Nothing Lasts Forever escrita por Cherrie


Capítulo 17
Tudo Se Resume A Amar Você


Notas iniciais do capítulo

Adoro colocar Bill's Pov e Carol's Pov com o mesmo título, acho q isso deixa eles tão sintonizados *-*

Boas vindas às novas leitoras e muito obrigada a quem acompanha desde o começo.

Até lá embaixo.



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  As luzes da cidade oscilavam sendo ofuscadas pelo brilho dos fogos que explodiam no céu. Sorvi mais um gole do champagne e desviei meus olhos da rua para dentro da casa onde a minha família numerosa se divertia com seus convidados. Eu até invejava a felicidade absurda que eles sentiam apenas por hoje ser o primeiro dia do ano. O começo de uma nova vida, uma vida nem tão agradável assim.

  Desviei meus olhos de lá e voltei a me debruçar sobre a grade da sacada, para onde eu consegui fugir após a contagem regressiva. Eu havia conseguido que minha família me deixasse sozinha por um curto tempo, não completamente, meus irmãos me observavam o tempo todo, com medo de que alguma coisa me acontecesse ou de que eu fizesse com que algo acontecesse comigo. O que não seria uma coisa muito difícil de imaginar. Não que eu tivesse coragem de provocar um atentado contra a minha vida, mas sim pelos sentimentos que eu andava trazendo comigo nestes dois meses. Nada mais me importava agora, eu simplesmente existia. E isso era um pensamento egoísta, porque se algo me acontecesse os possuidores dos quatro pares de olhos que me observavam atentamente sofreriam mais do que o imaginável. E o meu pai; eu faria qualquer coisa para que ele não tivesse que passar por isto tudo novamente. Mas isso não estava ao meu alcance, e a única coisa que eu podia fazer era seguir em frente, não importando o que eu sentia.

  Nunca pensei que fosse ser tão difícil assim. Afinal, eu havia me preparado a vida inteira. Porém, nada saiu como planejado, não nos últimos anos. Por causa do Bill eu havia me esquecido de tudo, e isso me deixou desprotegida. E o pior de tudo era a sensação que eu tinha de que ele não estava se sentindo nada bem agora. Se ele estava sofrendo do mesmo jeito de que estava adiantando eu estar me despedaçando por ter que viver sem ele? Nada mais fazia sentido se não fosse para o bem dele e eu não fazia idéia do que poderia ser o melhor para ele agora.

  A única coisa boa nisso tudo era poder estar perto do meu pai e dos meus irmãos. Isso me fazia bem e eu iria fazer de tudo para retribuir esse bem a eles. Saí da grade e me sentei na espreguiçadeira que ali se encontrava. Passei meus olhos pela minha vestimenta. – all star branco, vestido tomara que caia branco parcialmente coberto pelo moletom também branco do meu irmão – reparando no meu corpo. Ele tinha se transformado estranhamente. Eu tinha emagrecido consideravelmente e algumas partes específicas tinham adquirido certo inchaço. O médico havia dito que isso era causado pelos remédios que eu tinha começado a tomar. As coisas em meu corpo não funcionavam mais normalmente, por que eu iria ficar me preocupando com uma pequena desproporção?

  - Eu tive que vir aqui por que eu sei que você está aí morrendo de saudades de mim. – Jared sentou-se ao meu lado na espreguiçadeira, rindo zombeteiro, olhando para mim com aqueles olhos tão iguais aos meus.

  - Claro, não te vejo desde o ano passado. – ele revirou os olhos com a minha piada infame de virada de ano. Cruzou as pernas e as observou atentamente. Um silêncio chato se instalou entre nós. Durante um tempo em que somente olhávamos para nossos pés.

  - A festa não estava boa? – apontei para a sala e tomei o último gole da taça em minha mão.

  - A mesma coisa de sempre – bufou e se deitou, colocando a cabeça em meu colo. Irmão mais carente esse que eu tenho. Olhou para mim, com um sorriso torto. – O que eu posso fazer para você se sentir melhor?

  - Você já está fazendo eu me sentir melhor só de estar aqui. – correspondi seu sorriso e apoiei a taça fria em sua testa, vendo-o fazer careta.

  - Eu andei pensando – levantou-se em um salto e piscou – e eu vou dar um jeito para as coisas melhorarem, você vai ver. – se espreguiçou, erguendo os braços e depois esticando a mão para mim. – Vamos ver filme, eu ‘tô cansado dessa agitação toda.

  - Já trouxe tudo? – meu pai me perguntou enquanto pegava a mala prata da minha mão e colocava no porta malas do Ford Edge.

  - Aham. – disse observando o céu nublado, escondendo os poucos raios de sol da manhã e me espreguiçando com dificuldade por causa das várias camadas de roupa.

  - Tchau vovó. – Benjamin gritou aparecendo na porta, recebendo um olhar reprovador/assassino da mulher de tailleur a nossa frente. Ele estava brincando com fogo, ela era quase a Miranda Priestly dos carros, a dama de ferro e não aceitava ser chamada de vovó.

  - Obrigada, senhora. – isso era mais adequado. Sorri para ela e ela sorriu de volta, coisa que eu raramente presenciava.

  - Se comporte moça, e o senhor muito mais Benjamin. – apontou para ele e voltou para dentro de casa.

  - Pode deixar, madame. – Ben bateu continência e entrou no carro.

  - Eu não sei por que não vamos de avião. – Christopher resmungou também entrando no carro. – São quase quarenta horas daqui até San Francisco.

  Eu entrei e percebi que não estava tão apertado assim. Então estava faltando alguém. – Onde está o Jared?

  - Ele saiu mais cedo. – respondeu-me Christopher, que estava sentado ao meu lado, batucando nas pernas. – Disse que tinha umas coisas para resolver.

  - Que coisas?

  - Vai saber. – suas pernas foram substituídas por minha cabeça, os batuques que nela eu recebia faziam a dor em minha cabeça se concentrar apenas naquele lugar. O que de alguma forma era bom, pelo menos a minha dor ficava focada em apenas um ponto, e não na cabeça toda. Quando ele finalmente parou eu coloquei meus fones de ouvido e fiquei olhando os prédios passando lá fora.

  Eu estava me sentindo melhor de poder voltar para minha nova casa. Onde eu estava agora, na casa da minha avó em Dearborn parecia mais um quartel general, tudo frio e rigidamente correto. Querendo ou não eu já estava adaptada a San Francisco, e estes cinco dias de “férias de Réveillon” aqui já haviam sido suficientes para eu sentir falta de lá.

  Fiquei observando a mudança de paisagens de um estado para o outro, a mudança de luz fraca do início do dia, para o sol a pino do meio dia e então na ausência dela ao anoitecer enquanto dirigíamos pela estrada por horas a fio, fazendo apenas algumas pausas quando era realmente necessário, até que paramos em um hotel para passar a noite.

  Quando o meu celular tocou no dia seguinte não precisei de nem um segundo para levantar. Meus olhos estavam arregalados desde o momento que eu me lembro de ter deitado na cama. Minha vida estava quase toda perfeita agora, exceto por uma única coisa. E não era a doença, com ela eu não me importava nem um pouco. O que estava me matando era não saber como o Bill estava se sentindo, se todo o meu esforço tinha servido para alguma coisa ou se eu estava estragando tudo, como sempre. Eu nunca devia ter encontrado ele naquele maldito acidente, assim ele ainda poderia estar levando a vida feliz sem mim.

  Levantei-me, com a cabeça pesada, dolorida e latejante. Coloquei minhas mãos sobre ela e tive a impressão de senti-la pulsando. Tomei um banho e fiquei enrolando de propósito para não ter que tomar café.  Esperei até que eles me ligassem dizendo que eu já estava atrasada e fui até o carro.

  - Bom dia, pequena.

  - Bom dia, papa. - dei um beijo no rosto do meu pai e em cada um dos quatro guris que estavam em volta do carro.

  - Entra logo por que já está tarde. – olhei para o céu para constatar a afirmação dele, e pela posição do sol e a fraca intensidade de sua luz concluí que deviam ser apenas cinco da manhã. Mas tudo bem, se ele diz que está tarde, quem eu sou eu pra contestar? Entrei no carro, bocejando e vendo então uma sucessiva onda de bocejos de todos dentro do automóvel.

  - Não pense que você escapou. – Jeremy esticou o braço para trás, segurando uma caixinha de plástico. – Pode comer tudo. – peguei a maldita refeição virando os olhos e bufando, eu sentia ânsia só de pensar em comer. – E... – esticou o braço de novo, segurando uma garrafinha – vitamina C. – demorei provavelmente mais de uma hora para digerir aquilo, me esforçando muito para não vomitar tudo ali no carro mesmo.

  Aproveitei os últimos goles de suco de laranja para tomar dois analgésicos de uma vez. Quem sabe com eles eu ficasse zonza e conseguisse dormir.  Coloquei os óculos de sol, uma música lenta no Ipod e me aconcheguei no banco, encostando a cabeça no ombro do Totti para tirar um bom cochilo.

  - Chegamos – mãos me sacudiam enquanto a voz rouca do Christopher ecoava em minha cabeça. Pisquei meus olhos algumas vezes e entreabri-os, evitando a luz do sol, somente para ter certeza de que eu estava mesmo finalmente chegando em casa. Olhei pela janela e tive a bela vista da Golden Gate coberta por nuvens de algodão em meio ao céu anilado. Abri o vidro e senti o vento morno bater em meu corpo gelado por causa do ar-condicionado. Sorri vendo o caminho conhecido para chegar até nossa residência. Desci do carro arrancando os meus casacos, com o calor ameno de San Francisco aquecendo meu rosto, deixando minhas bochechas rosadas.

  - Mana! – ouvi o Jared gritando das escadas da porta de entrada da casa que compramos aqui. Ela era toda cor de marfim, com detalhes em gesso por todo o seu redor. Linda e aconchegante. – Vem cá. – ele desceu e esperou que eu me aproximasse para começar a andar.

  - O que você quer?

  - Nada, só me segue. – odeio quando fazem isso, odeio. Segui-o até o outro lado da propriedade, caminhando ao longo da casa principal, pela piscina, pelo jardim, pela casa de hóspedes e finalmente chegando próximo a beira da praia. Então, ele parou, me olhando com cara de paisagem.

  - O que tem aqui afinal? – perguntei colocando as mãos na cintura. Respirando ofegante, cansada pela longa caminhada.

  - Aquilo. – apontou para trás, onde eu vi uma silhueta magra, sentada na pedra, com a cabeça apoiada no joelho. Apenas pela força com que meu coração passou a bater pude reconhecer de quem se tratava.

  - Bill!


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Notas finais do capítulo

Bom, acho que agora as atualizações serão somente aos sábados, fica bom pra vocês?