Nothing Lasts Forever escrita por Cherrie


Capítulo 30
Ainda Resta Uma Esperança


Notas iniciais do capítulo

Todo capítulo é a mesma coisa. Eu me desculpo por ter demorado tanto e digo que não vou demorar pra postar o próximo, mas seempre demoro.
Mas dessa vez foi muito mais tenso. Eu simplesmente não consegui escrever. Não era por falta de tempo ou inspiração, eu só não conseguia, de jeito nenhum. Eu ficava olhando pro word, o word pra mim e nada... Por isso o capítulo não está lá essas coisas, mas justamente pela dificuldade que foi escrevê-lo espero que vocês leiam ele apesar de tudo.
MUITO OBRIGADA a quem ainda persiste em acompanhar a fic até hoje, vocês não fazem ideia do quanto eu sou grata.
Ah, antes que eu esqueça... Como eu tenho leitoras inteligentes... Palmas para iamhumanoid_ (a primeira a acetar minha perguntinha do último capítulo) e para todas que também acertaram: Millena_Freitas, anne kaulitz, humanoid_mandy e Caroliinne. Também vamos combinar que foi bem óbvia a coisa né.

Boa leitura ♥



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Never Gonna Be Alone - Nickelback

   Meus sentidos começaram a voltar e eu ainda via as coisas tremendo um pouco. Eu não sabia onde eu estava e não entendia ainda o que havia acontecido. Só havia uma frase, que insistia em ficar martelando na minha cabeça. “É uma menina.” Mas isso não significava nada para mim. Eu tentava lembrar-me de algum acontecimento recente, porém nada fazia sentido.

  - Você já está bem agora, querida. – ouvi a voz da Dra. Jane e pouco depois seu rosto entrou em meu campo de visão. – Você teve uma convulsão. – ela falou em um tom calmo tentando me explicar as coisas. – Se acalme mais um pouco e então vai voltar ao normal. – ela sorriu e eu respirei fundo, tentando fazer o que ela dissera.

  E então tudo fez sentido. “É uma menina.” A voz na minha cabeça soou claramente para mim. Consegui me lembrar de tudo e o desespero veio à tona novamente.

  - Eu quero o meu pai! – praticamente gritei e por mais que parecesse uma birra infantil não era nada disso. Só ele poderia entender o que se passava ali, só ele conseguiria compreender o quão cruel esta situação poderia ser.

  - Ele já está vindo. – ouvi uma voz conhecida sussurrar ao lado do meu ouvido, isso me acalmou instantaneamente, mas ao olhar para o rosto de Bill senti tudo desmoronar novamente. Ele com certeza tinha chorado - sua (ex)maquiagem borrada denunciava isso - e estava com os olhos totalmente arregalados num misto de espanto e desespero.  Não sei dizer se era pelo que havia acontecido comigo ou se ele já havia entendido tudo.

  Uma enfermeira se aproximou de mim e preparou uma seringa com algum medicamento, porém antes que ela pudesse fazer alguma coisa meu pai apareceu e quase a atirou longe. Atirei-me nos braços dele e comecei a chorar compulsivamente. – É uma menina. Você sabe o que vai acontecer não sabe? Tudo vai se repetir, tudo.

  - Não vai, não vai... Fique calma mon chéri. – ele me abraçou, acariciando meus cabelos. – Nada vai se repetir, confie mim. – tudo que ele dizia era tão utópico, mas mesmo assim me fez ficar um pouco mais relaxada. Isto me lembrava perfeitamente todas as noites que eu tinha pesadelos após a morte da minha mãe. Todas elas acabavam do mesmo modo que este momento.

  A enfermeira agora tinha conseguido ter acesso ao meu braço e aplicou lentamente o remédio. – Durma um pouco e não se preocupe com nada, entendeu? – meu pai sorriu para mim, acariciando o meu rosto e pouco a pouco senti meu corpo ser dominado por uma dormência e sem demoras, eu apaguei.

“O que foi meu anjo? – minha mãe perguntou olhando para a minha cara emburrada assim que eu entrei no quarto. – Foram os seus irmãos de novo?

  - Eu odeio aqueles guris. – falei cruzando os braços na frente do peito e fazendo um bico maior ainda. Ela deu palmadinhas ao seu lado na cama de hospital para que eu me sentasse lá.

  - Eles ainda são uns bobos. – ela gargalhou um pouco a me ver concordando veementemente com ela. – Mas podes acreditar em mim, tu ainda vais amar tanto eles... – fiz uma careta de nojo, da qual ela riu mais ainda. – Acredite em mim.

  - Por favor, mãe, me abstenha dessas tuas previsões. – não soei tão adulta quanto queria parecer ao dizer isso. Tentei segurar minha máscara de braveza enquanto Júlia sorria abertamente. De uma hora para outra ela mudou completamente de expressão, ficando séria e ligeiramente triste, o que me preocupou bastante.

  - O que foi mãe? – segurei a mão que estava livre do soro. Ela me olhou séria e entortou a boca num sorriso triste.

  - Eu preciso que tu entendas uma coisa. – passou a mão nos meus cabelos e puxou-me para mais perto dela. – Sabe aquele probleminha que deu no teu ouvido? – olhou-me fundo em meus olhos e esperou que eu confirmasse com a cabeça. – Provavelmente daqui a alguns anos, vai acontecer uma coisa não muito legal parecida com aquele problema. – os olhos dela começaram a ficar cheios d’água. – E eu preciso que tu sejas muito forte. Promete pra mim que vai ser? ”


  Comecei a acordar me sentindo totalmente revigorada. Aquela memória tão vívida me fez relembrar da promessa que eu fiz. E ficar tendo acessos de nervosismo não tinha nada a ver com ser forte. Às vezes uma certeza muda tudo o que se sente. E de uma coisa eu jamais poderia duvidar, minha mãe sempre estaria comigo, e isso fazia toda a diferença.

“Você nunca vai estar sozinha

De agora em diante

Mesmo que você pense em desistir

Não vou deixá-la cair

Quando toda a esperança se for

Eu sei que você pode continuar

Vamos ver o mundo sozinhos

Vou te abraçar até a dor passar

Eu estarei lá de qualquer forma

Não vou desperdiçar mais nenhum dia

Eu estarei lá de qualquer forma

Não vou desperdiçar mais nenhum dia”

  Antes que eu terminasse de acordar completamente ouvi alguém conversando. Apenas tentei abrir os olhos sem me mexer e sem fazer nenhum barulho para não atrapalhar a conversa de quem estivesse ali. Quando eu percebi do que se tratava fiquei totalmente petrificada e senti meu coração ser derretido. Bill estava sentado ao meu lado na cama e debruçado sobre o meu abdômen falava com a minha barriga.

  -... eu sei que vai ser difícil, mas você pode contar comigo. Eu – ele pigarreou e sorriu um pouco – o papai, promete que vai dar tudo certo, princesa. Pode confiar em mim.

  No mesmo momento meus olhos se encharcaram e eu não pude mais fingir que estava dormindo. Sorri alto e levei minhas mãos até os olhos para tentar secá-los. Eu não chorava por dor ou por pensar que logo mais eu não poderia ver nada disso, chorava simplesmente por que essa era a cena mais linda que eu já havia presenciado na minha vida, sem exageros.

  Bill se remexeu um pouco na cama e sorriu já ficando com o rosto todo vermelho. – Eu estava só... dizem que faz bem conversar com o bebê. – deu um sorriso envergonhado que me fez derreter mais ainda, se isso fosse possível. – Você está bem?

  Balancei a cabeça afirmativamente não conseguindo conter o sorriso enorme que começou a se estampar no meu rosto. Estiquei os braços na direção nele, esperando que viesse até mim para poder abraça-lo. Essa era a única coisa que eu desejava fazer neste momento. – Eu te amo. – sussurrei no ouvido dele sentindo o coração dele bater mais forte assim como o meu.

  Ouvi umas batidas na porta e mesmo assim não tive vontade de me soltar do meu noivo. Logo após veio um pigarro e nós fomos obrigados a nos afastar. Bill voltou a ficar vermelho e provavelmente desta vez eu fiquei também. Dra. Jane e Dr. Carlton estavam parados na porta do quarto, mas antes que eu pudesse falar que eles poderiam entrar a médica se adiantou e foi entrando sorridente. – A senhorita já está se sentindo bem agora?

  - Sim, já estou bem melhor.

  - Você vai ter que começar a tomar outro remédio agora. – Dr. Carlton disse e sorriu tristemente ao me ver revirar os olhos. – Para conter os espasmos do cérebro e evitar mais convulsões.  – passou a mão nos meus cabelos – E você tem que ficar mais calma. – falou a última frase num tom de reprovação tentando parecer bravo.

  - Isso é verdade. – Jane concordou com o médico, e colocou a mão sobre a minha barriga. – É importante para o bebê que você fique calma.

  - E para você também. – o Doutor afirmou fortemente para mim e olhou desafiadoramente para a Doutora. Estava bem claro ali que Jane era da mesma opinião que eu - salve o bebê! - e que Carlton era da mesma opinião que Bill - salve a garota! – Você já quer aproveitar e fazer a quimioterapia agora para não ter que voltar mais tarde?

  Olhei para Bill esperando que ele confirmasse e só depois que ele disse que sim eu falei. – Pode ser. – espera aí, foi isso mesmo? Eu esperei ele dizer se eu poderia ficar? Gott... eu estava perdida mesmo... – Jane, não tem problema nenhum para a bebê eu fazer quimioterapia?

  - Você deveria perguntar se não tem problema nenhum você ficar sem radioterapia. – Bill disse me olhando de um jeito reprovador e logo depois a troca de olhares entre ele e Dr. Carlton me revelou que era sobre isso que eles conversaram aquele dia.

  - Olha, isso não é necessário. – a médica disse calmamente em um tom doce que só ela conseguia ter num momento desses. – enquanto nós pudermos cuidar de você e da bebê ao mesmo tempo, nós vamos cuidar. Não se aborreçam com isso. Sofrer antecipadamente é burrice.

  Carlton me deu mais algumas recomendações e Jane me deu o resultado do ultrassom e disse que estava tudo perfeitamente normal com a minha garotinha apesar de a minha barriga ainda ser tão pequena; e saíram da sala. Logo após a enfermeira morena e baixinha que sempre me dava as drogas entrou e ficou olhando estranhamente para o meu cabelo.

  - O que foi, ele já está começando a cair? – me assustei pegando nos fios de cabelo do topo da minha cabeça.

  - Não. – Lola franziu o cenho mais ainda. – E acho que nem vai... depois de todo esse tempo ainda não caiu.

  - O da minha mãe não caiu. – disse e dei de ombros. – Tomara que o meu seja assim também.

  - Eu já disse – Bill se pronunciou – você deve ficar linda até careca.

  Revirei meus olhos, mas não conseguindo não sorrir ao vê-lo sorrir tão lindamente. Ouvi a enfermeira Lola murmurar um “own” olhando para nós dois. – Você poderia fazer isso logo, por favor? – tive que dizer já que ela pareceu ter se esquecido do que havia ido fazer ali.

  - Sim, sim. Desculpe. – e logo tratou de injetar aquele líquido quente nas minhas veias.

  - Acho que a minha barriga já está maior não é? – levantei a blusa e mostrei a barriga para Bill assim que entramos no carro.

  - É... – sorriu sem graça após examiná-la. – acho que não. – isso destruiu a minha empolgação. Mas de qualquer maneira tudo estava normal. Suspirei fundo e abaixei a blusa.

  - Temos que escolher um nome para ela.

  - Não, eu já sei qual vai ser. – me virei e o meu noivo sorria prepotente observando a estrada.

  - Ah é, e qual vai ser? – me sentei de lado no banco esperando 'ansiosamente' pela resposta.

  - Julie. – sorriu, mas desta vez sem prepotência alguma, apenas um sorriso de fofidão extrema. – É meio que o nome da sua mãe, então...

  - Julie. – repeti para mim mesma acariciando a minha barriga. – Julie. – dessa vez disse com total convicção de que este seria o nome da minha filha.

 Apesar de tudo parecer perdido, ainda havia uma chance de que tudo ficasse bem.


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Notas finais do capítulo

Sobre a queda de cabelo... Meu vizinho teve câncer e não perdeu um fio sequer de cabelo, então isso é totalmente possível. E ele tinha câncer linfático, aquele que se espalha por todo o corpo sabe, e ele era só uma criança... E agora ele já está quase livre de tudo *-* (quem perguntou?)Bom, espero, de verdade, não demorar com o próximo.Obrigada novamente.Beijos