This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 104
Capítulo 104




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Capítulo 104 - Desafio da Semana

  Apesar dos pesares, às vezes era possível ficar duas ou três semanas sem se meter em nenhuma encrenca ou plano bizarro de Wilson. E aquele era um desses períodos maravilhosos onde eu podia desfrutar a paz de simplesmente levar minha vida escolar empurrando com a barriga, como qualquer estudante comum faria.

- Uaaaaaaaaah! - bocejou Wilson, em mais um intervalo dos períodos de paz - Que tédio! Precisamos sair desse marasmo e inventar alguma coisa nova...de preferência algo que impulsione nossa gangue para o topo da popularidade do colégio.

- Se você está sem ideias, não olhe pra gente - falei - Acho que poderíamos aproveitar o momento de paz e descansar um pouco de todos os apuros que a gente se mete.

- Eu acho que a gente devia fazer alguma coisa - sugeriu Demi - Raramente nós saímos juntos...podíamos marcar alguma coisa no fim de semana.

- Parece legal - concordou Jorjão - Nesses encontros de amigos a gente sempre tem alguma coisa boa no lanche!

 Sair com todos? É, sair de casa não é bem minha especialidade, mas seria interessante pegar um cineminha...e se eu conseguisse sentar do lado da Demi, pegar na mão dela como não quer nada e deixar rolar um clima...

- Daniel, por que está com essa cara de bobo? - perguntou Karina, com o olhar entediado de sempre - Não é educado ficar imaginando coisas enquanto as pessoas conversam com você.

- Eu? Oh, desculpe...só estava pensando que seria mesmo legal fazer alguma coisa diferente...só pra variar.

- Bom, eu sempre proponho que façamos as reuniões da NERD na minha casa para evitar os espiões...mas se querem se reunir fora, precisaremos tomar mais cuidado...talvez precisemos de disfarces ou nos comunicarmos com palavras chave e...

- Não, não, Wilson - interrompeu Demi - Estava pensando em alguma coisa mais informal...não precisamos bolar planos o tempo todo.

 Isso só fez a lindinha da Demi subir no meu conceito mais ainda. Sim, sim. Nada de planos. Apenas alguma coisa normal para variar. Esse era o momento. Wilson estava quase cedendo, quando eu olhei para o chão e cometi um erro fatal.

- Ei, o que é aquilo ali? - apontei.

- Aquilo? - Wilson e os outros olharam para a mesma direção - Ah! Que demais! Uma pena branca...deve ser de uma pomba branca ou talvez de um pássaro raro. Tudo bem, é só eu recolher e levar para análise e laboratório que poderemos descobrir que..

- Não! Estou falando disso! - retruquei, pegando um tipo de envelope que estava abaixo do banco do nosso cantinho. Parecia uma carta ou algo assim.

- Que troço é esse? - perguntou Jorjão.

- Trata-se de um envelope, provavelmente com uma carta dentro - respondeu Karina - Há alguns anos atrás, era comum as pessoas se comunicarem com cartas.

- Cartas? - estranhou Jorjão, coçando a cabeça - Difícil de imaginar. Como as pessoas conseguiam sobreviver sem e-mails?

- De algum jeito elas tinham que mandar mensagens, não? - apontou Karina.

- Sim. Mandavam mensagens por vias obsoletas - disse Wilson - Nossa! Claro! Deve ser isso! Um pombo correio deve ter deixado essa carta aqui, por isso a pena estava junto.

 Tapa na minha própria testa. Por que ele sempre pensava no mais improvável antes de olhar para o mais urgente?

- Não é melhor a gente ver o que está escrito? - perguntou Demi.

- Sim. Deixe-me abrir..ei, espere - Wilson se interrompeu - E se for uma armadilha? Vocês sabem...armas biológicas via cartas não são tão incomuns assim e..

- Não somos tão perigosos assim a ponto disso! - retruquei - Abre logo essa coisa!

- Tá - disse Wilson, abrindo a mensagem ainda meio receoso - Nossa...está com várias letras recortadas de revista.

- A pessoa deve ter feito isso para disfarçar a letra - disse Demi (bonitinha, porém óbvia) - Mas...o que está escrito afinal?

- "Encontrem-se comigo na portão na hora da saída" - leu Wilson.

- B-Briga? Querem desafiar a gente? - disse Jorjão assustado.

 Não, claro que não, podemos até nos considerarmos uma gangue, mas gangues de verdade jamais nos levariam a sério. E isso não era o único ponto do meu argumento, não, a parte mais forte vinha depois que Wilson terminou de ler.

- "Assinado: Cassio" - leu ele - O Cássio quer nos desafiar para uma briga? Não sabia que ele também tinha uma gangue?

- Briga? - retruquei - Ele não aguente nem carregar uma dúzia de caixas de leite, como vai querer desafiar a gente?

- E se ele tiver contratado capangas? - argumentou Wilson - É possível...talvez prometendo uma máquina de aprimoramento de habilidades para o time de futebol.

- Por que você sempre pensa nas possibilidades mais bizarras?! - retruquei.

- Cássio é um rival intelectual de Wilson - disse Karina - Certamente, deve querer desafiar Wilson no campo da ciência e da mente.

- Estranho..normalmente ele vem falar com a gente direto - retrucou Wilson - Será que é alguém que sabe de minha rivalidade com Cássio e esteja preparando uma armadilha?

 Essa paranoia já estava me irritando.

- Só tem um jeito de saber - disse Demi - Vamos todos juntos nos encontrar com ele na hora da saída.

- Beleza - concordou Wilson - Agora vou ficar com isso na cabeça até a hora da saída.

 E, de fato, eu também fiquei com aquela história na cabeça até a hora da saída. Cássio, para quem não se lembra, é um rival antigo de Wilson que quer porque quer superá-lo em tudo que puder (mas nunca conseguiu). Imagino que tipo de bobagem ele deve ter pensado agora. E o pior: essa bobagem vai acabar sobrando para mim. E eu não poderia estar mais certo.

- Hehehehe. Aposto que ficaram com isso na cabeça até agora - disse Cássio, quando encontramos com ele logo na porta da sala do meliante.

- Então foi você mesmo quem escreveu essa carta? - perguntou Wilson.

- Sim. Eu mesmo - disse ele, tirando os óculos para limpar na camiseta - Porque...eu simplesmente criei o maior desafio mental de todos os tempos!

- O maior...desafio mental? - perguntei, obviamente sentindo o exagero da afirmação.

- Sim - disse ele - É algo que não pode ser jogado por mentes simplórias.

- Mas se você desafiou a gente é porque não acha que nossas mentes sejam simplórias, não é? - perguntou Karina.

- Bem, não sei quanto a de vocês, mas com certeza a do Wilson não é - disse Cássio.

- Ei! - reclamou Demi.

- Calma, calma, não precisam ficar irritados - ele continuava com um tom de voz cínico - Eu sei que vocês mal podem se conter de vontade de saber de que desafio estou falando.

- Estamos? - perguntou Jorjão.

- Bem, confesso que estou um pouco curiosa - disse Demi.

- Fala logo o que é - resmunguei - Por que tanto suspense?

- Infelizmente não é algo que se possa falar em um simples encontro depois da aula - continuou Cássio - Vocês precisam ver com seus próprios olhos.

- E onde está esse desafio tão grande? - perguntou Wilson - É em algum lugar da escola?

- Muito melhor do que isso! - disse Cássio, arrumando os óculos - Está..na minha casa!

 Todos ficamos em silêncio por algumas frações de segundos.

- Então...quer que a gente vá na sua casa? - perguntei.

- S-sim - disse ele - Isso se vocês não forem covardes o bastante para recusar o desafio. Hehe.

- Não seria mais fácil simplesmente nos convidar educadamente? - perguntou Demi - Amigos fazem isso..

- Vocês não são meus amigos! - retrucou ele - Vocês são meus rivais..é diferente. Esse convite é uma pura formalidade diplomática. 

 Que cara mais marrento. Por que diabos fui apontar aquela carta para o Wilson? Creio que a essa altura da história você não precise nem mais que eu fale se Wilson aceitou ou não.

- Tá legal, nós aceitamos - disse Wilson - Estou curioso para saber do que se trata.

- Hehe. Fico feliz em ouvir isso - disse Cássio - Esse com certeza foi o melhor jogo que eu elaborei!

- E todos nós podemos jogar? - perguntou Demi.

- É...acho que fica mais interessante se todos vocês forem - falou Cássio - Sábado à tarde tem problema?

- Nenhum! - Demi apressou-se em responder - Estávamos mesmo decidindo o que fazer no fim de semana.

 Se bem que para mim passar o sábado na casa do Cássio não parecia ser o melhor programa do mundo. Mas se todo mundo for..não tem jeito, vou ter que ir também (era isso ou aguentar o Wilson me mandando mais de cem mensagens perguntando por que eu ainda não apareci).

- Ótimo - disse Cássio, ainda com um sorriso malvado - Compareçam nesse endereço, no sábado, por volta das 14 horas. Será o dia da derrota mental de Wilson.

- Heh! O seu problema é que só age sozinho - disse Wilson - Mas nós somos uma equipe! Você só me derrota se derrotar todos nós!

- Mas é justamente essa a ideia - disse Cássio - A menos que a sua "equipe" seja tão boa quanto você...a derrota será certa.

- Por que ele sempre fala de um jeito tão dramático? - perguntou Demi - Não basta só a gente se divertir!

- Quieta, bonitinha! Você não entende os sentimentos de um homem!

- Um homem de 13 anos? Ahan - ironizou Demi.

- Seja como for - disse Cássio, após um leve pigarreado - Espero vocês lá. Acho bom aparecerem...ou vou espalhar toda a covardia de sua trupe pela Internet.

- Não precisa nem dizer que estaremos todos lá, não é, pessoal?

- A gente tem escolha? - falei.

- Nos vemos nos sábado - terminou Wilson com um olhar desafiador. Lá se vai meu período tranquilo. Bem, o jeito era pegar carona no otimismo de Jorjão (que esperava bons lanches) e tentar ver alguma coisa boa naquilo (seja lá qual fosse o jogo que ele inventou, devia ser um saco para mentes preguiçosas como a minha). Pelo menos ele já deixou claro que queria nos desafiar, então não precisaríamos ficar tão desconfiados de más intenções (porque ele já as deixou na cara).

  Não demora muito para todos nos reunirmos no sábado e partirmos para a casa de Cássio. Wilson tinha ideia de onde ele morava por já ter sido chamado lá em outra oportunidade.

- É. Ele queria por que queria me mostrar a resolução de um teorema de matemática que ele achou ter descoberto - disse Wilson - Pena que o teorema já existia.

- Isso na segunda série? - perguntei - Vocês são mesmo anormais.

- Ah, só gostávamos de matemática e ciências - disse ele - Mas o Cássio é uma boa pessoa, mesmo não gostando da companhia dos outros.

- Eu acho...que apesar de ele te considerar um rival, você deve ser o único amigo dele, Wilson - falou Demi.

- Será? Oh, é aqui - disse Wilson ,dando sinal no ônibus.

- Me perguntou que tipo de lanche a mãe do Cássio faz - disse Jorjão, lambendo os beiços só de imaginar o que viria.

- Me perguntou que tipo de jogo ele inventou - falou Karina - Um jogo que todos nós podemos participar...o que pode ser?

- Existem vários jogos para muitas pessoas - disse Demi.

- É que a maioria dos jogos multiplayer offline são para no máximo quatro jogadores...mas pelo jeito que ele falou é como se pudéssemos jogar ao mesmo tempo - argumentou Karina - O que poderia ser?

- Talvez algum jogo de tabuleiro - palpitou Demi.

- Tabuleiro? - estranhou Karina - Ele não parece ser do tipo que se interesse por coisas não eletrônicas...mas talvez você tenha razão.

 E, de fato, Demi acertou. Não envolvia apenas tabuleiro, mas também livros, lápis e...papel? 

- Bem-vindos à minha gruta, desafiantes. Hehe - foram as palavras de Cássio, assim que adentramos na casa, vestindo um sobretudo preto em uma sala escura, cercada de candelabros e outros artefatos medievais.

- O que diabos é isso? - perguntei.

- Apenas o cenário apropriado para o jogo que mandará todos vocês para o abismo da humilhação...

- Imagem e Ação? Mímica? - recuei assustado - Não imaginei que fosse tão perverso assim!

- Que mímica! - retrucou Cássio - Estou falando de...Magias e Espadas.

 Magias e Espadas? O que diabos seria isso?


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Notas finais do capítulo

Se você imaginou algo a ver com RPG de tabuleiro, acertou. Mais detalhes no próximo capítulo. Até! ^^



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