Nothing Lasts Forever escrita por Cherrie


Capítulo 15
Desde Que Eu Te Disse Que Acabou


Notas iniciais do capítulo

Saudades de vocês *-*
Me desculpem a demora, de novo. Mas eu acho que agora as coisas voltam ao normal, eu espero.

É, esse era o capítulo que eu mais esperava durante toda a fic, e na hora de escrever ele toda a inspiração se foi, eu passei a semana inteira tentando e tentando e nada. Eu queria que vocês chorassem nele, mas acho que não é dessa vez... Mas de todo o meu coração, eu espero que gostem.

A música pra trilha sonora não é necessariamente triste, só q era ela q eu imaginava para essa cena desde sempre, então é ela.

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Só deem atenção a ela depois dos quatro minutos, que é onde tudo melhora.

Boa leitura.



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  - Diz que não é o teu pai que vai pilotar aquilo hoje.

  - Não Lewis, ele ainda não é o John Travolta. Ele pode até tentar, mas ainda não conseguiu. – revirei os olhos, e voltei a olhar a vidraça do saguão do aeroporto. – Não acha que aquele avião é grande demais para um aprendiz?

  - Sei lá, teu pai é meio – olhou para mim com receio de que eu reagisse violentamente após o que ele dissesse. – ousado.

  - Quer chocolate maninha? – Christopher apareceu e ficou passando a caixa de bombons que tinha acabado de comprar embaixo do meu nariz. Provavelmente estava achando que eu voaria no pescoço dele para roubar aquela caixa e comer tudo sozinha. Coisa que normalmente eu faria. Mas o cheiro do chocolate estava me enjoando.

  - Pára Totti. – pedi inutilmente, ele achou que eu estava fazendo parte da brincadeirinha. Um rebuliço começou a se formar no meu estômago. Levantei da cadeira, dobrada sobre meu próprio abdômen, com uma mão nele e outra na boca, contendo o que estava por vir. No mesmo instante Christopher veio até mim, eu espalmei minha mão sobre o peito dele e puxei a de Lewis para que ele fosse comigo até o banheiro. Seria humilhação demais ficar vomitando litros de coisas gosmentas na frente do meu irmão. Seria humilhante não só para mim como também para ele.

  Entrei no banheiro e coloquei pra fora tudo o que estava me fazendo mal. Quando eu saí Lewis já estava com uma garrafa de água me esperando, fui até ele para pegar a garrafa e tirar logo aquele gosto horrível da boca. Antes que eu conseguisse atingir meu objetivo, minha cabeça começou a girar e eu tive que parar para não cair. – Merda, merda, merda.

  - Ainda quer a água?

  - Quero. – peguei a garrafa da mão dele e sorvi o líquido todo de uma só vez. – Agora eu quero chiclete. – dei mais alguns passos e a tontura apareceu de novo, Lewis então colocou o meu braço sobre o seu ombro e o seu em minha cintura para que eu tivesse sustentação suficiente para ir pelo menos até a lanchonete.

Fomos andando vagarosamente, atravessando os portões de embarque, eu fazia o máximo para que ninguém percebesse o estado em que eu me encontrava. As pessoas andavam apressadas, de um lado para o outro, e então dois homens pararam em nossa frente me encarando.

    - Tom? – o mais alto, de touca e óculos escuros, apontou para mim e Lewis – O que você disse sobre não conseguir imaginar isso? – Bill. Droga, neste momento a sustentação do meu amigo se fez mais necessária do que nunca, minhas pernas simplesmente perderam toda a sua força. Droga, droga, droga... Por que tudo estava dando errado? Por que ele tinha que estar aqui agora? Droga...

  Eu fiquei encarando o chão, não consegui fazer outra coisa, não conseguiria de maneira alguma encarar o rosto de Bill, não conseguiria olhar naqueles olhos e continuar mentindo. A única vontade que eu tinha era me afundar em um abraço seu. Vi os seus pés se aproximando do meu campo de visão. – Eu não posso acreditar... então era realmente isso né... – sua voz era cheia de dor e raiva. Abracei meu corpo, tentando impedir que o desespero me invadisse. – Tenha a dignidade de ao menos olhar pra mim! – ele apertou meus braços, e eu mantive firmemente meus olhos fixados nos seus pés, suas mãos se fecharam ainda mais e me sacudiram para tentar me fazer olhar para ele.

  - Pára com isso! – meu amigo disse, e tentou tirar os braços dele de mim.

  - Você fica fora disso! – Bill gritou, tirando uma mão dos meus braços e apontando o dedo para o rosto de Lewis, pelo que eu pude ver pelo canto dos meus olhos.

  - Bill, pára... – reconheci a voz de Tom, meio entre dentes – as pessoas estão olhando.

  - Parar Tom? O que eu estou fazendo? – a voz dele estava totalmente descontrolada, eu tinha que fazer alguma coisa, mas eu não conseguia, as lágrimas já rolavam pelo meu rosto, e eu não podia permitir que ele as visse. Sua outra mão voltou a apertar o meu braço, eu merecia aquilo, na verdade eu merecia coisas muito piores do que aquela. – Olha para mim. – disse raivosamente, me sacudindo de novo.

  - Solta ela, agora. – ouvi a voz firme do meu pai e levantei meu rosto para vê-lo. Ele estava parado a certa distância, e todos os meus irmãos estavam atrás dele, fato este que fez Bill me soltar quase que instantaneamente. Finalmente olhei para o seu rosto, que tinha um sorriso debochado contrastando com os olhos furiosos.

  - Eu sou um idiota mesmo. – ele riu mais ainda, e me olhou profundamente, me obrigando a encará-lo. – Agora você está feliz não é? Com sua família do seu lado, com um homem de verdade... Foi isso que você disse não foi? “Eu preciso de um homem de verdade”. Eu espero que ele seja muito bom para você. – cerrou os olhos, queimando-me com aquela expressão de desdém, passou por nós e saiu.

Minha cabeça está cheia com as mentiras que eu contei

Eu estive pra baixo

Mas eu caí em meus próprios pés

E eu deixei você

Eu nunca dei valor a isso

Eu olho em volta, algumas vezes eu olho fixamente

Eu acho que acabou e então, eu espero que você saiba

Que eu me importo

Eu fui embora aquele dia, tentando te tratar da

Maneira certa

Mas eu estava em seu caminho,

Isso foi me trazendo de volta

Então olhe pra mim agora

Desde que eu te disse que acabou

Você tem um espaço vazio no seu coração

Neste ponto em que estamos

Você nunca, nunca vai se livrar de mim

(Since I Told You It’s Over – Stereophonics)

  - Pronto, está tudo bem agora. – meu pai me abraçou, acariciando a minha cabeça e me balançando como um bebê.

  - N-não... – o que saiu da minha boca foi quase um resmungo. Não estava nada bem. Eu não podia deixar ele se sentindo assim. – Eu preciso fazer alguma coisa papa. – ele levantou meu queixo e fez que sim com a cabeça.

  - Sim, você precisa. – sorriu - Mas, tudo bem se você quiser ficar aqui.

  - Eu não posso fazer isso com ele... – afundei minha cabeça em seu peito, chorando. – Eu devia fazer alguma coisa, não devia?

  - Devia, e você sabe o quê. – olhei para ele novamente, sentindo meu coração parar de bater com tal possibilidade. – Acredite, é o melhor. – olhou para trás fazendo sinal para os meus irmãos calarem a boca, eu não os olhei, se fizesse isso provavelmente a pequena coragem que estava começando a surgir desapareceria no mesmo instante. Afastei-me do meu pai, respirei fundo e sequei as últimas lágrimas.

  Fiz o mesmo caminho que Bill, cada passo que eu dava parecia durar uma eternidade e no momento que eu o vi tudo ao meu redor parou. Eu não precisava estragar tudo, nem contar tudo. Apenas falar a verdade para que ele não se sentisse traído ou usado.

  À medida que eu me aproximava mais dele, sentia uma tensão enorme, meu cérebro tentava mandar comandos para que o meu corpo retrocedesse.  Mas neste momento ele só obedecia ao coração. Quando percebi que já conseguiria, toquei o ombro dele. Um choque saiu das minhas mãos até ele, que ao estremecer se virou para ver o motivo daquilo.

  - O que foi? Veio conferir se eu já estava esmagado o suficiente? – tirou minha mão do seu ombro e se virou de costas, andando novamente.

  - Bill, eu preciso falar com você. – continuei andando atrás dele. Ele só andava cada vez mais rápido. – Bill, pára. – desisti de apenas falar, parei de andar e gritei, sentindo as lágrimas jorrarem de novo. – Me escuta, merda! – ele finalmente parou e me direcionou o olhar. – Eu só quero te explicar o que está acontecendo.

  - Isso não será necessário. Eu já entendi o que está acontecendo. – se virou novamente e recomeçou a andar, voltando a acompanhar Tom, que havia desistido de parar toda vez que Bill o fazia.

  - Não! – me enfiei na frente dele e o parei com as mãos espalmadas em seu peito. – Você entendeu tudo errado. Eu preciso te explicar, por favor.

  Ele olhou para o lado, pensativo, em seguida voltou o olhar para o painel de vôos, para o relógio em seu pulso e finalmente para Tom, que respondeu resmungando: - Sabe, eu acho que vocês tem que conversar, não importa o que tenha acontecido. Isso tem que parar, porque eu já não aguento mais. Essas caras de bostas de vocês dois não dá não. – revirou os olhos e pegou a pequena mala de Bill – Eu ‘tô fazendo o check-in, quando acabar vai lá. – apontou para mim com um olhar reprovador. – E você, acho bom tomar cuidado com o que vai dizer. – e saiu. Perdoe-me Tom, mas o que eu vou dizer agora para o seu irmão será pior do que tudo.

  Bill me indicou a cafeteria – Vamos? – ele foi à frente e eu o segui. Nos sentamos à mesa aos fundos. – Pronto, já estou aqui, pode começar.

  - Eu... – esfreguei as mãos embaixo da mesa; elas estavam trêmulas, frias e suadas. Meu coração batia aceleradamente, dificultando a minha respiração. – É... – Meu Deus, por onde eu começaria? Como eu faria com que isso fosse o mais rápido e menos doloroso possível? – Lembra quando você me perguntou se algum dia iria saber o porquê de eu ter tanto receio de me apaixonar? – ele fez que sim, ainda com a cara fechada e os braços cruzados sobre o peito. – Então, eu acho que esse dia chegou. – respirei fundo, olhando para baixo, em seguido encarei-o. – Por onde eu começo?

  - Pelo começo? – sugeriu, arqueando a sobrancelha direita.

  - Pelo começo... – okay, então seria pelo começo. – Quando minha mãe morreu eu vi meu pai em um estado que eu jamais imaginei que algum ser humano pudesse chegar. – pausei, respirando profundamente, controlando o choro que estava vindo à tona, causado pelas dolorosas lembranças.

  - Tudo bem, - se remexeu na cadeira, visivelmente desconfortável – mas, aonde eu entro nisso?

  - Calma, me deixa falar. No final você vai entender. – inspirei e expirei mais algumas vezes e voltei à explicação. – O sofrimento que a perda dela causou a ele e a todos naquela casa era uma coisa inexplicavelmente dolorosa. – minha voz saía esganiçada devido ao choro que se acumulava em minha garganta. – E eu prometi a mim mesma, durante toda a minha vida, que eu jamais faria ninguém passar por isso. – segurei meu rosto com as mãos e liberei todo o choro que estava preso. Uma dor excruciante invadiu cada minúsculo pedaço do meu corpo, e eu não conseguia evitar que ela crescesse cada vez mais. Senti os braços de Bill ao meu redor, e isso só me fez chorar mais ainda. Tentei me controlar e voltei a falar. – E aí você apareceu, e estragou tudo, tudo. E o pior de tudo, e me fez esquecer a minha promessa por um ano. E quando tudo aconteceu, eu estava totalmente entregue e fiquei sem chão nenhum.

  - Mas, eu não estou entendendo...

  - Eu tenho a mesma doença que ela Bill, o que matou a minha mãe está me matando agora.


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Notas finais do capítulo

E aí?

Cara, nunca estive tão ansiosa por reviews antes...

Até ano que vem, que eternidade, tá né, até parece.

Boas festinhas pra todo mundo.

Beijos