Tom chegou ao local, saltou do carro e olhou o relógio, 20 minutos adiantado, sorriu.
— Cheguei cedo.... Se ela não chegar logo eu mato ela.

— Não é hoje? Tudo bem se não for? - Ashley e Jullie andavam pelas ruas, tinham marcado de passar o domingo juntas.
— Por que eu deveria passar o meu domingo com aquele cara?
— Se você não for, ele pode se vingar seriamente. - Disse Ash preocupada.
— Isso é verdade...
— Se não for, será um inferno. Se for, também será um inferno...
— Bem, eu já estou numa guerra com ele, não tenho nada a ver se ele quiser esperar.
— Ah... Que gracinha! - Ashley viu uma blusinha numa vitrine e correu.
Jullie parou de andar e olhou o relógio, 13h00.

13h00... Tom estava sentado, esperando por Jullie (http://pics.livejournal.com/chochajin/pic/002bak2g ,http://darialois.files.wordpress.com/2008/05/ebisu_garden_place_by_kuroraikou2.jpg 

 Mas ela não vinha...
— Acabo com ela! - e se sentou de novo.

Jullie ainda estava com Ashley, elas tinham parado pra comprar um crepe
— Vamos Jullie!
— Calma Ash... Que pressa, eu queria comer sentada.
Ashley corria pras lojas ver novidades.

As duas entraram em muitas lojas, em uma mais fechada, Jullie colocou um chapeuzinho.
— E então?
Ashley sorriu e colocou uma blusinha na frente dela
— E então?
Jullie aprovou.
— Ah! Ali tem uns muito bonitinhos... - E saiu de vista.
Jullie não estava se sentindo bem, sempre pensava em Tom, ele iria esperar ela aparecer, mas ela não iria, olhou o relógio, 14h30.

Mais tarde, quando Ashley se decidiu entre a branca e a azul, as duas estavam andando por uma galeria quando viram uma maquina pra pegar bonecas.
— Jullie vamos ali. - Chamou Ash e saiu correndo.
Jullie a seguiu, não estava com pique pra correr, e quando chegou, Ash já tinha pego um brinquedo.
— O que é isso aqui? - Ash pegou um boneco com uma cabeça de tigre.
— Eu acho que deve ser o “máscara de tigre” - Disse Jullie
Ashley tirou a máscara do boneco, Jullie riu.
— Até que é bonitinho!
— Falando nisso, a Jay tinha dito... O “máscara de tigre” não mostra seu lado gentil a ninguém e é um homem solitário.
Começou chover, Jullie olhou pro lado de fora, e mais do que nunca sentiu um aperto no coração e voltou a pensar em Tom.
Olhou o relógio, 16h05.
Se lembrou do Tom quase chorando quando Bill foi embora, e de como ele gritava pro avião já no céu.
— Me desculpe Ash, tenho que ir!
Sem esperar resposta, Jullie correu enquanto tirava o guarda-chuva da bolsa e o abria no meio do caminho.

Ele me convidou pra sair? Que absurdo... Que absurdo não tem como... Afinal já é tarde, não tem como ele estar lá... Ele não estará...

Jullie chegou a praça. Olhou em volta e viu uma figura conhecida, Tom estava lá de pé, encostado no monumento em baixo da chuva, olhando pro chão com a cara mais azeda que ela já tinha visto.
Sentiu o coração parar.
— Mentira!

Ela se aproximou devagar, bem cautelosamente de onde Tom estava, ele não percebeu sua aproximação.
— Ei... - chamou receosa.
Tom levantou a cabeça.
— Jullie. - E foi se aproximando dela, rápido.
Jullie gemeu de susto e virou pra se proteger, deixando cair o guarda-chuva.
Tom a abraçou pelas costas, já que ela tinha virado, e tremia.
— Está tão frio. - Disse em meio a gemidos.
Jullie ficou imóvel, apenas sentindo o corpo de Tom tremendo perto do seu, sentia sua respiração ofegante perto de seu pescoço, seu coração batia acelerado e ele a apertava no abraço tentando se esquentar.
Jullie piscou algumas vezes e saiu do estado de “transe”.
— Espere ai! - Ela o empurrou, passou a mão no cabelo de leve e pegou o guarda-chuva do chão, colocando sobre ela de novo. - O que você está pensando, me abraçando de repente?
— Bem, mais ainda bem que não houve nada com você. - Tom tremia de frio e fazia um grande esforço pra falar em meio a tremedeira de sua boca.
— O que?
— Fiquei preocupado! - berrou - Achei que talvez tivesse sofrido um acidente!
— Ah! Não...
— Posso te perguntar por que está tão atrasada? - A encarou no mesmo tom de voz grosseiro. - Se você não puder me dar uma razão eu vou te matar.
— Eu não te disse que viria.
— E você não está aqui afinal? Você está aqui não é? - Jullie não sabia ao certo por que tinha ido, não sabia por que tinha largado Ashley e ido atrás desse cara que agora mais do que nunca ela achava um estúpido imbecil. - Será que você se apaixonou por mim?
Jullie o olhou incrédula... Como é idiota, como ele pensa nessas coisas? Estava começando a se irritar, é a segunda vez que ele pergunta isso. Lhe lançou um olhar mortal e lhe deu as costas com o maior bico de todos.
— Ei... Ei espera ai... Espera! - Tom começou a berrar, mas foi interrompidos por uma crise de espirros.
Jullie parou ao ouvir os espirros dele, sentiu que não conseguiria deixá-lo ali, molhado até os ossos do jeito que tava, poderia pegar uma gripe.

Tom agaixou e esfregava as mãos tentando se aquecer, quando de repente, não sentiu mais os pingos baterem sobre ele, olhou pra cima e viu um guarda-chuva vermelho o cobrindo, Jullie se agaixou a seu lado.
— Será que te pago um chá quente?
— É lógico idiota! - berrou irritado
— Que horror, estou tentando ser gentil!
Tom se encolheu mais vez de frio.
— Vamos então. - se levantou e foi na frente sem esperá-la.
— Hã? Espera! - Gritou mas ele não a ouviu, de repente parou e mexeu na bolsa, olhou a bolsinha de moedas e viu que sua situação não estava muito boa. - Espera um pouco! - gritou, mas ele já estava longe.
Andaram um pouco, e antes que pudessem perceber a chuva tinha parado e o sol já brilhava de novo, mas ainda assim Tom ainda tremia um pouco, a roupa ainda estava molhada.
Entraram numa ruazinha mau cuidada, Tom sempre na frente, Jullie correu até ele quando viu um prédio conhecido.
— Vamos parar aqui. Dizem que o bolo que vendem aqui é o mais barato e é gostoso.
— Aqui está funcionando? - Olhou pra cima, e viu um prédio feio, com a pintura descascada - Alias, esse prédio não é sujo não?
— Não reclame tanto.
— Não vou comer aqui não. Tomar chá num lugar como esses é algo que o meu orgulho não permite. - e saiu andando.
— Não te permite? O que é isso? Está falando sério ou é brincadeira?
— OLÁ! - um homem surgiu do nada segurando uma prancheta. - Moça, você poderia responder a uma enquete? Você pode ir ao cinema de graça.
Depois dessa proposta Jullie até pensou um pouco sobre o assunto.
— É muito fácil de fazer...
— Ei cara... - Tom surgiu ali, tinha voltado quando viu que Jullie não o acompanhava, chamou o cara e lhe deu um soco.
Ia partir pra cima mas Jullie interferiu o segurando.
— Para.
O homem já tinha saído correndo de medo do Tom.
Os dois entraram no prédio, bom, Jullie arrastou Tom pra dentro, mas depois de insistir ele aceitou.

— Sabe... Bater em uma pessoa de repente... Acho que não é legal.
— Dizem que você não deve ser legal com pessoas que incomodam a pessoa amada.
Jullie apertou o botão pra chamar o elevador.
— O que? Isso aí é uma piada?
A porta abriu,Tom entrou primeiro, se abraçando pelo frio.
— O bolo daqui é bom mesmo? Meu estomago é muito exigente.
Jullie apenas revirou os olhos enquanto a porta fechava, pertou o numero 4, mas a luz do botão não acendeu.
— Ué? Não está funcionando
— Ei ei ei... não me diga que está quebrado.
No mesmo instante parecia que o elevador tinha batido, a luz falhou por um segundo e o elevador parou.
— Só pode ser brincadeira! - resmungou Tom indo pra porta.
— Alô, alô! - Jullie apertou o botão do interfone, mas não estava funcionando. - Por favor. - esperou mais um segundo e ainda nada - Não dá.
Tom estava batendo na porta, mas não adiantaria e ele estava se sentindo fraco.
— Vamos ligar pedindo por ajuda.
Os dois buscaram os celulares em seus bolsos.
— Sem sinal. - Disseram juntos com o mesmo tom de decepção na voz.
Tom encostou na parede oposta a Jullie respirando alto.
— Tudo isso é culpa sua.
— Me desculpe. - Declarou Jullie, nervosa.