One In a Million escrita por Neline


Capítulo 10
As bad as it could be


Notas iniciais do capítulo

Enjoy :***



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Chuck estava certo. O vestido não apenas ficou lindo em mim, como serviu perfeitamente. Parecia quase ter sido desenhado para o meu corpo. Arrumei os cachos de um jeito um pouco bagunçado, que dava aquele ar de "eu podia ter o arrumado, mas eles ficam perfeitos de qualquer jeito", e fiz uma maquiagem discreta. Eu não havia levado muitos sapatos para o intercâmbio, mas encontrei um peep toe rosa que combinou perfeitamente com a bolsa de mão que eu havia comprado e o batom que eu escolhi. Desci as escadas as 6:40, pronta, com um sorriso enorme no rosto.

- Blair, você está deslumbrante! Aonde pretende ir? - Evelyn me perguntou. Ainda parecia estranho para mim que eles estivessem aceitando tão bem. No fim das contas, eu não poderia ter encontrado uma família melhor.

- Seu filho quer me levar a uma festa. Aparentemente, alguns amigos dele, da faculdade, vão dar essa festa no terraço de um prédio no... - Tentei lembrar o nome do bairro que Chuck tinha dito há pouco, no telefone. - SoHo. - Completei.

- Oh, sim. Parece divertido. É a sua primeira festa americana? - Assenti. Ela me olhou de cima a baixo. - Esse vestido é muito bonito. Chanel?

- Sim. Chuck me deu de presente. - O sorriso da mulher aumentou, e ela maneou a cabeça.

- Chuck e seus presentes... - Não entendi o que aquilo quis dizer, mas antes que chegasse à alguma conclusão que não me agradaria, parei de pensar sobre o assunto. Me sentei no grande sofá de veludo escuro e esperei que Chuck viesse me buscar.

Assim que o carro negro buzinou, e pulei do meu lugar e corri até a porta. Peguei meu casaco e joguei sobre os ombros. Chuck estava me esperando sobre o tapete marrom, com a palavra "Welcome" escrita em preto, que ficava na entrada da casa.

- Oi. - Ele murmurou, antes de me beijar. - Você está linda.

- Obrigada. Você também está impecável. Está roupa caí bem em você. - Ele usava uma jaqueta de couro preta, uma calça jeans, e sapatos foscos, oxford. 

- E eu sei que você está louca para ver essa roupa realmente caída.  - Falou, com um sorriso malicioso. - Falando em cair, vamos tentar evitar quedas, tudo bem? Odiaria que você chegasse na festa com os joelhos vermelhos e meus amigos pensassem coisas. - Franzi o cenho, sem entender a piada. Apenas compreendi quando cheguei no carro, e corei com o comentário. Não havia pensando que conheceria os amigos de Chuck. Por alguma razão, aquilo me aterrorizava. Geralmente, é o tipo de sentimento que você tem ao conhecer a família, mas bem... A família já me adorava. Agora, minha preocupação eram os amigos. Mas procurei relaxar, afinal, não podia ser tão ruim assim, certo?

- Como são seus amigos? - Ele deu de ombros.

- Normais. Irritantes, às vezes, mas acho que isso faz parte. - Dei de ombros. Minhas amigas no Brasil também podiam ser irritantes quando queriam. - Está gostando dos Estados Unidos?

- Estou gostando mais de você. - Respondi, sem pensar direito, e ele sorriu.- Você é maravilhosa. Se existe alguma força superior, eu tenho que agradecê-la por ter te colocado no meu caminho.

- Deve existir algo assim. Afinal, acaso seria uma explicação muito fútil para eu ter te encontrado. - Apertei a coxa dele, sorrindo, e ele parou o carro. Era um prédio pequeno, de três andares, tijolo a vista e flores nas janelas. Assim que abri a porta, já escutei a música alta e animada. Chuck se materializou ao meu lado, pegando minha mão. 

- Vamos. - Nós subimos as escadas com calma. Eu gostava da sensação de ter os dedos dele entrelaçados com os os meus.

O terraço estava lotado. As pessoas dançavam, riam alto. Algumas pareciam bêbadas, as outras... bem, beirando ao coma alcólico. Chuck me apresentou para um grupo de 5 pessoas, as quais eu esqueci os nomes 3 segundos depois. Eram todos homens, bonitos, da mesma idade de Chuck. Seus colegas na faculdade. Chuck era, de longe, o mais bonito, mais divertido e mais altivo na festa, e eu me orgulhei de ter vindo com ele. As amigas de Chuck, por incrível que possa parecer, eram ótimas.

- Quem diria que uma mulher teria que vir do Brasil para colocar Chuck Bass na coleira! - Georgia disse, rindo.

- Você sabe, agarre-o com unhas e dentes, porque essas vadias adorariam o abocanhar em um lugar bem intímo... sem os dentes, é claro. - Eu gargalhei.

- Nós estamos tendo um tempo ótimo juntos. Eu... o amo. Ele me faz bem. - Elas ficaram um pouco em silêncio. Georgia foi a primeira a falar.

- Sabe, Blair, você parece ser uma garota ótima, e só por isso vamos te falar isso. Se fosse uma puta qualquer, deixaríamos que ela se fodesse, mas você não merece isso. Chuck... Ele é um cara legal, mas depois da noiva dele, eu nunca o vi com uma garota séria. Mulheres bonitas, com um Chanel que ele deu apenas pra tirar depois, sim. Uma que voltasse para a próxima festa, não. Não se deixe levar por ele, ok? Talvez ele nunca mais vá estar preparado para ficar 3 anos com uma garota, e por isso não fica com nenhuma por mais de 3 semanas. - Foi como levar um tapa na cara. Aquele vestido começou a parecer vulgar, justo de mais. Sujo. Mesmo assim, elas não tinham me dito nada que eu não soubesse. Chuck é sim mulherengo, cafageste. Mas o que nós passamos, tudo aquilo foi de verdade, não foi? Tinha que ter sido. As garotas não pareciam estar tentando sabotar minha relação, mas nunca se sabe. Talvez elas estivessem enganadas. Elas estavam enganadas, com certeza.

- Obrigado pelo aviso. Eu juro que vou manter em mente. Onde fica o banheiro? 

- Desça as escadas, é no apartamento. Corredor, primera porta a esquerda. - Caroline me deu as instruções. Ela parecia lamentar por mim. Agradeci com um maneio de cabeça, descendo as escadas logo em seguida.

Muita informação para uma garota só. Eu estava com a porta trancada, com as mãos apoiadas na pia, me olhando no espelho. Digerindo toda aquela informação. Repassei os últimos dias na minha cabeça. Tudo que parecia ter sido perfeito, agora, parecia teatro, e aquilo me dava enjoo. Eu não podia acreditar que tinha deixado aquelas palavras mecherem tanto comigo. Caramba! Ele é Chuck Bass, e chorou no meu colo! Ele tirou minha virgindade, foi um perfeito cavalheiro comigo. Se ele não estava apaixonado, eu não sabia o que era isso. Destranquei a porta, e assim que comecei a abri-lá, escutei a voz de Chuck, e a fechei de novo. Por algum motivo, o impulso me venceu, e eu encostei a orelha na porta. Eles falavam alto, para encobrir a música. Felizmente, da onde eu estava, não escutava a música, apenas a voz deles.

- Então, bêbado? - Reconheci a voz de um dos amigos de Chuck, mas não conseguia fazer o nome vir a cabeça.

- Não. Mas você em compensação não consegue se manter em pé. - Chuck disse, e várias pessoas riram.

- Então, - Outro começou. - vai falar da brasileirinha pra gente, ou vai nos deixar na curiosade?

- Porra, vocês parecem um bando de velhas fofoqueiras.

- Deixa de ser mulherzinha, Chuck. Fala logo. - Barulho de cadeiras arrastando, e tintilar de copos. Meu coração batia tão forte que eu cheguei a pensar que eles escutariam.

- Normal, cara. - Aquilo me quebrou no meio. Normal era tudo que eu não queria ser para Chuck Bass, considerando o que era normal para ele.  Mesmo assim, não me afastei da porta.

- É. Essas brasileiras são muito fáceis mesmo. Algumas já vem sem calcinha! - Risos.

- Boa de cama? Dizem que as brasileiras são as mais safadas. - Chuck riu.

- Muito. Peguei ela virgem, mas agora... É uma das mais vadias que eu já comi. Faz de tudo e nem reclama. - Meu coração apertou. Eu não tinha ideia do que aquilo significava, já que sempre achei nossas transas bem normais. Quase românticas. 

- Virgem?! Nossa! Pra casar então ein?

- Porra nenhuma! - Chuck gritou, e riu. Os amigos acompanharam. - Vou foder ela mais umas vezes, até cansar. Hoje mesmo, acho que vou dar uma desculpa qualquer e ficar por aqui, com aquela loira que beijei agora a pouco. Gostosa, né? - Foi o suficiente pra mim. Me afastei da porta, a tranquei, e sentei no vaso. Esperei chorar, mas não consegui. Era só uma dor insuportável no peito e o sentimento de vazio. O que eu tinha feito? É claro que eu sou mais uma. Só a prostituta fácil brasileira. 

Não sei quanto tempo fiquei lá dentro. Algumas pessoas bateram na porta. Eu me fiz de muda. Quando criei coragem de sair do banheiro, sequer subi para o terraço. Desci o restante das escadas, peguei um casaco qualquer já que o meu estava lá encima, e me coloquei a andar.

Eu não sabia a direção da minha "casa", e tinha apenas meus documentos, meu celular e vinte dólares na bolsa. Não dava pro táxi. Meu celular tocou. "Chuck" piscava no identificador de chamadas. Ignorei a primeira ligação. 

Abordei um homem na rua. Pedi à ele para que lado ficava minha rua, e ele me deu as coordenadas. Eu estava perto, por sorte. Tirei os sapatos e coloquei os pés no chão frio. O celular tocou novamente. Dessa vez, sabendo quanto tempo demoraria para chegar em casa, atendi.

- Alô. - Murmurei, escutando a música alta no fundo.

- Blair! Eu já te procurei pelo prédio todo, onde você está? - Ele parecia preocupado. Não deixei isso me enganar.

- Longe. 

- Como assim longe? Que barulho de buzinas é esse? 

- Na rua, Bass. - Ele suspirou. Parecia agitado.

- Me diz onde você está que eu tô indo te encontrar.

- Por que? Não deu certo com a loira? - Silêncio. Eu sabia que ele não tinha como rebater essa. Mesmo sem saber como eu sabia, uma vez que ele descobriu que eu sei, não ia negar. Não era Chuck Bass se negasse.

- Eu não sei o que você viu, mas estou indo te buscar. Me diz onde você está. - Ele soava sério, irritado. Aquilo me atingiu bem nos nervos.

- Não foi o que eu vi, foi o que eu ouvi. - Conseguia enxergar a casa, à menos de uma quadra de mim. - Estou facilitando sua vida. Não se preocupe em invertar desculpa nenhuma. A brasileira aqui some fácil. Vou até te poupar de cansar de mim. - Desliguei o celular, o jogando na bolsa. Usei as minhas recém adquiridas chaves da casa para entrar. Evelyn e Bart conversavam na cozinha. Eu ouvi meu nome, e parei. Estava fazendo muito isso nessa noite... bisbilhotar.

- Não é como se eles fossem casar. - Bart disse, aparentemente entre uma dentada e outra na sua janta.

- Exato! - Evelyn começou. - Eu tenho pena da Blair. Coitada. As coisas devem ser tão diferentes onde ela mora. Será que ela não percebe que homens como Chuck se divertem com as Blairs e casam com as Rachels?

- Não acho que ela queira casar. Parece bem... brasileira. - Enquanto subi as escadas, parei pra pensar no que o conceito de "brasileira" significava aqui. Não era alegria, vida, beleza. Brasileira aqui era sinônimo de mulher fácil. Passei minha vida inteira querendo conhecer um lugar em que me tratavam como "a brasileira" em tom de desprezo, enquanto eu tratava-os como "os americanos", em tom de adoração. País de primeiro mundo... Sim. Porque eu o tratava como. Porque eu via meu país como um lugar emergente sendo que, no fim das contas, lá é meu lar. O Brasil pode ser o que for para os outros países. Sou Brasileira, com tom de orgulho. E nunca vou ser americana, com tom de pena. Foi ai que, pela primeira vez na minha vida, fiz algo sem pensar nas consequências. Peguei o telefone, e sequer liguei para a minha agência de intercâmbio. Liguei diretamente para o aeroporto.

- Boa noite. Qual o horário de saída do próximo avião para o Brasil?

- O próximo voo saí as 4:45, sem escalas, direto para São Paulo.

- Pode reservar uma no nome de Blair Waldorf. - Falei, equilibrando o telefone entre a orelha e o ombro, enquanto jogava todas as minhas coisas de qualquer jeito na mala. - Preciso voltar para casa.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? O próximo capitulo está prontinho, só esperando as reviews de vocês para ser postado! Espero que tenho compensando meu atraso.
XOXO. Neli :*



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