One In a Million escrita por Neline


Capítulo 11
I sold my soul for this?




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Suspirei, pegando minha mala e olhando o relógio. Todas as minhas coisas estavam guardadas em menos de 15 minutos. Agarrei minha bolsa, e liguei para um táxi, que afirmou estar chegando em alguns minutos. Aproveitei o tempo e arranquei aquele vestido do meu corpo. No momento em que o tecido saiu de contato com a minha pele, era como se a realidade houvesse me acertado em cheio. Eu estava partindo. Estava deixando o único homem que, agora eu sei, realmente amei. 

Então passei os meus braços em torno do meu corpo, olhando a roupa que eu havia escolhido. Um vestido amarelo que minha mãe tinha me dado, dizendo que se eu sentisse falta do Brasil, poderia usa-lo para lembrar da minha casa. O vesti, jogando um casaco sobre os ombros, e ignorei qualquer outro aspecto da minha aparência. Agarrei as duas malas, respirei fundo, e saí do quarto.

Ninguém me viu descendo as escadas. Eu poderia ter simplesmente saído, mas decidi que não faria isso. Coloquei as malas na porta da cozinha e pigarreei. 

- Eu estou indo. - Anunciei, enquanto Evelyn e Bart se viravam para me encarar. Assim que ela colocou os olhos nas minhas malas, franziu o cenho.

- Vai dormir no Chuck, querida? - Maneei a cabeça. Gente lenta.

- Não, vou dormir no avião. Estou voltando para o Brasil. - Evelyn se levantou, e Bart deixou um pedaço de pão no prato.

- Como assim vai voltar para o Brasil? Aconteceu alguma coisa? -  O homem me perguntou, se colocando ao lado da mulher. Eu sorri.

Não, está tudo bem. Mas sinto falta da minha casa e, desculpe dizer, mas o Brasil é muito melhor do que aqui. 

- Por favor querida, eu sei que tem mais coisa ai. Foi o Chuck? Eu tenho certeza que nós podemos dar um jeito nisso. Você pagou pelo seu intercâmbio, e é minha obrigação fazer com que você se sinta a vontade. 

- Não. - Eu a interrompi. Não era essa a visão  que eu queria deixar. Se alguém ia contar para eles o motivo da minha partida, esse alguém seria Chuck. - Fique tranquila Evelyn, você foi uma ótima anfitriã. Só passei mesmo para agradecer a estadia. Meu voo está saindo e você conhece melhor do que eu o trânsito de Nova  York. Melhor ir logo. - O dois mal se moveram enquanto eu passei meus braços em torno deles em uma tentativa não correspondida de abraço. Eu sorri, sentindo aquele vazio no peito crescer e agarrei minhas malas. - Então é isso. Obrigada por tudo. - Abri a porta eu mesma para que não houvesse nenhuma superstição me induzindo a voltar, e fui embora.

Nunca me senti tão mal e tão bem na minha vida.

Chuck Bass

O transito estava infernal. Apertei a tecla do meu celular com o queixo, equilibrando o celular entre o ombro e a orelha, ligando para Blair pela vigésima vez, apenas para escutar a gravação da caixa de mensagens. Droga.

O celular escorregou e caiu entre o banco e o cambio. Ignorei. Era óbvio que ela não iria me atender. Apertei os dedos envolta do volante, querendo fazer aquilo com meu próprio pescoço. Merda. Eu sou muito estúpido. Por que não penso antes de fazer as coisas?

Como se eu realmente quisesse aquilo de verdade.

O quanto ela deve ter ouvido? Pelo tanto que ela estava puta da cara pelo telefone, mais do que eu gostaria. Possivelmente, tudo.  Eu sou um imbecil mesmo, estúpido. Fui cair na pilha daquele monte de caras mais imbecis do que eu. E agora ela deve estar em casa, naquele maldito quarto, trancada.  Peguei a esquerda, chegando na quadra da minha casa. Estacionei o carro rapidamente e nem me dei ao trabalho de tentar pegar meu celular. Eu faria acampamento na frente do quarto de Blair, mas ela ia ter que me ouvir. 

Assim que abri a porta, vi que meus pai estavam compenetrados em algum programa estúpido de televisão, então comecei meu caminho até a escada, pulando de dois em dois degraus. 

- Não perca seu tempo. - Minha mãe gritou, e eu parei.

- O que? - Murmurei, confuso, tornando a descer. Blair realmente tinha falado sobre nós com a minha mãe?

- Ela não está.

- Pra onde ela foi?

- Aeroporto. - Meu pai respondeu, se levantando e cruzando os braços. - Eu não sei o que você fez, Chuck, mas a garota saiu daqui feito um raio.

- Não estou entendo. - Eu tinha entendido. Só esperava estar errado. - Aeroporto...?

- Ela foi embora, Chuck! - Minha mãe gritou. - Voltou para o Brasil! Pobre garota.

- Há quanto tempo ela partiu? - Eu falei baixo, entredentes, me controlando para não perder a cabeça.

- Deixa a garota em paz, Chuck, você já fez mais do que deveria.

- Quanto. Tempo. - Minha mãe me conhecia melhor  do que ninguém. Ela sabia que, nesse momento, eu ia explodir, e ela não ia querer ficar perto de mim quando isso acontecesse.

- Mais de uma hora. - Não daria tempo de alcançá-la, de jeito nenhum. - Filho, vá deitar. Quando ela chegar no Brasil, a agência provavelmente vai nos avisar. 

- Olha, se a agencia ligar, não interessa que horas da madrugada são, me avise. - Dei as costas para os meus pais, sem querer ouvir o sermão/interrogatório, e fui direto para o quarto no qual Blair tinha ficado.

A primeira coisa que fiz foi abrir o guarda roupas e me certificar de que ela não havia deixado nada lá dentro. Suspirei. Parecia que ela nunca estivera ali, tirando o cheiro suave que estava em cada espaço do comodo. Queria poder estar o sentindo direto daquele pescoço delicado. Assim que sentei na cama, senti algo se amassar debaixo de mim. Levantei, encarando o tecido.

Era o vestido que eu dei para ela.

Aquilo era como um tapa na minha cara, mas eu senti em outro lugar. No peito.

Agarrei a peça, fazendo a cena patética de respirar contra ele repetidas vezes para inalar o cheiro dela. A única vez que eu havia feito isso foi quando Rachel morreu. 

E agora eu estou aqui, de novo. Perdi a mulher certa pra mim, de novo. A diferença é que, embora meu subconsciente me condene às vezes, não havia nada que eu pudesse ter feito em relação a Rachel. Já a partida da Blair era completamente minha culpa.
A parte mais engraçada disso tudo era que eu havia conseguido machucar mais a mim do que ela.

Imagino que deve ter doído para ela. Mas para mim? Nem sei começar a explicar. Estou me sentindo como se estivesse morto pela segunda vez. E consegui me reerguer da primeira, mas dessa? Passar por todo aquele maldito inferno de novo para viver uma merda de vidinha vazia? Não sei se vale a pena.

Tudo pelo meu orgulho.

Não havia nenhum possibilidade de alcançar Blair antes que ela partisse. Ela tinha uma hora de vantagem, e eu ainda tinha o horário em que os restaurantes caros fecham para me atrapalhar.  E mesmo se conseguisse chegar até lá antes que ela tivesse embarcado, o que eu poderia dizer?

"Blair... Eu fui um idiota. As coisas que eu disse, a mulher com quem eu fiquei... Eu não podia dizer para os meus amigos que estava apaixonado por uma brasileira, entende? Rachel era canadense e eu já não conseguia ouvir o fim das piadas, agora, uma latina? Eles iam me crucificar. Não disse nada daquilo de verdade. Não quis te magoar, Nunca me passou pela cabeça que você poderia ouvir. Só estava tentando proteger meu ego."

E, pelo tanto que conheço a Blair, logo depois dessa frase viria o chute no meio das minhas pernas, e logo depois ela jogaria o cabelo e continuaria o caminho até o avião.

Joguei na cama e fiz algo que havia prometido nunca fazer novamente.

Chorei até pegar no sono. 


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Notas finais do capítulo

Então gente, espero que tenham gostado.
Quero minhas reviews, huh?
XOXO, Neline.



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