Kari ouvi alguém murmurar algumas coisas sem sentido. Ao segundo que senti todo seu corpo relaxado, a dor havia sumido, o cheiro de sangue também.

Tinha morrido?

Não.

Sentia sua respiração, seu coração bater compassadamente.

Então o que estava ocorrendo?

Decidi enfim por abrir os olhos deparando-se com quem nem esperava ver ali.

-Vocês – diz ela quase com a voz morrendo em seus pulmões novamente

         *******************************************

Alguns quilômetros a leste, Killian segurava a perna de Quincy, o arremessando em seguida de contra uma loja já destruída.

Ainda não poderá se recompor completamente havia mais ferimentos em seu corpo desnudo que antes, mas o sangue que escorria por ele parecia larva quente de tão irritada que estava.

Como poderiam fazer isso com Etzel?

Justo com aquela inocente dríade?

E o que não dizer de Alden?

Tivera notado no anjo que o atacou alguns traços dele, o corpo dele.

O vampiro novamente avança contra ele, mas recua o rosto alguns centímetros deixando que a flecha de Kane passe rente á si sem produzir nenhum arranhão.

O elfo trinca os dentes enquanto colocava novas flechas em seu arco e Killian avança para cima do vampiro que vai ao chão devido à força do dragão que mesmo que quisesse fingir que não notara era superior a sua.

Ele golpeia o loiro com o joelho nas costas, mas ele nem se move deixando-o meio apreensivo. Podia ver a fúria e a confusão nos olhos de Killian o deixando novamente preocupado.

Teria que fazer alguma coisa a respeito e rápido.

As mãos do dragão vão para o pescoço de Quincy que sente a pressão dele sobre seus ossos, coloca o pé direito no peito do dragão, mas antes que fizesse qualquer movimento um indicador já estava em sua testa e via debruçada sobre si uma morena coberta de tatuagens.

-Death (Morte) – sussurra ela ao segundo que o vampiro sente o seu corpo completamente ficar petrificado.

A morena então levanta-se, deixando seu olhar ir de Kane para Killian que olha de cima abaixo antes de ir até ele pegando o casaco de Ivor á meio caminho.

O demônio não reclama apenas olhar para o corpo do vampiro que estava na forma de estatua apavorada agora.

-Ele ficará assim? – indaga ele ainda o olhando

-Sim – confirma Victorine passando o casaco para Killian – Preciso de você vestindo agora.

Iam se aproximando Kari com Ethel ao seu lado. A elfa vai de encontro a Kane que a abraça de maneira amável enquanto o deus fica ao lado do demônio.

-Seus companheiros estão fazendo um belo estrago – comenta ele á meia-voz

O demônio assenti com a cabeça depois volta seu olhar para Victorine que conversava com Killian que detinha uma expressão opaca no rosto.

-Etzel não deveria ter sido envolvida nisso – comenta Ivor como se fosse para si mesmo.

-Isso é algo que não podemos nos intrometer – diz Ethel ajeitando sua camisa azul marinho – Podemos apenas assistir enquanto eles tentam fazer alguma coisa.

A bruxa retorna para eles com uma expressão seria.

-Vocês dois – diz ela solene – Quem é o príncipe?

A dupla se entreolha enquanto ela cruza os braços com a vontade de jogá-los de contra o primeiro prédio que estiver em seu caminho.

-Asmodeus – conta Ivor a olhando hesitante – Eles trouxeram de volta a luxuria.

-Asmodeus? – repeti Kari estreitando as sobrancelhas – Quem é esse?

-É complicado dizer quem ele é – respondi Victorine pensativa – Ele em cada religião, historia é uma coisa, na maioria das vezes é ligado a luxuria, ao pecado da carne o que muito me surpreende que ele seja o que renasceu.

-Não há nada de surpreendente nisso – discorda Killian já recomposto – Ele é um dos príncipes do inferno, comandante de 72 legiões de espíritos inferiores, é um dos mais temidos demônios existentes.

-Ouvi dizer que ele é o superintendente das classes de jogos infernais – diz Ethel voltando seu olhar para Ivor que assenti com a cabeça – Tal como ele é que acaba casamentos, provoca traições, o desejo sexual, semeia a discórdia, obsessão.

Victorine apenas assenti com a cabeça.

-Assim ele poderia anular nosso casamento Ethel depois que Belzebu o fizesse – comenta ela levianamente – Então fora ele que matou os sete maridos de Sara durante seu casamento.

-Chega de setes, por favor – pedi Kari aninhada ao corpo de Kane que absorvia tudo imerso.

-Os mais poderosos é que estão vindo à tona – refleti Ethel pensativo

-Por que Etzel? – pergunta Killian como se fosse para si mesmo

-Ela é perfeita para ele – respondi Ivor – Pequena, sensual e frágil mais perigosa.

-Mais ele dissera que ela era imperfeita – lembra-se Kane com amargura

-Ele sempre buscara a perfeição, mesmo que já a tivesse – explica Ivor dando de ombros.

-Quanta idiotice – resmunga a bruxa ainda caminhando de um lado para outro – Kari seus ossos estão todos em forma?

-Graças ao seu trabalho não sinto mais dor alguma – respondi a elfa com um olhar de agradecimento á ela.

-Ótimo – diz ela em tom de alivio – Isso muito me alegra.

-Por que vieram? – pergunta Killian trocando seu olhar por entre o trio

-Alden é a casca do braço-direito de Lúcifer – respondi Ivor – Victorine quer impedir que tragam os demais de volta.

-Mais vocês não – complementa Kane serio – Então o trio de guardiões estava certo no que contara.

-Guardiões? – sibila Ethel franzindo a testa – Que guardiões?

-Demônios de segunda classe – explica Ivor – Normalmente eles deveriam ficar de fora disso, á não ser que alguém tivesse ordenado isso.

-Talvez fora isso mesmo que aconteceu – diz Killian levando a unha do polegar aos dentes – Nos avisaram que Oz, Anke e mais outras pessoas estavam tentando reviver Lúcifer, nada mais.

-Não deu pistas de quem poderia ser a casca? – indaga Victorine se voltando completamente para ele

-Foram bastante evasivos – diz o dragão – Mais se eles não estão aqui agora, então só resta o trio.

-Um instante – intromete-se Kane voltando-se para o trio recém-chegado – Vocês em vez de ir atrás da casca de Lúcifer vieram cuidar da outra casca, é isso?

-Precisávamos fazer isso – explica-se Victorine

-Deveriam ter cuidado primeiro de Lúcifer! – exclama o elfo – Ele é o mais importante.

-Esses dois não me contaram quem eram as cascas, o que queria que eu fizesse? – pergunta a bruxa o olhando exaltada.

O elfo se voltou para a dupla que ficava calada.

-Vocês sabem como isso vai acabar não sabem? – indagou ele com a voz tremula

O deus e o demônio o olharam opacos.

-Não podemos nos interferir nisso, não importa o que aconteça – diz solene e decidido Ethel deixando suas palavras caírem como pedras em cima deles.

-Então quer dizer que é fato que a destruição vira – refleti Killian se levantando

-Vocês não poderão fazer nada – diz Ivor serio

Kari aproxima-se dele num segundo desferindo um soco em seu rosto com uma expressão de fúria no seu.

-Imbecis! – berra ela – Estamos falando de vida! Querem deixar tudo isso ir pro lixo? Querem que seja lá o que vier domine tudo?

O demônio a encara opaco, mas ela percebe uma ponta de tristeza em seu olhar.

-Já não é mais algo que possamos mudar ou que possamos impedir – diz ele seco – Está além do nosso alcance.

A elfa ia avançando para cima dele, mas é segurada por Kane que sussurra algumas palavras no idioma elfico, fazendo com que ela se acalmasse. Logo depois o elfo volta seu olhar sem emoção para os dois.

-Se não podem fazer nada, deixe que nós fazemos por vocês – decreta ele solene.

Os dois olham para o quarteto. Killian retornara trajando uma camisa branca folgada, calça jeans escura e um sapato social. Por cima da camisa, um casaco negro longo terminava o look. Enquanto os demais os olhavam sérios demais.

-Bem, podemos evitar que eles consigam o que quer – diz Killian – Não podemos é ficar de braços cruzados aqui.

Ivor olha para Ethel que suspira antes de assentir.

-Já era sem tempo – diz Victorine – Onde a casca está?

Ivor deixa um sorriso escapar de seus lábios antes de tocar nela e Killian, o demais foram criando um elo.

-Roma – diz ele solene.