Mudando o Jeito de Viver escrita por Mayara Paes


Capítulo 10
O9 - Critica construtiva. (Bell)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/95836/chapter/10

"O amor é uma flor delicada, mas é preciso ter coragem de ir colhê-la à beira de um precipício."

O vento zumbia alto em meus ouvidos. Sua força fazia meu cabelo ricochetear contra meu rosto, causando-me uma leve ardência no mesmo.

O céu estava de um azul celeste perfeito, limpo, totalmente livre de nuvens. O que deixava tudo ainda mais belo.

O sol incidia exatamente no centro, proporcionando á minha pele um calor agradável.

Sentada de pernas cruzadas, olhava uma bela e ao mesmo tempo assustadora paisagem.

Literalmente á beira de um precipício, era onde eu estava no momento. O enorme e montanhoso penhasco se abria á minha frente. Abaixo, o mar infinitamente cristalino ia de encontro ao horizonte, totalmente calmo.

As ondas chocavam-se contra as pedras, proporcionando-me um acústico ambiente, calmante, reconfortante.

Apesar de que reconfortada e calma eram as últimas coisas que eu estava no momento.

Enquanto admirava maravilhada, meu subconsciente trabalhava fervorosamente em busca de uma resposta, em busca de uma solução capaz de definir meu futuro, se eu tiver um.

Praticamente um mês e meio havia se passado desde que deixeientrarem em minha vida limitada, seis semanas que me libertei da sofrida solidão. Parecia tão pouco comparado á sete anos de exclusão total.

Mas, mesmo passado esse tempo, minha mente ainda tinha dúvidas, meu coração ainda se apertava, sempre que lembrava de meus novos melhores amigos e percebia que estava me deixando levar em um caminho sem volta.

Que á qualquer momento eu poderia não mais existir e deixaria aqui, o sofrimento, a angústia, a dor.

Feliz, completa, era assim que eu estava, satisfeita. Mas era certo o que eu fazia á todos? Era certo me sentir satisfeita quando os outros poderiam não se sentir da mesma forma que á mim? Era egoísta? Era doentio? Era insano?

Talvez sim... Ou talvez não. Só o tempo me dará essas respostas.

Mas essa era a questão mais importante.

Eu estaria viva para saber? Eu viveria tempo suficiente para isso?

Talvez não... Ou talvez sim.

Só Deus tinha essa resposta. Eu não, eles não. Ninguém tinha.

Estava fadada a continuar com essas questões sem resposta.

Fico imaginado se o certo á se fazer era ir embora e nunca mais voltar. Ir para o Canadá, morar com minha avó materna. Esperar lá, a morte me alcançar e me levar para um lugar sem volta. Sem crises, sem dor, sem lágrimas, sem doença. Somente o alívio.

Ir embora custava muito, muito sofrimento para mim, mas se era preciso, se era necessário, eu o faria.

Se tudo resultaria na felicidade de minha mãe, de meu pai, de minha pequena Marie,de Carlisle, de Esme, de Rosalie, de Emmett, de Jasper, de Alice e de Edward, era o que eu faria. Sem pensar duas vezes sairia do país, não me importando com as conseqüências que isso causaria há mim.

Bom plano, boa forma de me livrar da culpa. Talvez tivesse ido adiante. Mas conseguiria eu, me afastar das pessoas mais importante que tenho? As que mais amo nesse mundo.

Essa resposta eu tenho.

Era um grande e sonoro NÃO!

Minhas forças eram bastante escassas para lutar contra isso.

Contra mudanças. Mudanças de sentimentos. Mudanças dos meus próprios sentimentos.

Por esse motivo que seria impossível partir, pois eles já faziam parte de minha família. Uma grande e unida família.

Seja amor paterno, amor fraternal ou até mesmo amor de irmão. Todos já faziam parte de meu coração.

Mas algo se diferenciava... Ou melhor, alguém.

Ele, com seus olhos verdes hipnotizantes e um sorriso torto de matar qualquer um, se destacava entre os demais.

Edward Cullen, com ele era diferente.

Algo inexplicável, que ainda não conseguia identificar.

Parecia que era algo mais forte que uma simples afeição amigável, algo inigualável. Uma coisa que jamais, nunca, em meus dezessete anos, já senti.

Parecia uma mistura.

Mistura de carinho, afeto, amizade, paixão. Talvez seja amor, um amor mais intenso. Mais marcante.

Edward tornou-se uma figura indispensável em minha vida. Esse eu fazia questão de não abrir mão. Com seu jeito carinhoso e romântico conquistou-me rapidamente. Sempre prestativo, engraçado. Cativou-me com sua espontaneidade e felicidade, sempre presentes em seu dia-a-dia.

Tornou-se meu melhor a... Droga! Nem de amigo eu consigo o chamar mais.

O que é realmente e verdadeiramente estranho.

Afinal, ele me considera sua amiga, porque não consigo considerá-lo da mesma forma?

Coisas acontecem comigo quando estou ao seu lado, reações nada comuns.

Mas tudo ficou pior depois daquele... Beijo.

Quando seus lábios tocaram os meus, senti-me em outro mundo. Parecia algo surreal, inacreditavelmente... Maravilhoso.

Sim, foi bom, muito bom para minha sanidade.

Mesmo sendo curto, pude apreciar a maciez e o leve gosto de menta.

Aquele gosto ficou gravado em minha mente.

Evitava lembrar, mas cada vez que fechava meus olhos, era inevitável. Sentia o leve toque de nossos lábios, o agradável choque elétrico que percorreu meu corpo naquele momento.

Inconscientemente, meus dedos percorreram meus lábios, lembrando-me da mágica sensação.

Mas aquela linha de raciocínio podia ser boa e ao mesmo tempo ruim.

Curiosa para saber o porquê daquele beijo, perguntei lhe o motivo.

E sua justificativa me magoou profundamente.

Não pude controlar a tristeza que suas palavras me proporcionaram. Acertaram diretamente no alvo. Meu coração.

Quando ouvi que para ele havia sido apenas atuação, uma encenação para dar um fim romântico á apresentação, meu coração se despedaçou.

Imediatamente deduzi que não havia significado nada para ele. Sentia-me uma pessoa insignificante, sem importância em sua vida.

Totalmente o contrário do que Edward é para mim.

Ele é o mais importante, único.

Proporcionou-me os melhores momentos, momentos felizes que nunca irei esquecer.

As melhores palavras. Elas revigoraram-me, tornando-me outra pessoa.

“-Bell, nem acredito que você irá se sentar conosco hoje! - comentou assim que me viu sentar-se com seus amigos pela primeira vez.”

Fiquei feliz por vê-lo me receber tão bem.

“-Lindo, você canta muito bem! – disse-me ao pé de meu ouvido, arrepiando-me.”

Ainda lembrava-me da intensa vontade de querer abraçá-lo.

“-Tudo bem Emmett, já chega. Está deixando a minha Bell envergonhada!– corei com seu pequeno deslize. Mas estranhamente satisfeita por ter me chamado de sua Bell.”

Tentava interferir nas brincadeiras de Emmett, defendendo-me.

–Minha Bell! – sussurrei suspirando.

–Hum... você quer entrar? – perguntou apontando para o local que ele estava antes. A sala de música. – Fazer-me companhia enquanto o jantar não fica pronto? – indagou-me receoso.

Sorri. Claro que queria sua companhia!

“Olhava-o fazer o teste para entrar para o time de basquete. Ele jogava perfeitamente bem, mas de repente parou exatamente no meio da quadra, olhando para nossa direção. Seu cabelo desalinhado deixava-o ainda mais perfeito. Olhei discretamente para os lados á procura de algo que pudesse tê-lo chamado a atenção. Mas nada vi. Foi quando ele é acertado com a bola por seu amigo. Por impulso, quase me levantei para ver se estava tudo bem. A preocupação se instalara em mim no momento.”

“-Juro que prefiro você de Julieta.”

“– Pode ter certeza que você é a pessoa mais doce, carinhosa, meiga e amorosa que já conheci, mas de indefesa você não tem nada! – rimos. – E se o problema for à falta de um príncipe encantado... Aqui está ele.

–Príncipe Edward Cullen, ao seu dispor! – disse parando á minha frente curvando-se em cumprimento.”

Abracei meus joelhos em meio às lembranças.

“-Então, eu achei que deveria fazer um final diferente para nossa apresentação. – explicou-me olhando para baixo. - Sabe, dar um final romântico, só isso!”

SOMENTE ATUANDO, É CLARO!

Fechei os olhos, deixando algumas lágrimas contidas caírem.

Merda, isso já está começando á me assustar.

Em meio ao silêncio agradável, ouço passos se aproximarem de onde eu estava sentada.

Não me surpreendi, já sabia de quem se tratava.

Era a única pessoa que sabia que eu vinha neste lugar.

–Deduzi que estivesse aqui! – disse sentando-se ao meu lado.

–É, acertou novamente! – funguei.

–Coisas de mãe. – disse sorrindo. – Fiquei preocupada. Você havia saído bem cedo e até agora não tinha voltado para casa. Então resolvi vir aqui para ver se minha intuição estava certa. – minha mãe sorriu. – Sei que vem aqui para pensar.

–Como sabe? – perguntei olhando-a surpresa.

–Sexto sentido. – sorriu novamente. – Quando alguma coisa não está bem, você se refugia aqui. É só juntar as peças.

–Tem razão, é um pouco evidente.

Interrompendo-nos, meu celular toca. Pego no bolso de trás de meu short e olho para o visor.

Alice chamando...

Suspirei ignorando a ligação.

Não saberia o que lhe dizer naquele momento de fraqueza. Na certa choraria até soluçar. Então, resolvi lhe poupar dessa situação constrangedora.

–É ela? – perguntou minha mãe, vendo-me guardar novamente o celular.

–Sim, Alice já ligou umas quinze vezes desde que sai de casa.

–Acho que ela precisa mesmo falar com você, pois ligou umas cinco para o residencial. – informou-me. – Retorne, pode ser importante.

–Não se preocupe, Alice sabe ser exagerada, na certa quer me chamar para comprar roupas com ela. – sussurrei. – Não estou em condições de falar com nenhum deles por enquanto.

–Diga-me o que te atormenta. – pediu virando-se na minha direção. –Talvez eu possa te ajudar.

–Ninguém pode mamãe, mesmo assim, agradeço. – sorri fracamente.

–Desde ontem você está quieta, calada demais. Veio para esse lugar refletir. – dizia. – Seus pensamentos estão direcionados á alguém? Talvez á Edward?

Intuição de mãe não falha.

–Não só á ele, á todos. – sussurrei. – Ainda tenho duvidas se deixá-los serem meus amigos é o certo.

–Mas é claro que é certo Bell, olhe para você... Veja como está diferente, está mais feliz, sorri com mais freqüência. – disse indignada. – Fez à escolha sensata.

–Diferente? Sinto-me outra pessoa, com certeza. A felicidade anda ao meu lado agora, estou completa comigo mesma, mas isso não seria egoísmo de minha parte? – negou com a cabeça. – Mãe, me ouça. Uma coisa é eu sofrer, outra é eles se envolverem demais. Eu não tenho futuro, não sei nem se tenho o amanhã. – estremeceu levemente com minhas palavras. – A escolha certa seria deixá-los aqui e ir embora, esse sim seria sensato.

–Escute o que está dizendo Bell! É absurdo. – disse. – Todos gostam de você, todos já te amam. Acha que eles não sofreram mais se você for embora e nunca mais voltar? Acha que seria o melhor á se fazer? – afirmei. – Está complemente enganada. Seus amigos se importam com você, se preocupam com seu bem estar. Não importa se você tem uma doença ou não, se está morrendo ou não. Eles querem você por perto, mesmo que chorem depois com sua perda, a dor será menos dolorosa se souberem que você foi feliz, que você se satisfez pelo menos um pouco. Entenda, você seria covarde de deixar tudo para trás. Tudo aquilo que conquistou sem esforço algum.

–Mas eu não agüentaria vê-los sofrer mãe! – chorei. – Já vejo o que causo á você e ao papai. Não quero que chorem, não quero que sintam dor.

–Oh, minha querida. – disse abraçando-me. –Curta sua vida, se divirta o máximo que conseguir. Todos lembraram somente de momentos felizes com você, ficaram tranqüilos, sabendo que foi alegre o quanto durou. – sussurrou afagando meus cabelos. – Sofrer é inevitável. Você é importante para todos nós meu bem. Não se culpe.

–Perdão mamãe, desculpe-me por tudo que estou causando á vocês. – solucei em seu colo.

–Não tem o que se desculpar meu amor, você ficará bem. – sussurrou com a voz embargada.

–Obrigada por tudo, amo muito você!

–Também te amo querida! – disse afagando meus cabelos.

Fiquei aninhada em seu colo até o céu azul dar lugar á um pôr do sol espetacular. Já se passavam das quatro da tarde.

–Tenho algo para perguntar. – comentou minha mãe de repente.

–Diga.

–O que sente por Edward Cullen? – levantei o olhar rapidamente.

Franzi o ceio confusa.

–Como assim?

–Não sei, vocês são tão carinhosos um com o outro, aquela apresentação escolar meio que aproximou vocês. – disse. – Vocês se olham de uma forma intensa.

–Ainda estou confusa, realmente é diferente com ele. Pelos outros é um amor amigável, mas com Edward é mais intenso, não sei explicar.

–O que sente quando está ao lado dele? – perguntou repentinamente eufórica.

–Hum... Vamos ver... Meu coração dispara, minhas mãos suam, fico bastante incoerente, pernas bambas. Ah, é muita coisa. – sussurrei deitando novamente em seus braços. – Realmente é tudo muito estranho, é algo diferente de tudo que já senti, não sei explicar.

–Essas reações só significam uma coisa... – disse fazendo mistério.

Levantei o olhar, curiosa

O que seria?

Sorriu, um sorriso feliz, diferente de qualquer um que eu tenha visto. Seus olhos ficaram cheios de lagrimas. Estava prestes a chorar.

–Me diga mãe, está me deixando nervosa.

–Amor minha filha. – sussurrou com a voz embargada. – Não amor de amigo, amor entre duas almas gêmeas. Você está apaixonada Bell!

Franzi o ceio.

Apaixonada? Eu?

De repente, tudo se encaixou perfeitamente. Agora tudo ficou claro como água.

Não havia outra explicação para minhas reações e sentimentos.

Como não percebi isso antes?

Levantei em um salto, ficando de pé.

–Nossa, como fui burra! Como eu não percebi? Como fui desatenta! – dizia eufórica, até a razão voltar á toda para minha mente. – Deus, é pior do que eu imaginava!

Eu estava perdidamente apaixonada por Edward Cullen.

Não pode ser!

–Bell você está amando! Minha filha está finalmente amando! – repetia pulando á minha frente.

Minha reação? Foi apenas ficar em choque.



X-X



Era totalmente difícil, praticamente impossível de acreditar. A ficha parecia ainda não ter caído.

Tudo totalmente surreal! Inacreditavelmente inacreditável! Inadequado! Inaceitável!

Eu, Isabella Swan, apaixonada? RUIM! Por Edward Cullen? PIOROU A SITUAÇÃO!

Como se as coisas pudessem piorar!

Interrompendo meus devaneios recém descobertos, meu celular tocou.

Alice chamando...

Suspirei decidindo atender.

–Oi Alice!

–ISABELLA SWAN, posso saber por que a bela senhorita não atende meus telefonemas? Não faz idéia do quanto fiquei preocupada!

–Desculpe, dei uma saída e não levei celular! – menti descaradamente. Quando comecei a ser cara de pau?

Mas por um lado, achei que ficaria magoada se soubesse que não queria falar com ela.

–Quando liguei para sua casa, sua mãe disse que você havia saído á muito tempo e sem avisar para onde iria. Disse que você havia sim, levado celular!

Droga! Pega na mentira.

–Ela se enganou Allie, deixei em cima da cama!

–Que bom, estava começando a achar que estava me evitando!

–Sabe que nunca faria isso, você já é muito importante para mim! – sussurrei.

–Oh Bellzinha, você também é importante para mim! - fungou. – Estava enlouquecendo aqui sem noticias suas!

–Alice, nós nos vimos ontem á noite.

–Eu sei, mas praticamente já se passou um dia sem falar com minha melhor amiga, sabe que sou exagerada, não consigo evitar!

É, eu sei.

Então me diga onde estava e que voz é essa? Está rouca e desanimada! Espere um pouco! Você estava chorando? Oh meu Deus! Porque estava chorando? Você está bem? Aconteceu alguma coisa? Diga-me Bell.

Nossa! Até por telefone Alice sabe o que se passa comigo! Sinistro!

–N-não aconteceu nada, somente pensamentos perturbadores, nada demais. – Droga, tinha que gaguejar?

–Que pensamentos? – indagou. – Talvez eu possa te ajudar!

–Ninguém pode Allie, ninguém.

–Não pode são palavras que não existem em meu vocabulário, você já devia saber. Vamos, comece á falar.

–Já disse que não foi nada, somente descobertas impossíveise crises existenciais. Tudo muito normal.

–DESCOBERTAS? Oh meu deus! Acho que já sei do que se trata! Mas não vamos ter essa conversa por telefone. Sua mãe está contigo?

Sim, por quê?

–Deixe-me falar com ela.

Hum... Ok! – concordei desconfiada.

Afastei o celular e gritei:

–MÃE, VENHA AQUI POR FAVOR!

Imediatamente ouvi seus passos barulhentos subindo as escadas.

–Está me chamando? – perguntou abrindo a porta de meu quarto.

–Sim, Alice quer falar com você!

Confusa, pegou o aparelho de minhas mãos e imediatamente começou uma conversa vamos dizer assim... animada com Alice.

Ria alto de algo que ela dizia enquanto eu ficava cada vez mais nervosa de curiosidade.

–Tudo bem Alice, ela vai sim, pode deixar! – gargalhou. – É, você tem razão, pode ser mais complicado que isso, mas vou tentar. – disse. – Ok, beijos... Até!

Desligou sorrindo.

–E então? – indaguei roendo as unhas.

–Nada demais, você apenas vai dormir na casa dela hoje! – disse dando de ombros.

–Tá... O QUÊ? – gritei assustada.

–Ah, não faça essa cara, vai ser divertido. Vai ser uma típica “festa do pijama”. – disse animada.

–Mãe, como pode? – perguntei incrédula. - EU NÃO VOU!

–Tudo bem, você é quem sabe. – deu de ombros. – Mas você está encarregada de ligar para Alice dizendo que você não vai!

Fiz careta, sabendo que ela faria um escândalo.

–Não, liga à senhora, diga que eu não me sinto muito bem e pronto. – sugeri sorrindo amarelo.

–Pode tirar seu cavalinho da chuva, eu não vou enfrentar a fúria de Alice por você.

–Mas mãe...

–Mas nada, você tem duas opções: Ou você vai, ou a enfrenta, á escolha é sua. – disse saindo do quarto.

Maravilhosas opções, não?

–TUDO BEM, EU VOU! – gritei vencida.

–Eu sabia! – disse entrando novamente no quarto.

–Estava ao lado da porta não estava?

–Claro, eu sabia que logo você iria ceder, apenas poupei minhas pernas. – disse com a cara mais lavada do mundo.

–Posso ter concordado, mas não estou feliz com isso. – murmurei cruzando os braços. – A senhora devia me proteger, não tentar me persuadir.

–Estou tentando fazer com que sua cabecinha dura se convença de que se divertir é o melhor, somente isso, então não me julgue! – defendeu-se.

–Ok, esqueça isso! Já me convenceu, não tenho como voltar no tempo. – disse deitando na cama emburrada.

–Não fique assim, você vai gostar, vai ser uma experiência única afinal, faz anos que você não vai á uma festa, não dorme na casa de uma amiga e não tem uma vida social. – afagou meus cabelos.

–Tudo bem, não precisa me lembrar disso! – reclamei evitando lembranças dolorosas.

–Desculpe, só estava tentando te animar. – disse com a voz triste.

–Não se preocupe, só tento evitar, a senhora não tem culpa! – desculpe-me. – Prometo curtir o máximo, ok? – disse sentando-me.

–Ótimo, assim vou me sentir mais tranquila. – sorriu. – Divirta-se! – deu-me um beijo na testa e saiu do quarto.

Tudo bem, precisava admitir.

Talvez essa “festa do pijama” não seja tão ruim assim!



X-X

Ajustei novamente a mochila nas costas e pela quinta vez, em cinco segundos, respirei fundo.

Por fim, toquei a capainha.

Alguns minutos depois, ouvi passos apressados batendo contra a madeira e antes que eu pensasse se quer se possível, à porta se escancara.

Foi tudo rápido demais, em um segundo eu estava na entrada no outro eu já era envolvida por braços fortes e extremamente quentes.

Mas antes, pude ter um pequeno vislumbre de sua expressão. Estava com o rosto alterado pela angústia e olhos marejados.

Repentinamente meu coração se apertou de preocupação.

–Graças a Deus! – sussurrou em meu ouvido.

–Meu lindo o que houve? – perguntei sentindo seus batimentos acelerados. – Edward!

–Tudo está bem, você está bem, não me deixou, não vai me deixar! – dizia apertando-me mais contra seu corpo como se quisesse nos fundir em um só.

–Edward, diga-me o que está acontecendo! – pedi desesperada. – Você está bem? É com seus pais? Alice? Você está me deixando nervosa.

Afastou-se minimamente de mim segurando meu rosto entre as mãos.

–Bell me desculpa por ontem, por tudo! - Seus lindos olhos verdes transbordavam dor. – Me perdoe se te magoei de alguma forma, eu não fazia idéia do que estava dizendo, não sabia o que te responder, me desculpa, me desculpa! – repetia enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.

Abraçou-me novamente.

–Edward olhe para mim. – pedi. – Edward!

–Eu não sabia o que te dizer, você vai me perdoar não vai? Você tem que me perdoar! – soluçou.

–Venha, venha comigo. – pedi soltando minha mochila e dirigindo-me até as escadas da pequena varanda, onde nos sentamos.

–Você não vai me deixar não é? Vai ficar comigo não vai? – perguntava gesticulando com as mãos.

–Edward. – chamei, mas esse não me escutou. Continuou repetindo frases enigmáticas. – Hey Edward, me ouça! – pedi segurando seu rosto entre minhas mãos. Isso pareceu o aquietar um pouco. – Você não tem o que se desculpar, não precisa de perdão. Não disse nada demais, não se preocupe comigo!

–Mas...

–Não existe “mas” meu lindo, olhe para mim e veja se eu tenho coragem de deixar você? Ainda por coisas sem fundamento algum. Não se culpe, não se preocupe! – sequei algumas lágrimas que insistiam em escorrer por seu belo rosto.

Respirou profundamente olhando meus olhos. Percebi que já se acalmava.

–Mas o sonho foi tão real. – sussurrou entrelaçando nossas mãos.

–Que sonho? – perguntei confusa.

–Tive um pesadelo aterrorizante ontem á noite. Parecia que era verdade, que você realmente havia morrido. A angústia e a saudade eram tão forte que mesmo acordado ainda sentia um aperto no peito.

Arregalei os olhos, sentindo meu coração falhar uma batida.

–M-orrid-o? – gaguejei assustada.

–Sim, você estava morta no sonho, lembro cada detalhe e isso me assusta. Só de pensar nessa possibilidade sinto um calafrio. – murmurou balançando a cabeça como se quisesse dissipar as lembranças.

Exatamente duas pessoas sonharam comigo e ambos tinham o mesmo final: A minha morte.

Suspirei afoita.

–Sabe, ainda sinto um pressentimento ruim. – revelou alisando minhas mãos. – Você é importante demais para ir embora assim!

Se essa foi à reação dele á apenas um sonho imagine quando for real, quando realmente acontecer.

Senti-me culpada por esconder a doença dele. Talvez eu devesse lhe contar o mais breve possível.

–Eu sou mesmo um idiota! Chorando! Vê se pode! – comentou sorrindo levemente, mas percebi que o sorriso não chegava á seus olhos.

Suspirei tomando uma decisão.

–Edward preciso lhe dizer algo muito importante... – comecei olhando para baixo. – Talvez você fique magoado ou até mesmo com... Raiva de mim!

Seus dedos levantaram meu queixo obrigando-me a olhá-lo.

–Lhe garanto que nunca ficarei com raiva de você. – sussurrou sorrindo. – Nunca sentirei nada de ruim por você, isso eu prometo!

Sorri fracamente olhando em seus olhos.

Deu-me um singelo beijo na testa e suspirou.

Novamente me perguntei o que se passava em sua mente.

–Então, o que queria me dizer? – perguntou.

Tomei coragem e comecei:

–Há alguns anos descobri algo que mudou minha vida por completo. – suspirei. – Tive que mudar meus planos, meu modo de pensar. Amadureci á força, não tive escolhas...

–Nossa! O que causou tudo isso? O que descobriu? – perguntou curioso.

Respirei fundo e olhei dentro de seus olhos.

–Descobri que... – fui interrompida por um grito extremamente agudo e estridente.

–BELLZINHA! –berrou Allie ao pé da escada. – Não sabia que havia chegado! Porque não pediu para ela subir Edward? Eu e Rose já estávamos impacientes.

–Será porque eu estava conversando com a Bell? – perguntou Edward ironicamente.

–Uau! Quanto sarcasmo! – levantou as mãos. – O que deu em você? Primeiro fica o dia todo trancafiado no quarto, não quer ninguém te “enchendo o saco”, como você mesmo disse. – sorriu provocante. – Agora vem com essa ignorância! Cuidado, seus produtos capilares estão afetando sua capacidade de raciocínio!

Edward limitou-se a encarando Alice com olhos fulminantes.

–Fique quieta, você não devia dizer nada que não saiba!

–Tudo bem, não está mais aqui quem falou! – deu de ombros. – Vamos Bell, nossa programação está bastante movimentava hoje.

–Espere um pouco Alice, a Bell estava querendo me contar algo importante, daqui a pouco ela encontra vocês no quarto. – pediu Edward.

Alice olhou-me com olhos duvidosos, como se soubesse o que eu queria contar e perguntou-me silenciosamente se era o que eu queria no momento.

Neguei discretamente, suspirando.

–Ah, depois ela te conta Edward. – interferiu vindo rapidamente em nossa direção. – Afinal, nós temos todo o tempo do mundo.

Puxou-me pelo braço, evitando que qualquer oposição de ambos fosse imposta.

Desvencilhei-me de seu aperto e corri até Edward.

–Depois nós conversamos. – murmurei. – Fique bem! – beijei lhe o rosto e corri de encontro á uma Alice eufórica.

Subimos as escadas e rapidamente paramos em frente á porta de seu extravagante quarto.

–Obrigado Alice, agi por impulso naquele momento e quase ponho tudo á perder. – sussurrei. – Graças á você não fiz uma besteira.

–Sabe que mais cedo ou mais tarde ele vai descobrir. Só estamos adiando o inevitável.

–É, definitivamente você tem razão. Mas pretendo evitar o máximo que puder. – disse olhando em seus olhos incrivelmente verdes.

–Cuidado Bellzinha, pense muito bem em seus atos para não acabar machucando á ambos depois. – dizia sábia.

Suspirei resignada.

–Nossa, quando ficou tão diplomática? – perguntei com divertimento. Mas no fundo sabia que suas palavras eram totalmente verídicas.

–Não sei, acho que estou lendo livros filosóficos demais ultimamente. – rimos. – Tudo bem, vamos entrar e começar a FESTA!

Suspirei sorrindo.

No momento que Alice abriu a porta, quase caio para trás. O quarto estava totalmente diferente do ambiente que vi no dia do jantar.

Havia três colchonetes gigantescos estirados no chão do aposento. Grandes pufes coloridos davam contraste á toda organização festiva. Baldes com gelo abrigavam as bebidas. Tive a leve impressão de ver energético no recipiente, mas acho que era somente minha imaginação. Guloseimas diversificadas estavam sobre uma mesa, dando-me água na boca. Esmaltes, maquiagens, produtos de cabelo e afins estavam espalhados pelo chão ao lado de pilhas e mais pilhas de filmes.

–Uau! – exclamei bestificada.

–Ah isso não é nada! – disse sorrindo. – Vamos, não fique aí parada, entre!

Fui bruscamente puxada para dentro do quarto e jogada sobre á cama, onde Rose estava lendo uma revista e comendo brigadeiro.

–Olá Rose!

–Oi Bell! – cumprimentou sorridente. – Você demorou a chegar, pensei que tinha desistido de vir.

–Não, já havia chegado á algum tempo.

–É, ela não subiu antes porque o Edward ficou alugando os ouvidos da menina. – interferiu Alice, estirada no chão bebendo... energético?

–Ah, não fale assim do seu irmão, ele realmente precisava conversar com alguém. – defendi-o.

–Eu até tentei conversar com ele hoje, mas ele estava insuportável. Não me deixou entrar no quarto e pediu para deixá-lo em paz. – bufou.

–Ele deve ter os motivos dele Alice, você não devia ficar julgando as pessoas assim! – disse Rose.

–Não estou julgando ninguém, só achei estranha a atitude dele. Ele nunca foi assim. Grosseiro. – explicou olhando-nos de ponta á cabeça.

Ri de sua posição.

–É realmente estranho, posso conhecê-lo á pouco tempo, mas duvido que ele seja um menino... agressivo? – disse Rose.

–Não, agressivo ele não está, talvez um pouco rude, sem paciência. – interferiu Alice tomando mais um gole de sua bebida.

Silêncio.

–Bell não vai beber nada? Pegue alguma coisa. – sugeriu Rose de repente.

–Não, estou bem assim, não preciso de nada.

–Ah, deixe de bobeira! – reclamou Alice levantando, pegando uma das latinhas e jogando-a para mim. – Nada de timidez, hoje é um dia de deixar o recanto de lado e EXTRAVASAR!

–É ISSO MESMO! Dia de falar o que pensa sem pudor, contar seus maiores segredos e libertar a fera que existe dentro de você! – disse Rose pulando na cama. – Aliás, o que é falado, contado, pensado e feito nesse ressinto fica nesse ressinto, ok?

Concordamos.

Deixando-me levar pelo momento, abri a latinha de energético e tomei um bom gole.

–Até que não é tão ruim. – comentei bebendo mais um pouco.

–Parece refrigerante, a única diferença é que deixa você alerta por um bom tempo! – avisou Rose sorrindo.

–A noite vai ser longa! – disse cruzando as pernas.

–Essa é a INTENÇÃO querida. – disse Rose abraçando-me pelos ombros.

–Sabe estava aqui pensando, já sei do que meu irmão precisa. – comentou Alice de repente.

–Sabe? – perguntei duvidosa.

–Hãm... Ele precisa de uma nova namorada, isso sim.

Engasguei com a bebida, cuspindo-a. Corei e para completar, gaguejei.

–N-amor-ada? – perguntei.

–É. – Alice olhou-me desconfiada. – Porque engasgou?

–Eu? Hãm... Eu... Quer dizer, a bebida. Engasguei com a bebida, é isso! – disse sem graça.

–Sei Isabella, sei! – murmurava enquanto vinha na minha direção e pegava um dos travesseiros. – Você pensa que engana á quem? Hã? Além de si mesma.

–Eu não estou enganando ninguém Allie.

–Ah, nós estamos fazendo aquele negócio? Que você fingi que fala a verdade eu finjo que acredito? – disse atingindo-me com uma almofada.

Peguei o travesseiro mais próximo e revidei.

–GUERRA DE TRAVESSEIRO! – gritou Rose entrando na brincadeira.

X-X



Não sabia ao certo quantas latas de energético havia tomado essa noite. Perdi a conta depois da sétima.

Só sentia o efeito que ela causava em meu corpo.

Sentia-me alerta, nada de sono, nada de cansaço. Somente animação e empolgação. Simplesmente não conseguia ficar parada.

Apesar de que eu não era a única.

Alice e Rosalie estavam igualmente agitadas. Pulavam, gritavam, riam sem parar. E eu estava junto com elas na agitação, ou melhor, na bagunça.

Nesse momento, estávamos pintando nossas unhas e fofocando sobre nosso assunto preferido: GAROTOS.

Alice discutia comigo, tentado me convencer a pintar minhas unhas de um vermelho sangue muito chamativo. Essa cor nada combinava comigo, preferia uma mais clara, mais delicada, mas quem disse que ela desistiu. Por fim, cedi de mal grado, decidindo que o melhor era não discutir com a fadinha saltitante.

Suspirei desgostosa vendo minhas unhas exageradamente chamativas. Parecia que podiam ser vistas á um raio de cem quilômetros.

Eu sei, estou exagerando! Mas realmente chamava atenção e isso, com toda certeza, não combinava comigo.

–... Emmett e eu estamos meio que estamos ficando e namorando, ainda não sei ao certo. – dizia Rose olhando suas unhas roxas. – Ele já demonstrou que quer algo serio, mas eu ainda estou indecisa.

–Por quê?

–Ah, ele é o tipo de homem que leva tudo na brincadeira, não consegue ter uma conversa seria, não é responsável. – disse. – Tipo, acho que ele não é o certo.

–Rose, só porque ele é bobo, não quer dizer que ele não vai ser maduro nos momentos necessários. – defendi-o.

–É, eu já pensei por esse lado, mas ainda tenho minhas duvidas. – deitou-se suspirando.

–Não deixe essas duvidas atrapalharem seu romance loira, á vida é muito curta para você dar valor á coisas insignificantes. – aconselhou Alice.

–Eu que o diga. – comentei sorrindo. – Experiência própria. – disse sem pensar.

Alice riu.

–Tem razão, vou é curtir minha vida sem medo. Se eu me magoar? Que se dane, vou é aprender com meus erros. Não vou morrer por isso. – sorriu empolgada.

–Decisão sensata, é isso ai! – bridamos com nossas latas.

–E você Alice, como está seu coração? - perguntei.

–No momento totalmente preenchido. – respondeu fazendo doce.

–Podemos saber quem é o felizardo? – perguntou Rose deitando de bruços.

–Vocês o conhecem, ele é fofo, carinhoso, romântico, sensível, lindo, maravilhoso, engraçado. – suspirou.

Nossa ela está realmente apaixonada!

–Você acabou de descrever seu irmão. – comentei novamente sem pensar nas consequências, pois imediatamente ambas me olharam de olhos esbugalhados, como se não acreditassem no que havia acabado de dizer.

Acho que a bebida está me fazendo mal.

–OH MEU DEUS! Você ouviu isso Alice? Ouviu? – gritou Rose já de pé, pulando.

–Ouvi, EU SABIA, EU SABIA, EU SABIA! – repetia pulando junto de Rose.

–Hey, parem com isso, vamos Alice, de quem você estava falando? Ainda quero saber! – tentei desconversar.

–Ah, não vamos falar do Jasper agora, quero saber de você. – disse ela deitando ao meu lado novamente e me empurrando.

–Jasper? Hum... Ele realmente é um menino simpático. – tentei novamente me esquivar, mas elas não desistiram.

–Ah, pare de tentar fugir do assunto, vamos, pode começar a falar. – exigiu Rose deitando á minha frente.

–Eu... não tenho... nada para dizer. – levantei indo para a janela.

ESTÁ APAIXONADA É UM ERRO, É UM ERRO, UM ERRO, UM ERRO, UM ERRO, UM ERRO!

–Vamos Bell, nos conte. – pediu Alice. – Somos suas amigas, você sabe que pode contar conosco. Para o que precisar.

–Eu...

–Vamos, não precisa ficar com medo, é normal.

–Eu...

–Nós vamos te ajudar! É só você admitir, não vai ser surpresa para nenhuma de nós. Já desconfiamos.

Suspirei vencida.

–Eu... estou... apaixonada por seu irmão!– escondi o rosto entre as mãos. – Não consigo evitar, é mais forte que eu. É ERRADO, NÃO É CERTO, ISSO NÃO DEVIA ESTAR ACONTECENDO COMIGO!

–Hey, pare com isso. – pediu Rose virando-me para olha-la. – Não devia estar desse jeito, devia estar feliz. O amor é o sentimento mais lindo que existe, nunca ache que ele é um erro.

Olhei para Alice e essa sorria, afirmando.

–Bell, você é a menina certa para ele. – disse. – São feitos um para o outro, mas ainda não tinham percebido, até agora. Mas antes tarde do que nunca.

Sorri levemente achando essas palavras corretas.

–Bell cunhadinha! – disse Alice e ambas me abraçaram.



X-X

Minha mente alerta com pensamentos desvairados impedia-me de pegar no sono. Rolava de um lado a outro e nenhuma posição era boa o suficiente.

Já se passava das 03h30min da manhã e nada.

Alice e Rose dormiam tranquilamente ao me lado. Sem problemas, sem preocupações e sem pensamentos perturbadores.

Bufei rolando no colchão.

–Bell, está parecendo um peixe fora d´água. – resmungou Alice sonolenta.

–Não consigo dormir, acho que foram os energéticos que tomei. – sussurrei.

–Quer que eu fique acordada com você? – perguntou bocejando.

–Não precisa, volte a dormir, talvez um copo de água resolva. – murmurei sentando-me. – Trouxe água aqui para cima?

–Não, mas tem no andar de baixo. Vá lá buscar. – sugeriu.

–Eu não, não tenho tanta intimidade assim para abrir os armários de sua casa.

–Ah para de bobeira e vai logo, todo mundo está dormindo. – disse grogue.

–Alice eu...

–Vai me obrigar a te jogar para fora do quarto? – perguntou sonolenta, soltando um bocejo alto.

–Tudo bem, não precisa tanto. – sussurrei frustrada levantando-me e indo em direção à porta.

Caminhei lentamente pelo corredor escuro e deserto, tateando as cegas para não cair. Desci as escadas medindo cada passo cautelosamente, tentando não rolar escada abaixo. Iria ser um estrondo e isso acordaria todos na casa.

Entrei á cozinha e a primeira coisa que fiz foi bater meu pé no pequeno balcão no centro.

–Aiiii! – sussurrei, pulando em uma perna só.

Mancando, peguei um dos copos no armário e coloquei um pouco de água.

Bebia lentamente quando fui surpreendida:

–Está sem sono? – uma voz perguntou no meio da escuridão.

SPLAFT!

O susto foi tanto, que deixei o copo escorregar de minha mão e derramar o resto do liquido que nele tinha.

Sorte que o copo era de plástico, pelo menos isso.

–Droga! – resmunguei pegando um pedaço de pano e secando o chão molhado.

–Desculpe, não queria te assustar. – disse ao meu lado.

Podia senti-lo muito perto, muito, muito, muito perto.

Isso não é nada bom!

–N-ão se preocupe Edward, não foi intencional. – sussurrei dando alguns passos para trás, parando quando não tinha mais para onde ir.

Olhei para seu rosto, seus olhos pareciam estar derretidos, de um verde intenso. Perdi-me neles, alternando olhares entre sua boca - bastante convidativa - e seus olhos desejosos. Não conseguia nem queria me mover, meus músculos não mais me obedeciam. Minha mente paralisou, nenhum pensamento vinha no momento, estava somente focada nele.

Podia vê-lo se aproximar cada vez mais de mim, mas quem disse que eu queria impedi-lo? Nossos corpos, já totalmente colados estavam em brasa. Meus dedos formigavam, implorando para tocar sua pele exposta. Meu coração batia desenfreadamente, deixando-me cada vez mais nervosa, cada vez mais ansiosa para o que viria a seguir.

Seu rosto foi se aproximando, encurtando a distância indesejada entre nossos lábios. Nossos narizes se tocaram, mostrando-nos que não havia mais volta. Seu hálito inebriava-me, me causando uma leve tontura. Fechei os olhos, entregando-me por completo ao momento.

E foi assim, em completo abandono, que nossas bocas se encontraram nos causando sensações indescritíveis.

Doce e viciante, era o que mais se encaixava. As únicas palavras que vieram em minha mente.

Apreciei com calma a textura, a maciez, o gosto. E Edward fazia o mesmo. Não sentia vontade de quebrar o contato, na verdade não sentia absolutamente nada, somente amor, o mais puro e sincero amor.

Apaixonada! Essa palavra parecia tão certa agora.

Quase que imediatamente, senti algo explodir dentro de mim. Algo forte, algo bom. Desejo. E de repente, o beijo que começou calmo, leve, se tornou rápido, forte, gostoso, delicioso. A famosa corrente elétrica ficou intensa. Freneticamente passava por nossos corpos. Arrepiando-me, estimulando-me a continuar.

Já não me controlava mais.

Meus braços automaticamente circularam em seu pescoço, enterrando meus dedos em seu sedoso e macio cabelo. Puxei-o em minha direção, obrigando-o a ficar mais próximo á mim.

Isso pareceu o estimular, pois rapidamente suas avidas mãos passeavam por minhas costas, descendo e indo de encontro as minhas coxas expostas. Onde ali permaneceram, apertando, levando-me a beira da insanidade.

Nossas línguas trabalhavam avidamente, explorando, buscando. Brigavam em uma batalha que ambos iriam sair ganhando. Mordisquei seu lábio inferior, fazendo-o soltar um baixo gemido de satisfação.

Seu corpo imprensou mais o meu contra a parede, obrigando-me a sentir a pele exposta de seu peito largo. Quente, muito quente.

Quando o ar nos faltou, nos separamos, mas apenas para seus lábios irem de encontro a meu pescoço. Onde depositava beijos molhados causando-me arrepios excitantes. Com certeza ficaria marcas.

Minha respiração descontrolada era bastante audível no ambiente silencioso.

–Edward, isso é errado! – sussurrei ofegante apertando seus braços musculosos.

Deu uma leve mordida em minha orelha. Apertei os lábios.

–Errado seria parar agora! – murmurou roucamente para logo tomar meus lábios novamente. Obviamente impedindo que qualquer pensamento coerente e incoerente preenchesse minha mente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!