achava menos que era uma armação e chegava mais a conclusão que era verdade.

Ele se lembrava muito bem do choque e decepção que ela demonstrava no julgamento enquanto assistia Daniel testemunhar contra ela, toda quebra de confiança e traição. Até mesmo o detetive achou que fora um golpe muito baixo. Na época ela tinha apenas dezoito anos.

-Eu estou no Hotel Belo Monte – ela contou – e nada de graçinhas, eu sei o caminho que leva para a delegacia, prisão e para a sua casa – completou enquanto olhava para a janela.

-Pode deixar, vamos esquecer nossas diferenças hoje, certo?

-Existe amigo melhor do que um inimigo? – ela perguntou retoricamente rindo mecanicamente.

-Não sei responder, mas pelo menos você parece melhor – ele sorriu e voltou sua atenção para a rua.

A ironia de uma inimizade era fascinante, inimigos conhecem um ao outro tão bem quanto verdadeiros amigos e, por mais que tentem acabar um com o outro, quando não estão se desafiando e provocando, parece que o mundo perde a graça. 

Pararam na frente do hotel e Tomás abriu a porta – chegamos.

-Quer entrar? – ela perguntou calmamente.

-Não – ele riu – prefiro não me arriscar, vai que você armou uma armadilha para mim?

-Você vai mesmo perder a chance de entrar na minha casa temporária sem precisar de um mandado? – ela arqueou uma sobrancelha e saiu do carro – tudo bem, vou encarar a decepção e solidão em companhia das minhas garrafas bem cheias e convidativas de vodka, uísque, tequila e qualquer outra bebida que eu eventualmente achar no cardápio do serviço de quarto.

-Espera – ele saiu – não posso deixar você se auto-induzir um coma alcoólico – ele segurou o braço dela – essa cara te magoou tanto assim?

-O suficiente, minha maquiagem foi para o inferno, eu realmente estou considerando a possibilidade de beber até esquecer quem sou e me segurando para não arranjar uma arma e ir acertar minhas contas com ele – ela suspirou ao passarem pelo hall, ela pegou a chave do quarto na recepção e os dois caminharam até o elevador – acho que eu estou bem magoada.

Aquele tanto de sarcasmo chegava a ser ferino, mas ele não a culpava, de certa forma, pela primeira vez a viu como um ser humano que poderia se ferir, pelo visto nem mesmo os criminosos escapavam da depressão.

-Você tem uma arma? – eles entraram no elevador e Larissa apertou o botão para fechar a porta mais rápido e logo depois colocou o andar que desejava ir – achei que você era contra o uso de armas.

-Eu não tenho, mas não é como se fosse algo difícil conseguir uma – ela deu de ombros – por exemplo, eu sei que você deixa uma arma no carro para o caso de alguma emergência, não precisaria de muito esforço para roubá-la.

-Eu odeio essa sua sinceridade irônica – o detetive murmurou e ela apenas deu de ombros.

-Aposto como você odeia muitas coisas em mim.

Saíram do elevador e foram até um quarto. Larissa o abriu e deu passagem para que ele pudesse entrar fechando a porta logo após. Largou a chave numa mesa e foi até a pequena estante onde várias e muito caras garrafas cheias das mais variadas bebidas descansavam.

-Você vai beber mesmo assim?  -ele se surpreendeu ao vê-la pegar uma garrafa de uísque e um copo.

-Claro que sim, eu apenas te convidei para entrar para ter alguém para ligar pra a emergência – ela deu de ombros – eu ainda amo minha própria vida o suficiente para não querer me matar. Ou pelo menos ter certeza que não vou conseguir.

Ele apenas rolou os olhos e se sentou no sofá observando-a encher o copo e depois caminhar até o sofá com a garrafa em uma mão e o copo na outra.

-Obrigado, eu acho – ele murmurou quando ela estendeu o copo cheio daquela bebida de cheiro forte e convidativo.

-Sabe, eu nunca realmente achei que minha noite fosse terminar assim – ela comentou e logo depois tomou um grande gole direto da garrafa – o plano era simplesmente jogar na sua cara que eu voltei e que nosso joguinho de gato e rato ia voltar – mais um grande gole.

-Jura? – ele se surpreendeu – mas achei que você já tinha feito isso aquele dia na padaria.

-Ah! Não, aquele dia foi um acidente – ela deu de ombros – eu tinha passado a noite na casa do – ela parou e abaixou a cabeça fechando os olhos com força – enfim, aquele dia eu tinha me esquecido que aquela era a sua padaria favorita – tomou mais vários goles.

-E depois que você anunciasse o começo do jogo, o que você faria? – Tomás tentou mudar o assunto e tirar a atenção dela da garrafa em suas mãos.

-Eu provavelmente iria me reunir com meus cúmplices e armar o roubo mais excitante e perfeito do mundo, depois iria ficar espalhando pistas para você achar – ela riu – mas agora todo esse plano foi por água abaixo, não posso confiar num cúmplice que não pensa duas vezes antes de me trair – lamentou-se.

-Você tem que parar com isso – o detetive puxou a garrafa da mão dela ou ver que ela pretendia beber todo o conteúdo daquela garrafa de uma vez - beber não é a solução para seu problema.

-Eu acho que é, cada gole trás uma sensação tão boa – ela retrucou com a voz mole – agora me devolve – ela pediu tentando pegar a garrafa mas ele desviou das mãos dela.

-Larissa! – ele berrou – o que aconteceu com você nesses dois anos?

-Eu tirei minha quinta carteira de motorista? – ela respondeu rindo – ops, acho que você não precisava saber disso – ela riu colocando uma mão na frente da boca.

-Você tem vinte e um anos, pare de agir como uma colegial – ele ergueu o braço para tirar a garrafa da zona de alcance dela.

-Como se você se importasse – ela deu de ombros e se inclinou para pegar a garrafa.

-Hey, eu me importo sim, não quero ter que caçar uma fracassada que perde o rumo por causa de um idiota. Nenhum plano sai exatamente como foi planejado – ele afastou mais ainda a garrafa a forçando a se aproximar mais dele.

-Você não entende, você não tem ninguém, é só um garotinho da lei que adora acabar com a diversão – ela já estava com o corpo apoiado no dele enquanto tentava pegar a garrafa – e agora está roubando o doce de uma criança inocente.

-Primeiro, isso é uma garrafa de uísque e segundo você está bem longe de ser uma criança inocente – ele tentou se afastar dela, mas isso só fez com que ele deixasse seu rosto à centímetros do dela – e como exatamente viemos parar nessa situação?

-Isso lembra os velhos tempos – ela comentou com um sorriso de lado o encarando nos olhos – por que não devolve minha garrafa, Tom?

-Não posso assistir você se autodestruir, não é algo que um detetive deveria fazer – ele retrucou desviando a garrafa das mãos dela.

-Nesse momento você não está fazendo algo que um detetive faria, invadiu uma casa, está bebendo com uma criminosa, está ajudando uma criminosa – ela riu – por que não aumentamos um pouco mais o número de crimes em potencial? – ela arqueou uma sobrancelha e o beijou.

Tomás se distraiu com isso e deixou a garrafa ser roubada por ela enquanto tentava interromper o contato de seus lábios e não sucumbir à vontade de retribuir aquele beijo que ele, no fundo, sentia muita falta.

-Agora você deixou uma garota depressiva em rota de autodestruição pegar uma garrafa de uísque e beijou uma criminosa – ela se levantou cambaleante – eu sou realmente uma péssima influencia – riu sarcástica e colocou a garrafa na boca a virando com vontade enquanto cambaleava em direção ao quarto.

Ele a observou estático, tentando compreender o que diabos estava acontecendo ali e se devia a perseguir. O volume da bebida estava diminuindo rápido demais para o gosto dele, isso não ia acabar bem. E ele não poderia a deixar se matar, pelo menos não assim, na sua frente, seria muito mal para sua reputação e, seu trabalho não iria durar se alguém descobrisse as leis que ele talvez estivesse quebrando esse momento, sem contar com as regras de trabalho.

Estava cansado disso, seu trabalho sempre acabava ficando por um fio por causa dela, poderia a deixar se matar feliz e ir embora. Ele sem dúvidas poderia, mas não queria.

Levantou-se e correu ao vê-la entrar no quarto e sair do seu raio de visão. Tinha de tirar aquela garrafa das mãos dela antes que ela acabasse e ela decidisse partir para a próxima.

Correu e mal chegou ao quarto as mãos dela puxaram a gola de sua camisa – por que não dançamos um pouco? – ela perguntou rindo com a voz frouxa e desafinada.

-Claro – ele segurou as mãos dela tirando a garrafa de uma delas – só preciso me livrar desse empecilho – sorriu e jogou a garrafa quase vazia no chão. Larissa fez menção de a pegar, mas ele segurou sua cintura com a mão esquerda e sua mão com a direita – você não queria dançar? – indagou sério olhando nos olhos dela e balançando levemente a cabeça em afirmação.

-Queria – ela sorriu imitando o movimento dele – mas cadê a música – olhou ao redor fazendo biquinho.

Ele a segurou com mais firmeza e a aproximou do seu corpo. Abaixou a cabeça para ficar na altura da orelha dela – você é uma garota criativa, por que não imagina que tem uma musica tocando?

-Mas faz de conta é coisa de criança – ela riu afastando a cabeça para que pudesse o encarar – e você disse que eu não era uma criança – riu da própria perspicácia.

-Não, eu disse apenas que você não era uma criança inocente – ele corrigiu – talvez você seja uma criança culpada.

Ela ficou um tempo pensativa, não reparando que ele a conduzia silenciosamente, como se tivessem dançando uma valsa ou uma música lenta. Ela o encarou atentamente e sorriu marota – mas... Uma criança faz isso? – o beijou mais uma vez, usando o peso do seu corpo para empurrá-lo na direção de sua cama.

-Talvez uma criança culpada sim – ele retrucou a afastando .

-Qual é Tom – ela voltou a tentar se aproximar, mas ele não deixava – não é como se nós nunca tivéssemos feito isso.

-Não sei se você se lembra, mas essa situação não acabou muito bem para mim da última vez.

-Amanhã eu estarei ocupada demais abraçando o vaso para fugir – ela riu.

Ele deixou um suspiro escapar e olhou ao redor, tinha de encontrar uma saída, isso estava indo longe demais, foi quando achou a solução que precisava. Deu um sorriso de lado e, com um movimento rápido a girou e a puxou encostando as costas dela contra seu corpo – por que você não me deixa brincar um pouco? – ele tampou os olhos dela e começou a conduzir pelo quarto.

-Ui – ela riu enquanto se deixava ser conduzida.

Ele abriu uma porta e os dois entraram no grande banheiro do hotel, ele a colocou dentro do Box e ligou o chuveiro na água fria, só então tirando sua mão dos olhos dela.

-Agora fique aí até voltar a pensar como gente – ele ordenou fechando o Box e a assistiu ficar cada vez mais encharcada.

-Isso foi um golpe muito baixo – ela berrou irritada.

-Não foi você mesma que disse que era uma péssima influencia?  - ele retrucou e ela mostrou-lhe a língua.

-Eu já to bem – ela berrou brava – você estragou meu vestido! Você sabe quanto que eu paguei por esse vestido?

-Você não o roubou? – ele indagou cínico.

-Está vendo essas unhas? – ela perguntou batendo as unhas contra o vidro – quer que elas parem no seu pescoço.

-Eu quero te ver bem longe de mim, se eu fizer uma Ordem de Restrição, você a obedeceria?

-Não – ela riu e desligou o chuveiro – viu estou com a coordenação motora perfeita e falando certo, posso sair? – cruzou os braços e o olhou irritada.

-Você vai atacar seu armário de bebidas de novo?

Ela abaixou a cabeça – não eu não vou – ela murmurou baixinho.

-O que disse?

-Eu não vou – repetiu mais alto – vou passar por isso como uma pessoa racional, vou escrever tudo que estou sentindo num caderno, pegar tudo que me lembre dele e queimar – sorriu como se isso tivesse lhe dado uma boa idéia.

-Onde você pretende queimar isso?

-Se eu contasse você teria de me prender – ela retrucou.

-Você quer mesmo me desafiar?

-Certo, certo, vou fazer a fogueira num beco isolado qualquer, ou algo do gênero. Não vou cometer nenhum ato de vandalismo ou um homicídio por causa dele. Eu ainda não gosto de armas ou mortes.

O detetive deu um sorriso de orelha a orelha e abriu o Box – resposta certa, criancinha culpada – ironizou.

-Pode ir embora agora  - ela comentou ao sair do Box – eu não preciso mais de você.

-Não, eu ainda preciso ver se tem alguma coisa que eu possa usar para provar que Natasha Zhirkov na verdade é você – ele sorriu.

-Desculpe te desapontar, mas esse quarto está limpo. Ou você acha mesmo que eu ia te levar para um lugar incriminador. Pode checar no Hotel, Natasha fez o check in hoje um pouco antes da festa.

Ele parou por um instante, ela estava certa, não iria deixá-lo entrar em algum lugar onde houvesse alguma prova de algum dos vários crimes que ele suspeita que ela esteja envolvida.

-Certo – ele concordou e os dois saíram do banheiro e voltaram para a sala – nosso joguinho recomeçou? – perguntou enquanto ela o acompanhou até a porta e a abriu.

Ela ficou uns segundos pensativa, mas depois sorriu para ele – pode apostar que sim

-Ótimo – ele sorriu de volta e foi embora.

-É, ótimo – ela deu um sorriso de lado e fechou a porta. Caminhou até a sala e pegou seu celular na sua bolsa digitando um número rapidamente. Colocou o objeto na orelha até ouvir uma resposta do outro lado da linha – olá Dan – sorriu marotamente.

-Conseguiu?

-Você tinha alguma dúvida?

Ela apenas ouviu a risada dele do outro lado da linha.

É, o jogo começou.


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Notas finais do capítulo

Hey, espero que vocês gostem ;)



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