This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 117
Capítulo 117




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Capítulo 117 - Operação Miss em Ação!

A casa da Karina era a única das casas dos membros da nossa turma que eu ainda não conhecia. Então, vamos lá, vamos ver como é o lar da família Martinez. A própria Karina estava nos guiando, como sempre, sem demonstrar muita emoção. Wilson tentava puxar assunto.

— Não tem problema a gente chegar assim de repente? - perguntou ele.

— Não se preocupem - respondeu ela - Pelos meus cálculos, hoje temos comida o suficiente para alimentar um grupo de até dez pessoas. Como meus pais almoçam no trabalho, a quantidade é exata.

— Exata. Sua família é tão grande assim? - perguntei.

— Não, só eu, meu irmão e a cozinheira - disse ela - Mas eu contabilizei as repetições de prato do Jorjão.

— Prometo não repetir muito - falou Jorjão.

— Irmão? Não sabia que você tinha um irmão - comentou Demi.

— Ah, sim, ele está na segunda série - disse Karina - Mas não estuda na Megatec. Ele pediu para entrar em uma escola com mais ênfase em música.

— Música? O que ele toca? - disse Demi interessada. Música era com ela mesmo.

— Piano - disse ela - Até que está indo bem.

E, de fato, quando chegamos na casa dela (uma casa relativamente grande...não chegava a ser nem um quarto da casa da Patrícia, mas perto da minha casa era bem grande), ouvimos o som de piano. Seria o irmão dela?

— Ah, sim, ele já deve estar treinando - falou Karina. Entrando pela porta, vimos um garotinho (bastante parecido com a Karina), atacando um piano de cauda com uma perícia invejável. Então era assim que o Mozart era? Tá, tudo bem, Mozart seria exagero, mas aquela Marcha Turca (que, por sinal, era de Mozart) estava sendo muito bem tocada.

— Que lindo! - disse Demi, toda feminina - Seu irmão toca muito, Ka! E é muito parecido com você!

— Você acha? - disse ela, sem mudar a expressão - Ei, Arthur, quero que conheça meus amigos!

O garotinho se levantou da banqueta diante do piano e veio até nós. Ele não disse nenhuma palavra e sua expressão era tão apática quanto a de Karina.

— Da esquerda para a direita: Jorjão, Daniel, Demi e Wilson. Pessoal, este é o meu irmão mais novo, Arthur!

— Uau! Você toca piano muito bem, sabia? - disse Demi toda sorridente.

— Sabia - respondeu ele, sem mudar a expressão. Demi sorriu amarelo. Será que toda a família era monossilábica?

— Venham para a cozinha...se estiverem com fome, almoçamos agora - disse Karina (comparado ao irmão, até que ela estava bem falante) - Arthur...vai almoçar agora ou depois?

— Depois - foi tudo que ele disse. Feito isso, retornou ao piano e começou a tocar alguma outra coisa.

— Desculpem. Ele não fala muito - disse Karina, enquanto nos conduzia até à cozinha (não que ela tivesse alguma moral para dizer uma coisa dessas).

— Seu irmão deve ser um gênio da música, não é? - perguntou Demi - Nunca vi alguém tocar tão bem com tão pouca idade.

— Não, ele só treina bastante. Fica ali umas seis horas por dia, só parando para comer e fazer a lição de casa à noite. Sem contar quando o professor de piano vem aqui...aí ele fica umas oito horas por dia.

— Uau! Muito demais! - espantou-se Demi.

— Espere - parou Karina de repente.

— O que houve? - perguntou Wilson.

Karina voltou até Arthur.

— Toque de novo o último compasso.

O garoto fez isso. Após prestar atenção em cada nota, ela pronunciou:

— Acho que você precisa praticar mais a última parte...assim - e ela tocou com toda a precisão o pedaço da música. Arthur fez que sim com a cabeça e Karina voltou até nós. Desnecessário dizer que estávamos de boca aberta.

— Você...você sabe tocar piano também? - perguntou Demi.

— Fiz conservatório alguns anos atrás - respondeu ela - Mas foi só por curiosidade...mesmo assim, alguma coisinha eu lembro.

— Você nos surpreende a cada dia! - comentou Jorjão.

Karina não disse nada. Ao chegarmos na cozinha, fomos apresentados à cozinheira, que, claro, ficou surpresa por receber tanta gente sem ser avisada. Karina argumentou que a comida era suficiente para um grupo todo e ela acabou cedendo. Tivemos um tipo de bife vegetariano e algumas saladas estranhas, mas, por incrível que pareça, estava tudo ótimo.

— Você é vegetariana? - perguntou Wilson.

— Não, nem meus pais. Mas evitamos comer carne...embora eu não me importe com isso. - disse Karina. Por outro lado, Jorjão não repetiu tanto assim por não ser tão fã de comida vegetariana (se tivesse uma carne um pouco mais gordurosa, a história certamente seria outra).

— Realmente...a gente não sabe muita coisa sobre você. Hehe - sorriu Demi.

— É que legumes e verduras são muito consumidos aqui em casa. Principalmente pela Minerva - disse Karina, enquanto terminava de tomar o suco de tomate que acompanhava o almoço (e o suco de tomate era bom, sim, muito bom).

— Minerva? - perguntei, mas assim que olhei para a gaiolinha do outro lado da sala de jantar, lembrei imediatamente de quem era.

— É. A minha iguana - disse Karina - Iguanas são primariamente herbívoras...e como frutas e legumes são mais fáceis de encontrar do que rações especiais..

— Ah, é, a sua iguana - comentei, um tanto quanto desconfortável (é, não sou muito acostumado com lagartos).

Pois é. Agora sim podia dizer que todos conhecíamos a casa de todo mundo. Mas não estávamos ali apenas para ouvir piano e brincar com iguanas. Wilson fez questão de lembrar o motivo de termos nos reunido ali. Logo depois do almoço estávamos no quarto de Karina (metade dele estava ocupado por uma estante recheada de livros dos mais diversos assuntos, na outra metade, havia uma mesa com um notebook, papeis e, do outro, a cama dela, com um cobertor cheio de várias palavras em inglês).

— Nossa. Você deve estudar bastante! - comentou Demi.

— Nem tanto. Só faço o essencial. O resto do tempo gasto lendo - disse ela, arrumando os óculos - Mas entre uma leitura e outra, gosto de rabiscar algumas coisas.

Ela nos mostrou seus desenhos e, inclusive, alguns modelos com vários vestidos. Lembrando que eu sou o típico esterótipo do homem, então não entendo nada de moda. Por outro lado, Demi parecia manjar mais desses assuntos.

— Uau! Muito lindos! - disse Demi - Se usarmos esse vestido azul e esse outro preto que você desenhou, vamos ter grandes chances! Tenho ótimos contatos que confeccionam vestidos bem baratos.

— Eu não entendo de tecido, então o pano fica por sua conta - disse Karina.

— Beleza. Deixa isso comigo. Mas as cores precisam ser essas!

— Presumindo...que eu vá usar o preto e você o azul, não é? - perguntou ela.

— Pode ser...você gosta mais de preto?

— Sim

E as duas continuaram a conversar. Eu ficava me perguntando no que Wilson, Jorjão e eu poderíamos ajudar.

— Vamos dar uma olhada nas regras do concurso - disse Wilson, ligando o notebook de Karina sem muita cerimônia - Melhor estudarmos bem as nossas opções.

— Ei, não ligue o computador dos outros assim! - reclamei.

— Não se preocupe - disse Karina - Todos os recursos devem ser usados se quisermos mesmo vencer.

— Está empolgada mesmo, né, Ka? - perguntou Demi.

— Eu só quero os livros - disse ela - Aliás, se você vencer, se importaria de me emprestar a coleção?

— Ah, se quer tanto, posso dar a coleção inteira - falou Demi.

— Obrigada - respondeu ela, sem sorrir, mesmo estando feliz por dentro.

— Err...mas não é só a roupa que precisamos mudar, não é? - comentou Demi.

— Era o que eu ia dizer - falou Wilson - Precisamos estudar como andar com elegância, como fazer uma boa maquiagem e criar um discurso impressionante!

— Você quis dizer elas, não é? - perguntei.

— Isso, elas - falou Wilson - Embora possamos aprender alguma coisa também.

— Não tenho muito interesse nessas coisas - falei.

— Não custa nada. Já pensou? Se ganharmos, podemos abrir uma franquia de ensino de modelos mirins! Podemos até desbancar a agência que a Demi trabalhou!

— Ah, não, não quero mais me envolver com isso - reclamou Demi - Era algo muito chato!

— É verdade. Temos uma especialista aqui. Pode nos contar tudo que aprendeu, Demi? - perguntei.

— Sim. Vou usar tudo que aprendi no mundo fashion se isso for suficiente para vencer a Patrícia!

E assim ela começou a ensinar várias dicas, embora transformar Karina em uma verdadeira miss fosse difícil (afinal, a maioria das candidatas à miss alguma coisa costumam sorrir)

— Ka...você precisaria sorrir pelo menos um pouco, viu? - disse Demi em um certo momento.

— Mas não preciso sorrir agora, certo?

— Bem, vai precisar sorrir no concurso e..

— Confiem em mim. Tenho tudo planejado.

— Não sei, não - disse Demi, coçando a cabeça - É que eu nunca vi você sorrindo e...

— Não se preocupe com isso. Pode passar para a próxima etapa?

Eu também não estava muito confiante, mas o jeito era confiar na Karina. Planejamos todos os passos: vestidos, maquiagem, discursos e talentos. Eu poderia falar tudo que planejamos agora, mas isso não teria muita graça, não é? Além disso, o concurso em si seria algo memorável. Como seria? Bom, duas semanas depois estaríamos lá. Mas, espere, nossa visita à casa de Karina não podia acabar sem uma atividade muito importante!

— Não pode ser! - falei - Como você pode ser tão bom tanto no piano quanto no Playstation 3?

— ... - o irmão de Karina apenas permaneceu em silêncio.

É, o Arthur era um prodígio em muitas áreas...e a surra que levei naquelas lutas de Street Fighter IV vão me fazer lembrar disso por muito tempo. De qualquer forma...duas semanas depois chegou o grande dia do concurso da Miss Megatec. E os detalhes disso...ficam para o próximo capítulo.


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