Réquiem - Livro I - Dança da Lua Cheia escrita por Bah_Kuran, Ariene


Capítulo 3
Capítulo 2 – Alumina.




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..."Fantasia" "Medo" "Fachada" "Sofrimento" Eu não quero ser tão fraco Estou aprendendo com as coisas ruins Eu sou um trapaceiro que não conhece a solidão..."

 

--

 

Sarah Malfoy. Sarah Helena Parkinson Malfoy. Somente isso.

Uma pessoa perfeitamente educada para ser exemplar. Aquela que aprendeu a ser a melhor das melhores.

Todos a odiavam, ela sabia disso. Desde o primeiro dia, no momento em que chamaram seu nome na seleção das casas. Ela sabia, mas não ligava, pois era pra isso que fora educada, para ser invejada, odiada, seguida.

Desde pequena vivendo na sombra de um nome, nome arruinado, todas as esperanças de levá-lo a glória novamente recaiam sobre seus ombros, mas ela não era uma Malfoy, pelo menos não queria ser, aquilo era só um maldito nome. Mas ainda assim, exercia sua função de forma exemplar. Sua família era como um emprego, se não cumprisse suas metas, seria demitida.

Fora para Sonserina, pois nenhuma outra casa seria admissível.

Tinha notas perfeitas, pois menos que isso seria imperdoável.

Tinha expressões sérias, pois sorrir era perda de tempo.

Tinha um círculo de amizades restritas, nunca deveria se misturar com qualquer um.

Tinha um muro ao seu redor, que a protegia de tudo isso, pois ela estava a ponto de explodir.

Odiava quando a comparavam com seu pai, ela não era ele, não era Draco Malfoy. Os sonserinos a toleravam por causa dele, o resto de Hogwarts a odiava por causa dele, Sarah não queria ser comparada a ninguém, queria ser ela mesma, com seus próprios méritos, com seu próprio nome. Tinha os olhos do pai, azuis acinzentados, tinha a pele dos Malfoy’s, pálida, tinha o porte de um sangue-puro, metida até a raiz dos cabelos. Mas não tinha o maldito cabelo platinado, coisa que todo Malfoy tinha. Esse era seu maior orgulho. Maior decepção de sua avó. Sua primeira manifestação mágica fora em um chá que sua avó fornecera para algumas das mulheres da elite bruxa, quando tinha 7 anos. Senhoras chatas, metidas e arrogantes que andavam com o nariz em pé. Sua avó como sempre, a exibia como se ela fosse um cão de exposição, mostrando como sua pele era macia, como era educada, como seu cabelo era platinado, digno de um Malfoy. Ela só conseguia pensar que não queria aquilo, não queria ser a Malfoy perfeita, queria mudar tudo, queria que todos inflassem com seus egos e fossem para o espaço! Mas tudo o que conseguira, fora fazer seu cabelo originalmente muito loiro, ficar negro. Fora uma afronta para sua avó, que quase tivera uma síncope, tentando de todas as formas, com feitiços inimagináveis fazer o cabelo voltar a ser loiro novamente, mas nada funcionou. Desde esse dia, sua avó nunca mais se gabou do cabelo perfeito de sua neta. Nunca mais a levou a nenhum chá beneficente, para o próprio ego daqueles que participavam é claro, pois caridade eles nunca que a fariam. Isso a deixava orgulhosa. Mas rebeldia não era um traço da personalidade de Sarah, não podia competir com seu pai, o único dentre a família Malfoy que tinha o total controle sobre ela, bastava um olhar em sua direção para já saber o que ele queria, bastava um olhar para que ele soubesse tudo que se passava em sua mente. Era trapaça.

 

--

 

Eu tenho um sonho que ninguém mais tem E eu jogo fora tudo que eu não preciso Imaginando que eu não posso render aqui em meu peito”

 

Primeiro ano.

 

- Pai? – Sarah foi para a sala de Draco Malfoy logo depois de deixar suas coisas nas acomodações da Sonserina.

- Entre.

Ela já tinha entrado, andou em direção ao som de sua voz. Seu pai estava no quarto que ficava agregado a sala de aula de poções nas masmorras. Quando Sarah entrou, o viu sentado no sofá que ficava em frente à lareira, com um livro na mão.

- Então. O que achou?

A menina se sentou ao lado do pai, com uma expressão vazia, olhando para a lareira.

- Ah, o salão é bonito...

- Você detestou. – Draco disse se virando para olhar a filha.

- Não! Não é isso! – Sarah tentou consertar, mas no momento em que seus olhos cruzaram com os do pai, ela sabia que não daria para argumentar mais.

- Então o que é? – Perguntou um paciente Draco Malfoy, irreconhecível para muitos.

- Para que falar se o senhor já leu minha mente?

Draco suspirou.

- Eu não li sua mente Sarah. – Falou em um tom baixo.

A menina o encarou, ponderando se falava ou não, por fim resolveu falar.

- Por que eu não posso falar com a Estelar?

Draco arqueou uma sobrancelha.

- Eu vou ter que repetir? O que gente como os Lupin’s representam para nós? – Respondeu em tom seco. Puxando por uma paciência que não tinha.

- Mas isso é injusto! O senhor falou que o professor Lupin sempre implicava com o senhor, mas ele não é ela!

Draco suspirou novamente, não queria responder algo grosseiro, se fosse qualquer outra pessoa insistindo, já teria lhe azarado, mas era a Sarah. Com ela era diferente.

- Todos os Lupin’s são iguais. Sarah, eles nunca foram e nem serão gente com quem você deva se misturar. Porque os Malfoy’s são melhores que isso. Você é muito melhor. Foi para isso que eu te eduquei entende? Para por gente como os Lupin’s e os Weasley’s em seus devidos lugares. Entendeu?

Sarah olhou para as próprias mãos, fechadas sobre suas pernas.

- Não. Eu não entendi. Mas vou fazer o que o senhor mandou.

- Ótimo.

- Pai? Eu posso dormir aqui hoje? – Sarah pediu, olhando para o pai com a cara mais pidona que ela podia fazer.

- Pode. – Draco sabia que a filha só pedia abrigo quando realmente estava precisando, ele não se importava.

Durante o primeiro ano, Sarah sempre ia dormir no quarto do pai, ela não gostava de seu quarto na Sonserina, não gostava das meninas com quem dividia, não queria ficar la.

 

Segundo ano.

 

Os risinhos a estavam deixando irritada. “Por que elas tinham que vir para cá?” era só o que Sarah pensava ao olhar para os lugares ocupados mais abaixo na arquibancada.

O grupinho de meninas sonserinas assistia ao treino do time de quadribol da Grifinória mais do que animadas.

- Olha como ele é lindo!

Sarah pigarreou, estava sentada na última arquibancada esticada ao longo dos assentos, com um livro de feitiços do quinto ano na mão, tentava ler, mas não estava conseguindo.

- Acho melhor você parar de falar do Ted Lupin, Lucy todo mundo sabe que o cubo de gelo que é Sarah Malfoy só derrete quando vê o Ted. – Falou uma das sonserinas, as três soltaram risinhos.

- Ah! É verdade! Eu me esqueci do quanto ela fica vermelha quando vê o Ted. – A menina que fora chamada de Lucy falou, rindo e olhando maliciosamente para Sarah. Elas eram do quarto ano. Sarah tinha uma vaga lembrança daquela que acabara de falar, era a filha de uma das desprezíveis amigas de sua mãe. Alguma coisa Bulstrode. A menina fechou o livro, ficando mais irritada. As outras duas riam dos comentários maliciosos que Lucy proferia.

- Escuta aqui, é... Seja lá qual é o seu nome. De qualquer forma não é importante. Você deveria ficar de boca fechada, pois tudo o que sai dela não passa de absoluto lixo. – Falou se levantando.

- Mas que menina abusada! – Bulstrode se levantou e encarou Malfoy que agora estava uma arquibancada acima delas, ela era a mais alta das três e para alguém que não passava de um metro e meio como Sarah, poderia ser assustadoramente perigoso ficar ali.

Mas Sarah não ligava, encarou a outra ameaçadoramente.

- Na verdade, acho que, quem tem uma queda por Ted Lupin é você Bul... Buls... Buldstrode. – Sarah fingiu não lembrar o nome da garota de propósito. – É você quem fica suspirando nos cantos, “Ai Ted como você é lindo!” , “Ai Ted o seu cabelo fica tããão perfeito quando muda de cor...” – Disse imitando a voz fininha da outra e gesticulando de forma ridícula, coisa que a outra de fato fazia.

- Sério? Você acha isso mesmo?

As duas pararam, Lucy ficou branca, Sarah mais vermelha que o uniforme da Grifinória. Ted pairava com sua vassoura perto delas. Rindo.

- Oi Ted! – Lucy deu seu melhor sorriso.

Sarah bufou e desceu as arquibancadas tão rápido que parecia que ia cair a qualquer momento.

- A gente se vê no jogo Malfoy! – Ted gritou, sorrindo para as garotas da arquibancada, que suspiraram e voltou para o treino.

Sarah sumiu pelo resto do dia, se escondendo no quarto do pai, se amaldiçoando por ficar tão vermelha perto dele. Logo ela que era mais do que contida.

- Maldição! – Disse se jogando na cama de seu pai, se espalhando bem no meio. Se ele quisesse que dormisse no sofá! Precisava mais daquilo do que ele.

Ela ficou se revirando na cama por um bom tempo. Não era possível, todos da Sonserina cochichavam, não era segredo, sobre sua suposta queda pelo artilheiro da Grifinória, mas a maioria das garotas de Hogwarts também caiam de amores por ele, para sua sorte, pois assim, as pessoas encaravam como normal que ela fosse mais uma de suas tietes.

Mas ela não era! Não queria ser!

Ela tinha de concordar que Ted Lupin era sim, bonito, e que ficava mais bonito ainda quando seu cabelo mudava de cor, “principalmente quando ficava preto...” – pensou. Mas aquilo não estava certo. Era absolutamente ridículo ela, uma Malfoy, gostar dele. Não. Ela não gostava. Isso era só imaginação de sua cabeça, sugestionada pelos comentários que ouvia na Sonserina. Era só isso. Ted Lupin não era ninguém.

 

 

...Eu fecho meus olhos e flutuo pelo mar da consciência No momento que eu busco pelo ideal tento descrever Somente pra ser aceito por esse mundo e apodrecer em outro lugar A sua longa “vida" parece estúpida Vou para um lugar onde ninguém é dono O cristal disse que é um lugar de "si próprio...”

 

--

 

Um mês depois.

 

- Nossa! Olha só quem está aqui. A tampinha do time da Sonserina! - Dois alunos com o uniforme de quadribol da Grifinória barraram o caminho de Sarah.

- He, com o tamanho que tem, ela passa tranqüilamente por dentro de um dos aros... É uma piada colocá-la para defender os três! – Falou o maior dos dois, Sarah reconhecia que ele era um dos artilheiros, enquanto o outro era um dos batedores.

- Com certeza só está no time, por ser filha de quem é. – Completou o batedor.

O time da Sonserina havia acabado de treinar, porém já não havia mais ninguém do time lá, só Sarah, que por ser a única integrante do sexo feminino no time, demorava muito mais do que 5 minutos para se arrumar. Fora essa demora que a fez topar com o time da Grifinória que ia treinar em seguida.

A menina tentou dar a volta e passar direto, ignorando-os, mas ambos eram do último ano, e bloquearam tranqüilamente sua passagem, que era só uma pirralha do segundo. Se queria vencê-los, teria que ser com a inteligência e não com a força.

Com um longo suspiro, ela encarou os dois, dava para ver o time da Grifinória vindo mais a trás. “ Com platéia é mais divertido...” – Pensou com um sorriso sarcástico tipicamente Malfoy.

- Com o pai que tem... Você disse. Meu pai é só Draco Malfoy, um professor como qualquer outro, e esse fato não tem relação com eu ter sido aceita no time. Já o fato de eu ser superior a vocês em diversas coisas, inclusive no quadribol, é que tem relação com o fato de eu ter entrando no time. - Falou calmamente. – Se fosse por isso eu poderia dizer o mesmo de vocês, que tem não só um, mas os dois filhos do prof. Lupin no time. – Completou de forma corriqueira.

- Mas todos sabem que o prof. Lupin é justo! Já o seu pai, favorece só aos sonserinos! – Esbravejou o artilheiro quase cuspindo em Sarah.

- Bom... Se vocês acham isso mesmo do meu pai, vão lá reclamar para ele... Afinal isso não é problema meu... – Alfinetou sorrindo mais ainda. – Mas vocês não têm coragem. São só dois covardões capazes de encarar só aqueles que julgam mais fracos. Nunca teriam coragem de encarar meu pai. São patéticos. Característica tipicamente Grifinória. Agora saiam da minha frente, antes que eu perca minha paciência. – Os dois não saíram, pelo contrário fecharam mais ainda o cerco.

- Vamos, chega disso, a garota não fez nada para vocês! – Ted Lupin se adiantou do grupo que vinha acompanhado a implicância dos dois grifinórios com Sarah. Ele puxou o artilheiro para o lado, abrindo passagem. Ela ruborizou, mas fechou a cara e olhou séria para Ted.

- Eu não preciso da sua ajuda!

- Ah, vejo que seu vocabulário melhorou bastante mocinha! – Ted sorriu. – Mas ainda tem que melhorar mais, palavras hostis o tempo todo não fazem bem!

- Você quer uma palavra amigável Lupin? – Sarah não conseguia controlar a cor de sua face, mas não iria se render àquelas provocações. – Vão para o inferno queridos! – Enfatizou a palavra queridos, saindo em seguida pelo vão aberto por Ted, pisando forte e vermelha.

- Vai lá Malfoy! Vai chorar pro papai! Quem sabe ele não piora ainda mais nossas vidas?!

- Eu disse que já chega! – O grifinório deu uma sacudida no companheiro de time, para que esse parasse.

- Eu já disse que não preciso da sua ajuda! – Gritou se virando na metade do caminho. – E quanto a você, seu incompetente, eu sou muito melhor do que você jamais sonhou em ser. Sou tão boa, que dou minha palavra, você não vai fazer um único gol sequer quando jogar comigo. Você vai se lamentar pelos aros não serem maiores, porque aqueles três não vão ser suficientes para você sequer marcar um ponto. – A menina se virou e andou mais rápido para a saída, arrastando a vassoura com raiva.

- Vamos treinar. – disse Ted achando graça da situação.

 

--

 

Meses depois.

 

Sonserina vrs. Grifinória.

 

“As equipes já estão em campo! Se preparem para a final mais esperada dos últimos anos!” – O narrador gritava com euforia. – “ De um lado, o time da Grifinória, que tem vencido todos os campeonatos dos últimos anos! O time de ouro! Com a melhor artilharia que já foi vista por esses campos! Uma pena que eles estão se despedindo de Hogwarts... Mas já temos a promessa da herança vitoriosa dos Lupin pois a irmã mais nova do nosso melhor artilheiro, Estelar Lupin é reserva do time.” – Os grifinórios urravam com força. Quase fazendo as arquibancadas tremerem. – “Do outro lado, nós temos o renascido time da sonserina, que como uma fênix que renasce das cinzas, jogou como um balaço destruidor esse ano! Graças a nossa revelação, que apesar de ter meio metro, demonstrou que consegue sim, defender os três aros! Sarah Malfoy manteve a defesa da sonserina bem guardada!” – A arquibancada da sonserina berrou mais alto. Uma competição de egos. Fazia anos que a sonserina não ia bem no quadribol, aquela final os motivava. – “De um lado a melhor artilharia, do outro a melhor defesa! Quem será que levará a melhor nessa? Isso é algo que nem a professora de adivinhação pode prever!” – O narrador estava tão animado quando as torcidas.

- Vamos! Cumprimentem-se! – Pediu a Prof.ª de vôo que apitava os jogos.

Sarah estava mais para o lado manteve seus braços cruzados, ouvindo com cara de desgosto o circo que o narrador armava. “Mas que palhaçada...” – Pensou. Ela odiava escândalos, algazarras daquele tipo. Só estava ali porque, no jogo podia ver o circo pegar fogo sem necessariamente estar quebrando as regras. E definitivamente ela não ia apertar a mão de nenhum grifinório.

- Ora, vamos! Não seja mal educada! Não custa nada me cumprimentar!

Desligando-se de seus pensamentos, olhou para frente, onde Ted Lupin estava com a mão estendida a olhando. Ela levantou uma sobrancelha, encarando-o.

- Qual é! Não seja infantil! Se meus companheiros de time importunam você, é porque você os incomoda, mas para mim, isso é divertido! – Sarah arqueou a outra sobrancelha, com cara de quem não entendeu. - Sim, afinal esse é meu último jogo e vai ser pelo menos divertido! E contra a Sonserina, fazia muito tempo que nós não tínhamos a chance de jogar contra um time tão bom quanto o de vocês! – Ele sorriu. – Então larga de ser chata e aperta logo a minha mão.

Sarah engoliu a saliva, mas por fim estendeu a mão e cumprimentou Ted, rapidamente, pois sentia que seu rosto estava fervendo.

 

--

 

...Gosto da idéia de ser um sujo feito por aqueles que não se encaixam nessa cidade Ou ser um louco apaixonado que não faz nada Pois esse é o final da estrada que vai se conectar amanhã Eu preciso ver algo especial agarrado a minha mão...”

 

O jogo fora disputado desde o início, mas no fim, mesmo o apanhador da Grifinória tendo conseguido pegar o pomo, a Sonserina venceu o jogo. Quando os jogadores desceram de suas vassouras, a torcida da Sonserina invadiu o campo em comemoração, um mar verde e prata engoliu os jogadores.

- Hei! Malfoy! – Sarah que estava sendo praticamente carregada por uns sonserinos, se virou. – Você merece isso! – Ted Lupin estava com a goles na mão e sorria amigavelmente.

Ela se largou dos sonserinos e foi até ele.

- Você mereceu, fez meu último jogo ser divertido. – Sarah pegou a goles muito vermelha.

- Obrigada. – Disse muito baixo, quase inaudível.

Por um tempo ela ficou calada, olhando para a goles em suas mãos.

Sarah queria ficar com aquela goles, tinha sido tocada por ele, fora o próprio quem a deu, nunca quis tanto uma coisa, como queria aquela goles. Mas dava para sentir o olhar fulminante de seu pai sobre suas costas, era óbvio que ele não tinha gostado nada daquilo.

Sarah suspirou.

- Hei! Lupin! – Ted que estava saindo com o time da Grifinória se virou.

- Acho melhor você ficar com isso. – Falou jogando a goles, que ele agarrou olhando sem entender. – Uma pequena lembrança do dia em que a Sonserina chutou o traseiro de vocês. E claro uma prova da clara superioridade Malfoy. – Terminou se virando e saiu com os sonserinos que festejavam.

Ela não se virou para olhar o pai, mas sabia que esse sorria. O típico sorriso que só um Malfoy poderia dar.  Que seu pai só fazia quando ela o deixava satisfeito. É, ele estava satisfeito agora.

 

--

 

...Mesmo que eu abra uma brecha no meio da realidade e o ideal E meus pés fiquem acorrentados sobre o sacrifício Meu instinto abundante não vai reprimir-se Pois eu tenho um coração de lembranças fortes...”

 

Terceiro Ano.

 

- Trouxe?

- Claro e você?

Sarah sorriu com o canto da boca, retirando de um de seus bolsos um pergaminho, Estelar olhou para o papel já esticando a mão para pegar.

- Negativo Lupin, cadê a minha parte? – Sarah retirou o pergaminho do alcance das mãos da outra.

Elas estavam em um corredor mais afastado do salão principal e da multidão habitual que circulava Hogwarts.

- Ta. Ta. Que coisa, você é muito desconfiada! – Estelar retirou sua varinha do decote e fez um movimento curto. Uma pequena caixa flutuou até elas. – Pronto. As mais novas gemialidades Weasley’s, nem testadas foram ainda... – A sonserina pegou a caixa e entregou o pergaminho para Estelar.

- Ótimo. Aqui estão as rotas e lugares que você deve evitar esse mês, e é claro os horários e rotas dos monitores e do zelador também estão aí.

- Perfeito. – Estelar deu um leve sorriso, mas fechou a cara ao ver um grupinho de corvinais vindo em direção a elas. – Droga.

- O que... – Sarah falou, mas logo também percebeu os alunos se aproximando. – PENSA QUE TÁ FAZENDO? FICOU LOUCA? – Berrou, apontando o dedo para Estelar.

- LOUCA? Louca é você Malfoy! Anda com o nariz tão empinado que não vê onde pisa! Se acha a última bolacha do pacote! Grande merda é você! – Esbravejou tirando o dedo de Sarah do alcance de seu rosto.

- Vai pro inferno Lupin! Você e essa sua maldita família de traidores de sangue! Todos pobretões e nojentos! Dá pra ver os furos na sua roupa de longe! Não é à toa que a sua família se dá tão bem com a família Weasley. Mesmo depois de conseguir um pouco de dinheiro, ainda têm cara de pobres.

- Não ouse tocar no nome deles Malfoy! Melhor ser pobre, mas ter honra, do que ser um Malfoy cheio da grana e covarde!

- Você que ver alguém covarde Lupin? – A sonserina peitou Estelar. A Grifinória era visivelmente maior que ela, que apesar de ter crescido no último ano, ainda possuía um arquétipo magro e esguio, nada ameaçador.

- Pode vir Malfoy! Como se eu tivesse medo de você.

Ambas já estavam com as varinhas em punho, os corvinais viam aquilo com estremo vislumbre. Estelar Lupin e Sarah Malfoy tinham um histórico de rivalidade vasto ao longo do último ano, era um “espetáculo espetacular” ver uma briga entre elas.

Não fora diferente daquela vez.

Mas elas foram interrompidas por um monitor que ameaçou contar aos professores, forçando-as a parar a briga na melhor parte.

 

--

 

 “...Os grupos em frente aos edifícios abrem caminho pelo céu da noite Eu olho para o céu e vejo as estrelas quase invisíveis E pergunto a mim mesmo "Eu não estou perdido?...”

 

Quarto ano.

 

Sarah andava pelos corredores de Hogwarts, sempre com o livro aberto. Era uma aluna modelo, tinha ótimas notas, habilidade, mas isso não era suficiente para que ela fosse uma pessoa popular. As pessoas sabiam de longe quem era Sarah Malfoy, mas não falavam com ela, não interagiam com ela. Por quê? Porque ela não queria. Sarah era um pequeno cubo de gelo. Gelo esse que não derretia nunca, só se via Sarah Malfoy alterando sua voz quando brigava constantemente com Lupin, fazia parte do show.

Mas por trás das cortinas, Sarah não odiava Estelar, na verdade a existência da grifinória não a incomodava tanto quanto parecia, pois as brigas que elas tinham, a mantinha mais vivam do que nunca. O que incomodava era o jeito dela. Estelar Lupin estava sempre rodeada de gente, barulhenta e feliz, isso era algo que não conseguia compreender. Como alguém pode ser assim? Devia cansar em algum momento... Para Sarah era muito cansativo manter as aparências, ela detestava. Tanto que passava mais tempo enfiada na sala de seu pai, fugindo do resto de Hogwarts ou treinando quadribol, lidar com os meninos era muito mais fácil do que lidar com as garotas, fofoqueiras e bajuladoras da Sonserina.

Ela só tinha uma meta, se formar e sumir... Ir para algum lugar onde ninguém soubesse o significado do sobrenome Malfoy.

Ir para muito longe de tudo isso.

 

--

 

Baile de Inverno.

 

O baile era algo que todos os alunos menores almejavam, mas honestamente para Sarah era só mais uma festa chata, em que ela deveria ir para aparecer mais que os outros. Em questão de elegância, Sarah tinha certeza de que o vestido que sua mãe comprara era um dos mais caros, pois nisso sua mãe era ótima, em comprar. Para evitar aborrecimentos resolvera ir com o único colega de casa com quem mantinha um esboço de amizade, David Nott. Assim como ela, ele era reservado, ouvia o que ela dizia e não mantinha muitas amizades. De todos, Sarah, classificava Nott como o mais tolerável da Sonserina, por isso, ela mesmo fora lá e o convidara no primeiro dia após o anúncio, assim evitava os convites interesseiros daqueles que só queriam levá-la ao baile para fazer fita com o prof. Draco Malfoy, mal sabiam eles, que o pobre coitado que mexesse com sua filha acabaria no hospital.

 

--

 

- Vamos Sarah, vamos dar uma volta nos jardins. – Nott estava elegante, com um belo smoking negro, cabelos penteados para trás, “Olhando assim até parece gente...” Sarah pensou ao olhar bem para o garoto.

Eles foram para os jardins, onde vários casais se agarravam em pontos estratégicos. Sarah não gostava daquilo, achava esse tipo de coisa irracional e repugnante. Olhou para um lado e viu uma corvinal e um lufa-lufa, em algo muito mais animado do que um simples amasso, ela a reconheceu, aquela menina sempre fazia isso pelos cantos de Hogwarts, uma tal de Drumonnd...

- Vamos Sarah. – Nott a puxou para um banco. Sarah sabia o que ele queria com aquilo. Mas ainda ponderava se cortava as intenções do pobre menino agora, ou quando ele realmente achasse que ia se dar bem.

Risinhos eram ouvidos por todos os cantos. Nott chegou mais perto de Sarah, essa fez cara de desentendida. Ele começou a discursar algo sobre sempre ter tido uma queda por ela ou coisa parecida, ela não estava prestando atenção.

Sarah só se ligou no que estava acontecendo quando Nott já estava com os lábios colados no seu. Arregalando os olhos, aquela atitude vinda de Nott a surpreendeu, mas no fim, acabou correspondendo o beijo de forma desajeitada. Era seu primeiro beijo.

Fora difícil para Sarah se livrar de Nott depois disso, ele ficou correndo atrás da menina por uma semana inteira até que finalmente seu pai o colocou para correr. É. Nessas horas ter um pai como Draco Malfoy era mais do que oportuno.


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Notas finais do capítulo

Alumina - Nightmare

—-

Um relâmpago cintila dentro do seu tempo
Eu acredito que alguém possa guardar as memórias do mundo
Eu tenho um sonho que ninguém mais tem
E eu jogo fora tudo que eu não preciso
Imaginando que eu não posso render aqui em meu peito
Mesmo que eu abra uma brecha no meio da realidade e o ideal
E meus pés fiquem acorrentados sobre o sacrifício
Meu instinto abundante não vai reprimir-se
Pois eu tenho um coração de lembranças fortes
"Fantasia" "Medo" "Fachada" "Sofrimento"
Eu não quero ser tão fraco
Estou aprendendo com as coisas ruins
Eu sou um trapaceiro que não conhece a solidão
Os grupos em frente aos edifícios abrem caminho pelo céu da noite
Eu olho para o céu e vejo as estrelas quase invisíveis
E pergunto a mim mesmo "Eu não estou perdido?"
Gosto da idéia de ser um sujo feito por aqueles que não se encaixam nessa cidade
Ou ser um louco apaixonado que não faz nada
Pois esse é o final da estrada que vai se conectar amanhã
Eu preciso ver algo especial agarrado a minha mão
Eu fecho meus olhos e flutuo pelo mar da consciência
No momento que eu busco pelo ideal tento descrever
Somente pra ser aceito por esse mundo e apodrecer em outro lugar
A sua longa "vida" parece estúpida
Vou para um lugar onde ninguém é dono
O cristal disse que é um lugar de "si próprio"
Furando dentre a proteção
Voltará a realidade um dia desses
Eu quero ficar e acreditar com teimosia
Isso é adequado à minha fé. A verdade Absoluta.
Um relâmpago cintila dentro do seu tempo
Eu acredito que alguém possa guardar as memórias do mundo.



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