Capítulo 135 - Arranque as raízes ruins de sua vida!

  Tá legal, tá legal, eu nunca imaginei que para conseguir uma mera pista de jogo de caça ao tesouro precisaria...trabalhar. Trabalhar?! Arrancar ervas daninhas para o zelador do parque? Como assim? O legal da excursão era não ir para a aula e, além disso, não fazer nada. Mas agora tinha uma tarefa enfadonha dessas pra gente? Não acredito nisso. Acho bom esse tesouro ser muito bom para valer a pena esse serviço!

- Então...temos que arrancar todas essas ervas? - perguntou Demi - Será que dá tempo antes da excursão acabar?

- Dará tempo se vocês falarem menos e trabalharem mais - disse seu Adair, em um tom não muito simpático - É só arrancar todas e jogarem nesses sacos!

 E ele nos apresentou vários sacos pretos gigantes....e ainda assim achei que não daria conta de tudo que teríamos que arrancar dali. Já dava desânimo só de pensar em começar, mas uma hora teríamos que iniciar a tarefa. E eu não era o único desanimado.

- Temos mesmo que arrancar tudo? Não pode ser só metade? - perguntou Jorjão, já sentindo arrepios só de pensar em gastar energia por meio de exercícios físicos.

- Ué? Vocês não querem esse papel aqui? - seu Adair nos mostrou um envelope, onde provavelmente estava a próxima pista.

- Pensando agora...não sei se vale tanto a pena - falou Jorjão.

- Sabe que eu também pensei a mesma coisa? - concordei.

- O que é isso?! Ânimo, gente! - disse Wilson - Se conseguirmos esse tesouro antes de todo mundo, imagine a fama que vamos alcançar!

 O maior problema da fama e da riqueza é o trabalho necessário para alcançá-las. Mesmo assim, Wilson estava com os olhos brilhando, afinal, a próxima pista estava bem ali, nas mãos do zelador do parque. E o pior é que estávamos mesmo na frente, mas só de olhar todas aquelas plantas.

- Hmmm...estamos em seis, contando com a Emília - observou Karina - Se  trabalharmos juntos, não vamos demorar tanto assim.

- Isso! Eu trabalho juntinho com o Danzinho! - disse Emília, agarrando o meu braço na mesma hora.

- Não precisa ficar tão junto - falei - Se eu ficar muito suado não vai ser legal!

- Ah, a gente junta nosso suor! - disse Emília, sem o menor pudor. Já disse que aquela garota me dava medo? A expressão de seu Adair ao ouvir aquilo não foi das melhores.

- É melhor começarem logo - disse ele - Quando terminarem, me chamem. Estarei ali dentro tomando meu café. Ai, ai, é cada uma que me mandam fazer...

 Por alguma razão aquele zelador me lembrava a professora Margarida. Quando me dei conta, já vi Demi e Wilson arrancando plantar como se não houvesse amanhã.

- Vamos lá, galera - disse ele - É só ir arrancando!

- Oh, cara - lamentei, mas, no fim, acabei me juntando à galera na árdua tarefa de arrancar as ervas daninhas. Jorjão, bem a contra-gosto, também se juntou a nós e seguimos com o trabalho. Oh, cara, aquilo cansava mais do que eu pensava. Pobre Jorjão! Parecia tão cansado após um minuto de trabalho! Mas continuamos na tarefa. Na verdade, meu trabalho seria mais fácil se a Emília não ficasse tão perto de mim (e se eu suasse mais, junto com ela, juro que iria vomitar). Aos trancos e barrancos, uns quarenta minutos depois, acabamos arrancando tudo. Nada como trabalho em equipe.

- Arf...arf... - Wilson parecia cansado - Seu Adair! Ei, seu Adair! Acabamos!

- Já acabaram? - perguntou ele, com cara séria e com mais uma xícara de café nas mãos - Até que trabalharam bem, heim?

- Somos muito eficientes - falou Demi.

- Podemos pegar a pista agora? - perguntou Jorjão - Deu muito trabalho arrancar tudo com as mãos!

- Arrancar tudo com as mãos? - perguntou seu Adair - É verdade...acabei de lembrar. Vocês podiam ter usado as ferramentas de jardinagem aqui da zeladoria. Bem...agora já era.

 Já era? Já era? Isso é tudo que ele tem a dizer? Fala isso para os calos na minha mão! Tsc! Acho bom estarmos bem perto do tesouro depois dessa, afinal, ninguém trabalhou tanto que nem a gente para conseguir em primeira mão aquele papelzinho desgraçado.

- Tá...não adianta chorar pelo leite derramado - disse Wilson - O importante é que agora temos direito à próxima pista!

- São só vocês? Achei que uma escola inteira estivesse visitando o parque - falou o zelador.

- É que nós chegamos primeiro - falou Wilson - E vamos chegar ao tesouro antes de todo mundo também!

- Você tá bem confiante - falou o zelador - Tá legal...tome aqui e...

- Valeu! - disse ele, pegando o envelope das mãos do velhinho antes mesmo dele começar a falar - Yeah! Conseguimos!

- Bom, acho que meu trabalho por aqui acabou - disse Seu Adair - Boa sorte!

 E ele fechou a porta, provavelmente para tomar mais café. Tudo bem, mais uma pista em nossas mãos.

- Ficamos um bom tempo aqui - disse Demi - Será que ainda dá tempo?

- Acho que sim - falou Karina - O passeio estava programado até o fim da tarde...ainda são três horas e dezesseis minutos.

- Ótimo - falou Wilson - Agora, vamos conferir a próxima pista que é...

 Ele abriu o envelope e leu o próximo texto.

- E aí? O que está dizendo? - perguntou Demi curiosa.

- Hmm...procure os grandes mestres - falou Wilson - O que ele quis dizer com isso?

- Grandes mestres? - perguntei - Para usarem grandes mestres...

- Só podem ser eles mesmos! - gritou Patrícia, que apareceu do nada no local onde estávamos acompanhada de Cássio.

- P-Patrícia?! - gaguejou Wilson - O que está fazendo aqui? Não devia estar procurando a outra pista?

- Suspeitei que vocês tinham arranjado alguma coisa e passado a perna na gente, mas ri melhor quem ri por último, meu querido - disse ela, com uma expressão vitoriosa.

- Isso mesmo - concordou Cássio - Ficamos aqui vendo vocês fazerem todo o trabalho e só estávamos esperando para revelarem a pista.

- Ora, seus... - reclamei - Ganharam a informação sem mexer uma palha! Isso não é justo!

- Pode ser, mas agora já sabemos com quem está a próxima pista! Com o Jonathan e aqueles caras! Vamos correndo atrás deles! - falou Patrícia, saindo em disparada.

- E vocês devem estar muito cansados para correr, não é? - provocou Cássio - Esse jogo virou, Wilson!

 A dupla saiu em disparada na frente. Ah, não, depois de tanto trampo iríamos deixar eles saírem na frente desse jeito?

- Pessoal! Depois de tanto trampo, vamos deixar eles saírem na frente desse jeito mesmo? - perguntou Wilson (é, foi o que eu disse).

- Nunca! - concordou Demi - Vamos agora atrás deles!

- Ah, não! Correr não! - reclamou Jorjão.

- Hihi. Com o Danzinho até que é divertido - disse Emília, me puxando pela mão - Vamos atrás deles!

- Ei, calma aí, ainda tô cansaaadooo!

 Mas ela puxava forte demais. Tsc. A corrida começou. Nem ligávamos para os outros alunos, que ainda procuravam pela primeira pista. Estávamos focados na Patrícia e no Cássio. Não podíamos deixar aqueles dois chegarem antes. Wilson corria como nunca.

- E-Ei! - gritou Dimas, praticamente derrubado quando Wilson passou correndo por ele - Caramba, Wilson! Se pode correr tanto assim, por que não faz isso nas aulas de Educação Física?

- POR QUE ISSO É IMPORTANTE! - gritou ele, para deixar o cara ainda mais nervoso. E, como se não bastasse, nós, os outros cinco que corriam atrás dele, também quase derrubamos ele. E dessa vez ele não deixou barato.

- Ora, seus folgados, quando eu pegar vocês - Dimas corria atrás da gente. Nós tentávamos alcançar Wilson. Patrícia e Cássio estavam quase chegando no lugar onde a prova começou. Jonathan aguardava a todos com um sorriso (malvado) no rosto. Acabou que tanto Wilson, quanto Patrícia e Cássio, chegaram ao mesmo tempo.

- Você tem a próxima pista, não tem?! - todos falaram ao mesmo tempo.

- Ora, ora, alguém conseguiu chegar à verdade depois de arrancar algumas ervas, heim? - disse Jonathan.

- Tá de brinks, né, amore? - reclamou Patrícia - Acha mesmo que eu, toda linda e diva como sou, iria sujar minhas mãozinhas com essa porcaria? Apenas fui mais esperta e conseguia a informação do meu jeito!

Todos viram a comoção e logo todos os alunos estavam ali vendo a cena. Naquela altura, todos descobriram a verdade 

- Hehe. Imaginei. Sim, sim, é verdade. Nós temos uma das pistas - disse Jonathan - Não temos apenas uma pista, mas a última pista.

- A última?! - gritou Wilson - Então...vocês tem a última informação para chegar ao tesouro?

- Claro que temos - concordou Jonathan - Está bem aqui com a gente, mas...

- Mas o quê? - perguntei (é, com os bofes para fora, mas conseguimos chegar até onde eles estavam).

- Terão que enfrentar um último desafio antes disso! - falou Jonathan, com uma expressão nada amigável. É...essa excursão está sendo mesmo muito longa...