Bella Swan continuou a fazer o seu trabalho naquele dia, ainda com a consciência pesada por ter sido má com Jacob Black, seu amigo, aquele que queria apenas ajuda-la. Apesar de não concordar com o que ele falara, sabia que ele só queria o seu bem.

Mais uma carta chegou para Bella Swan e Mary entregou-a prontamente para a senhorita Rosalie. Só que esta não era de Edward. Era do Sr. Cullen.

Ao fim da leitura, Rosalie tinha um imenso sorriso no rosto. Aquela carta era simplesmente perfeita. Colocou-a cuidadosamente no envelope e fez questão de lacrá-lo como se nunca tivesse sido aberto. Então chamou Mary e mandou que entregasse a carta à Bella como se tivesse acabado de chegar.

A mulher estranhou, mas fez como lhe era pedido.

Bella terminava de ajudar a nova cozinheira com o almoço quando Mary chegou com a resposta que ela tanto ansiava. Correu para o seu quarto para lê-la em paz.

Senhorita Swan,

Eu mal posso acreditar na audácia que alguém como você teve ao enviar-me uma carta como aquela. O que acha que aconteceria? Que iriamos correndo para acolher o seu bastardo?

Saiba que a opinião de Edward é a mesma que a minha. Você foi um erro na vida dele. Um erro que ele tentou consertar indo para longe, para conhecer mulheres mais refinadas.

Faça o que quiser com essa criança que diz ser do meu filho. Não vamos assumir esse bebe, seja de quem for. Não há bobos nessa família e não seria uma aventureira como você que estragaria o nosso bom nome.

Espero que finalmente tenha compreendido o quanto é insignificante.

Carlisle Cullen.

Ao fim da leitura Bella estava chocada e profundamente magoada. Cada palavra naquela carta a machucava como se navalhas fossem enfiadas em sua alma. Era tanta maldade que ela mal podia acreditar que aquilo viesse do pai de Edward. Ele deveria ser um homem maravilhoso, um grande médico que dava valor à vida das pessoas.

Mas não era bem assim.

E o que dizer de Edward? Ele estaria falando a verdade quando disse que o filho havia achado que ela fora um erro e resolvera partir para esquecê-la? O que dizer ainda de todo aquele tempo sem uma única carta, uma única palavra de consolo?

Bella queria manter a esperança, manter o seu amor intacto, mas agora estava difícil. Seu coração se apertava cada dia mais e agora carregava uma criança sem pai no seu ventre. O que faria? Não havia ninguém para apoiá-la e a Sra. Cullen não gostava que as moças da casa aparecessem grávidas, era ruim para o nome da família.

Deitada em sua cama, Bella pôs todas as suas lágrimas para fora. Chorou por quase uma hora antes de a Sra. Marshall vir bater em sua porta, chamando-a de volta ao trabalho.

Fez de tudo para se controlar e se agarrou aos últimos fiapos do seu amor para voltar ao seu mundo.

Naquela tarde, a Sra. Marshall mandou Bella ao mercado para comprar as ervas para o chá mais uma vez. Com tristeza, ela se lembrou de quando Edward pedira o seu perdão, indo fazer compras com ela sem se preocupar com o que as pessoas iriam dizer.

Aquele homem não podia ser o mesmo descrito naquela carta. O que teria acontecido então? Sentia-se totalmente perdida e precisava conversar com alguém.

Foi com esse pensamento que Bella terminou de fazer suas compras. Depois, aproveitou para escapulir até a delegacia de policia. Iria procurar Jacob. Ele era o único amigo que tinha e não queria ficar brigada com ele. Poderiam conversar e talvez Jacob pudesse lhe dar um bom conselho.

A delegacia era um lugar frio e barulhento. Os presos gritavam por trás das grades, apesar de não haver muitos. Nenhum policial estava à vista, exceto um homem atrás do balcão de entrada, que perguntou friamente o seu nome e o que queria.

- Sou Bella Swan. Estou procurando o Sr. Jacob Black. Somos amigos. – Ela falou timidamente.

O homem olhou-a de cima a baixo com um olhar ligeiramente malicioso e foi chamar o Jacob. Em pouco tempo ele apareceu em seu uniforme da guarda, um homem exemplar. E ele sorria.

- Pensei que estivesse brava comigo. – Ela falou beijando-lhe a mão e puxando-a para uma sala fechada à sua direita. Não havia ninguém lá, mas sim uma mesa e três cadeiras. Jacob puxou duas, que estavam na frente da mesa e ambos sentaram.

- Não. Eu fui uma boba... – Bella resmungou.

- Eu apenas disse aquilo por que já vi muitas coisas ruins na minha vida Bella e sei como as pessoas enganam as outras sem o menor remorso. – Jacob falou segurando-lhe a mão.

- Eu sei disso Jacob. Eu pude ver hoje mesmo o quanto as pessoas podem ser más. – A garota falou com os olhos marejados.

- Não gosto de vê-la assim... – Jacob acariciou o seu rosto. – O que houve meu anjo?

Bella tentou ficar calma enquanto lhe contava a história da carta, mas ao final, duas lágrimas silenciosas escorriam pelas suas bochechas. Jacob estava muito sério e levou os dedos para enxugar o rosto da garota.

- Esse homem é um... – Ele tentou encontrar uma palavra ruim o bastante que não fosse grosseira, mas não a encontrou, e preferiu ficar calado, já que estava na presença de uma dama. – Sinto muito Bella.

- E eu não sei se o que ele diz é verdade ou não... E se Edward realmente tiver se arrependido de ter-se envolvido comigo? – Ela perguntou desesperada. – Eu estou carregando uma criança dentro de mim! Isso é vergonhoso para uma moça solteira Jacob. Eu não estava preocupada por que achava que os pais dele me acolheriam, mas o que eu faço agora?

- Eu não gosto do que vou dizer agora Bella, mas acho que a melhor alternativa para você seria tirar essa criança enquanto a barriga não está aparecendo. – Jacob falou pesaroso. Não era a favor desse tipo de coisa, mas estava preocupado com a amiga.

- Eu não posso Jacob! Jamais poderia matar um ser inocente apenas por que o pai da criança me deixou. Estou perdida! – Ela voltou a chorar.

- Shh... Não chore. Só há apenas mais uma opção. – Jacob falou decidido. Suspirou. – Venha morar comigo. Eu assumo o seu filho.

Bella o olhou em choque. Isso era tudo que ela menos esperava. Tentou ver alguma hesitação em seu rosto, mas não havia. Jacob fitava os seus olhos com inteira confiança.

- Jacob eu... – Um pensamento repentino percorreu a sua mente. – Jacob, eu amo o Edward. Você sabe disso. Não tenho e acho que nunca vou ter olhos para outro homem.

Jacob sorriu para ela acariciando seu rosto.

- Essa não é a minha intenção Bella. Você é minha amiga e não desejo nada além disso, pode ficar certa. Mas não vou deixá-la passar por isso sozinha. – Jacob falou sinceramente. Ele não estava mentindo. Ele fora muito bem criado pelo pai, com todos os conceitos antigos de cavalheirismo e sabia que aquela era atitude certa nesse momento.

- Mas Jacob... – Bella sabia que ele estava falando a verdade, mas ainda assim... – Eu não posso fazer isso com você. Todos vão nos considerar casados, já que gente pobre como nós geralmente não se casa oficialmente. Se eu for morar em sua casa, vai ser um atestado de casamento. E se você se apaixonar? E se quiser construir uma família com outra mulher?

- Isso não me preocupa agora. Podemos pensar nisso depois. O importante agora é que você não fique mal falada nem seja alvo de fofocas. – Ele apertou seus dedos para acalmá-la.

- Eu não sei o que dizer... – Bella sussurrou emocionada com aquela atitude tão altruísta. – Eu preciso pensar sobre isso Jacob.

- Pense o quanto quiser. Estou fazendo isso por você, então a decisão é apenas sua. – Jacob falou calmamente.

- Obrigada. – Ela se inclinou sobre a cadeira para abraçá-lo.

Bella saiu da delegacia com a cabeça cheia de coisas.

Se ela não tivesse conhecido Edward Cullen, poderia realmente ter-se apaixonado por Jacob Black. Não conhecia nenhum outro homem no mundo tão bom quanto ele, exceto talvez o seu pai, mas este já não estava nesse mundo.

Ficou imaginando o porquê de não poder simplesmente esquecer o Edward e tentar construir alguma coisa com o Jacob. O amor pode nascer da amizade não?

Mas não poderia tirar do amigo a chance de se apaixonar verdadeiramente e ser feliz. Precisava pensar com cuidado sobre o que fazer. Indo morar com o Jacob, estaria casando com ele na visão das pessoas. E isso mudaria a vida de ambos permanentemente.