Gritos no Escuro escrita por Eminem51Fan


Capítulo 2
Capítulo 2




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Carina acorda ao bater contra a parede ao lado da cama, estava a arfar e a suar. Eram 10:15. Ela deve ter adormecido. As luzes estavam acesas, a porta estava fechada. Tudo estava bem.

Excepto que…

Ela ainda se sentia um tanto insegura. Ao mover-se para perto da secretária, ela ligou o computador e ficou a olhar a luz azul que vinha dele. Os dedos dela moveram-se para o teclado e ela começou a escrever.

Uma entrada apareceu. Diário de Vídeo, lia-se, em pequenas computorizadas letras. Quarta-feira 23 de Setembro de 2009. Carina lia aquilo, a sua respiração a parecer mais pesada. O quarto parecia ficar mais escuro.

Ela não tinha feito nenhuma entrada de vídeo hoje.

Contra a sua vontade, os seus dedos mexeram-se, a tremer, levaram o rato para o botão de ‘play’ . Ela clicou e observou em silêncio.

“Querido diário.” A Carina no ecrã sorria-lhe. “Nada de especial aconteceu hoje. Eu fui à geladaria aqui da rua com a Ana e a Luisa e comemos uns gelados, porque estava mesmo um dia muito quente, e- 

No ecrã, a porta abre-se.

No mundo real, Carina, sentada na sua cadeira, observava num paralisado silencio. Antes que o vídeo terminasse, ela levantou-se com um salto e gritou o mais alto que conseguiu. “RUI!”

Depois de alguns segundos, a cabeça do irmão dela apareceu na porta do quarto. “Sim, o que é tu queres?”

“Isto vai parecer estúpido, mas quero que tu ouças, ok?” Carina disse, tentando controlar a sua respiração.

“Arg, eu não tenho muito tempo agora, Carina.” O irmão dela fez uma careta. “O que é tu queres? ‘Tou a jogar a um jogo.”

“Isto é mais importante que um estúpido jogo!” Carina repreendeu-o. “Isto é real. Ouve-me.” Rui revirou os olhos e atirou-se para cima da cama.

“Eu sonhei,” Carina começou “que tinha feito uma entrada no meu diário de vídeo. E que enquanto o estava a fazer, a porta abria-se uma e outra vez. E quando eu acabei, todas as luzes se apagaram. E depois quando acordei achei isto.” Arrastando o irmão até ao computador, ela recomeçou o vídeo.

“Querido diário. Nada de especial aconteceu hoje. Eu fui à geladaria aqui da rua com a Ana e a Luisa e comemos uns gelados, porque estava mesmo um dia muito quente, e-

No computador, a porta abre-se. A rapariga do ecrã levanta-se e vai fechá-la.

 “E então encontramos o Quim e os outros. Foi divertido. Fomos para o parque de skate depois disso.”

De novo ela abriu-se. E de novo a rapariga no ecrã foi fechá-la. Carina olhou para Rui. Ele olhava para o computador com uma expressão estranha,  olhos comprimidos, mordendo o lábio.

“Rui?” Disse a Carina do ecrã. “Isto não tem graça.

“O que é que isto é suposto ser?”Rui disse com uma irritação repentina. “Isto é apenas tu a fazeres um estúpido vídeo. Eu não tenho para isto agora. Estava a meio de um jogo lembras-te?”

“Shh!” Carina repreendeu-o novamente.

E-Eu disse-lhe – que ele era estúpido, e-A voz da rapariga do ecrã, baixa e electrónica, estava a começar a soar em pânico. A porta abriu-se uma vez mais. “Rui! Eu sei que és tu! Isto não tem graça! Por favor pára!

“Porque é que a culpa é minha?” Perguntou Rui.

“Apenas vê!” Carina disse entre dentes.

No ecrã, a rapariga fecha a porta com força, os seus olhos a observarem tudo à sua volta.

No ecrã, a porta abriu-se.

No ecrã, as luzes piscavam, depois apagaram-se.

No ecrã, tudo ficou negro.

No ecrã, a escuridão foi substituída por luzes brancas de estática.

Congelada na sua cadeira, Carina estava consciente da existência do seu irmão a seu lado, igualmente hipnotizado, aproximando-se do ecrã, observando-o deslumbrado. Evitando o zumbido da estática, Carina ouviu um choro, o seu próprio choro, um angustiado cheio de terror, que preencheu todo o quarto, baixo e electrónico, fazendo-se soar como o vento. O choro continuou e continuou. Um hediondo choro de morte. Gritos no escuro.

 

O vídeo parou.

 


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