Made In Brazil escrita por GiullieneChan
—Ei! Kyra!
Afrodite a chamava em vão. A amazona simplesmente ignorava seus chamados até entrarem no hotel. Ela entrou no elevador fechando a porta na cara dele
O cavaleiro ignorou os protestos do gerente ao vê-lo entrar no elevador com o grande cachorro ao seu lado, ainda preso a guia. Estava preocupado com outras coisas no momento, e uma delas não era o cachorro.
Entrou no quarto, e viu a moça andando de um lado a outro no quarto, irritada.
—O que deu em você? -foi logo perguntando.
—Em mim? Nada! -respondeu ríspida. -Mas você beijando uma das suspeitas, está tudo bem, não é?
—Ah, então é isso. -sorriu.
—Isso o que? Não gosto desse sorrisinho! -apontou para ele.
—Está com ciúmes! -acusou, ficando diante dela.
—Eu? Com ciúmes de você? Não seja convencido e ridículo! -Zeus começou a andar em volta deles.
—Então como explica a cena que fez lá na praia? -nem percebem a guia enrolando-se em suas pernas.
—Isso não é da sua conta! -falou ríspida.
—Acho que é sim.
—Vá para o inf...
Kyra não chegou a completar a frase, Zeus correu para o quarto, e com um puxão derrubou a amazona no chão, e o cavaleiro em cima dela. Ficaram alguns momentos gemendo pela dor da queda e tentando respirar novamente devido ao baque.
—Maldito...cachorro. -gemeu Afrodite.
—Ai... minhas costas. -lamentou Kyra.
Zeus em cima de um sofá somente suspirou. Ficaram naquela posição alguns instantes, se encarando.
—Sempre a achei uma mulher linda, Kyra. -falou de repente, deixando-a corada. Quando Kyra abriu a boca para falar, Afrodite levantou a mão, fazendo-a calar-se. -Sei que devo ter procedido de maneira horrível com você anos atrás. Mas tente entender minha posição. Você sempre foi linda e pura, não me atrevia a macular sua beleza.
—Afrodite...
—Você sabia que sua imagem daquela noite. Nua e linda, querendo se entregar a mim me persegue há anos? -tocou em seu rosto. -Sabe que eu sempre quis beijá-la?
—E por que não faz isso? -Kyra respirou fundo antes de continuar. -Me beijar?
—Estava esperando que você tivesse a idade certa...
Com um movimento sutil e provocante segurou-lhe o lábio inferior entre os dedos polegar e o indicador. Então aproximou-se mais, percorrendo toda a extensão do lábio dela com a ponta da língua. Não pode deixar de sentir um arrepio ao ouvi-la gemer. Em seguida, beijou-a com suavidade.
Quando se afastou, mirou o rosto de Kyra, que mantinha os olhos fechados. Com o coração pulsando na garganta, tomou-lhe os lábios num beijo longo e suave, que se tornou ardente e profundo. Enquanto as dela passeavam por suas costas, as mãos de Afrodite acariciavam o pescoço de Kyra, descendo para tocar o seio sobre o tecido da blusa, ouvindo-a arfar.
—Kyra...
—Sim? -ela o encarou como se estivesse em transe.
—Vamos para o meu quarto? -e olhou para o cachorro, sentando do lado deles, assistindo a cena, abanando o rabo. -Não dá para fazer nada com ele nos olhando.
Ela a encarou, como se quisesse assimilar o que ele havia dito como verdadeiro. Depois olhou para o cachorro e em seguida para o homem sobre seu corpo.
—Sim! -consentindo, beijando-o com mais ardor.
Súbito a porta abriu, dando passagem a Aldebaran. Zeus latiu feliz, saltando do sofá, em cima de Afrodite que perdeu o ar de novo, e depois para recebê-lo com festa.
—Sentiu saudades de mim, que lindo cãozinho! -Aldebaran parou ao ver a cena e ficou corado. -Acho que cheguei em má hora.
—Em péssima hora. -rosnou Afrodite.
Kyra se desvencilhou dos braços de Afrodite, ajeitando as roupas e os cabelos com gestos nervosos e disse:
—Já volto. Conversaremos depois. -e entrou em seu quarto rapidamente.
—Se quiser, vamos dar uma volta. -falou Aldebaran.
—Esqueça. -suspirou, recuperando o auto controle.
—Bem...quando Kyra aparecer, preciso contar o que eu descobri para vocês. -falou afagando o cachorro.
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Do lado de fora do hotel, dois homens vigiavam a entrada e saída dos hóspedes. O menor deles suspira, se protegendo do sol forte debaixo da sombra de uma árvore.
—Estas pessoas que estão investigando o sumiço da doutora, não são comuns. Isso eu garanto. -suspirou. -E acho que erramos em aceitar este contrato. Sequestro é coisa séria.
—Não vamos deixar que ele a machuque. -o outro respondeu ainda olhando o prédio.
—E o que o nosso destemido líder está fazendo agora? -perguntou irônico.
—Está de olho no nosso contratante. -o celular tocou. -Sim? Tem certeza? Não acredito! Tá, tá...assim que eles saírem nós pegamos o que quer.
Desligou e olhou para o companheiro.
—Ele acha que os metidos a detetives têm as anotações da doutora.
—E o quer que façamos?
—Assim que eles saírem, entramos no apartamento e procuramos qualquer coisa que possa parecer útil. CDs, pendrives, agenda...qualquer coisa assim. -deu os ombros.
—Não nasci para isso. -resmungou o mais baixo.
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No apartamento, Kyra reaparecia recomposta.
—Não me pergunte nada, cavaleiro de Touro. -ela pediu. -O que descobriu?
Aldebaran os coloca a par das informações que havia conseguido, os dois ouviam tudo atentamente, e então Afrodite se manifestou.
—Quem vota em deixar isso com a polícia e voltar para o Santuário? -perguntou com a mão erguida. -Ninguém? Ah, por favor! Esse trabalho é inglório e humilhante para um cavaleiro de ouro! Minha reputação está indo para o fosso! E esse sol forte tropical vai acabar com minha pele sensível! E EU ODEIO ESSE CACHORRO BABÃO!
—Jamais abandonarei minha princesa! -declarou Aldebaran.
—Não sou uma pessoa de deixar as coisas pela metade. -respondeu a amazona. -Atena me pediu que resolvesse isso e vou fazê-lo. Agora, se o senhor é um preguiçoso e não quer ajudar e continuar com esses chiliques, terei que reportar isso a deusa.
—Cadê todo aquele carinho que vi demonstrar antes por minha pessoa?
—Desceu pelo ralo do esgoto enquanto tomei meu banho. -respondeu ácida, e Afrodite escutou Aldebaran dizer um "ai", em zombaria. -Aldebaran, vamos até os tais lugares que provavelmente podem ser o cativeiro da doutora. Vamos seguir as dicas que o seu contato lhe passou.
—E eu? -perguntou Afrodite.
—Cuide de Zeus. Ele gosta de você. -Kyra falou com um sorriso, ignorando a cara que o cavaleiro de ouro fez.
Zeus latiu satisfeito, e o cavaleiro de ouro o encarou raivoso.
—Cala a boca, saco de pulgas. -suspirou. -Preciso ver o que tem naquele pendrive. Preciso de um computador, tablet, note... qualquer um! -falou Afrodite.
—Podemos descer para um lan house, ou qualquer coisa parecida. -sugeriu Kyra.
—Tem uma loja de computadores aqui perto. Lembro-me de ter passado em frente a ela. -foi em suas coisas e pegou o pendrive. -Vou lá.
—E este caderno? -perguntou Aldebaran.
—Anotações e uma espécie de diário. -falou sem motivação. -Não tive paciência de ler tudo. Deixe ai.
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Do lado de fora.
—Estão saindo. -avisou o outro, se escondendo atrás da arvore.
Viram eles se separarem e cada um ir para um lado, assim que certificaram que estavam longe, saíram do esconderijo.
—Não estão levando o cão do inferno! -falou o mais baixo. -Deve estar no quarto! O que faremos?
—Deixe de ser covarde! É só um cachorro grande! O que ele pode fazer conosco?
Assim que perceberam que os cavaleiros não voltariam tão cedo, a dupla entrou no hotel diretamente para o quarto deles. Abriram a porta e olharam dentro.
—Tá limpo. -disse o alto, olhando ao redor. -Vamos achar qualquer coisa útil e ir embora!
—Ei! Anotações da doutora! -o pequeno pegou o diário e o folheou parando numa página marcada. -Eu não acredito!
—O que? -perguntou e um rosnado chamou a atenção deles.
Zeus estava sentado no meio da sala, encarando os dois invasores, com cara de pouquíssimos amigos.
—Glup!
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Numa área longe da cidade...
—É aquela fábrica velha? -Kyra perguntou, olhando ao redor.
—Sim. Foi a dica que me deram.
—Tem guardas, acho que é este lugar sim. -Kyra percebeu a presença de homens armados.
—Você cuida deles e eu a procura lá dentro.
—Sim! -concordou a amazona, indo na direção dos homens.
Simone estava encolhida em um canto escuro da sala, apenas pensando em seu destino. Quando descobrissem suas anotações e onde escondera o soro, era uma questão de tempo para acabarem com sua vida.
Foi quando de repente ouviu alguns tiros, seguido de um silêncio sufocante. Ouviu passos e a porta de aço que a separava do mundo exterior ser forçada a abrir como se fosse nada. Espantada, viu um homem enorme, aparentemente muito forte na sua frente, exibindo um sorriso discreto.
—Ainda bem que eu a achei. Está machucada? -ele perguntou e Simone notou gentileza em sua voz. -Vou levá-la para casa agora.
A reação da jovem foi o de se jogar nos braços de seu salvador e o abraçar com força, mal contendo a emoção de alívio que sentia.
—Obrigada.
Aldebaran não conseguia se mexer, vermelho como um pimentão por ter sua princesa em seus braços.
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—Eu não acredito! -Afrodite quase gritou ao ler o conteúdo do pendrive no computador que pediu emprestado na loja, usando todo o seu charme com a gerente desta. -Mas...justo ele!
Desligando rapidamente o aparelho e pegando o pendrive, voltou para o hotel. Chegando no apartamento, notou que a porta estava aberta, e ele tinha certeza que a trancara antes de sair. A abriu com brusquidão esperando encontrar os invasores. O apartamento estava vazio.
—Zeus! -chamou pelo cão, assoviando em seguida. -Aqui, saco de pulgas!
Neste momento, a camareira chegou e o chamou:
—Aquele cachorro era seu? O gerente do hotel ficou furioso pelo o que houve aqui. Não permitem animais neste hotel!
—Cadê ele?
—Bem. Ele atacou dois rapazes, colocando-os para correr...tinha o pedaço da calça de um deles na boca, e o gerente chamou a carrocinha. Sinto muito!
—Que? Para onde levaram ele?
—Para o abrigo municipal de animais. -ela pegou um cartão do bolso. -Achei melhor pegar o endereço para os senhores. Mas o gerente...
Afrodite não esperou que a moça continuasse, pegou o cartão e correu para o elevador, gritando de lá.
—Avise meu amigo para onde estou indo, por favor. -enquanto o elevador descia, ficou pensando. -Tentaram levar o pulguento com eles?
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Abrigo de Animais.
—Sinto pelo constrangimento. -um homem distinto dizia à funcionária do abrigo. -Espero que a contribuição que estou dando ao Abrigo seja o suficiente para suprir os problemas que meu cachorro lhes causou.
—Foi muita generosidade a sua contribuição, senhor. Aqui está ele, tivemos que sedá-lo, estava furioso! -a funcionária apontou para o enorme cão dormindo no fundo de uma jaula. -Um Fila brasileiro, certo? Na coleira seu nome é...
—Zeus. -ele sorri. -Vou levá-lo comigo agora.
—Deve gostar muito dele. -ela sorri, abrindo a jaula.
—Ah...a mocinha nem faz ideia do quanto ele é precioso para mim.
Continua...
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