A Rosa Branca escrita por Dreamer


Capítulo 11
Pas Tou




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“Mas que tédio”, reclamou Hiei mentalmente, sentando-se num canto de uma grande caverna.

Ali, a passagem para o mundo das Trevas era livre para passar quem quisesse.

––Ninguém aparece. Eles devem ter sentido o nosso imenso poder e fugiram!––comentou um demônio pequeno e de aparência frágil.

––Cale a boca, seu idiota. Você não ganha nem de um youkai classe D.

O demônio tremeu ao ouvir a voz de Hiei em tom de zombaria. Ele era apenas um mensageiro, o grande poder vinha do demônio de fogo mal humorado.

Repentinamente, Hiei se levantou e tirou a blusa, segurando firmemente sua katana.

––Calma! Eu não quis dizer... Eu não queria dizer... Quero dizer...––gaguejou o pobre demônio apavorado.

Mas, Hiei, ao invés de encará-lo, fitou o buraco que levava ao mundo das trevas.

––Saia daqui––falou, sem desviar o olhar.

O demônio, ao perceber que não era o alvo, afastou-se imensamente aliviado.

Estava cada vez mais perto. Hiei não precisou usar o jagan para perceber o poder que se aproximava. Logo estaria a sua frente.

––Você não pode passar. Volte––alertou, assim que a imagem do demônio ficou visível.

Ele possuía um corpo forte e robusto, cabelos azul-escuro esticados para trás, pele morena e um olhar agressivo.

––Não vou atacar nenhum humano. Meu nome é Pas Tou.

––Isso não me interessa. Ninguém pode passar de um mundo para o outro, por enquanto. Espere até que a passagem esteja liberada. E o meu nome.. não te interessa.

––Eu não posso.

––E eu não posso te deixar passar.

Os dois se encaram por um segundo.

––Vejo que a batalha entre nós é inevitável––murmurou Pas Tou, materializando duas espadas curtas.

O demônio foi o primeiro a avançar. Hiei podia ver todos os seus movimentos e bloqueava-os com facilidade.

Os dois se separaram após uma seqüência de golpes mal sucedidas de Pas Tou:

––Você é realmente muito rápido. Acredito que em baixo dessa sua bandana exista um jagan, o olho diabólico.

––É verdade––concordou, dando uma rizadinha leve. “Mas que demônio inútil, não tem poder e fica fazendo pose, ele não tem nenhuma chance de me vencer”, concluiu Hiei.

Pas Tou cruzou as duas espadas. O demônio de fogo tomou sua pose de luta.

Avançaram.

Fraco. Pas Tou era muito fraco e os golpes de Hiei o atingiram em cheio. Foram 21 cortes, porém, ele não ficou esquartejado como o demônio de fogo esperava. Os cortes apareceram leves. De alguma forma se defendera.

A bandana de Hiei se soltou. “Mas, ele não me atingiu...”, murmurou consigo.

––O meu poder é muito útil. Eu consigo controlar o fluxo de energia principal do inimigo através de armas espirituais que eu crio. Basta apenas um toque no inimigo para que a minha arma reconheça a energia que deve dominar. Como eu conheço o seu principal órgão controlador de energia, tudo se torna muito mais simples.

Veloz. Era a única explicação. Durante o ataque, Pas Tou foi apenas um pouco mais rápido que Hiei e conseguiu amenizar o impacto dos seus golpes, e logo em seguida tocar com uma das espadas a sua testa fazendo a bandana se soltar.

Num movimento do demônio, Hiei sentiu como se o seu jagan explodisse. Abriu-o. Pela primeira vez seu jagan contemplou uma visão sem foco.

A dor era extrema. Era energia demais de uma só vez que se acumulava no olho diabólico.

Hiei sentiu um ódio muito grande do adversário. Ele não seria vencido tão facilmente. Ergueu sua mão e seu braço começou a se queimar com chamas negras. Ia mandar o maior dragão de fogo que conseguisse.

––Chamas Negras Mortais!––berrou.

Mas, o dragão, ao invés de sair, se acumulou no jagan.

Ele sentiu como se a sua testa explodisse. Caiu no chão queimado com as suas próprias chamas.

oOoOo

––Concentre-se! Se você não se concentrar não vai conseguir... Ora, caiu de novo. Tente mais uma vez.

Já era tarde, Genkai e Sassame pularam o almoço entretidas com o treino.

A aprendiz não reclamava, até gostava da rigidez da mestra. Não que Kurama fosse diferente. Ambos eram exigentes, mas cada um a sua maneira.

A mestra ensinava-a a focalizar a sua energia em um único ponto. Segundo ela, quanto maior o controle que a garota tivesse do seu poder, melhor para ela.

Realmente, o poder já era desenvolvido dentro de Sassame. Era estranho ver uma pessoa que pode fazer de tudo, mas que ainda não consegue por não saber controlar o básico.

Genkai acreditava muito no potencial da garota. Com um pouco mais de controle ela poderia se tornar muito forte.

––Tente denovo––falou, vendo a garota cair mais uma vez. Ela já havia perdido a conta de quantas vezes a garota perdeu o equilíbrio.

Tentando concentrar a energia na ponta dos dedos, ela plantava bananeira em cima de um bastão que deveria manter equilibrado. Deveria...

––Chega, vamos comer.

A mestra saiu do dojo sem esperar a garota se levantar do último tombo.

––Ai, caramba...––fez a sua primeira reclamação, levantando-se cuidadosamente para não acabar torcendo alguma coisa pelo cansaço.

Saiu do dojo, mas viu a mestra parada no jardim. Na frente dela havia um homem muito grande e musculoso. Ele possuía uma expressão rude e arrogante. Seus cabelos azuis estavam esticados para trás. Sassame poderia jurar que ele havia passado um tubo de gel na cabeça.

––O que você quer?––perguntou Genkai enérgica.

––Não vim falar com você. Procuro Naida.

“Naida...?”, perguntou-se Sassame. Aquele nome era estranhamente familiar.

––Não tem ninguém com esse nome aqui. Vá embora!––ordenou a mestra.

O olhar do homem passou pelo pequeno corpo da mestra e recaiu sobre o da garota que estava na porta do dojo.

––Naida...

Ela, com o corpo meio a mostra e meio escondido atrás da porta do dojo, apenas continuou com a sua expressão de curiosidade, sem se mover.

––Naida, faz muito tempo que a procuramos.

––Quem é você?––perguntou Genkai, pouco simpática.

––Sou Pas Tou, da tribo que Naida pertence.

“Tribo?”, pensou. “Ele me conhece? Conhece a parte de mim que eu esqueci... Talvez eu devesse ir com ele. Mas por que eu estou tremendo...?”.

––Vim levá-la de volta para a sua família––continuou o demônio.

––Não vamos tomar atitudes precipitadas––comentou a mestra.––Mesmo que ela queira ir, não vai sozinha. Não te conheço e não confio em você.

A sinceridade de Genkai era cortante. Mas, Pas Tou preferia assim, tornava as coisas muito mais rápidas.

––Tudo bem. Então, eu vou esperar na cede do torneio do mundo das trevas. Apareça com quem mais quiser––disse agora se voltando para Sassame.––Não tenha medo, queremos sinceramente que você volte. Não cometeremos os mesmos erros novamente, mudamos muito.

Ele tentava passar transparência em sua palavras e gestos. Queria ganhar a confiança da garota. Mas, temerosa, ela não se moveu. Alguma coisa nele estava muito errada.

Num cumprimento para as duas, ele deu as costas e desceu as escadas do templo.

Genkai voltou o seu olhar para Sassame, que mantinha uma expressão indecifrável.


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