The Thief escrita por HannahHell


Capítulo 1
Prólogo




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Um homem, já entrando na terceira idade, estava sentado atrás de uma mesa de madeira nobre. Passava os olhos rapidamente por alguns papéis sem realmente lê-los, apenas pegando as palavras mais importantes das frases para formar um sentido resumido para que pudesse julgar seu conteúdo interessante ou não.

 

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Giuseppe Moraes, 55 anos, do tipo de pessoa que não se quer ter como um inimigo.

Ficha policial: Suspeito de muitas coisas, acusado de tantas outras e preso por alguns roubos. Mas nunca passou mais de dois anos na cadeia.

Hobby: Treinar sua filhinha prodígio e ‘assustar’ –ameaçando de morte, tortura e outras coisas simpáticas do gênero- os namorados que ela apresenta.

Trabalho: é o “Poderoso Chefão” da região.

Famoso por: Idem ao item de cima.

 

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Mal ouviu a porta de seu escritório abrir, ou ser fechada por um clique um tanto alto, estava ocupado pensando em como resolver o problema que um daqueles papeis retratava quando uma voz conhecida chamou sua atenção.

 

-Papai – ele olhou e viu sua filha parada à alguns metros da mesa, sorrindo presunçosa, com as mãos nos bolsos da sua capa – pensa rápido – tirou a mão do bolso e lançou algo na direção do senhor.

 

Embora a impressão que sua idade transmitia, seus reflexos ainda eram bons o suficiente para pegar o que sua filha jogara e observar o pequeno ‘ovo’ de ouro – esse é o verdadeiro?

 

-Exato, nos seus quilates, gramas e valor – ela gabou arrogante – mas eu não sei de nada – ela deu uma piscadela.

-Como você conseguiu? – o senhor analisava a jóia em sua mão atentamente.

 

-Bem... – ela rolou os olhos lentamente como se estivesse lembrando-se de algo.

 

xXx

 

Ela estava sentada no topo de um prédio residencial, olhando no relógio, sua face estava coberta por uma máscara branca, era uma típica, e sem decorações, máscara do Carnaval de Veneza e cobria muito bem seu rosto mal deixando seu rosto a vista. Seu cabelo estava preso num coque no topo da cabeça, escondido por uma cartola negra. Usava uma capa preta fechada que ia até seus calcanhares, tão larga que se a vissem não saberiam que era uma mulher. Seu calçado era um tênis de caminhada, negro, sem nenhum detalhe ou marca visível.

 

Ela levantou e caminhou até a porta que levava para dentro do prédio tudo estava silencioso conforme ela descia as escadas até parar na porta que dava para o terceiro andar.

 

Deu um longo suspiro, como se estivesse extremamente entediada e colocou a mão no bolso da capa procurando algo, até que tirou um objeto que parecia muito uma caneta, se não fosse pelos pontinhos e botões espalhados por ele.

 

-Vejamos, pressionar o botão do meio duas vezes, o de cima uma e o de baixo três – recitou para si enquanto cumpria tais ações, três luzinhas verdes se acenderam , uma ao lado de cada botão. Tirou o fone e o guardou no bolso, apertou o botão da ‘caneta’, mas ao invés da ponta aparecer, todas as luzes do prédio se apagaram, até mesmo as de emergência. Guardou a caneta no bolso e pegou uma lanterna de neon, sendo iluminada pela fraca luz amarela do acessório. Abriu a porta do andar e caminhou pelo corredor até parar na frente do último apartamento do lado direito.

 

Ajeitou suas luvas na mão e colocou a lanterna na boca, pegou alguns instrumentos de metal e os colocou na fechadura.

 

Trinta segundos depois, com um pequeno clique a porta foi aberta. Caminhou deliberadamente pelo apartamento à procura da chave de força, assim que a achou, desligou todos os fusíveis e, ainda com a lanterna na boca, olhou ao redor.

 

Traidores, ainda pensam que podem roubar meu pai e sair ilesos, ela pensava com desprezo enquanto caminhava com passos gatunos, mal relando mais que a ponta dos pés no chão e passando longe de todos os móveis.

 

Chegou a um belo armário de vidro blindado, onde uma caixinha feita de ouro, cheia de diamantes em forma de ‘ovo’ estava exposta. Ela deu um pequeno sorriso de lado e apertou um pouco mais o aperto da lanterna na boca, pegou outros objetos de metal e os colocou na pequena fechadura.

 

“Um, dois, três, quatro” ela começou a contar mentalmente até finalmente conseguir abrir, colocou os instrumentos na estante e pegou uma  caixinha preta do seu bolso, pegou a falsificação e a trocou de lugar com a original. Guardou a jóia na caixa e a devolveu ao seu bolso, pegou os instrumentos de metal e fechou a estante, encarando por alguns segundos a perfeita falsificação. Segurou os seus instrumentos de arrombamento com uma mão e a lanterna na outra.

 

xXx

 

-Achei na rua – ela sorriu e deu de ombros.

 

-Impressionantes essas coisas que achamos na rua, não é? – o homem sorriu.

 

-Impressionante – ela girou os calcanhares e começou a andar na direção da porta – já que gostou do meu presente, acho melhor eu ir embora. Até mais, meu velho – sorriu antes de sair.

 

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Larissa Moraes, conhecida no momento pelo nome de Kim Bright, 21 anos, o tipo de pessoa que adora ajudar sua família.

Ficha Policial: A ficha de Larissa, conta com acusações de roubo, uma condenação de roubo e fuga da condicional. A ficha de Kim é tão limpa que chega a ser irônico.

Hobby: Estudar Engenharia Mecatrônica.

Trabalho: Recuperar o que foi roubado, na mesma moeda. E adquirir coisas novas para a coleção da família.

Famosa por: Ser herdeira do Chefe da Máfia local e ser a primeira e única a conseguir fugir da ‘coleira’ da condicional.

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Um sedan preto estava parado na rua, um Chevrolet da década de oitenta. Kim sorriu com a vista e foi até o carro, dando pequenas batidinhas na janela.

 

-A porta está aberta – uma voz grossa e entediada veio de dentro do carro e ela aceitou isso como um convite. Entrou no carro e se sentou do lado do motorista, batendo a porta com força assim que terminou de se acomodar.

 

-Sam – ela sorriu para o homem que comia um lanche tamanho gigante – senti sua falta ontem, o que fazia de interessante?

 

-Eu? – ele parou e encarou o vidro pensativo.

 

xXx

 

Escondido pelas sombras, com a ajuda do sobretudo preto e do chapéu coco de mesmo tom, Sam estava apoiando na parede daquele beco sujo, bem atrás da lixeira, olhando atentamente para a porta de metal à frente da mesma.

 

Já tinha se acostumado com o cheiro do lugar e estava mais preocupado em não desperdiçar a chance única que teria aquela noite.

 

Barulhos vieram da porta, deixando claro que ela estava sendo aberta. Era sua chance, ele se endireitou e ergueu o pequeno revólver – que se tornada mais longo graças ao silenciador – a adrenalina corria por suas veias enquanto assistia um homem franzino com um terno de aparência cara sair e fechar a porta atrás de si. Era a chance perfeita, ninguém na rua. Era agora.

 

Sam nunca foi um homem de pensar duas vezes, ou desperdiçar boas chances. Apenas mirou e atirou.

 

O pobre homem nem soube o que o atingiu, um tiro certeiro na nuca. Antes mesmo de cair no chão já estava morto.

 

Sam simplesmente o ergueu com facilidade e o jogou no lixo, deixando alguns sacos por cima do corpo e ligou para a pessoa que cuidava da ‘limpeza’.

 

xXx

 

-Fui numa boate – ele contou rindo.

 

-Ah! É mesmo, me lembro de você ter comentado algo sobre isso – ela parecia pensativa – então, deu tudo certo?

 

-Deu – Sam deu de ombros – eu pelo menos dancei conforme a música.

 

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Samuel Dupree, 25 anos, o tipo de pessoa que você não iria querer encontrar num beco escuro.

Ficha Policial:Foi algumas vezes suspeito de assassinato, mas nunca conseguiram provar alguma coisa.

Hobby: Ignorar a existência do seu irmão mais novo.

Trabalho: Dar um ‘jeito’ naqueles que devem algo, armaram algo ou traíram os Moraes.

Famoso por: Sempre se livrar de qualquer acusação.

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-Poderia me levar na casa do Dan? Ainda tenho que agradecer pela caixinha preta que ele me deu outro dia – ela pediu.

 

-Posso te levar a qualquer lugar, menos na casa daquele bastardo – Sam retrucou.

 

-Olha, só por que ele roubou sua namorada, armou para o seu pai e armou umas e outras para você, não quer dizer que você precisa guardar tanto rancor assim. Agora ela joga no nosso time, sabe...

 

-Você ouve o que fala, ou tem algum problema que te impede? – ele arqueou uma sobrancelha.

 

-Eu só estou falando que, nesse mundo, se você não confiar pelo menos na família, você fica sem ninguém – ela deu de ombros e abriu a porta.

 

-Onde vai?

 

-Vou pegar um taxi, ou o metrô – ela parou por um segundo e checou sua carteira – taxi.

 

-Se serve de consolo eu confio em você – Sam comentou enquanto ela saía.

 

-Ao menos isso – ela riu – também confio em você, parceiro – bateu a porta e saiu andando com passos confiantes.

 

 

Não demorou a achar um taxi e ser conduzida para um belo prédio residencial na zona rica da cidade. Pagou generosamente o taxista e se dirigiu para a portaria, cumprimentou o porteiro que a deixou entrar na hora e não se demorou muito para entrar no elevador e apertar o botão do sétimo andar.

 

A suave música do elevador soava na sua melodia deveras irritante, mas ela não estava incomodada, batia o pé num ritmo diferente enquanto esperava a chegada no andar desejado.

 

A porta se abriu e ela saiu com passos rápidos assoviando a música com a mesma batida que seus pés ditavam segundos antes, parou na frente do único apartamento do andar, olhou furtivamente para os lados, mais como algo de praxe, uma mania adquirida com os anos e deu três batidinhas na porta.

 

-Kim – o dono do apartamento comentou animado assim que abriu a porta – e sem o Sam. Agora sim, parece que meu dia está ficando cada vez melhor.

 

-Eu disse que viria agradecer – ela sorriu e se aproximou. Dan a deixou entrar e fechou a porta assim que ela entrou.

 

-Estou intrigado, agradecer pelo que mesmo? – fez uma cara de confusão e curiosidade que o fez parecer bem fofo e sexy aos olhos dela.

 

-Vejamos – ela se aproximou e passou seus braço ao redor do pescoço dele – tenho que fazer uma lista?

 

-Eu adoraria – ele deu uma risada marota e a beijou.

 

xXx

 

-Kim – o dono do apartamento sorriu visivelmente feliz em vê-la, mas tal sorriso se desfez ao ver o homem que a acompanhava – e Sam, seu fiel cachorrinho.

 

-Olá Dan – ela sorriu animada – podemos entrar? – perguntou olhando por cima do ombro dele.

 

-Claro – ele abriu mais a porta e se afastou para que os dois pudessem entrar.

 

-Então, o que estava fazendo? – Kim perguntou ao observar o apartamento ridícula e metodicamente arrumado de Dan.

 

Ele deu um sorriso malicioso, colocou um braço no ombro dela e a aproximou mais dele – eu estava indo no banheiro, mas quando te vi, perdi a vontade.

 

-Considero isso algo bom ou ruim?

 

Dan deu uma risada e inclinou a cabeça para poder sussurrar ao pé da orelha dela – você sabia que ao pensar em sexo você perde a vontade de fazer o número um?

 

Kim teve que se segurar para que sua risada não se tornasse uma gargalhada e, ofegante comentou – considerarei algo bom, então.

 

Sam, que até aquele momento apenas rolava os olhos em desaprovação, deu um pequeno pigarro para lembrá-los da sua existência e os acompanhou até a sala.

 

-Está com a minha encomenda? – ela deu um sorriso de lado enquanto observava o cômodo seguindo o mesmo padrão perfeccionista do restante da casa e se sentou no sofá.

 

-Você sabe que sim - ele deu um sorriso malicioso que a fez pensar no que poderia ser maliciado naquela frase, mas quando não achou nada apenas deu de ombros.

 

-Poderia trazer? – Sam perguntou sentando-se na outra ponta do sofá, visivelmente desconfortável com aquela arrumação perfeitinha, uma vez que sua idéia de arrumação era jogar suas coisas no canto que elas deveriam estar  -segundo ele -  e sempre manter esse padrão para que apenas ele soubesse onde cada coisa estava na sua casa.

 

Dan o ignorou e sentou no braço do sofá ao lado de Kim – acho que essa foi minha obra-prima – gabou-se.

 

-Dan, como posso acreditar nisso, se você fala a mesma coisa sempre que venho?  - dessa vez foi ela que deu o sorriso malicioso – porque não traz para que eu possa julgar se é sua obra prima ou não.

 

-Como quiser – ele fez um aceno com a cabeça, parecido com uma pequena e debochada mesura , se levantou e saiu da sala.

 

-Ele me ignorou – Sam lançou um olhar ameaçador para a porta da sala e Kim apenas riu.

 

-Como ele é audacioso – ela fez uma cara de falsa repreensão e voltou a rir.

 

-Qual é a graça? – Dan voltou segurando uma pequena caixa cúbica preta que combinavam com as luvas de couro que agora usava. Voltou ao seu lugar no braço do sofá e apoiou a caixa no colo – preparada?

 

-Sempre – ela deu uma piscadela e ele riu. Sam parecia com dificuldade para não se irritar com a clara falta de atenção que davam a ele.

 

Dan abriu a caixa e tirou uma caixinha feita de ouro, cheia de diamantes em forma de ‘ovo’ e a abriu. Dentro havia um belo anel de ouro rosa com uma esmeralda o decorando. O queixo de Kim caiu e até mesmo Sam não conseguiu esconder sua surpresa ao ver a jóia.

 

-Essa é a falsificação?  - ela mexia a cabeça para olhar o ‘ovo’ de todos os ângulos – tenho de concordar, é a sua obra prima – murmurou ainda bestificada.

 

-E, como sempre, você concorda comigo – gabou-se e guardou a falsificação na caixa – o resto agora é com você – entregou a caixa para ela.

 

-Pode deixar, hoje mesmo conseguirei a original – ela riu e guardou a caixa no bolso interno de sua capa.

 

-Onde está a demonstração de gratidão que eu mereço? – Dan aproximou seu rosto do dela.

 

-Kim, temos de ir – Sam se pronunciou, já de pé.

 

-Tenho que ir – ela murmurou desanimada e deu um pequeno e rápido beijo nos lábios de Dan – depois te agradeço – riu e se levantou – até mais, Dan.

 

-Boa sorte, Kim – o falsificador desejou e os visitantes saíram.

 

xXx

 

-Obrigada por perder seu tempo precioso fazendo aquela jóia para mim – ela sussurrava em meio aos beijos enquanto iam com muita dificuldade, esbarrando em quase todos os móveis e paredes da casa, até o quarto – obrigada por fazer a falsificação mais perfeita de todos os tempos, como sempre – ela se deixou ser jogada na cama – obrigada por se controlar enquanto estávamos com Sam – o assistiu colocar os joelhos do lado de suas coxas e se inclinar para beijá-la – falta alguma coisa?

 

-Que tal, “Obrigada por me deixar passar a noite aqui” – ele sugeriu enquanto descia os beijos da boca dela para seu pescoço.

 

-Boa idéia – ela suspirou – obrigada por me deixar dormir aqui.

 

Ele parou um instante e levantou o rosto para encará-la com um sorriso sacana – você acha mesmo que vai dormir hoje?

 

Ela apenas riu e o deixou continuar com seus beijos.

 

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Daniel Dupree, 22 anos, o tipo de pessoa que você adoraria encontrar em qualquer lugar, a qualquer hora, especialmente se for uma mulher.

Ficha Policial: Suspeito de fraudes e algumas falsificações de documentos, mas nunca foi condenado a nada.

Hobby: Se auto denomina o novo Casanova, mas também se distrai indo à boates, cassinos, mansões de revistas famosa pelo seu símbolo de um mamífero de quatro patas, grandes orelhas e que pula, nada de mais.

Trabalho: Garantir que o serviço de Larissa/Kim demore o máximo de tempo possível para ser descoberto.

Famoso por: Muitas coisas, a maioria são rumores ou boatos, mas nunca se sabe o quanto de verdade tem nesse tipo de informação.

 

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A noite se passou tão longa e cheia de eventos memoráveis –para dizer o mínimo- mas mesmo assim Kim poderia se gabar que Dan estava errado, eventualmente, eles acabaram dormindo.

 

Amaldiçoando o maravilhoso cheiro de pão fresco que vinha da padaria do outro lado da rua, Kim acordou com seu estômago implorando por comida. Olhou para seu lado, e viu apenas Daniel dormindo largado com os lençóis o cobrindo precariamente. Suspirou e se levantou indo para o banheiro enquanto chutava suas roupas para dentro do cômodo.

 

O banho não demorou muito, apenas uma ducha fria para acordar e lavar o suor –e qualquer outro tipo de coisa- que estivesse no seu corpo.

 

Quando saiu do quarto, já devidamente vestida encontrou Dan vestindo uma calça de moletom qualquer enquanto procurava pela camiseta que estava usando no dia anterior, mas quando se virou e a viu, seu sorriso deixou bem claro que sua busca fora esquecida.

 

-Cada vez que eu te vejo vestida, com roupas tão amarrotadas assim, eu tenho uma vontade insana de tirá-las – comentou sorrindo de lado.

 

-Vou tomar um café na padaria, você vem?

 

-Não, vou tomar banho – ele respondeu – sem contar que tenho que arrumar nossa bagunça de ontem.

 

-Então eu já vou indo, até nossa próxima missão – ela deu uma piscadela e saiu do quarto.

 

 

 

Entrou alegremente na padaria, se encontrar com Daniel sempre lhe deixava animada, por alguma razão –e ela sabia muito bem qual era. Suspirou e sentou num dos vários bancos altos na frente da grande bancada, ao lado de um homem que lia o jornal do dia, e esperou algum atendente vir pegar seu pedido.

 

-O que vai querer, senhorita? – um atendente veio com um sorriso de orelha a orelha.

 

-Expresso Grande, o mais forte que você tiver e um muffin de chocolate – ela pediu sorrindo.

 

-Essa voz – o homem do jornal comentou e abaixou o papel a encarando – me parece muito familiar – a analisou atentamente – me lembra vagamente a voz de uma garota chamada Larissa, conhece?

 

-Desculpe, Senhor – ela retrucou e o encarou com atenção também o achando familiar demais para seu gosto.

 

xXx

 

Tudo terminou numa tarde de verão, absurdamente quente, que pedia por uma limonada com mais gelo que a bebida em si e uma boa piscina.

 

Neste dia, Larissa Moraes, estava no seu apartamento no centro da cidade, subindo as escadas até chegar à porta que dava para o topo do prédio. A abriu com tanta facilidade que achou ridículo a trancarem.  Deu uma boa olhada ao redor, havia um prédio praticamente grudado ao dela, pular de um para o outro seria muito fácil, ela só teria de se livrar da maldita tornozeleira, com seu localizador GPS e seus bipes que a restringiam à um raio de um quilômetro daquele prédio.  E ela também tinha que se livrar do detetive que estava dormindo na sua cama.

 

Ainda não acreditava que tinha dormido com o cara que a prendeu. E o pior de tudo era que ambos estavam sóbrios e, muito provavelmente, gostaram da experiência. Isso estava indo longe demais para a sanidade dela.

 

Por sorte, tudo estaria acabado dali alguns momentos. Agachou e colocou a tesoura de poda preparada para cortar a tornozeleira.

 

-Vai fugir? – ela ouviu a voz do detetive vindo da porta e terminou de corta.

 

-É o que parece – ela correu até a beirada do prédio e pulou, caindo no outro prédio – desculpe Tom! – ela gritou – mas é minha natureza. A noite foi ótima, mas viver coma lei, não é para mim.

 

Continuou correndo e pulou para o prédio ao lado, um andar mais baixo que o que estava e continuou nessa corrida até chegar ao prédio que queria, apenas cinco andares, que dava para um beco, com uma bela, grande, bem aberta e bem cheia lata retangular –que mais parecia um freezer para guardar cerveja- de lixo.

 

Não pensou duas vezes, apenas caiu, sentindo o frio na barriga e o vento passar por seu rosto até cair na lata de lixo. Saiu rapidamente e a fechou. No meio do beco havia uma tampa que dava para o esgoto, a abriu e desceu, fechando a tampa por cima de si e seguindo rumo a sua liberdade.

 

Em outras palavras: até a avenida onde Sam a estava esperando com uma van com piso removível, um balde de água, roupas limpas, um disfarce, passagens para os Estados Unidos e documentos falsos. Tudo que ela precisava aquele momento.

 

xXx

 

-Ah sim – ele colocou o jornal no colo e estendeu a mão para ela – Franciscatto, Tomás Franciscatto.

 

-Acho que me confundiu com alguém, Senhor Franciscatto – ela sorriu e apertou a mão dele.

 

-Seu nome é?

 

-Kim – ela sorriu para o atendente que veio deixar o pedido na sua frente e tomou um longo gole de café – só Kim, não quero correr o risco de ser chamada de Senhora, ou Senhorita – ela deu uma piscadela e voltou a beber mais do seu café.

 

-Receio que você não seja a mesma pessoa – ele suspirou claramente desapontado.

 

-Essa sua amiga, como ela era?

 

-Deixe-me ver, não sei exatamente a altura dela, estava sempre de salto e não me lembro muito bem da última vez que a vi sem tais sapatos – ele tomou um gole do capuccino que esfriava lentamente à sua frente – tinha belos olhos, num tom azul escuro que só podia reparar se chegasse perto ou se ela estivesse de maquiagem e tinha um cabelo longo, loiro e algo entre cacheado e ondulado – ele terminou sua bebida – nada como você.

 

-Quem dera, Senhor Franciscatto, eu adoraria ser assim tão bonita – ela enrolava uma mecha de cabelo no dedo enquanto começava a comer seu muffin.

 

-Desculpe te incomodar, Kim – ele sorriu.

 

-Não, tudo bem – ela terminou de tomar seu café e se levantou – mas – parou e virou para encará-lo – cuidado, às vezes, se procurar bastante, pode correr o risco de achar mais do que deseja – sorriu e foi para o caixa.

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Tomás Franciscatto, 27 anos, do tipo de pessoa que sempre parece saber de tudo.

Ficha Policial: É um detetive, trabalha para a polícia.

Hobby: Procurar por Larissa Monroe, quem ele conseguira prender com muito custo há quatro anos e que fugiu bem em frente aos seus olhos há dois.

Trabalho: Resolver crimes do colarinho branco (roubos de artes, documentos, lavagem de dinheiro, etc).

Famoso por: Foi o único que conseguiu não somente se aproximar, mas provar e prender os maiores ladrões do país.

 

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-Eu sei me cuidar, Larissa – Ele murmurou enquanto voltava a ler seu jornal. Aparentemente, se uma árvore cai no meio da floresta, ela faz barulho.

 


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Notas finais do capítulo

Hey, espero que gostem da minha mais nova criação.
Quanto mais reviews tiver, mais rápido sai o próximo cap.
então deixem reviews ;)
espero que gostem *-*



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