Mudando o Jeito de Viver escrita por Mayara Paes


Capítulo 9
O8 - Obrigação prazerosa. (Edward)




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"Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal."

Quando se está estritamente ansioso para que um acontecimento ocorra, o tempo parece conspirar contra você, pois ele se arrasta levando-nos a beira da insanidade.

E foi o que realmente aconteceu comigo.

Hoje, completava exatamente um mês que aquele maravilhoso jantar ocorreu e exatamente quatro semanas que não consigo pregar o olho.

Depois daquele dia, Bell e eu meio que nos tornamos mais próximos, mais íntimos. Nos tornamos realmente e oficialmente melhores amigos. Aqueles do tipo inseparáveis, que fazem praticamente tudo juntos.

O que, para mim, tornava tudo quase perfeito, isso mesmo, quase.

Não sabia explicar, mas sentia que faltava algo. Sentia que a palavra “amigos” não se encaixava corretamente. O que era realmente estranho.

Sabe aquela sensação de estar perdendo algo importante? Você pode pensar, repensar, praticamente quebrar sua cabeça para descobrir, mas nada lhe vem em mente, nada a não ser uma dor de cabeça dolorosa e uma frustração semprecedentes.

São essas inúmeras tentativas inúteis que conseguem preencher meus pensamentos dia e noite e tiram todo meu sono.

O que está me prejudicando bastante.



#Inicio de Flashback#

Enquanto andava pelo corredor á passos exageradamente lentos e arrastados, parecia que meu corpo desfaleceria a qualquer momento.

Minhas pálpebras pesadas estavam quase se fechando.

O que não ajudava muito em meus reflexos.

–Edward, pensa rápido! – gritou Emmett jogando uma bola em minha direção.

Minha mente sonolenta fez exatamente ao contrario de que ele pediu.

Antes que eu sequer pensasse em pegar a bola, ela já me acertava em cheio. Exatamente no rosto.

O que fez meu nariz reclamar de dor.

–Aiiii, MERDA! – gritei pondo as mãos no local dolorido.

Alguns alunos que presenciaram a cena riram e outros me olhavam como se eu fosse um louco a solta. Mas pouco me importei, estava concentrado na dor que eu sentia.

–VOCÊ ESTÁ MALUCO? – berrei sentindo sangue escorrer de minhas narinas.

–Desculpe Edward, pensei que você estava alerta. – desculpou-se Emmett parado a minha frente, olhando-me assustado.

–Alerta é a última coisa que eu estou seu brutamontes. – disse tirando minha camisa e pondo no nariz para tentar estancar o sangue.

–Ainda não conseguiu dormir? – perguntou.

–Não, estou com muita coisa na cabeça e ansioso demais para a apresentação do trabalho. – expliquei sentindo meu nariz latejar.

Lamentei pela dor.

Ao longe, ouvi passos apresados e rapidamente Bell estava ao meu lado, olhando-me preocupada.

–O que houve? – perguntou ofegante.

–Acertei o nariz dele com a bola! – respondeu Emmett dando de ombros.

–E você acha isso pouco EMMETT! – gritei estressado, o que fez meu nariz doer mais.

Gemi de dor.

–Já me desculpei, não foi por querer. – disse tranquilamente. –Pensei que você fosse mais rápido.

–Rápido vou ser quando eu te matar.

–Já chega, venha, vamos à enfermaria. – sugeriu Bell segurando meu braço.

–Ah, não vou à enfermaria mesmo. – neguei. – Isso não foi nada, só preciso lavar meu rosto... – olhei para minhas mãos e vi minha camisa arruinada. – E arranjar uma camiseta nova.

–Deixa de ser teimoso, precisa ver se foi grave, pode ter quebrado. – insistiu mandona.

O que a deixava mais encantadora.

A cada dia me surpreendo mais com ela.

Ela é perfeita.

–Não Bell, não precisa, já disse. – insisti, estava praticamente implorando.

Totalmente constrangedor!

–Bell, quer que eu o leve á força? – intrometeu-se Emmett.

Lancei lhe um olhar duro, fazendo-o recuar.

–Se você encostar um dedo em mim, juro que não responderei por meus atos. – ameacei, desafiando-o.

Sabia que estava exagerando, mas o sono e a dor latejante de meu nariz impediam-me de ter qualquer pensamento coerente.

–Não será necessário Emmett, mesmo assim agradeço. – intercedeu Bell sorrindo amigavelmente. – Agora vamos Edward, precisamos cuidar desse nariz. – dito isso, puxou meu braço impedindo-me de questionar.

–Tudo bem, tudo bem, você venceu! – disse rendendo-me. – Mas saiba que acho desnecessário.

–Não acha necessário? – debochou. – Você gostaria que as pessoas visem Romeu de nariz quebrado?

–É, por esse lado você tem razão.

Rimos.

Enquanto caminhávamos em direção à enfermaria, algumas meninas olhavam-me sem camisa e cochichavam algo com suas amigas, soltando risinhos histéricos logo depois.

Ouvi Bell bufar ao meu lado, o que me deixou estranhamente feliz pela hipótese dela estar com ciúmes.

Surpreso, a vi passar seu braço por minha cintura e olhar as meninas com um olhar duro.

Sorri satisfeito dando lhe um beijo na testa. Grande erro. Sua testa imprensou meu nariz, fazendo-o doer ainda mais.

Gemi de dor.

–Está doendo muito? Vamos Edward, aperte o passo. – sugeriu. A preocupação estava nítida em sua voz.

Rapidamente adentramos a uma grande sala branca. Logo a enfermeira veio atender-me.

Fez-me deitar em uma das macas, rapidamente dando-me um analgésico.

–Não tenha medo, não irá doer! – zombou Bell risonha.

–Como se eu estivesse preocupado com isso.

–A dor irá ceder quase que imediatamente, não se preocupe. – disse-me a enfermeira pondo uma bolsa de gelo sobre meu rosto e logo depois saiu.

Bell, sentada na maca ao meu lado, analisava-me desconfiada.

–O que foi? – perguntei com a voz anasalada.

–Nada.

–Ande, fala logo. – pedi impaciente.

–Nada demais, só estava me perguntando se você está em condições de apresentar o trabalho.

–Claro que estou, eu... – sentei-me bruscamente, mas logo me arrependi sentindo uma pontada forte no nariz.

Gemi.

–Edward, fiquei quieto! – exigiu Bell, empurrando-me novamente para a cama. – Você precisa melhorar, seu teimoso.

Sorriu lindamente.

–Apresentarei o trabalho com você mesmo que meu nariz tenha caído. – garanti lhe.

–Tudo bem seu exagerado, acredito em você, não se preocupe com isso agora.

–Ok. – concordei bocejando.

De repente, o cansaço tornou-se insuportável. Minhas pálpebras instantaneamente fecharam-se, impedindo-me de permanecer acordado.

–Isso mesmo Edward, descanse. – disse Bell.

–Fique aqui comigo. – não passou de um sussurro.

–Durma meu lindo, estarei aqui quando você acordar! – garantiu afagando meus cabelos.

Com essas palavras, rapidamente cai na inconsciência sentindo-me totalmente satisfeito.

#Fim do Flashback#



Minha aparecia era péssima depois que Emmett quebrou meu nariz, logo quando a apresentação seria no teatro da escola, com praticamente todos os familiares dos alunos presente.

O trabalho já estava pronto e eu estava me arrumando junto com alguns outros alunos em um “camarim” improvisado nos bastidores do teatro.

Minha roupa era definitivamente ridícula.

Aluguei em uma loja de fantasias em Port Angeles junto com Bell uma roupa bem parecida com a que o livro descreve que Romeu utilizava na época.

Roupa de Edward e Bell - http://1.bp.blogspot.com/_PQWyUUl4aQs/SCRYyNDSi-I/AAAAAAAAAJ0/YHH6sxTQgdQ/s320/Romeu+e+Julieta.jpg

Estava vestido com uma MALHA azul, uma blusa de mangas longas listrada de alguns tons de azul e mangas preta com prata, uma SAIA azul escuro, um sobretudo sem mangas prata, um chapéu no mesmo tom da saia e, por fim, um cinto com uma espada de mentira preso nele.

– Edward você está muito gay cara. – disse Emmett me tirando de meus devaneios sobre minha roupa vergonhosa. Ainda teria que aguentar esse idiota sem cérebro zombando de mim. Estava começando a me arrepender de ter dado essa ideia.

– Não enche Emmett! – disse bufando e saindo de perto dele.

Olhei para o relógio e marcavam 19h15min, faltavam exatamente cinco minutos para a minha apresentação. Estava muito nervoso.

Meus pais vão estar na plateia, fora o pessoal todo do colégio.

Sai do “camarim” para me encontrar com Bell.

Encontrei com ela no corredor.

Ela estava extremamente linda. Estava vestida com um longo vestido de mangas longas nos tons de vermelho, marrom e dourada. O decote do vestido dava um grande destaque para os seios de Bell. E seus cabelos estavam presos em uma longa trança de lado enrolada com fios de tecido dourado e uma espécie de coroa dourada no alto de sua cabeça.

– Edward você está lindo. – disse Bell ao chegar perto de mim.

– Eu estou ridículo com essa roupa. – declarei fazendo uma careta de desgosto.

– Ah, não fale assim. – disse Bell com um sorriso lindo em seu rosto.

– Seu cabelo cresceu Bell? Essa trança está muito longa. – disse surpreso com o comprimento de seu cabelo.

– Alice insistiu em me arrumar e colocou um implante para aumentar a trança. – disse com um sorriso sem graça nos lábios.

– Você está linda assim. – disse piscando os olhos em aprovação.

– Edward e Isabella, vocês serão os próximos. – avisou o professor passando por nós no corredor.

Com esse avisou nós nos encaminhamos para as coxias do teatro para aguardar o fim da outra apresentação.

– Está nervoso? – perguntou Bell com uma cara meio alterada pelo nervosismo.

– Muito, e você? – perguntei fazendo careta.

– Muito também, mas estamos seguros sobre nossa apresentação. Ensaiamos tanto. – disse respirando fundo.

A apresentação anterior a nossa havia finalmente acabado e as luzes já haviam se apagado. Os responsáveis pelo cenário estavam terminando de arruma-lo.

– Tomem seus microfones, coloquem bem encaixados em seus rostos. Podem começar agora.

Respirei fundo olhando profundamente nos olhos de Bell, percebi que ela fazia o mesmo.

– Calma e concentre-se em mim. Vai dar tudo certo. – Disse Bell tapando o microfone e com muita confiança em seus olhos, não tinha como não acreditar.

– Vai dar tudo certo. – lancei lhe uma piscadela e comecei.

– Duas poderosas famílias são inimigas há muitos anos. – disse entrando no palco, fazendo assim com que o palco antes todo escuro, fosse iluminado com apenas um holofote sobre mim - Os Montecchios. Prazer em vê-los, meu nome é Romeu Montecchio. – disse curvando-me em solenidade.

–E os Capuleto. – disse Bell entrando no palco, agora fazendo com que outro holofote fosse ligado sobre ela. - Prazer em vê-los, meu nome é Julieta Capuleto. – disse fazendo o mesmo movimento que eu há alguns segundos atrás. - Meu pai, o velho Capuleto, resolveu dar uma grande festa para a qual convidou todos os amigos da família. Como é evidente, os Montecchio não fazem parte da lista de convidados. – disse olhando para mim com desprezo.

Parte de nossa pequena atuação.

– Entretanto, eu que andava interessado em Rosaline, uma jovem que foi convidada para a festa, arranjo um plano para poder vê-la durante a festa. Assim, consigo entrar disfarçado na casa dos inimigos de minha família. Para minha surpresa, minha atenção se volta para Julieta, e não para Rosaline. Apaixono-me de imediato e fico muito desiludido quando chega a meu conhecimento que Julieta é uma Capuleto. – disse andando em direção a Bell e ficando assim de frente para ela a alguns centímetros de distância.

– Romeu também não passa despercebido por mim, sem saber que ele é um Montecchio. Mais tarde, depois de descobrir que o homem por quem estou apaixonada faz parte da família inimiga, vou para a varanda e conto às estrelas que tenho um amor proibido. – disse Bell fazendo um movimento para encurtar a distancia entre nós ao ponto que pudéssemos dar as mãos.

–Escondido em uns arbustos por baixo da varanda, ouço as confissões de Julieta e não resisto. Apresento-me a ela e digo-lhe que também estou apaixonado. Com a ajuda de meu velho amigo Frei Lourenço casamo-nos secretamente no dia seguinte. – disse e nossos olhares mudaram, para os sentimentos de amor e ternura.

Um olhar apaixonado. Totalmente real.

– No dia de nosso casamento dois amigos de Romeu, Benvolio e Mercúcio, passeiam pelas ruas de Verona e encontra-se com meu primo Tebaldo. Tebaldo, que ouvira dizer que Romeu tinha estado presente na casa de meus pais, andava a procura deste para se vingar e discute com os amigos de Romeu. Entretanto Romeu aparece e faz perceber que não quer se meter em brigas. Porém, os seus amigos não percebem a atitude de Romeu, e Mercúcio resolve defender a honra do amigo, e começa um duelo com Tebaldo. Mercúcio cai por terra, morto. Romeu vinga o seu amigo matando Tebaldo com um golpe de espada. Este golpe faz com que Romeu seja ainda mais odiado pela minha família. – dito isso Bell solta uma de nossas mãos e vira o rosto para o canto com sinal de tristeza.

– O príncipe de Verona expulsa-me da cidade, e me vejo forçado a deixar Julieta, que sofre muito com toda esta história. – Largamos nossas mãos e me distancio de Bell, o holofote que estava ligado em direção a mim se apaga, em sinal de saída do personagem.

– Meu pai, que não sabia do meu casamento com Romeu, resolve casar-me com um jovem chamado Páris. Desespero-me e peço ajuda a Frei Lourenço, que me aconselha a concordar com o casamento. Diz-me que na manhã de meu casamento deveria beber uma poção que ele mesmo irá preparar. A poção fará com que eu pareça morta e serei levada para o jazigo de minha família. Então o Frei mandaria Romeu encontrar-me para salvar-me. Faço tudo o que o Frei manda e sou deixada no jazigo, tal como estava previsto. – Bell se aproxima mais da beira do palco e senta-se no chão.

Antes que eu começa-se a falar novamente o meu holofote se acende iluminando-me novamente.

– Antes que o Frei pudesse me contar o plano, ouço a notícia da morte de Julieta. Desesperado e detonado pela dor, compro um frasco de veneno e vou até o jazigo onde se encontra Julieta para morrer ao lado de minha eterna amada. À porta do jazigo encontro Páris e sou forçado a lutar com ele, acabo por matá-lo, pois nada poderia deter-me de me juntar à minha amada. Já dentro do jazigo, bebo o veneno e morro ao lado de Julieta. – enquanto me pronuncio vou me aproximando de Bell e deito no chão ao seu lado em sinal de morte.

–Momentos depois, acordo e vejo ao meu lado, o corpo morto de meu amado marido. O Frei entra e conta-me o que se passou. Ao imaginar minha vida sem Romeu, pego o punhal dele e mata-me, pois já não tenho motivos para viver. – Bell faz cara de desespero ao falar de minha “morte” e pega a pequena espada de mentira e fingi cravar em seu peito. Deita-se ao meu lado.

Levantamo-nos juntos e falamos em uníssono.

–A tragédia tem um grande impacto em nossas famílias. As mesmas, magoadas com a morte dos seus dois únicos descendentes, decidem nunca mais lutar e fazem as pazes.

– Esse foi um prevê resumo de nossa historia. – disse olhando bem no fundo dos olhos de Bell, para mostrar um pouco do verdadeiro amor de Romeu e Julieta. Confesso que fiquei perdido em meio à imensidão chocolate que demostrava amor e ternura. Tenho certeza que os meus também demostravam os mesmos sentimentos.

Naquele momento, sentia-me como Romeu.

– Agora representaremos a cena em que logo após a noite em que nos casamos e com a ajuda de minha ama passamos a noite de núpcias em meu quarto, Romeu precisa ir embora de Verona. – disse Bell ainda de mãos dada a mim.

Todas as luzes se apagaram para que eu e Bell pudéssemos tomar nossos lugares no cenário armado anteriormente para nossa apresentação. Quando estávamos posicionados todas as luzes se acenderam revelando ao publico o lindo cenário.

O cenário era de um quarto com uma cama de casal grande ao fundo do palco, duas poltronas nos cantos, criados mudos ao lado da cama, um grande tapete no centro do palco e ao fundo um papel de parede para demostrar uma janela ampla com o céu estrelado em uma noite de lua cheia.

Bell se sentou na cama e eu fiquei parado em frente a ela. Respirei fundo fiz um sinal com a mão bem discretamente para Bell começar suas falas.

– Por que partir tão cedo? Inda vem longe o dia...
Ouves? – Bell apontou para seu ouvido. - é o rouxinol. Não é da cotovia
Esta encantada voz. Repara, meu amor:
Quem canta é o rouxinol na romãzeira em flor.
Toda a noite essa voz, que te feriu o ouvido,
Povoa a solidão como um longo gemido.
Abracemo-nos! – disse levantando-se da cama e vindo em direção a mim para abraça-la. - Fica! Inda vem longe o sol!
Não canta a cotovia: é a voz do rouxinol!

– É a voz da cotovia anunciando a aurora! – Soltei-nos de nosso abraço apertado, segurei firme suas mãos e a olhei no fundo de seus olhos. - Vês? Há um leve tremor pelo horizonte afora.
Das nuvens do levante abre-se o argênteo véu,
E apagam-se de todo as limpadas do céu.
Já sobre o cimo azul das serras nebulosas,
Hesitante, a manhã coroada de rosas
Agita os leves pés, e fica a palpitar
Sobre as asas de luz, como quem quer voar.
Olha! Mais um momento, um rápido momento,
E o dia sorrirá por todo o firmamento!
Adeus! Devo partir! Partir para viver...
Ou ficar a teus pés para a teus pés morrer! - dito isso larguei nossas mãos e virei lhe dando as costas.

– Não é o dia! O espaço inda se estende, cheio
Da noite caridosa. – disse Bell vindo correndo até mim e abraçando minhas costas. - Exala do ígneo seio
O sol, piedoso e bom, este vivo dano
Sé para te guiar por entre a cerração.
Fica um minuto mais! Por que partir tão cedo?

– Mandas? Não partirei! – disse virando meu corpo para ela, afastando nossos corpos e segurando seu rosto em minhas mãos aproximando meu rosto do seu. - Esperarei sem medo que a morte, com a manhã, venha encontrar-me aqui!
Sucumbirei feliz, sucumbindo por ti!
Mandas? Não partirei! Queres? Direi contigo
Que é mentira o que vejo e mentira o que digo!
Sim! Tens razão! Não é da cotovia a voz
Este encantado som que erradia em torno de nós!
É um reflexo da lua a claridade estranha
Que aponta no horizonte acima da montanha! – disse apontando para a grande figura da janela que antes era noite agora apontava os raios de um lindo amanhecer. - Fico para te ver, fico para te ouvir,
Fico para te amar, morro por não partir!
Mandas? Não partirei! Cumpra-se a minha sorte!
Julieta assim o quis: bem-vinda seja a morte!
Meu amor, meu amor! Olha-me assim! Assim! – dito minhas palavras, Bell desvencilhou seu rosto de minhas mãos e se afastou.

– Não! É o dia! É a manhã! Parte! Foge de mim! – Bell se distanciou mais de mim, mas olhava-me profundamente. - Parte! Apressa-te! Foge! A cotovia canta
E do nascente em fogo o dia se levanta
Ah! Reconheço enfim estas notas fatais!
O dia! ... A luz do sol cresce de mais em mais
Sobre a noite nupcial do amor e da loucura!

– Cresce... E cresce com ela a nossa desventura! – Disse aproximando-me rapidamente de Bell e depositando um leve beijo em seus lábios. Essa ação não fazia parte da cena, mas eu senti que necessitava de um desfecho mais dramático e romântico para nossa atuação.

Assim que me aproximei para beija-la, Bell ficou muito surpresa, mas mesmo assim correspondeu.

Quando nossos lábios se encontraram, uma espécie de choque elétrico passou pelo meu corpo. Mesmo beijando-a por um curto espaço de tempo, pude sentir o quanto seus lábios eram doces e viciantes.

O que é isso que cresce em meu peito?

Afastei nossas faces, agarrei sua mão e juntos fomos em direção à beira do palco para agradecer. Nesse momento todos da plateia se levantaram para aplaudir nossa impecável apresentação.

Fizemos um gesto de agradecimento e quando estávamos prestes a sair do palco.

– EDWARD ESTÁ DE MALHA! – cantarolou Emmett liderando o time de futebol para começarem a cantar.

Devo ter ficado vermelho de tanta vergonha, pois meu rosto queimava da raiva que estava sentindo.

Já queria matar Emmett por ter quebrado meu nariz, agora quero torturá-lo até a morte.

Enviei um olhar fulminante para Emmett, que ria descontroladamente, e sai do palco em passos apertados.

– Edward, não ligue para Emmett. Ele só tem tamanho. – disse Bell vindo atrás de mim e segurando meu braço. – Quero lhe perguntar uma coisa.

Quando Bell estava preste a fazer a pergunta, o professor vem correndo em nossa direção com os olhos cheios de lágrimas.

– Edward e Isabella, vocês foram os melhores que eu vi até agora. Estou muito orgulhoso de ser professor de vocês. Com certeza ganharam a nota máxima nesse trabalho. Quem teve essa brilhante ideia de dramaturgia? – disse o professor Grossman todo empolgado.

Empolgado até demais! Estranho!

– Er...Nós dois professor. – disse meio envergonhado.

– Ficou maravilhoso. Confesso que fiquei preocupado com a reação de vocês quando souberam que fariam o trabalho juntos, mais isso foi perfeito. Parabéns. Se vocês precisarem de ajuda em qualquer coisa podem falar comigo, estarei disposto a ajudar vocês no que precisarem, certo? – disse intercalando suas olhadas para Bell e eu.

– Pode deixar professor. – disse Bell visivelmente constrangida.

– Agora tenho que agitar o resto do pessoal. Até segunda meus amores. – disse correndo para o camarim feminino.

– Acho que ele gostou. – disse Bell piscando os olhos para mim e se afastando também para o camarim feminino.

– Bell você não queria me perguntar algo? – perguntou muito curioso. Nesse exato momento o rosto de Bell ficou corado.

Já disse que ela fica linda corada?

– Depois nós conversamos. – dito isso, entrou no camarim.

X-X

Já devidamente vestido, saí do camarim e esperei Bell terminar de se arrumar.

Uns cinco minutos depois, ela aparece com trajes totalmente diferentes do anterior. Obvio, quem sairia de Julieta por ai? Apesar de que ela ficou realmente linda com aquele vestuário.

–Juro que prefiro você de Julieta. – brinquei assustando-a.

–Nossa! Não tinha percebido você parado aí, pensei que já estivesse do lado de fora com seus pais. – respondeu corada.

–Resolvi esperar a donzela. – disse fazendo-a ruborizar ainda mais.

–De donzela não tenho nada. – comentou parando ao meu lado.

–Por quê?

– Ao meu ponto de vista, donzelas são indefesas, dóceis, meigas, carinhosas, amorosas e esperam seus príncipes, sabendo que eles viram para salva-las. – dizia enquanto caminhávamos. – Totalmente o meu oposto.

–Discordo. – disse. – Pode ter certeza que você é a pessoa mais doce, carinhosa, meiga e amorosa que já conheci, mas de indefesa você não tem nada! – rimos. – E se o problema for à falta de um príncipe encantado... Aqui está ele.

–O quê? – perguntou sorrindo.

–Príncipe Edward Cullen, ao seu dispor! – disse parando á sua frente curvando-me em cumprimento.

–Receio ter que explorá-lo príncipe Edward! – disse Bell sorrindo.

–As ordens querida dama.

Gargalhamos de nossa brincadeira.

–Você é muito bobo! – disse encaixando seu braço no meu.

Voltamos a caminhar para fora do teatro. Ao chegar à entrada do mesmo, tivemos uma pequena surpresa.

Nossas famílias conversavam alegremente, como se fossem velhos amigos. Emmett – leia-se: o cadáver. – Jasper, Rosalie e Alice, participaram da conversa igualmente animados, risonhos.

Nos olhamos confusos e resolvemos ir até eles.

–Posso saber o que tanto vocês conversam? – perguntei interrompendo-os.

–Oh! Romeu e Julieta chegaram! – disse uma mulher de cabelocastanho escuro e olhos azuis. Supus ser mãe da Bell. – Aproposito, meu nome é Renée Swan e esse é meu marido Charlie Swan. – apresentou-se apontando para um homem de cabelos pretos e olhos chocolate, idênticos ao de Bell.

–Prazer, Edward! – cumprimentei-os. – E quem é essa gracinha aqui? – perguntei apontando para uma menina que tentava se esconder atrás da senhora Renée.

–Filha, apresente-se, não precisa ficar com vergonha. – disse Charlie sorrindo.

A menina, ainda hesitante, saiu de seu “esconderijo” e parou a minha frente.

Surpreso, vi a semelhança. Era praticamente uma Bell mirim.

–Então, princesa, qual é o seu nome? – perguntei agachando a sua frente.

Retraiu-se um pouco, mas não recuou.

–Marie Swan, sou irmã de Bell. – sussurrou com a voz fininha.

–Porque não me contou que tinha uma irmã Bell? - perguntei olhando-a.

–Você nunca perguntou! – deu de ombros sorrindo.

Olhei novamente para a menina e suas bochechas ganharam um tom de rosa claro. Nossa! Como se já não fossem idênticas.

–Você é igual a sua irmã!

– Obrigada. – agradeceu. Franzi o ceio. – Para mim é um elogio! – percebendo minha confusão completou.

–Nossa, além de linda é esperta. – sorri.

Marie sorriu levemente, ruborizando com mais intensidade.

–Edward, pensei que você ficaria com a saia, pareceu que você gostou bastante de usá-la. – provocou Emmett gargalhando.

–Você não perde por esperar Emmett! – ameacei sorrindo maquiavélico.

Ignorando-nos, Esme se pronunciou:

–Que tal um jantar? – sugeriu minha mãe. – Vamos á um restaurante que abriu em Port Angeles?

–Claro, adoraríamos. – concordou Renée sorrindo.

–Então vamos indo! – disse Carlisle começando a caminhar pelo estacionamento.

Bell pegou sua irmã no colo e andou em direção ao carro de sua família.

–Bell, não quer ir junto comigo? Vim com meu carro. – sugeri surpreendendo-a. – Pode trazer Marie junto.

Indecisa, olhou para seus pais. Esses afirmaram com a cabeça sorrindo.

–Tudo bem. – concordou.

Abri a porta para sua passagem e essa sorriu, entrando em meu Volvo com Marie.

Logo adentrei ao lado do motorista.

Dei partida e rapidamente pegamos a estrada indo em direção á Port Angeles.

Depois de um tempo em um silencio agradável, resolvi conhecer mais da família de Bell.

–Então Marie, quantos anos têm?

Distraída mexendo no cabelo de Bell, respondeu-me:

–Tenho cinco anos. – respondeu olhando-me.

–E quando você faz aniversario?

–Dia treze de agosto, um mês antes do de Bell. –sorriu.

–Hum... Então á Bell faz aniversario dia treze de setembro, estou certo?

–Isso mesmo. – concordou. – E você, nasceu que dia?

–Dia vinte de junho.

–Está chegando, vai fazer festa? – perguntou repentinamente alerta.

–Marie! – repreendeu Bell. – Desculpe, essa menininha aqui adora festa.

–Não se preocupe. – disse sorrindo. – E Marie, agora vai ter festa. Não ia não, mas vou fazer uma por sua causa.

–Serio? – afirmei. - Viu Bell, ele vai fazer uma festa por minha causa, está ouvindo? – dizia pulando animada no colo de Bell. – Seu namorado é muito legal!

Vi de relance Bell arregalar os olhos e ruborizar intensamente.

Por mais estranho que fosse, essas palavras tiveram um grande impacto sobre mim.

Meu coração acelerou e minhas mãos tremeram levemente fazendo-me apertar mais o volante.

Estou corado? DROGA!

–Hum... Marie, Edward não é meu namorado. – declarou Bell constrangida. – Ele é meu amigo.

–Não? – perguntou olhando-nos confusa. – Pensei que era, desculpe! – desculpou-se dando de ombros.

–N-não tem problema! – Merda, agora estou gaguejando!

Tem como piorar?

Ouvi Marie sussurrar no ouvido de Bell.

–Ele bem que podia ser seu namorado. – cochichou baixo. – Ele é muito bonito para ser só seu amigo!

Engasguei com a saliva, certamente me entregando.

–Tudo bem Marie, fique quietinha! – disse Bell rapidamente virando-se para a janela.

Depois disso, a viagem se seguiu silenciosa.

Marie havia pegado no sono, mas Bell e eu não tínhamos coragem de quebrar o silêncio. Certamente constrangidos demais para um dialogo coerente.

X-X

Nesse momento, sentado á frente de Bell, sobre uma enorme mesa de um restaurante em Port Angeles, olhava o cardápio sofisticado.

Rapidamente, uma garçonete com um uniforme exageradamente curto veio recolher nossos pedidos.

Ficou evidente para todos Emmett flertando com a mulher e essa devolvia mostrando avidamente seu interesse.

Ao meu lado, ouvi Rosalie bufar. Parecia brava.

CIÚMES! Essa era a palavra correta. Mas o idiota não percebia que uma loira estonteante, muito mais linda do que a própria garçonete, estava gostando dele.

Esses dois vivem literalmente “Entre tapas e beijos”.

Ô povo doido, cruzes!

Em um surto de piedade, resolvi ajudar Rose á afastar a mulher das garras do brutamonte desprovido de inteligência e aproveitaria para me vingar de suas piadinhas infames e inconvenientes. Mataria dois coelhos com uma cajadada só.

Brilhante!

–Rose! – sussurrei para que Emmett não escutasse. Apesar de que ele estava bastante entretido conversando com a garçonete que já havia retornado.

–O que é? – perguntou rispidamente.

Nossa! O ciúme leva a pessoa á ser grosseira. Quanta hostilidade!

Decidi ignorar sua ignorância.

–Ajude-me a me vingar de Emmett? – sugeri.

–O quê? – perguntou confusa.

–Sei que você está se remoendo por dentro vendo o idiota ali paquerando a garçonete. – sussurrei. – Podemos deixar Emmett envergonhado e afastá-lo da mulher. Ficaremos os dois satisfeitos.

–Eu não estou com ciúmes! – declarou frustrada.

Resmunguei.

–Você quer enganar á quem? Sei que gosta dele, então pare de tentar negar a si mesma e a mim. – sussurrei indignado. – Deixe de bobeira e me ajude!

–O que eu ganho com isso? – Ô mulher interesseira, Deus!

–Minha eterna gratidão? – sugeri lançando lhe meu melhor sorriso.

Revirou os olhos.

–Ah, deixa de ser teimosa e me ajude, você vai poder lutar para conquistar o Emmett sem interrupções.

Suspirou olhando-o.

Por fim sorriu e disse:

–Tudo bem, o que eu faço? – perguntou.

Sorri maquiavélico explicando lhe meu plano. A mesma pareceu gostar bastante, pois ficou eufórica.

–Ok, vamos começar! – permiti.

Afirmou e começou a encenação.

–EMMETT, COMO PODE FAZER ISSO COMIGO? – gritou Rose chamando a atenção de todos no restaurante, inclusive a da garçonete.

Controlei o riso.

–O que houve Rose? – perguntou Emmett confuso.

–COMO VOCÊ TEM A CORAGEM DE DAR EM CIMA DESSA... DESSA... DESSA COISA QUE ACHA QUE É MULHER! – berrou.

–Hei, olha como você fala comigo! – disse a garçonete olhando-a raivosa.

Nossa, vai rolar briga!

–OLHA AQUI VOCÊ SUA BARANGA SEM CLASSE, COMO VOCÊ DÁ EM CIMA DE UM HOMEN COMPROMETIDO? – gritou Rose se levantando de sua cadeira e ficando de frente para a mulher que bufava.

–O QUÊ? – foi à vez de Emmett interferir.

–NINGUÉM TE CHAMOU AQUI! – gritou Rose. – VOCÊ É O QUE MAIS ESTÁ ERRADO NESSA HISTÓRIA SEU IDIOTA! CINCO ANOS DE NAMORO ACABADOS POR ISSO? – apontou para a garçonete. – DEPOIS DE TUDO QUE PASSAMOS JUNTOS, DAS NOITES MARAVILHOSAS QUE TIVEMOS, VOCÊ ME TROCARÁ? - perguntou incrédula com os olhos cheios de lagrimas. Realmente ela sabe atuar! - SE VOCÊ NÃO QUER, TEM QUEM QUEIRA!

Surpreendendo a todos, homens levantaram-se de suas cadeiras, gritando:

–EU QUERO!

–EU TAMBÉM!

–SE ELE NÃO QUER, DEIXE COMIGO PRINCESA!

Vi Emmett ficar visualmente nervoso com os comentários.

–NINGUÉM QUER NADA AQUI! ELA É MINHA! – gritou Emmett agarrando Rose e lascando lhe um beijo constrangedor.

O resmungo foi coletivo:

–AH, DROGA! – gritou alguns homens sentando-se novamente.

Bell e Alice olhavam a cena boquiabertas. Jasper prendia o riso. Nossos pais apenas olhavam tudo horrorizados.

Não consegui controlar mais, comecei a gargalhar estrondosamente. Minha barriga doía, rapidamente lagrimas escorriam por minha face.

Alice olhava-me incrédula.

–Qual é a graça? – perguntou.

–Depois eu te conto. – disse gargalhando. – Mas te garanto que é muito engraçado!

Rose e Emmett enfim pararam a sessão proibida para menores e voltaram à mesa envergonhados.

– Rose, vamos ao banheiro agora. Bell você também pode vim. – disse Alice super mandona. As meninas se levantaram e foram ao banheiro.

Emmett estava com um sorriso bobo nos lábios e Jasper estava ainda segurava o riso.

– Ganhou o dia hoje em Emmett. – disse Jasper. – Se você e minha irmã vão namorar não quero ficar sabendo da vida intima de vocês, ok?

– Cara, eu sinceramente nem sei o que aconteceu agora. Só sei que sempre fui apaixonada por ela, mas nunca tive coragem de falar, agora pode ter certeza: Ela não me escapa! – disse Emmett piscando os olhos para Jasper.

Nesse momento as meninas voltaram rindo alto.

Nossos pais já conversavam como se nada tivesse acontecido e a garçonete tinha trocado a mesa com um garçom.

Meu plano saiu melhor do que eu esperava.

X-X



O jantar finalmente havia terminado. Agora, estávamos caminhando pelo estacionamento á procura de nossos respectivos carros.

Bell estava ao meu lado, segurando sua irmã adormecida nos braços. Meu braço estava circulando sua cintura, impedindo que qualquer espaço entre nós permanecesse.

Quando me lembrei de algo:

–Bell, você ainda não me disse o que queria perguntar. – comentei olhando-a.

Sua reação foi estranha; Ela arregalou seus lindos olhos chocolate e corou violentamente.

–Não é nada, esquece!

–Ah não, não vai me deixar curioso vai? – perguntei.

–Não... Quer dizer, tudo bem! – enrolou-se com as palavras. Porque ela estava nervosa? – Bom, eu... Eu queria saber... Por que... Hum... Você me beijou?

Paralisei.

Droga, porque eu não consigo dizer nada?

Não sabia o que lhe responder.

Que tal a verdade? – pensei. – Mas qual é a verdade?

Percebi que Bell finalmente olhou para meu rosto, certamente aguardando minha resposta.

–Então, eu achei que deveria fazer um final diferente para nossa apresentação. – expliquei constrangido. –Sabe, dar um final romântico, só isso!

–Ah, atuação, é claro! – sussurrou.

Seus olhos de repente ficaram tristes, magoados.

Não sabia o porquê de ela ter ficado daquela forma, mas não gostava de vê-la daquele jeito, sem seu maravilhoso sorriso sempre estampado em seu rosto.

Reavaliei minhas palavras, mas não encontrei nada que pudesse justificar sua mudança de humor.

Percebendo que eu a analisava, baixou seu rosto, escondendo-o de mim.

–Filha, vamos! – chamou sua mãe.

Pensei que ela se despediria, engano meu.

Simplesmente deu-me as costas e saiu.

Mas antes que pudesse esconder, vi algo brilhar sobre seu rosto. Uma lágrima. Ela chorava!

Um aperto em meu peito fez-me cambalear levemente.

–Deus! O que eu fiz? – sussurrei olhando-a se distanciar.



X-X

A noite estava excessivamente fria para a primavera. Árvores balançavam violentamente, deixando galhos e folhas caírem sobre o chão lamacento e encharcado, tamanha era à força do vento. Esse fazia um zumbido arrepiante.

A neblina e a escuridão eram espessas, somente clareadas pelos relâmpagos luminosos, dando um ar assustador ao local.

Os únicos barulhos que se ouviam, eram os trovões barulhentos e o farfalhar de meus pés batendo contra o chão empossado.

Meu corpo esgotado e encharcado pela chuva grossa que caia, impedia-me de correr mais rápido. Minhas roupas molhadas, pesavam, requerendo mais esforço físico para ir adiante.

Minha respiração ofegante era audível á meus próprios ouvidos. Meus olhos marejados impediam-me de enxergar um palmo á minha frente.

Mesmo assim, continuei correndo, procurando, sentindo uma dor rasgar meu peito.

O cemitério estava vazio, ninguém por perto, ninguém a vista.

Assustado e desesperado, continuei a procurar avidamente pelas lápides escuras e arcaicas.

Até que meu pé se prende em uma raiz presa ao solo e caio deitado ao chão, sujando-me de uma lama barrenta.

Soluços subiam por minha garganta sufocando-me.

Levanto meu olhar e vejo. O que tanto procurei estava diante á mim.

Observo a grande lápide com um aperto no peito.

Lágrimas quentes escorrem por meu rosto. Soluços fortes e angustiados escapam por meus lábios enquanto leio as dizeres gravados:

Isabella Swan, maravilhosa menina...

Grande mulher!

De 13 de setembro de 1992 á 15 de setembro de 2010.

Um trovão iluminou o céu.

Levantei-me do chão e com dificuldade, dirigi-me ao túmulo de meu amor. De minha amada;

–Bell, por quê? – sussurrei com a voz falha e rouca. – Você prometeu, lembra-se? Disse que nunca iria me deixar, nunca iria ficar longe de mim. Mas você não cumpriu essa promessa , deixou-me aqui, sozinho. Sem você!

Lágrimas escorriam livremente por minha face, demonstrando toda minha dor.

–Sinto tanto sua falta! De seu sorriso, de seus olhos chocolate brilhantes, de sua voz, de seus lábios doces. – sussurrei sorrindo em meio á angustia. – Você ficou tão pouco comigo, tão injusto!

Ajoelhei-me.

–Pediu para não te esquecer, como se você ainda está em meu coração? Em minha mente, em minhas lembranças. – disse passando os dedos pelas palavras gravadas no túmulo. – Agora eu peço você não me abandone, que não me esqueça! Porque para mim, você está mais viva do que nunca. Em meus sonhos, em meu coração partido meu amor! Ser feliz? Como sem você aqui? Você é única!

Um soluço, um trovão, uma lágrima.

–Eu te amo Isabella Swan, para sempre! – sussurrei. – PARA SEMPRE! – gritei a plenos pulmões.

Morta, era assim que á mulher da minha vida estava e assim que eu me encontrava. Morto!”

–NÃO! – gritei sentando-me na cama.

Estava suado e assustado. Minhas mãos tremiam e meus olhos estavam marejados.

Deus! Que sonho foi esse?

Com o coração apertado, deitei-me novamente na cama cobrindo-me por inteiro.

Um pesadelo, um terrível pesadelo! – repetia para mim mesmo.

Mas se foi somente minha imaginação, porque eu estou com um pressentimento ruim?


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