Mudando o Jeito de Viver escrita por Mayara Paes


Capítulo 8
O7 - Aproximação repentina: Parte 2 (Bell).




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"Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção."



Nesse exato momento, encarava uma menina com uma
expressão incerta. Seus olhos transbordavam incredulidade e expectativa.



Era exatamente o que eu sentia no momento.
Incerteza de que era certo o que eu estava prestes a fazer, incredulidade por
eu ter aceitado e expectativa, pois simplesmente não sabia o que esperar dessa
noite.



Alice havia atacado meu lado mais fraco,
apelou para meu lado emotivo. E antes que eu pudesse sequer me refrear, já
pedia seu endereço.



Não percebi, mas no momento que eu aceitei,
estava assinando algo irredutível.



Ela foi clara em sua pequena ameaça.



–Saiba que
estarei disposta á ir te buscar se você não aparecer nesse horário. –
Não
conhecia Alice o suficiente, mas algo me dizia para não subestima-la.



Até cogitei a hipótese de ligar para sua casa
e inventar algo, mas logo depois lembrei que não tinha seu número.



Não havia escolha;



Não havia mais volta.



Suspirei ajustando meus trajes impecáveis.



Estava bastante informal para um simples
jantar com amigos desconhecidos.



O vestido azul turquesa realçava bastante em
minha pele clara, calçava uma simples sandália baixa prata. Meu cabelo estava
natural, liso até a cintura, terminando em cachos largos e luminosos.



Não havia necessidade de maquiagem, somente
um singelo brilho labial era o suficiente.



Peguei minha pequena bolsa igualmente prata e
olhei para meu relógio de pulso. Marcava 19h35min. ESTÁ NA HORA!



Minhas mãos suavam e minhas pernas bambearam.



Droga, parece que nunca fiz isso antes!



–Tudo vai dar certo, tudo vai dar certo! –
repetia como um mantra.



Ainda resmungando, desci as escadas
lentamente para não cair. Apesar de estar com um sapato baixo, ainda era normal
para mim rolar escada abaixo independente de meu vestuário. Não seria nada
legal um hematoma agora!



Meus pais estavam sentados juntos no sofá
vendo algo banal na televisão, enquanto Marie desenhava, sentada frente à mesa
de centro.



–Estou indo! – avisei ainda relutante.



–Oh! Minha querida, até quem fim alguém
conseguiu tirar você de casa. Enfim, você tem amigos. Você não sabe o quanto
isso me deixa feliz. - Disse minha mãe visivelmente emocionada com a situação,
até eu me sentia assim, afinal de contas já fazem sete anos que eu não tenho um
amigo de verdade.



–Você está linda Bell! – comentou Marie
sorrindo.



–Obrigada pequena! – sorri.



–Pode ir querida, mas cuidado com a hora e
não volte muito tarde. – Disse meu pai. Olhei para o relógio, já marcavam 19h45min,
deu um pulo e fui correndo para a porta.



–Prometo não chegar tarde. Beijos. Qualquer
coisa me ligue. – pedi pondo o casaco e correndo para a garagem.



Dirigi um tanto rápido até o endereço que
Alice havia me dado, confesso que estava com medo de me atrasar e a mesma fazer
alguma loucura. A casa dela ficava próxima à escola, isso me daria uns 15 min
para chegar lá.



Coloquei uma música para tentar bloquear meus
pensamentos, pois estava farta de minhas discussões internas.



Os minutos passaram rápido, mais rápido até
do que eu esperava.



Logo eu estava em frente a uma mansão digna
de artistas. A residência da família Cullen.



Uma casa - se assim pode ser nomeada -
charmosa. Tinha exatamente três andares. Era totalmente revestida de uma
madeira lustrosa. A porta, assim como as janelas, era de vidro, todas
revestidas com madeira branca.



Toda essa fachada era apenas um contraste
comparado ao imenso jardim frente a “casa”.
Árvores deixam o ambiente descontraído, dando um ar familiar e
acolhedor.



Havia pequeno balanço no meio do mesmo,
deixando a paisagem juvenil.



Simplesmente perfeita.





Ainda deslumbrada peguei minha bolsa, dei uma
última olhada no visual e caminhei cautelosamente em direção à pequena varanda.



Quando estou frente á porta, pronta para
tocar a campainha, a mesma se abre. Dei um pulo com essa ação inesperada. Quem
a abrira fora Allie, com o rosto igualmente assustado.



–Oh Bell! Já estava indo até sua casa te
arrastar até aqui. – Disse ela com um grande sorriso no rosto.



–Eu lhe disse que viria não disse?



–Vamos entrar meninas. – Disse uma linda
mulher de cabelos castanhos e olhos expressivos atrás de Allie. Mãe deles.



Nossa, Edward é exatamente igual á ela! – pensei
surpresa com a semelhança.



–Mãe, quero que conheça Bell, minha mais nova
melhor amiga. – Ela deu ênfase nas
palavras Melhor Amiga, confesso que fiquei feliz com isso e tenho certeza que
meu rosto se iluminou.



–Oi Bell, meu nome é Esme, sou mãe de Alice e
Edward como ela mesma já disse. Entre por favor. – Disse com um enorme sorriso
em seus lábios demostrando alegria por minha presença.



Será que Allie ou Carlisle contou a ela sobre
a doença?



–O prazer é todo meu. – Disse timidamente com
o olhar no chão, como de costume.



–Já irei servir o jantar e logo após você
poderá ficar livre para fazer outra coisa que Alice inventar. - dito isso, Esme
se afastou entrando em uma enorme sala de jantar.



Observei totalmente surpresa e...
Deslumbrada, era a única palavra que definia no momento.



Assim como a fachada, o interior era
igualmente revestido de madeira e vidro. Os cômodos eram bem iluminados e
bastante arejados. Podia sentir a leve brisa correr por entre os corredores.



Os moveis eram quase sempre brancos ou em
tons de bege. As estantes eram de madeira branca, sempre acomodando aparelhos
eletrônicos de ultima geração.



Nesse momento, entrava em um cômodo
totalmente diferente de toda a residência. As paredes eram de um rosa gritante,
com flores pintadas em branco na parede central do aposento. Havia uma enorme
cama de casal no centro do local, forradas com um edredom igualmente rosa. Como
se o quarto em si não chamasse atenção o suficiente.



Sim, esse obviamente era o quarto de Alice.



Sempre extravagante e exageradamente linda.



–Realmente pensei que você não viria! –
comentou risonha. Sua felicidade era quase palpável, como decepciona-la?
Simplesmente não sei.



–Quando eu digo que vou, é porque eu vou,
nunca duvide disso! – garanti sorrindo.



–Você já estava atrasada e eu estava
impaciente, então não ajudava muito. – explicou sentando-se em sua cama.



–Allie, eu estava atrasada cinco minutos, não
cogitou a hipótese de eu ter pegado um transito movimentado até aqui? –
brinquei.



–Transito? Em Forks? – debochou. – Nem em um
milhão de anos.



–É, tenho que concordar.



Rimos.



Retirei meu casaco e junto com minha bolsa,
depositei-os sobre a cama.



–Nossa, quanta Música! – comentei, olhando os
inúmeros CDs sobre uma gigantesca estante.



–É, gosto bastante. Faço coleção. – disse
rindo.



–Você tem um gosto bastante... Peculiar! –
comentei olhando nomes como Muse, Paramore, Oasis e Lady Gaga.



–Ah, vai dizer que Oasis e Muse são ruins.
Eles são incríveis, conseguem compor músicas voltadas para a emoção e ao mesmo
tempo deixá-las em um ritmo agitado, é exatamente o jeito que eu gosto. -
defendeu seus fascínios.



–Não gosto muito de músicas agitadas, sou
mais clássicos. Melodias lentas e calmas. Essas sim demostram emoção.
–expliquei vendo-a fazer uma careta.



Sorri.



–Nunca imaginei alguém como o Edward. – comentou.



–Como assim? – perguntei confusa.



–Meu irmão é totalmente antiquado, não parece
um adolescente normal. Prefere ficar em casa lendo um livro do que sair para
alguma festa. – dizia Alice. – Ele simplesmente
adora música clássica. Se algum dia você for ao quarto dele, verá que não estou
exagerando.



Bestificada com essas informações, não
consegui pronunciar nenhuma palavra, apenas a observava surpresa.



–Sempre brinco, dizendo que ele é do tempo do
Romeu! – gargalhou. – Apesar de que ele não leva isso como uma ofensa, mas o
que vale é a intenção. – deu de ombros.



–Nossa, nunca me passou pela cabeça que
Edward seja um menino reservado! – comentei sem pensar.



–Ao que parece, vocês tem muito em comum. –
disse olhando em meus olhos.



–O que
está insinuando? – perguntei confusa.



–Eu? Nada, nada! - desconversou sorrindo maliciosamente.



Alice escondia algo e eu estava disposta a
descobrir.



–Pode começar a dizer. – pedi.



–Dizer o que? – Se fez de desentendida.



–Alice, posso te conhecer a pouco tempo, mas
sei quando você está fugindo de um assunto e eu quero saber agora! Eu te contei
meu maior segredo. – ordenei emburrada.



–Não estou escondendo nada Bell, você que
está imaginando coisas onde não existem! – tentou me persuadir, o que não deu
muito certo.



Quando eu ponho algo na cabeça, ninguém
consegue tirar e agora não iria ser diferente.



–O que você realmente queria dizer? – insisti
mostrando-a que eu era irredutível.



–Realmente? Como assim? – perguntou.



–Percebi que havia algo mais naquela frase,
você está camuflando coisas que só você sabe e não quer me contar. – expliquei.



–Bell eu não... – tentou novamente, mas
percebi que iria mentir, então logo a interrompi.



–Alice, não minta para mim! – exigi cruzando
os braços.



–Só estou dizendo que não estou escondendo
nada que você queira saber no momento. – explicou me confundindo novamente.



–Hã?



–Você saberá no futuro. – dizia frases
enigmáticas, totalmente sem sentido para mim.



–Esqueceu que o futuro para mim é incerto,
que talvez até não exista amanhã! – expliquei indignada.



–Vire essa boca para lá Bell, cruzes. –
percebi que ela estremeceu levemente. – Acredite em mim, será em breve, muito
breve.



–Você está me confundindo cada vez mais! –
murmurei frustrada.



–Bellzinha, tenha paciência! – sorriu
simpática.



Bufei.



Foi quando escutamos um grito aparentemente
vindo do andar de baixo.



–ALICE! – chamou Esme. – VENHA ATÉ AQUI ME
AJUDAR COM O JANTAR!



–JÁ VOU MAMÃE! – berrou deixando-me surda. –Venha,
vamos ajudar minha mãe à por o jantar na mesa.



–Ok! – sussurrei vencida.



Alice empurrou-me para fora de seu quarto.
Andávamos calmamente pelo longo corredor em direção as escadas.



Estávamos prestes a descê-la, quando lembrei-me
de algo.



–Allie, esqueci minha bolsa e meu casaco em
seu quarto.



–Vá lá
busca-los, vou descer primeiro para adiantar o jantar com minha mãe. – disse
descendo os primeiros degraus.



–Tudo bem! – concordei um pouco relutante.



Tinha a leve impressão de que esta casa era
tão grande em seu interior, que a qualquer momento eu poderia me perder por
entre os inúmeros corredores e nunca mais ser encontrada.



Ri de meu pensamento paranoico.



Cautelosamente, retornei ao quarto e recolhi
meus pertences esquecidos.



Sai, fechando a porta atrás de mim e voltei
em direção às longas escadas.



Enquanto caminhava, escutei ao longe algo
diferente.



Parecia uma canção sendo testada, pois alguns
acordes não se encaixavam corretamente.



O som vinha do fim do corredor.



Curiosa, segui em direção ao som, que
conforme me aproximava, ficava mais elevado, mais acentuado.



Enquanto andava com uma lentidão exagerada,
pude ouvir que havia alguém cantando junto á melodia. Em uma sintonia perfeita,
ambos se misturavam em uma combinação exata.



Ainda estava longe para consegui distinguir a
letra da música.



Hipnotizada, apertei os passos, ansiosa para
ver o dono da linda voz.



Paralisei em frente a uma das inúmeras portas
somente nesse corredor imenso. Exatamente a ultima.



Certamente a música vinha de dentro do local.



Meu coração palpitava frenético em meu peito,
minhas pernas bambearam e minhas mãos suavam, repentinamente nervosa.



Levantei minhas mãos, pronta para empurrar a
porta já entre aberta. O que facilitava um pouco as coisas.



Isabella
Swan, não se atreva a fazer isso! Como você iria se sentir se te observassem
sem você perceber? Está parecendo uma velha fofoqueira! –
advertiu minha
mente, o lado mais sensato. Se é que eu tenho um.



Abaixei minhas mãos.



Ah,
deixe de bobeira, será apenas uma olhada para matar a curiosidade, afinal,
Edward já te observou e você viu que não foi nada demais! –
reclamou meu
lado curioso.



Levantei as mãos em direção á porta.



Lembre-se
que a curiosidade matou o gato! –
lembrou-me.



Baixei as mãos.



Mas
nós não somos um animal, muito menos um gato, então ande logo e veja o dono
dessa maravilhosa voz! –
ordenou impaciente.



Levantei novamente as mãos.



Pare
com isso! Não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você! –
repreendeu-me
usando um argumento que eu diariamente usava.



Suspirei virando as costas e dando os
primeiros passos para longe daquele bendito lugar.



Bellzinha
e como fica nossa curiosidade? Você não quer saber quem é o glorioso cantor?
Sabe que irá se arrepender depois não sabe? Nos deixará mesmo com essa duvida
cruel?
– insistiu meu lado imprudente.



Virei novamente para a porta, mordendo os
lábios em duvida.



Ninguém
irá nos ver! –
garantiu. – Apenas uma
olhada!



Cansada de meu conflito interno, resolvi por
fim ver quem ainda cantava dentro daquele lugar. Afinal, ninguém iria notar
minha presença e antes que fizesse, eu já estaria bem longe.



Satisfeita, empurrei lentamente a porta,
finalmente revelando o que eu tanto ansiava descobrir.



Com certa surpresa, vi que era Edward,
sentado em frente a um enorme e brilhoso piano de calda envernizado.



Ele tocava facilmente, parecendo ter mais do
que apenas um par de mãos ágeis.



Tocava enquanto cantava divinamente. Então,
ele era o dono da voz.



E que voz! –
pensei.



A letra era... Espere um pouco, eu conhecia
essa composição!



Era a minha composição, a música que eu havia
perdido na escola. Minhas suspeitas finalmente se confirmaram. Ele havia
encontrado a folha que eu tanto procurei.



Agora ele sabe o que eu senti, minhas emoções
tão bem escondidas, descoberta por um homem que mal conheço.



Mas porque ele estava tentando criar uma
melodia que se identificasse com a minha música? Qual o fundamento? O que ele
ganharia com isso?



Novamente tenho questões sem respostas,
enigmáticas.



Foram essas perguntas que me impediram de dar
meia volta e sair o mais rápido possível deste lugar, meus pés não se moviam.
Estava paralisada no batente da porta vendo e ouvindo tudo que ele fazia.



Eu me sinto tão sozinha,
revirando as minhas coisas. Procurando um caminho, despedir das minhas dores.
Se você está me ouvindo, me arranje uma saída. Eu me sinto tão sozinha. -
deu uma pequena pausa para escrever algo em um papel.



Tinha que admitir, a canção combinava perfeitamente com a letra.



E sua voz dava um acabamento diferente.



Tudo se completava, tudo se encaixava em uma sincronia quase
perfeita.



Solidão.
Solidão que me assombra todo dia. Está assim, tão perto deu enlouquecer.
Solidão. Solidão que me segue todo dia. Está assim, tão longe deu sobreviver . –
completou
escrevendo novamente.



–Isso ainda é o começo, tenho muito pra sofrer. Está difícil de
agüentar. Eu só tinha um desejo, ser feliz o quanto durar. –
cantou, seu
olhar estava longe, como se tivesse lembrando de algo.




Quando se está sozinha, ninguém ao seu lado
quer estar, e quando em um quarto escuro, a solidão, me faz chorar...e quando
triste estou, não sei mais...
Droga, nunca consigo essa parte! – reclamou
parecendo frustrado por não consegui completar sua cantoria.



Sem querer, esbarrei na porta o que á fez
fazer um barulho. Tentei para-la para cessar o som que se seguia e não deixar
Edward me ver, mas já era tarde demais. Quando finalmente consegui, levantei
meu olhar e imediatamente me arrependi de estar ali.



Edward que até então estava de costas para
mim, agora estava virado na minha direção, com uma olhar penetrante. Parecia um
misto de admiração e alegria, não sabia ao certo.



O susto foi tão grande, que sem pensar
comecei a dar passos para trás sussurrando desculpas, pedindo-lhe desculpas por
estar ali, olhando algo tão pessoal.



Mas como toda desgraça é pouca para mim,
acabei prendendo minha sandália no carpete e antes que pudesse me segurar em
algo, fui com tudo ao chão. Literalmente cai de bunda.



–Aiiiiii! – gritei pela dor do impacto. –
Caramba... Doeu! – reclamei massageando meu quadril agora dolorido.



Ouvi passos apresados e rapidamente Edward
estava na porta, olhando-me preocupado.



–Bell você está bem? Machucou-se? – perguntou
agachando-se ao meu lado.



–Estou bem, estou bem. – garanti corando
fortemente, envergonhada.



–Venha, deixe-me ajudá-la a levantar! –
sugeriu oferecendo-me sua mão em apoio. Ao qual aceitei prontamente.



–Obrigada! – agradeci já de pé. – Olha, me
desculpa. Eu juro que não queria ficar olhando o que você estava fazendo, mas
eu estava andando e escutei a linda música e não consegui me segurar. Eu sou
uma pessoa muito impulsiva, sempre acabo fazendo coisas que não devia. Estava
muito curiosa então resolvi ver quem estava cantando, então você me viu e eu
não queria te atrapalhar, mas eu reconheci a composição e não consegui me
mover. – tagarelei sem respirar. – Aproposito você tem uma bela voz e ....



–Hei, calma ai! Respira! – interrompeu-me
sorrindo.



Fiz exatamente o que ele pediu. Respirei
fundo.



–Isso, agora com calma! – sugeriu.



–Me desculpe e ... – olhei em seus lindos
olhos verdes e suspirei. – É isso, só queria me desculpar. – sorri amarelo.



–Não tem problema, não precisa se preocupar.
– sorriu torto.



Simplesmente perfeito.



–Não sabia que você havia chegado, na verdade
pensei que você não viria. – comentou.



–É, eu resolvi vir. – respondi. – Vocês
fizeram tanta questão que não pude recusar. E Allie estava disposta a ir até
minha casa me arrastar até aqui.



–Fico muito feliz que tenha aceitado. E pode
ter certeza ela iria. – Disse com um grande sorriso nos lábios.



–É. – sorri feliz.



Fez-se silêncio, apenas nos olhávamos.



Eu me sentia diferente, não sabia explicar o
que se passava comigo naquele momento. Meu coração palpitava forte no peito,
parecia querer sair da caixa torácica. Minhas
pernas ficaram bambas, não queriam sustentar o peso de meu corpo. Borboletas
tomaram meu estômago. Completamente tomada pelo nervosismo.



Mas eu não era a única. Edward olhava-me como
se pudesse ver minha alma através de meus olhos. Seu olhar brilhava de uma
forma diferente e eu provavelmente estava igual. Seu sorriso era sincero,
igualmente o da foto que Carlisle havia me mostrado no hospital. Parecia
realmente feliz.



E era exatamente o que eu sentia. Felicidade.
Essa emoção que predominava, mas eu sentia algo a mais, algo que eu não sabia
explicar o que.



O que estava acontecendo conosco?



Um pigarro tirou-me de meus devaneios.



–Hum... você quer entrar? – perguntou
apontando para o local que ele estava antes. – Fazer-me companhia enquanto o
jantar não fica pronto? – perguntou.



–Claro! –aceitei prontamente, com certa
urgência.



Corei por minha afobação.



Sorriu abrindo a porta e deixando-me passar
primeiro.



Entrei olhando pela primeira vez o lugar.



Parecia mais uma sala de música. Havia vários
instrumentos musicais espalhados por todo lado. Tinha inúmeros violões, duas
baterias, três guitarras, pandeiros, microfones, fora o imenso piano de calda
no centro.



As paredes eram coloridas, dando um ar
juvenil. Havia sofás e pufes espalhados e uma enorme estante com inúmeros CDs e
discos de vinil.



Um lugar divertido.



Mas o que realmente me chamou a atenção, fora
o piano.



Dirigi-me até ele, passando os dedos pelas
teclas.



Hipnotizada, passava meus dedos pela madeira
lustrosa, maravilhada.



–Você toca? – perguntou Edward, tirando-me de
meu transe.



–Não. – respondi. – Comecei a fazer aulas com
nove anos, mas parei quando descobri a ... – Interrompi-me percebendo que iria
falar demais.



–Descobriu? – incentivou.



–Descobri que... não tinha vocação para
piano, é isso. – sorri amarelo.



–Ah, mas isso é só questão de pratica. – disse.
– No começo eu também não conseguia, mas com o tempo consegui aperfeiçoar e
estou tocando até hoje. – explicou. – Talvez você queira que eu te ensine, eu
posso ser um ótimo professor, se você quiser, é claro.



Arregalei os olhos, surpresa pela proposta.



–Mas se você não quiser, eu vou entender e...
– completou rapidamente.



–Não, talvez seja uma ótima ideia. –
rapidamente interferi. – Eu adoraria. – sorri.



–Tudo bem, começamos quando você quiser. –
sugeriu sorridente.



Parecia empolgado com a ideia e para minha
surpresa, eu também estava.



–Podemos começar as aulas depois da
apresentação do trabalho. – sugeri. – Vai ser mais fácil, se não ocupar muito seu
tempo.



–Não, não estou fazendo nada no momento.



–Ah, então está combinado. – sorri.



–Claro. – concordou. – Sabe tocar outro
instrumento?



– Violão, essas aulas eu terminei. – rimos.



–Então, toque! – sugeriu pegando um dos
violões. – Deixe-me ouvir você tocar.



–O que? Não, não, acho melhor não. – neguei
envergonhada.



–Ah, vai. – insistiu. – Não custa nada,
prometo não te julgar.



–Não Edward, não sei se é uma boa ideia e...
– interrompeu-me.



–Ah Bell, vai ser divertido, heim... –
insistiu.



Seus olhos ficaram suplicantes.



Já disse que essa chantagem devia ser
proibida?



–Tudo bem, você venceu. – desisti indo em sua
direção e pegando o violão de suas mãos.



Seu sorriso era contagiante, não pude deixar
de retribuir.



Sentei-me em um dos pufes e Edward fez
questão de sentar-se a minha frente.



Ajustei as cordas e me preparei.



–Vou tocar minha música preferida, tem
problema? – questionei.



Apenas negou com a cabeça.



–Tudo bem então, vamos lá. – comecei a tocar
os primeiros acordes, concentrada.



Automaticamente as palavras saiam de meus
lábios, dando um contraste á melodia.





Miley Cyrus - When I Look At You (Quando
olho para você).





Everybody needs inspiration (Todo mundo precisa de inspiração).

Everybody needs a soul (Todo mundo precisa de uma alma).

A beautiful melody (Uma linda melodia).

When the night's so long (Quando a noite é longa).



Cause there's no guarantee (Porque não há garantia).



That this life is easy (De que essa vida é fácil).





Edward não
tirava seus olhos de meu rosto. Mesmo concentrada na música, podia sentir seus
olhos cravados em mim.





When
my world is falling apart
(Quando meu mundo está desmoronando).

When there's no light to break up the dark
(Quando não há luz para quebrar a escuridão).

That's when I
(É ai que eu).

I... I look at you
(Eu olho para você).

When the waves are flooding the shore (Quando as ondas inundam a
costa).


And I can't find my way home
anymore
(E não consigo encontrar o caminho para
casa).


That's when I,
(É ai que eu).

I... I look at you
(Eu olho para você).





Eu já não mais olhava para o instrumento.
Agora, encarava os olhos mais lindos e brilhantes que eu já vi na vida. E esse
retribuía da mesma forma. Literalmente afundando em um mar esverdeado.





When I look at you (Quando eu olho para você).

I see forgiveness
(Eu vejo perdão).

I see the truth
(Eu vejo a verdade).

You love me for who I am
(Você me ama por quem eu sou).

Like the stars hold the moon (Como as estrelas abraçam
a lua).


Right there where they belong
(Bem ali onde elas devem
estar).


And I know I'm not alone (E eu sei que não estou sozinha).





Eu não consigo identificar o que eu sentia,
parecia que crescia, que se expandia em meu peito prestes a explodir em milhão
de sensações. E era exatamente o que eu desejava, libertar minhas emoções mais
profundas.





When my world is falling apart (Quando meu mundo está desmoronando).

When there's no light to break up the dark
(Quando não há luz para quebrar a escuridão).

That's when I
(É ai que eu).

I... I look at you
(Eu olho para você).

When the waves are flooding the shore (Quando as ondas inundam a
costa).


And I can't find my way home
anymore
(E não consigo encontrar o caminho para
casa).


That's when I,
(É ai que eu).

I... I look at you
(Eu olho para você).





Essas palavras pareciam tão certas, tão
exatas. Em um encaixe perfeito com minha vida. Talvez Edward seja minha
inspiração. Eu simplesmente não sabia o que pensar.





You appear just like a dream to me (Você apareceu simplesmente como um sonho para
mim).


Just like Kaleydoscope colors
(Como as cores de um caleidoscópio).

That prove to me
(Que provam para mim,)

All I need
(Que tudo de que preciso,)

Every breath that I breathe
(Cada respiração que eu dou).

Dontcha know?
(Você não sabe,)

You're beautiful
(Que você é maravilhoso).





Sim, o homem á minha frente é maravilhoso.
Como posso saber disso se o conheço á tão pouco tempo? Não sei, simplesmente
sinto.





When the waves are flooding the shore (Quando as ondas inundam a costa).

And I can't find my way home
anymore
(E não consigo encontrar o caminho para
casa).


That's when I,
(É ai que eu).

I... I look at you
(Eu olho para você).



I look at
you
(Eu
olho para você).







Nossos olhos ainda estavam conectados, nunca
desviamos. Intensos.







You
appear just like a dream to me
...(Você aparece como um sonho para mim).









A música havia enfim terminado, mas estávamos tão
entretidos um com o outro, que não nos mexemos. Permanecemos no mesmo lugar,
sem pronunciar nenhuma palavra.





De repente,
senti uma enorme vontade de abraça-lo, de senti-lo próximo a mim. E foi o que
fiz, ou melhor, o que fizemos.



Assim que
levantei, Edward fez o mesmo e sem pensar fomos um de encontro ao outro e
simplesmente nos abraçamos.



Fechei meus
olhos, respirei fundo e me deixei levar pelas sensações indescritíveis.



Minhas mãos
foram de encontro a seus cabelos, acariciando-os timidamente.



–Lindo, você
canta muito bem! – sussurrou em meu ouvido arrepiando-me.



–Obrigada. –
agradeci sorrindo.



Fomos
surpreendidos por um grito.



–EDWARD, O
JANTAR ESTÁ NA MESA FILHO! – gritou Esme novamente do andar de baixo.



Com o susto,
rapidamente nos afastamos.



Envergonhada,
olhei para baixo corando.



Um pigarro
baixo.



–Hum...
Vamos Bell, o jantar já está pronto! – disse olhando para baixo.



Ele estava
levemente ruborizado, o que o deixava mais lindo ainda, se possível.



–Ah claro,
vamos! – respondi saindo do local, indo em direção as escadas.



Edward
estava logo atrás de mim, podia ouvir seus passos ecoando na madeira.



Desci os
primeiros degraus, mas não passei deles.



Não sei se
foi minha coordenação falha ou a presença de Edward que estava me influenciando
demais, só sei que acabei tropeçando em meus próprios pés e quase rolando
escada abaixo.



Isso mesmo,
quase.



Estava preparada
para a queda e para a dor, mas elas não vieram. A única coisa que senti, foram
braços fortes e quentes envolverem minha cintura e me puxaram contra si.



Abri meus
olhos e novamente me vi afundando em um mar cristalino e esverdeado.



Estávamos
perto demais, perto o suficiente para sentir seu hálito gelado bater contra meu
rosto.



Naquele
momento o mundo parou, só existia eu e ele. Nada mais.



Não sabia o
que viria a seguir, mas o que veio deixou-me surpresa.



Um riso
ecoou pelas paredes, o que novamente fez nós nos afastamos rapidamente, tão
bruscamente que tive que segurar no corrimão para não rolar escada abaixo. De
novo.



–Bell, já
iria fazer uma busca por você, pensei que tinha se perdido pela casa. –
comentou Alice sorridente no final da escada.



–Eu... Bom,
eu estava... Eu... – não conseguia formular nada coerente para dizer.



–Ela estava
comigo na sala de música. – respondeu Edward.



–Ah, com
você? – perguntou levantando uma das sobrancelhas. – Imaginei! – sussurrou tão
baixo que não sei se ela realmente disse aquilo.



–Bom, vamos,
o jantar já está pronto. – disse Edward descendo as escadas e dando um beijo
estalado no rosto de Alice quando passou por ela.



Desci as
escadas lentamente, parando ao lado de Alice que me olhava maliciosamente.



–O que foi?
– perguntei já prevendo o motivo.



Encaixou se
braço no meu e caminhamos em direção à sala de jantar.



–Sabe que
vai me contar tudo depois, não sabe? – perguntou sorrindo.



–Contar o
que? – fiz-me de desentendida.



–Você sabe
muito bem o que! – pressionou sentando-se em uma das cadeiras.



Sentei-me ao
seu lado, consequentemente ficando de frente para Edward.



–Bell, como é bom revê-la. – disse Carlisle
sentado à borda da mesa.



–Igualmente
Doutor Cullen. – recebi um olhar bravo e percebi meu deslize. – Digo, Carlisle.



–Já se
conhecem? – perguntou Esme sentada ao seu lado direito.



–Sim,
lembra-se da menina que te falei do hospital?
– perguntou recebendo um sinal positivo de sua esposa. – Então, é ela.



–A menina que
você mostrou nossa foto de família, mas é claro. – recordou-se sorrindo. – Ouvi
muito bem de você!



–Que bom,
agradeço. – É, definitivamente Esme sabia de minha doença.



–Então, como
você está? As crises melhoraram? – perguntou Carlisle.



Assustada,
olhei para Edward. Esse olhava confuso para seu pai.



–Que crises?
Bell estava no hospital? – perguntou olhando para todos os rostos na mesa.



Não
conseguia pensar em algo para dizer, começava a ficar cada vez mais
desesperada.



–Bell teve
crise de tosse, é isso. – respondeu Alice rapidamente. – Ela teve um pouco de
febre então os pais dela a levaram para o hospital e o papai a conheceu lá, não
é? – perguntou olhando diretamente para Carlisle.



Esse tinha
os olhos baixos, arrependido.



–É, foi isso
que aconteceu. – sussurrou olhando em meu rosto.



–Ah, do
jeito que vocês falaram, pensei que era algo mais grave. – disse Edward
sorrindo.



Todos
sorriam e eu forcei um sorriso, mas no fundo eu suspirava de alivio.



–Bom,
sirvam-se, o jantar está ficando frio. – sugeriu Esme servindo seu próprio
prato.



Todos
começaram a se servir e eu fiz o mesmo, ainda assustada com o ocorrido há pouco
tempo atrás.








X-X





Já fazia
algum tempo que o jantar já havia terminado e nesse momento, todos estavam
reunidos na sala de estar conversando, rindo de algumas piadas que Carlisle e
Edward contavam, ou pelo menos tentavam.



Eu estava de
pé, olhando as fotos que estavam sobre a lareira.



A vida de
Alice e Edward estava praticamente registrada em fotos. Havia seis portas
retratos. O primeiro era a família toda reunida. Apesar de que Edward e Alice
eram bebês e ambos sorriam sem dente.



Sorri
encantada.



Os outros
eram deles já adolescentes. Alice andava de bicicleta e Edward brincava de
carrinho.



Mas o ultimo
era o mais recente. Era novamente os quatro abraçados. Uma família reunida,
como deveria ser.



–Não lhe
disse que eu tive sorte! – comentou Carlisle ao meu lado, me assustando por
chegar sem aviso.



–É, uma
família feliz.



–Olha, peço
desculpas por ter quase dito seu segredo, não medi minhas palavras e eu tinha
prometido. – redimiu-se.



–Tudo bem,
não fez por mal.



–Juro que
pensei que você tinha contado para meus filhos sobre a doença, eles pareciam
tão familiarizados com você, que tive quase certeza. – explicou-se olhando em
meu rosto.



–Contei
somente para Alice. – respondi sorrindo. – Não me arrependo, prefiro pensar que
fiz a escolha certa.



–E fez, mas
não contará a Edward? Ele parece gostar muito de você. – perguntou.



Olhei na
direção em que Edward estava, ele gargalhava de algo que Alice contava.



Parecia
relaxado, totalmente perfeito.



Percebendo
que eu o observava, lançou-me um de seus sorrisos e acenou.



Retribui o
aceno.



–Não sei,
talvez algum dia eu tome coragem e resolva contar. – respondi voltando minha
atenção para Carlisle.



–Posso te
dar um conselho? – perguntou.



–Claro! –
concordei olhando em seu rosto.



–Conte logo
para ele. – disse fazendo-me franzi o ceio em confusão. – Porque se for tarde
demais, ele sofrerá em dobro.



Olhei
novamente para Edward. Odiaria destruir essa felicidade, retirar seu belo
sorriso.



–Pense
nisso! – dito isso, deu-me um singelo beijo na testa e saiu.



Carlisle tinha razão, nunca me perdoaria se
visse Edward sofrer por mim. Mas ainda não estou pronta para lhe contar a
verdade, demorei sete anos para ter amigos de novo, contar a verdade ainda era
difícil para mim, renderiam muitas lagrimas em meus olhos novamente.



– Bell, que cara é essa amiga?- perguntou
Allie assustada. Estava tão compenetrada em meus próprios pensamentos que não
havia notado sua aproximação.



Devo estar com uma cara horrível.



– Não é nada de mais Allie, não se preocupe.
– disse com um sorriso forçado no rosto.



– Eu sei que você não está bem, mas vou
deixar passar. – ela deu uma piscadela para mim e me puxou para o sofá
novamente.



– E então Bell, vamos resolver o trabalho hoje
ou deixamos isso para amanhã depois da aula? – perguntou Edward com um sorriso
malicioso nos lábios.



O que deve estar se passando em sua mente?



E antes que eu pudesse dizer algo, Alice se
pronunciou:



– Ah não, vocês não vão fazer trabalho nenhum
hoje. Bellzinha por favor, faz amanhã a tarde. – Allie fez aquela carinha de
cachorro pidão como sempre fazia para me convencer.



– Mas Allie...- fui interrompida novamente
pela tagarela da minha melhor amiga.



– Bellzinha vamos jogar alguma coisa. Todos
nós. Eu e Edward temos vários jogos divertidíssimos que você ira adorar jogar.
Tenho certeza.



– É verdade Bell, não se preocupe com o
trabalho, amanhã fazemos. Nós deixamos você escolher o jogo se quiser. – disse Edward para tentar acabar de me
convencer.



Suspirei.



– Então vamos ver que jogos divertidíssimos
que vocês tem aqui. – disse me levantando do sofá. Allie deu vários pulinhos e
Edward se levantou dando-me aquele sorriso torto maravilhoso. Allie logo me
puxou para as escadas e ouvi os passos de Edward logo atrás de nós.



Ela me levou para um cômodo ao lado da sala
de música. Era um magnifico salão de jogos com as paredes pintadas de vermelho
e eram repletas de quadros fotográficos, era muito bem mobiliado, tinha mesa de
sinuca, pebolim, jogos eletrônicos, aparelho de som de última geração, no
centro do cômodo havia uma mesa de madeira redonda com seis lugares e uma
estante gigantesca na última parede com vários DVD’s e CD’s que iam de karaokê a jogos do vídeo
game e muitos jogos de tabuleiro armazenados nela.



Fiquei notavelmente deslumbrada com a melhor
sala de jogos que eu já havia visto na vida. Fui correndo para a estante
escolher um jogo de tabuleiro, tinha anos que não jogava. Allie veio atrás de
mim bem empolgada e Edward estava ao meu lado escolhendo um DVD para distrair o
ambiente.



– Vocês tem certeza que eu posso escolher
qualquer jogo? – perguntei meio receosa.



– Claro que pode Bellzinha, hoje você manda. –
disse Allie visivelmente feliz com minha empolgação.



Eram tantos jogos que fiquei em dúvida. Mas
estava a fim de jogar algum jogo bem demorado, então peguei o Banco Imobiliário
e o Wars.



– Agora é com você Allie, qualquer um desses
eu jogo, é que estou em dúvida. – disse sorridente para ela.



– Então vamos de Banco Imobiliário. – disse
Allie já puxando da minha mão a caixa do jogo e indo em direção á mesa no
centro do cômodo. – Já vou logo avisando o pino rosa é meu.



– Eu fico com o verde. – disse Edward dando
uma piscadela para mim.



– Então eu quero o vermelho. – disse
timidamente com tanta euforia dos meus dois novos melhores amigos.



Edward escolheu um DVD da Lady Gaga, não sou
muito fã mas a música até que é era bem... hum, agitada. A única palavra que
definia corretamente.



Alice se pronunciou dizendo que iria ser o
banco, mas seu olhar era malicioso, ela iria aprontar. Logo a Allie separou as notas
e começamos a jogar, estava muito animada com a partida.



Parecia que o dinheiro de Allie nunca acabava.
Eu e Edward estávamos quase sem nenhum.



–ALICE, você está roubando dinheiro do banco
sua ladra mirim! – reclamou Edward indignado.



–Não estou não!




X-X





As horas se seguiram rápido, muito rápido
para um momento como aquele. Riamos muito, brincávamos muito, reclamávamos
muito, brigávamos muito, enfim realmente nos divertimos.



Nunca havia me divertido tanto, nem quando eu
ainda era criança.



Havíamos desistido do jogo, agora estávamos
deitados no chão fazendo nada, quando olhei para o relógio. Marcava 12h00mim.



–Nossa, preciso ir! – avisei levantando em um
pulo.



–Ah não, fica mais! – pediu Alice sentando-se.



–Não posso, já são meia-noite, desculpe. –
disse pegando meus pertences sobre a mesa.



–Tudo bem, vamos leva-la até a porta. – disse
Edward já de pé.



Saímos do local, apagando a luz atrás de nós.



–Hei, esperem por mim! – reclamou Alice ainda
dentro da sala de jogos.



–Desculpe, esquecemos de você.



–Percebi! – reclamou emburrada.



–Ah, não fica assim. – disse abraçando-a. –
Você sabe que eu te amo, não sabe?



Um sorriso brincou em seus lábios.



–Sei! – respondeu sorrindo.



–Poxa, assim eu fico com ciúmes! – reclamou
Edward fazendo um beicinho muito fofo.



Fiquei tentada a dizer-lhe que também o
amava, mas contentei-me em apenas dar-lhe uma piscadela e sorri.



O sorriso mais sincero de todos.



Pela primeira vez em anos me senti completa e
era assim que eu pretendia ficar até o fim de meus dias.


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