-- Quatro... Cinco!
                 No cinco Jason começou a correr rapidamente atrás de Burdges que já ia correndo desde o "dois" para a clareira seguinte e após alguns minutos o terceiranista alcançou a amiga, abraçando-a por trás e fazendo os dois caírem rolando na grama macia coberta de neve, o garoto por cima dela e logo o mesmo começou a descer a mãos pelos braços cobertos da garota e entrelaçar seus dedos com os da mesma, logo menos, deixando-a se virar e continuar deitado sobre o corpo desta, encarando-se intensamente.
    -- E então, essa é a última vez que vamos ficar juntos? Quer dizer, que poderemos ficar aqui, simplesmente por estarmos juntos? -- a garota perguntou incerta, em murmúrios
    -- Eu vou voltar. Vou voltar para te buscar, estarei aqui quando menos esperar. Acredita em mim?
    -- Eu acredito -- Burdges sorriu e se beijaram mais uma vez de modo doce e após quase um minuto, Jason levantou-se e puxou a garota junto e prosseguiu -- Vem, trouxe algumas coisas. Piquenique de madrugada é a melhor coisa que existe.
    -- Um piquenique?
    -- Sim. Para passarmos meus últimos momentos nessa escola juntos. -- o garoto sorriu e logo puxou a amiga em um abraço e selou seus lábios docemente -- Vamos, que apesar de não parecer, sim, eu sou do tipo que faz piqueniques românticos e tudo mais. O único problema é que eu nunca me apaixonei então, sabe? Vai ter que me ensinar isso.
    -- O que quer dizer com isso Jason?
    -- Burdges Himns Thompson, eu te amo e só não te peço em namoro porque estou indo embora.
    -- Eu sabia que isso ia acontecer -- a garota se sentiu perder o chão, sabia que aconteceria isso, sabia que iria se apaixonar -- Era isso que eu temia.
    -- O-o quê?
    -- Você se apaixonou por mim e eu me apaixonei por você. E você vai embora. Não podíamos termos nos apaixonado, porque você parte e eu fico pensando em você. Eu espero você voltar e você não volta. Eu sinto saudades de você, dos seus beijos e do seu toque e você segue em frente. Esse meu medo de me magoar é que me impede de seguir. E eu pedi Jason, por favor, não faça isso comigo.
    -- Não Burd...
    -- Não faça isso comigo Jason, por favor. Me faça acreditar que nada disso é verdade. Que não passamos de dois adolescentes querendo algo mais, querendo um pouco mais de esperança só que sem termos certeza do que pode acontecer depois de hoje. Que somos apenas dois completos inconsequentes.
    -- Eu vou voltar Thompson, eu vou. Juro pela minha vida que irei voltar.
    -- Por favor, não jure, apenas faça.
    -- Vou voltar. Eu vou voltar...
                 O garoto murmurou próximo ao rosto da garota e logo seus lábios se tomaram em um beijo intenso, confiando-se o sentimento que havia entre os dois e assim, ali estavam eles, se beijando em uma das clareiras da Floresta sob a intensa luz da Lua cheia que parecia mais reluzente em determinada noite. Sorriram e se beijaram mais uma vez porque por mais que Jason tivesse de partir, eles estariam o máximo de tempo juntos naquela última noite. E quando deu-se três e meia da madrugada, trocaram um último beijo e logo o garoto colocou a mochila negra nas costas, indo para o alçapão que o levaria para longe daquele lugar. O chamado "Alcova dos Revoltos e Revolucionários" era um salão subterrâneo em que os alunos que participavam da SociedadedosPoetas se reuniam e tinha em média de 15 saídas, diretas e indiretas, cinco delas davam fora da escola e as outras dez davam em localidades diferentes dentro do campus do BBHS.
                 Jason havia encontrado um mapa com SaintChrist no ano anterior enquanto procuravam um lugar para e se esconderem enquanto bebiam litros e litros de álcool. O secundanista aprendeu os caminhos que saiam dentro da escola, dez diferentes, nos sete meses que se seguiram, antes de sumir misteriosamente e reaparecer em baladas européias. O terceiranista teve pouco mais de um ano para aprender todas as quinze saídas então sabia perfeitamente como entrar e sair do internato quando bem entendesse.
    -- Vou sentir sua falta Jason -- a morena murmurou encarando o horizonte enquanto voltava para o prédio -- Volta logo, por favor.
    -- Por que? Temos tanto tempo para nos divertirmos enquanto seu namoradinho está ausente.
                 Uma voz grossa e de sotaque alemão murmurou e logo que Burdges viu o par faiscantes azuis assustou-se, deu um salto para trás e foi impedida de gritar por ajuda quando o homem colocou um pano de algodão em seu rosto de cheiro forte e nauseante, fazendo a garota apagar em questão de segundos e perder completamente a noção de onde estava e o que estava acontecendo consigo.

    -- Ahn Rooooooonnie -- gemeu Juliet enquanto o maior sugava a pele de seu pescoço, deixando uma marca arroxeada ali -- N-não é justo isso!
    -- Mas é claro que é justo minha cara -- respondeu ofegante, distribuindo mais algumas marcas pelo pescoço e pelo colo da morena -- Sua pele é tão boa, tão deliciosa, to macia...
    -- Ronn não... Já me assediou demais por hoje, nããão....
                 Juliet ria do "ficante" enquanto este se entrertia em seu pescoço e colo com beijos, chupões e mordidas e os dois faziam brincadeirinhas bobas entre si até a porta, que eles acreditavam estar trancada, se abrir em um rompante, revelando uma moça escandalosa branca, com o cabelo bagunçado em vários tons de ruivo, várias tatuagens pelos braços descobertos por uma camiseta preta enorme do Motorhead, batom vermelho, um piercing no nariz e um monroe, fazendo com que Ronnie caísse no chão assustado e que a terceiranista quase caísse, mas se cobrisse por completo antes de ver quem era. A morena relaxou os ombros e riu ao ver quem era a pessoa escandalosa que estava à porta de seu quarto.
    -- MAAAAAAAAAAAAAAAANA! MAS O QUE.....
    -- AIM? -- Juliet gritou de volta ao ver quem era
    -- JULIET SUA LOUCA! -- a ruiva gritou -- Vou deixar vocês se arrumarem e já venho
    -- Não de boa! Espera um pouquinho que é rápido
    -- Se for para transarem na minha frente eu fico lá fora...
    -- Não sua tonta! -- a morena riu e as duas se abraçaram enquanto Ronnie tentava se levantar do chão, achava que tinha quebrado pelo menos a clavícula com a queda
    -- Porra... -- resmungou baixo e logo as duas garotas tornaram sua atenção à ele -- Será que alguém poderia me explicar o que está acontecendo aqui? E pelo amor de Cristo, estamos em pós-sexo, o que esse ser tem que pode ficar aqui conversando de boa enquanto eu acho que desloquei a clavícula, ou pior?!
    -- Calma amor -- Juliet disse acariciando o rosto do garoto de leve e logo o mesmo corou enquanto ela o ajudava se levantar, murmurando em seu ouvido -- Depois te compenso por isso -- e logo voltou a falar em tom normal -- Bom, Aim, esse é meu.... Namorado! Ronnie Radke. Ronnie, minha irmã mais velha Aimeé.
    -- Prazer em conhecê-lo, e deixa eu perguntar Ju, desde quando você namora e não me avisa? 
    -- Então, é que é recente e eu não tinha conseguido contato com você ainda. Por isso que não te contei.
    -- Já até imagino o porquê da falta de contato....
    -- Aim... -- a mais nova repreendeu a irmã que recolheu os ombros e logo a primeira prosseguiu -- Então, o que te trouxe pra cá? Você mesma que disse que nunca colocaria os pés aqui à menos que fosse para minha formatura e que estava dando graças por já ter se formado.
    -- Eu precisava conversar com você. É importante.
    -- O que acontece? -- a morena perguntou enquanto se vestia e Ronnie enfiava cada vez mais o rosto no travesseiro -- É algo com vovó ou com mamãe e papai? Ou é com o Dimi?
    -- Tem a ver comigo, mas não posso falar agora, não quero que ninguém além de você saiba disso.
    -- Vem pra cá então -- Juliet levou Aimeé para o banheiro e logo trancou a porta, sabia que Ronnie não ouviria de maneira alguma -- Ronnie não vai ouvir. O que aconteceu?
    -- Eu acho que estou apaixonada Ju. -- Aimeé admitiu pesarosa encarando o chão e a irmã sorriu -- Não Ju, isso não é bom.
    -- Por quê?
    -- Lembra quando contei pra você e pro Dimi que eu estava saindo com aquele cara que era casado e que ele estava me dando mole e tal? Há mais ou menos dois anos -- a mais nova assentiu com a cabeça -- Então, eu descobri logo depois que não amava aquele cara. E voltei para casa chorando e quem estava em casa era o Dimi, papai e mamãe estavam viajando e vovó estava internada, você estava com ela. Cheguei em casa inconsolável e quem me acalmou foi o Dimi. Nessa historia dele me acalmar, outras coisas se envolveram. Era um beijo no rosto, foi para o pescoço; era um carinho na coluna, viraram apertões na coxa... Foi tudo tão rápido que quando eu abri meus olhos e estava em mim, já éramos como se fossemos um só. E quando acordei, ele ainda estava lá, estava deitada de conchinha na cama dele...
     -- VOCÊ FEZ O QUE?! VOCÊ E O DIMI TRANSARAM?! QUANTAS VEZES?!
    -- Ju, fala mais baixo!
    -- Não! Não! Não! Isso não aconteceu! Quando foi  que isso aconteceu?!
    -- Entendeu minha crise agora? Ju, estou apaixonada pelo Dimi. Foram algumas vezes só, não contei quantas. Mas o pior de tudo é que eu gostei, gostei mesmo! Quer dizer, ele foi tão carinhoso, tão apaixonado, que eu não resisti. E você sabe que eu e o Dimi sempre tivemos essa nossa frescura de viver trocando selinhos desde que nos entendemos por gente. E sabe, aconteceu, foi além do que nós imaginávamos.
    -- Mas vocês já conversaram sobre? Já pensaram no que vão fazer com isso?
    -- Nós juramos segredo, apenas isso. Mas quando acontece é involuntário. É simplesmente porque aconteceu...
    -- Mas vocês usam preservativos certo? Porque a encrenca que vai acontecer se você engravidar vai ser catastroficamente grande.
    -- Sim, eu ainda tomo aqueles anticoncepcionais. Mas a encrenca já está formada mana! Eu estou apaixonada pelo nosso irmão mais velho, tem noção do problema que é isso?!
    -- Sim eu tenho. Mas deixa eu perguntar, o Dimi não tava namorando quando você ficava com aquele cara casado?
    -- Estava. Ele terminou com a namorada logo depois. Disse que ia terminar com ela e terminou.
    -- Aim converse com ele. Ele não pode simplesmente levar como brincadeira comer a irmã e logo depois terminar com a namorada que morre de amores por ele.
    -- Não posso Ju, isso com certeza é só uma das paixonites dele, logo menos irá acabar.
    -- Se fosse uma paixonite, ele não iria terminar com a namorada por isso. E conhecendo o Dimi como conheço, ele nunca faria algo do tipo por apenas uma paixonite, ou seja, mesmo que você seja irmã dele, acho que ele sente algo mais. Não sei se é o mesmo tanto que você, mas sei que é mais do que como irmã.
    -- Obrigado pelo conselho maninha, mas realmente, mantenha segredo disso. Não suportaria que alguém ficasse sabendo que estou apaixonada por nosso irmão mais velho.
    -- Só toma cuidado com essa encrenca, por favor.
                 A morena sorriu e as duas se abraçaram ternamente antes de destrancarem a porta e darem de cara com um Ronnie completamente apagado, esparramado na cama. As irmãs se despediram e a mais nova trancou a porta, indo até a cama, vestida apenas em suas lingeries e com a camiseta listrada do "ficante", e logo menos começando a mexer nas costas e na nuca do garoto, que em sons similares a ronronos, acabou por despertar lentamente, mesmo que não quisesse abrir os olhos.
    -- Acorda bebê, nós vamos sair hoje.
                 E por fim, é necessário dizer que não foi preciso nada mais que esse apelido carinhoso para que Ronnie levantasse. Porque realmente, ele estava adorando a ideia da garota fingir que ele era seu namorado para não ter de explicar para a irmã que eles não tinham nenhum relacionamento sério. Traduzindo: Ronald Joseph Radke estava perdidamente apaixonado por Juliet Marie Willians.