The Thief escrita por HannahHell


Capítulo 2
Capítulo 1: O Novo Trabalho




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Os passos de uma morena de cabelos lisos e olhos escuros eram mínimos, graças aos seus tênis sem salto que aparentemente quase todo mundo tem um.

O barulho fino da borracha se atritando contra a madeira envernizada fora ouvido por alguns milésimos de segundo assim que ela parou à frente de uma grande e luxuosa porta de madeira. Deu algumas batidinhas por mera educação, mas não esperou uma resposta para abrir a porta. Afinal, se quem estivesse dentro não desejasse intrusos, trancaria aporta.

O rangido ocasionado pelas dobradiças camuflou seus passos enquanto ela entrava e, ao contrário das pessoas antes dela, fechou e trancou a porta. Um pouco de paranóia nunca fez mal, pelo menos não no seu mundo.

—Esta é a prova que a genética funciona – o homem sentado atrás da grande mesa comentou rindo – eu estava prestes a te pedir para trancar a porta.

—Não sei se posso chamar de telepatia, mas uma pessoa que teve de trocar de identidade três vezes para fugir da polícia tem que tomar certos cuidados para evitar linguarudos – ela retrucou e, ao comentar sobre os linguarudos deu um olhar significativo para Dan.

—Você que pediu para eu abrir o bico! – ele ergueu as mãos como se estivesse se rendendo – você que quis ser presa.

—Eu sei, só estava brincando – ela rolou os olhos e se sentou ao lado dele – mas acho que é melhor deixar o passado para trás – ela olhou para o outro lado e viu a versão mais velha e mais mau-humorada de Dan sentado a encarando sério – olá Sam, como vai?

—Estaria melhor se meu irmãozinho não estivesse aqui – ele deu um sorriso sonso.

—Que maravilha, teremos uma reunião de família – ela bateu as mãos – eu serei a mediadora e o papai o juiz? – deu um sorriso ansioso e animado.

—Desculpa, querida, mas não será dessa vez – Giuseppe a interrompeu – acontece que nossa conversa hoje é sobre negócios.

O sorriso de Larissa foi trocado por feições sérias e concentradas, Dan se aprumou em seu acento e Sam apenas deixou de encarar os ocupantes das cadeiras ao lado para atentar-se ao que o chefe tinha a lhe falar.

—Estamos todos a ouvidos – a garota deu um sorriso de lado.

—Ótimo – o homem pegou um jornal que estava à sua frente, o abriu na página desejada e estendeu para os jovens – o que acham de alguns milhões?

Era apenas um pequeno quadrado, com poucas informações, apenas o anuncio de uma exposição e a imagem da peça a ser exibida. Um belo colar cuja corrente estava cravejada de diamantes reluzentes e belos que, no centro contornavam um belo rubi em forma de gota.

—Alguns milhões? – Larissa comentou surpresa – ‘alguns’ é ser gentil, com essa beleza, o prêmio da loteria parece trocados.

—Exato - o homem sorriu – dinheiro suficiente para o resto da minha vida, da sua e de mais algumas gerações.

—Mas vocês estão esquecendo de uma coisa – Sam pontuou – a loja onde o colar ficará guardado até o dia da exposição é a “Or et L'argent”, a segurança é pesada e dizem que é impossível chegar no cofre.

—Samuel, você sabe quem sou eu?

—Larissa Moraes – ela parou – você tem uma idéia do que fazer, não é?

Ela deu um sorriso convencido de lado – Precisarei que você investigue a loja, pode fazer isso?

—Você sabe que sim – ele devolveu o sorriso de lado.

—E eu, o que faço – Dan indagou levantando o braço.

Larissa pegou o jornal e o jogou no colo dele – faça o que você sabe fazer melhor.

—Você tem certeza? – ele deu um sorriso sacana – eu sou tão bom em tantas coisas que não sei à que você pode estar se referindo. Terei que seduzir alguém?

Ela apenas riu debochadamente – dessa vez não, Don Juan – mostrou a língua – que tal você apenas fazer aquilo pelo que meu pai te paga?

Ele suspirou desapontado e encolheu os ombros – bem, pelo menos, não custa nada perguntar.

—É como eu disse, essa jóia já é nossa – ela se gabou rindo e colocou o pé em cima da mesa do pai.

—Não tão rápido, mocinha – o homem começou – eu ainda não contei a parte ruim.

Os três se endireitaram em seus acentos e encararam o senhor com seriedade e atenção, quando as palavras “parte” e “ruim” saíam da boca dele, normalmente queriam dizer apenas uma coisa: o desafio do trabalho seria triplicado, no mínimo – que parte ruim? – ela balbuciou curiosa e temerosa.

—O encarregado pela segurança do colar é um velho amigo seu, Detetive Tomás Franciscatto, lembra?

Larissa arregalou os olhos e não conseguiu conter o queixo de cair, Sam fez uma pequena contração de desgosto no rosto e Dan ficou alguns segundos olhando de Larissa para Giuseppe incerto do que fazer ou como agir.

—Então parece que teremos que colocá-lo para fora da jogada – ela riu para si mesma quando se recompôs – pai, quero total autonomia e desejo chefiar esse roubo.

—Ele já te prendeu – o homem começou.

—Eu deixei – ela deu de ombros – fazia parte de um esquema que há muito tempo eu estava elaborando, mas dessa vez a história não irá se repetir, se houver alguma prisão, minha que não vai ser.

—Um bode expiatório? – Sam indagou sorrindo.

—Não, clichê demais – ela deu de ombros – vou pensar em algo mais interessante.

—Senhor, qual o nosso prazo?

—Daqui duas semanas, um dia antes da exposição, terá uma festa na loja, é só para convidados, mas isso será a distração que vocês precisam para entrar no cofre e pegar o colar, mas graças ao seu amiguinho, a segurança estará pesada no dia – o senhor contou.

—Então temos quatorze dias para nos prepararmos? – Larissa ponderava – pode deixar pai, eu irei conseguir.

—Garanta que sim – o homem pareceu mais sisudo do que já estava – se você for presa, eu não vou te ajudar. 

—Eu sei pai. Eu perco minha credibilidade e minha fama se transformará em: “A perdedora que foi presa duas vezes pelo mesmo cara” – ela recitou rolando os olhos e fazendo aspas com as mãos – mas dessa vez, você não tem com o que se preocupar.

—Confie nisso, Senhor – Sam se pronunciou – se existe algo que eu não duvido é dos planos e idéias dela. Se ela diz que vai conseguir, é por que vai.

—Obrigada, Sam – ela deu um sorriso de lado – confie em mim, pai, em quatorze dias, você terá o colar.

—Assim espero – Giuseppe suspirou – mas o que você tem em mente?

—No momento? – ela se levantou e caminhou um pouco pelo escritório – nada muito concreto, apenas idéias e fragmentos de planos que eu irei conectar e aprofundar quando Sam trouxer as informações que quero, mas acho que é mais seguro você não saber do plano. Não quero que meu pai seja acusado de ser um cúmplice, afinal, você não tem nada a ver com isso, certo? – ela deu uma piscadela – nos odiamos e não nos falamos desde quando fui presa, lembra? – ela deu as costas para a mesa e caminhou para a porta – tem mais alguma coisa para me dizer, papai?

—Nada, apenas boa sorte – ele sorriu.

—Obrigada, vamos, meninos – ela sorriu e abriu a porta, esperou Sam e Daniel se levantarem e se despedirem do chefe, logo os três saíram daquela sala.

—Então, o que faremos agora, Lari? – Dan indagou.

—Primeiro, fora daquele escritório, sou Kimberly, segundo, acho bom você começar a fazer nosso colar. Temos um tempo reduzido.

—E eu vou conversar com alguns contatos – Sam contou.

—É tão bonito ver vocês trabalhando juntos – Kim provocou.

—Para você ver, o que fazemos por você, gata – Daniel retrucou ao colocar o braço nos ombros dela e andaram para fora da mansão.

—//-

Tomás olhava toneladas de papéis, há anos sempre que tinha uma pista do paradeiro de Larissa Moraes, por diversas razões, a maioria de caráter pessoal, voltava a tentar rastreála, mas nunca achava nada concreto. Nunca iria admitir, mas os bilhetes anônimos, as pistas sem fundamento, as corridas contra o tempo, os golpes, as armações, todos os quebra-cabeças que ela criava e que ele resolvia. Nunca diria em alto e bom som, mas sabia que fora divertido caçar aquela garota.

Nenhuma caçada depois da fuga dela, fora tão interessante, parecia que os crimes ficavam fáceis demais de serem resolvidos, ele podia contar nos dedos quantos casos o deixaram tão interessado e o fizeram gastar toda sua capacidade mental para resolver. E, agora, ela havia reaparecido, sob o nome de Kim, na cafeteria que ele sempre ia. E ela sabia disso.

Era um sinal, ela foi até ele, isso só queria dizer uma coisa: ela voltou e estava deixando bem claro que queria voltar aos ‘jogos’ dos velhos tempos. Por isso ele criou a isca perfeita, se aproveitou da vinda de um valiosíssimo colar e convenceu a loja de fazer uma festa e uma exposição. Com certeza ela iria agir.

Larissa Moraes não resiste aos diamantes.

Seu único problema era que não tinha registro de nenhuma Kim que se parecesse com ela. Nada, ele não tinha um sobrenome e o retrato falado não gerava resultados. Isso o frustrava, todas as trilhas que levavam à Larissa sumiram há dois anos.

Ele não sabia como iria a encontrar novamente ou como conseguiria investigar alguém que não existe.

A única solução era esperar que ela viesse novamente até ele.

Bufou impaciente e voltou a sua leitura. Odiava esperar, mas tinha de ser racional, deixar seus nervos o dominarem não o levará a nada nem a ninguém.

—//-

Dois dias se passaram e a rotina de Kim se reduzia a estar apenas na casa de Dan, um de seus apartamentos ou a casa de Sam. Não saía para nenhuma outro lugar, passava horas na frente do seu lap top calculando, planejando e repassando seu plano várias e várias vezes.

Sam havia lhe dado todas as informações que precisava saber. Seu plano era bem simples; a segurança em todos os andares era altamente vigiada por câmeras e sensores de movimento, nenhum ponto cego grande o suficiente. O cofre estava no último andar, chegar até esse andar, necessitava passar por todos os corredores e ser pega por todas as câmeras. Para chegar ao cofre tinha de saber a senha para fazer o elevador abrir no tal andar, depois teria de passar por três salas: uma aberta com um código de voz que apenas os gerentes tem conhecimento, essa sala tem sensores de calor, a segunda porta é aberta pelo reconhecimento da mão dos gerentes, e dá o destino à uma sala onde sensores foto sensíveis estavam localizados, os famosos lasers –o problema é que eles se movimentam- a última porta é a que leva para dentro do cofre e para as jóias, protegida pelo um código simples de oito dígitos que muda diariamente.

Não importava a maneira como alguém visse, seria um trabalho muito difícil e exigiria mais de três pessoas para executá-lo e, muito mais de duas semanas de planejamento. Isso se não houvesse o sistema de ventilação para facilitar sua vida.

Se acertasse o caminho, poderia chegar à segunda sala sem ter passado pelos andares, ou , se tivesse azar chegaria na primeira sala, uma passagem direta para o cofre.

O único problema seriam os lasers, o detetive, os mapas dos dutos de ventilação e o código.

—Inferno – ela xingou para o nada ao mais uma vez ser pega no seu pequeno simulador digital. Ela precisava de mais informações.

Alguém bateu na porta do apartamento, mas ela não atendeu, a visita abriu a porta com a chave reserva e a trancou logo após, caminhando sorrateiro até ela – os federais darão uma festa de gala amanhã, condecoração dos que vão se aposentar, ou algo do gênero e, o seu amiguinho estará lá – Dan contou se largando no sofá ao lado dela.

—Ótimo, tem algum convidado procurando uma acompanhante? – ela deu um sorriso de lado e fechou o computador.

—Tem – ele pegou do bolso seu celular e colocou nas fotos e passou para ela – Conheça o Capitão Dimitri Sychov.

—Um russo? – ela arqueou a sobrancelha – acho que está na hora dele conhecer a Natasha.

—Foi o que pensei – Dan riu – por isso consegui um itinerário, para vocês ‘se esbarrarem’.

—Dan, o que seria de mim sem você?

—Uma ladrazinha muito infeliz – Dan riu e se levantou – vou indo, mas você tem certeza que quer continuar com isso? – lançou um olhar preocupado.

—Eu quero, tudo dará certo, é só você fazer sua parte e eu a minha. Agora saia que tenho que terminar o esquema para o roubo da joalheria. O tempo está passando. Como vai a sua parte?

—Você sabe que eu estou indo muito bem, ninguém vai notar a diferença – ele se gabou e foi para a porta – espero que saiba o que está fazendo, seu último plano insano acabou com você presa.

—Meu último plano insano era para acabar comigo presa – ela retrucou e ele riu. Com a pequena batida e um clique ela soube que estava sozinha novamente – agora vamos lá, hoje eu termino isso – abriu o lap top e caçou as pastas cheias de anotações que estavam jogadas ao seu redor – um café seria bom – ponderou, mas deu de ombros, não queria perder mais tempo.


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Notas finais do capítulo

Heeey espero que gostem, e não se esqueçam das reviews, pois sem elas, nada de post.



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