Nothing Lasts Forever escrita por Cherrie


Capítulo 44
Sem Esperanças


Notas iniciais do capítulo

COMO ASSIM?!?!
Sim, é isso mesmo. Eu estou aqui de novo... rápido não?
Acho que algum tipo de milagre aconteceu, não sei. Só sei que foi assim, eu sentei e escrevi um capítulo em dois dias. Legal não?
Eu acheei... E aposto que vocês também vão!
E podem me agradecer pq eu to aqui morrendo de frio com os meus dedinhos congelando e vim postar. Eu sou legal né?
Deu.
Então... boa leitura!
E não esqueçam da músiquinha.



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It’s You – Dana Glover





- Isso significa que eu vou perdê-los?

- Não. – o médico se encostou para trás na cadeira. Mas eu senti que ainda não podia respirar aliviada até que ele prosseguisse. – Isso não significa que você vai perdê-los imediatamente. Os sintomas aparecem devagar, mas são progressivos.

“Os sintomas são progressivos.” Tudo que eu conseguia imaginar ouvindo isso era eu indo de muletas para a cadeira de rodas e então para a cama permanentemente. Levei a mão ao peito, meu coração parecia estar sobre grande pressão, machucado a cada batida. Era como se tudo em que eu estivesse me segurando esse tempo tivesse se desmanchado, e eu agora estava caindo sem poder nem lutar contra isso.

- E quais são os sintomas? – Bill perguntou, e eu pude sentir a dor em sua voz. Virei meu rosto evitando olhá-lo. Acho que eu não conseguiria suportar ver seu rosto desamparado. Meu peito se apertou mais ainda por ele estar sofrendo por minha causa.

- No começo não há sintomas claros, – o médico voltou a falar e eu tentei focar minha atenção nas suas palavras, temendo cada sílaba que saía da sua boca. – mas logo pode se perceber a dificuldade em caminhar, cairá com frequência e não conseguirá medir distâncias. Também poderá ter dificuldade em engolir... – fechei meus olhos como se assim pudesse fechar os ouvidos também para não ter que ouvir as coisas horríveis que aconteceriam comigo. Eu estava com vontade de sair correndo dali e chorar desesperadamente. Forcei meus olhos, mas eles não derrubaram uma lágrima sequer.

- E qual é o tratamento? – Bill perguntou novamente, ansioso. – Tem cura? – ao ouvir a última pergunta levantei minha cabeça e olhei desesperadamente para o médico a procura de uma centelha de esperança.

Nessa hora uma claridade encheu a sala seguida de um barulho ensurdecedor. Olhei para a janela e uma chuva forte caía do lado de fora, dei um riso dolorido, era como se o dia estivesse se compadecendo de mim e compartilhando a minha dor.

- Esse tumor, diferente do anterior, é operável. – Dr. Carlton falou e eu pude ouvir Bill soltar um suspiro aliviado. Pelo menos um pouco. – Mas ele está muito grande, então se retirarmos a perda cerebral seria grande. Então o que nós podemos fazer é a quimioterapia para diminuir o tamanho e então operarmos.

- Mas eu já faço quimioterapia... – falei baixo, quase gaguejando. – Se fosse funcionar, já teria funcionado. – eu já estava perdendo a pequena centelha de esperança que havia se acendido.

- Nós temos que mudar as drogas, esse tumor é mais agressivo que o outro então nós vamos tentar um tratamento novo, aplicando a droga diretamente no local. Com isso você terá efeitos colaterais diferentes. Não vai dar tanto enjoo, nem emagrecimento, nem risco de perda capilar. Mas ele é mais forte então sua imunidade pode abaixar muito mais. – ele sorriu. – Mas não se preocupe. Um já se foi, nós vamos conseguir cuidar desse também. É só você continuar se esforçando, se cuidando e ter o apoio da família. Nós vamos conseguir. – tentei dar um sorriso, que deve ter saído pavoroso. Ao menos ele parecia confiante. – Eu vou analisar os resultados e amanhã eu peço para a secretária ligar para dizer quando podemos começar o tratamento, certo?

Fiz que sim com a cabeça sem nem pensar direito no que ele havia dito e me levantei, indo em direção à porta.

- Vocês estão de carro? – o ouvi perguntar e parei.

- Sim, estamos. – Bill respondeu.

- Ótimo, é bom ela não tomar chuva, o organismo dela está meio debilitado. – Dr. Carlton disse num tom preocupado. Meio debilitado? Eu estava morrendo. Meu organismo estava totalmente acabado. O que era uma chuvinha? Eu já estava me tornando ácida, me depreciando, como quando descobri o primeiro tumor. Mas se eu havia superado ele também poderia superar o outro. Eu confiava no Dr. Carlton. Eu confiava em mim, eu tinha que confiar.

- Pode deixar. Obrigado Doutor. – Bill disse, com um ânimo a mais, ao menos parecia.

Virei-me para trás e estiquei a mão para o médico. – Obrigada, até mais, eu vou me esforçar. – disse, lutando para acreditar no que eu dizia. – Pode contar comigo.

Saímos da sala e imediatamente Bill me abraçou. Encostei minha cabeça em seu peito, desamparada. Eu estava preparada para ter dores horríveis de cabeça, para desmaiar... Mas não para ir perdendo tudo de mim aos poucos. Isso doía mais que qualquer coisa. Me imaginar deixando tudo que eu sempre fui para trás. Não poder mais fazer as coisas sozinha, ter que depender dos outros para tudo. Nunca mais dançar... Sacudi a cabeça tentando apagar esses pensamentos e apertei Bill mais ainda.

Ele segurou meu rosto com ambas as mãos e eu me esforcei para fitar seus olhos. – Eu ainda vou te amar, mesmo que tudo isso aconteça.

Sustentei o seu olhar por uns momentos. – Eu estou com medo. – admiti com a voz fraca. Pela primeira vez desde a descoberta da doença eu estava morta de medo. Sem saber o que fazer, o que pensar, para onde ir. Estava totalmente sem esperanças.

Ele escondeu meu rosto no seu peito, me abraçando de novo. Beijou minha cabeça seguidas vezes. Forcei meus olhos, novamente tentando chorar, só para aliviar toda aquela dor maldita, mas não adiantou. Ela continuava ali, comprimindo meu peito.

- Eu sei. – ele disse com a voz dolorida, me apertando ainda mais. – Eu também estou. – e foi aí que eu percebi como ele estava sendo forte. Ele não estava chorando, não estava desesperado. Mesmo que estivesse sendo insuportavelmente difícil pra ele, Bill só estava ali para me dar forças agora.

Levantei meu rosto e consegui dar um sorriso. – Obrigada. – ele também sorriu e beijou meus lábios.

- Eu vou ir buscar o carro, você fica me esperando na porta, okay?

Balancei a cabeça afirmativamente, ele me beijou de novo e desceu as escadas para o estacionamento. Fui andando lentamente para a porta. Observando cada passo, eles realmente estavam mais desajeitados. E eu não havia percebido. Eu não havia percebido como cada movimento que eu fazia era tão precioso. Eu passei todo o esse tempo sem dar a devida importância para eles, talvez por ter parado de dançar eu não estava me importando. Idiota. Eu nunca devia ter parado de dançar.

Arrisquei um arabesque no meio do corredor do hospital. Fiquei na ponta do all star e estiquei a perna esquerda para trás. Girei meus braços para não cair, me desequilibrando nos primeiros segundos. Respirei fundo e tentei de novo. Consegui me sustentar por alguns segundos. Peguei impulso com os braços e dei uma pirueta. Desequilibrei-me totalmente e caí no chão. – Au! – resmunguei baixo abraçando meu cotovelo que tinha absorvido minha queda. Se eu ainda tivesse colocado as mãos no chão e erguido uma perna não teria caído. Mas nem isso eu era capaz de fazer.

- Você está bem? – uma enfermeira me ajudou a levantar.

- Estou, obrigada. – alisei minha roupa e dei um sorriso amargo. – Só estava me provando que não sirvo pra mais nada. – ela deu um sorriso convalescente. Estávamos na ala de neurologia, ela devia estar acostumada a inválidos.

- Não quer um gelo? – ela falou um pouco mais alto enquanto eu saía. Apenas virei o rosto e balancei-o negativamente.

Andei esticando meu pé até a frente e apoiando-o no chão na meia ponta. Coloquei meus braços esticados a frente do meu corpo em segunda posição e migrei-os acima da cabeça em quinta posição. Ao menos os passos iniciais, quase infantis ainda estavam intactos. Me orgulhei bobamente disso. Se ao menos isso eu poderia fazer então iria fazer isso até que eu não pudesse mais.

Passei distraída pela porta e uma multidão veio para cima de mim. Os flashes me cegavam. Eu ouvia umas frases desconectadas das pessoas gritando para mim. “É verdade que vocês se casaram?” Meu estomago subiu até a boca e eu senti novamente vontade de chorar, sem lágrimas. “É menino ou menina?” Abracei meu próprio corpo tentando me proteger e esconder a barriga e tentei correr. Para todos os lados havia esses malditos repórteres. “Quanto tempo você tem de vida?”. Eu já não estava mais conseguindo respirar com tudo aquilo em cima de mim. Era gente demais, pressão demais, a água da chuva caía forte sobre mim. Perdi a força nas pernas, e meu peito doía sem ar. Eu estava prestes a desmaiar.

Senti uns braços me ampararem quando eu estava prestes a cair no chão. Bill me cobriu com seu casaco e com o braço livre empurrava a multidão. “Bill Kaulitz, como você se sente com tudo isso?”

- Que merda é essa agora, droga?! – Bill praguejou em meu ouvido. Um deles puxou meu braço com força, me fazendo cambalear. – Solta! – ele berrou e empurrou o braço do cara longe. – Longe dela! – ele berrou mais alto ainda.

Ao chegar em frente ao carro Bill abriu a porta e me ajudou a sentar. Certificou-se de que a porta estava trancada e deu a volta o mais rápido que pôde até o lado do motorista. Me estiquei para trás, conseguindo finalmente respirar. Olhei para ele tentando dar a partida, seu maxilar estava cerrado e ele socou o volante. Tirei a mão dele do contato e girei a chave levemente e consegui dar a ignição. Aqueles malditos não saíam da frente e Bill apertou a buzina com força. Ele foi andando pouco a pouco com o carro, forçando com que os repórteres fossem indo para trás. Conseguiu um espaço livre e acelerou o máximo. Em questão de segundos já estávamos na avenida principal, quebrando todos os limites de velocidade. Eu nunca o havia visto desse jeito.

Coloquei minha mão suavemente sobre o braço retesado dele, que ao meu toque instantaneamente relaxou.

- Me perdoe por isso. – ele disse entre os dentes cerrados.

- A culpa não é sua. Não se desculpe por isso. Você sabe muito bem de quem é a culpa disso.

- Sei. – murmurou e soltou o braço em que minha mão estava apoiada do volante e a segurou sob sua perna. Sua mão estava trêmula e fria. Me movi entre os dois bancos do carro e pousei meu braço sobre o ombro dele, esperando que seus músculos se descontraíssem e lentamente sua mão também foi esquentando e parando de tremer.


- Billy... – ele me olhou e eu dei um sorrisinho infame. - Não sabia que você era bipolar, de macho alfa pra gatinho trêmulo em questão de minutos.









- Pronto. – Bill disse voltando ao quarto. – a água já está quentinha.

- Você não vai vir comigo? – dei um sorrisinho sacana e fui até ele, abraçando-o.

- Não. – ele disse e afastou meus braços. O encarei desentendida. Ele me empurrou até a cama, me sentando nela e parou em frente a mim.

- Você está recusando um banho de banheira comigo? – perguntei indignada, mas na realidade eu já estava morta de medo. Algo devia estar errado pra ele estar fazendo isso.

Bill riu e apertou minha bochecha. – Estou, mas não por que eu não queira, sua boba.

- Então por quê? – cruzei meus braços na frente dele, fazendo bico.

- Por que eu não quero que você fique doente, vou fazer um chá de limão pra você tomar enquanto ainda está no banho quente. – disse todo protetor.

- Ah, Billy... – resmunguei com voz infantil e o abracei pela cintura. – Eu prefiro você me esquentando do que um chá.

- Carol... – eu fui fazendo uma trilha de beijos pelo seu abdômen nu. – Eu preciso ir lá... – parei e o olhei. – Para com isso...

- Okay. – disse e me afastei dele que me olhou fazendo beicinho e ergueu os braços, desistindo.

- Continua com isso...










- Seu chá. – meu marido me entregou a caneca e se sentou atrás de mim me abraçando. Apoiei meus braços no dele e tomei um gole do chá, voltando a observar a chuva pela janela. – Ainda com medo?

- Acho que com medo não, só assustada. – ele apoiou o queixo no meu ombro, eu sentia sua respiração quente no meu pescoço, o que me dava arrepios. E eu não sei por que senti a necessidade de falar mais com ele sobre isso, explicar o que se passava pela minha cabeça. – Eu não esperava por isso. Eu esperava passar por tudo que minha mãe teve, tudo que já tinha visto, tinha ajudado... Por mim tudo bem. – senti um nó na minha garganta se formando. – Nunca reclamei das dores de cabeça, das convulsões, dos desmaios... Por que eu já tinha visto tudo isso por tanto tempo que não me importava. Minha mãe enfrentou isso com a cabeça erguida, e por isso eu sempre soube que conseguiria. Agora eu já não tenho essa confiança. – admiti fracamente e apoiei minha cabeça na dele, soltando um suspiro. – Eu me sinto tão desprotegida sem ela aqui. A cada dia que passa eu sinto mais falta dela.

Bill deu leves beijos no meu ombro. – O que você acha que ela diria se estivesse aqui?

- Ela iria dar aquele sorriso mágico e dizer que tudo ficaria bem, que eu ia conseguir, que eu era insuportavelmente insistente e iria passar por isso. E que se por um algum segundo eu fraquejasse ela estaria lá pra me ajudar a levantar e continuar. – sorri ao imaginar ela falando isso. Isso já me dava uma paz enorme. Bill esticou seu rosto na minha frente e sorriu exagerado.

- Tudo vai ficar bem, você vai conseguir, você é insuportavelmente insistente e vai por isso. E se fraquejar somente por um segundo eu vou estar aqui pra te levantar e te ajudar a continuar. – ele abriu o sorriso mais ainda. – Se sente um pouco melhor agora?

Fiz que sim com a cabeça e o abracei, muito forte. Não me sentia mais tão desprotegida depois disso. Meu coração agora parecia aquecido, confortável. Por mais que ele tivesse usado palavras que seriam da minha mãe, elas soaram tão verdadeiras que me deram a força que eu precisava. Eu já estava sorrindo novamente e com o fôlego renovado graças a ele.




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Notas finais do capítulo

Ownti, eu quero um Bill assim pra mim...
E só posso dizer uma coisa, capítulo que vem vai acontecer uma coisa tããão linda. Mesmo, acho que vou até chorar escrevendo e olha que eu não choro fácil...
Então, té mais.
Beijos =*