Cαp.XVII

 Edward levantou a cabeça quando Renata passou pela porta da sala de estar.

 Ele estava confuso.

Em parte por causa do comportamento da vampira brasileira. Em parte por causa da situação em que estava.

 Engoliu saliva inexistente e pendeu a cabeça para o lado direito do corpo, enquanto estava sentado no sofá, lendo o jornal. 

A garota andou direto para o próprio quarto. 

Edward franziu o cenho.

 A notícia que lia era interessante, então voltou para a mesma, afundando-se nos problemas que envolviam o cotidiano dos brasileiros. 

Porém, sem que controlasse, sua mente vagava para a da vampira.

Ela não parecia se importar por tê-lo por perto.

Haviam lembranças da noite que passara ao lado de Ícaro. Lembranças suaves para alguém que tinha uma personalidade arrebatadora. E um corpo que deixara até Rosalie com inveja. O rapaz sorriu torto e suspirou com saudade de casa. Saudade de sua Bella.

 Puxou o celular de cima da mesa de centro e discou o número da residência dos Cullen em Forks. Mal havia soado a primeira chamada e Alice atende o telefone.

“Vi você.”

 “Eu sei.”

“Quando vocês voltam?”

“Não pode me dizer?” a voz aveludada e baixa de Edward estava tristonha.

“Eu vi que vão voltar. Mas não pude dizer quando, exatamente.” Ela riu do outro lado da linha.

Ed pode ouvir o risinho de Emmett e, afastado mais um pouco, Alec gritando com Jacob.

 “O que eles estão...?”

“ Jake está ‘testando’ Alec. Haha. Mas Bella está protegendo o Lobo, é claro. Wow, Edward, você tem que ver isso!” ela riu de forma mais estridente.

O ruivo olhou por cima do ombro e, vendo que Renata não estava na porta, inclinou-se sobre o próprio corpo, apoiando os cotovelos nas coxas das pernas. 

“E...” 

“Bella está bem. Nessie está com saudades. Ela tem dormido aqui, já que Alec está com Bella na cabana e...”

O fato do garoto volturi e de sua Bella estarem juntos já causava ciúmes em Edward, mas, saber que ‘dormiam’ na mesma casa fez com que perdesse o controle.

 “Como é que é a história, Alice?” Por mais que tentasse, começou a ter um certo instinto assassino com relação a Alec muito parecido com o que teve em Volterra.

 Renata estava ao seu lado num segundo, tirando o telefone de suas mãos.

 “Alice, nós falamos com você depois. Até mais tarde, querida.” A voz suave de Renata trouxe o filho mais velho dos Cullen de volta para a realidade.

Ele bufou e cruzou os braços sobre o peito.

A morena desligou a ligação.

 “Quer conversar, Ed?” Ele a mirou, erguendo uma sobrancelha.

 “Não.”

 Ela jogou-se ao lado do ‘primo’ e mordeu o lábio inferior, ligando a televisão. Ficaram assim até o meio dia: Edward com a cara fechada e Renata olhando de forma perdida para a TV.

“Quero voltar para casa” ele murmurou quando o relógio bateu doze horas.

 Ela o olhou de rabo de olho.

“Como?” disse em português.

 “Quero voltar para casa, para minha família, para minha mulher.” Ele desviou os olhos cor de âmbar para a criatura deitada em seu colo.

“Ficar aqui não adianta muito, sabe? Eles não vão mudar, Rê. Bella sabe o que quer.”

 “Alec sabe também. Eles me querem de volta!”

 “ Você sabe que não veio nos procurar por causa deles, não é?” o olhar de Edward foi duro.

Renata suspirou indignada.

 “Ora, ora, Edward, estás duvidando de mim?”

 “Só digo que...”

 “Você não gosta disso? Tudo bem, volte e enfrente a realidade: Bella pode até amar você, mas ela está tão disposta quanto Alec a nos provocar.”

 “Aposto que ela quer só ajudá-lo.”

 “Isso, mesmo! Ela quer que eu volte para os Volturi pois pensa que estamos tendo um caso.”

 “E não parece? Ora, Renata querida, convenhamos que, de fato, nos comportamos assim.”

 “Somos amigos!” ela levantou-se do colo dele. “Bella Swan deveria ser grata por eu ter salvo sua vida.”

“Sim, Renata, mas isso é complicado para ela, sabe?”

 “Como saber que a própria filha vai casar com um lobisomem?”

 “Na verdade... um pouco pior. E Nessie não vai casar com Jacob. Só se ela quiser... mas ainda sim, tenho certeza que ela sabe dos riscos e...”

 “Oh, Edward, caia na real!” ela o mirou. “Você é muito...”

 “Antiquado.” Ele a completou e sorriu. “Eu sei disso.”

 “É.” Eles riram e Renata beijou-lhe a face ternamente. “Ah, Edward, não deixe que minhas idéias de mulher vingativa e abandonada destruam sua vida, querido.”

 “Eu não vou deixar, Rê. Mas... Será que podemos ir pra casa?”

Ela soltou um suspiro risonho e pegou o celular, ligando de volta para Alice. Precisava comunicar que voltaria para os Estados Unidos. De volta para Casa.

Para Forks.

Para eles.