Made In Brazil escrita por GiullieneChan


Capítulo 5
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/95235/chapter/5

 

Sentado à mesa, Afrodite observa melhor a família de Aldebaran. Apesar de ser uma família humilde, parecem ser muito unidos. Além do cafezinho que a senhora Maria do Carmo servia, havia uma mesa cheia de guloseimas caseiras: bolo, biscoitos, bolachas...que o "Betinho" devorava sem cerimônia alguma.

Haviam explicado ao 'seu' Timóteo os motivos de estarem ali. Aparentemente, eles sabiam que o filho fazia algo importante na Grécia, mas não sabiam exatamente o que.

A mãe de Aldebaran comentava algo sobre alguma tia no interior, enquanto o pai estava pensativo, absorvendo as informações que ele recebera. Aparentemente, ele conhecia todo mundo ou pelo menos alguém que conhece outro alguém.

Maria de Fátima, Maria Aparecida e Maria das Dores, as irmãzinhas de Aldebaran não ouviam o que a mãe falava. As três encaravam Afrodite com olhares sonhadores. O cavaleiro de Peixes disfarçou e bebeu um gole de café.

—Então, pai?

—Bem...eu sei que o pessoal andou comentando sobre a doutora ter sido sequestrada. Mas não ouvi mais nada não. -respondeu o homem coçando a barba rala.

—Acho que foi perda de tempo e... -Afrodite parou de falar ao sentir que alguém esfregava o pé em sua perna. Olhou para as três moças.

—Ah, não fala isso! Timóteo, faz algo pra ajudar seu filho, “homi“! -a mulher pediu dando um cutucão no marido.

—Bem... -volta a coçar o queixo. -Ouvi o “cumpadre” Darci falando de uma tal organização que tá agindo na cidade.

—O padrinho Darci? -Aldebaran pensou. -Ele ainda trabalha pra Polícia federal?

—Aposentou. Mas tá sabendo de tudo que acontece por aí.

—Precisávamos falar com ELE! -Afrodite diz em voz alta o final da frase ao sentir que uma das irmãs de Aldebaran tocou com o pé a parte mais sensível de sua anatomia. -Quanto mais SABERMOS...ah-han...desse sequestro...será...MELHOR!

—Afrodite. Você está bem? -Aldebaran pergunto com preocupação.

—Estou ÓTIMO!-ele se levanta de repente, se afastando das irmãs de Aldebaran, que o olhavam com languidez. - Me lembrei que o Zeus precisa passear, comprar comida para ele, deixá-lo em um abrigo...essas coisas!

—Mas está cedo! -disse uma das garotas.

—Podia ficar. -pediu a outra.

—Vamos mostrar a cidade para você. –a terceira emendou.

—Nós três juntas! –falaram as três em uma só voz, mas deixando claro o que realmente queriam com Afrodite.

—A-as três juntas? Nossa... seria um enorme.... prazer mas... –ele olha para Aldebaran. -Precisamos ir mesmo!

—Aaaahhh, mas que pena! –diz a senhora.

—Alde..digo, Betinho. -E contém um riso ao ver o rosto do Cavaleiro de Touro vermelho. -Você vai falar com esse seu compadre da Federal, que eu cuido do Projeto de Cerberus!

E sai rapidamente de lá, acompanhado pelo cachorro, deixando três mulheres com ar desconsolado, e um cavaleiro que não entendeu nada.

—Nossa! As irmãs do Aldebaran parecem loucas! Lindas, mas loucas! -resmungou e olhou para o cachorro. -E ainda tenho que te aturar. A minha vida é injusta!

—Grouf! -Zeus parecia concordar.

—O que você sabe, vira latas? -resmungou Afrodite andando na rua com o cachorro ao seu lado. -Tudo o que você sabe fazer na vida é babar, comer, criar pulgas e babar de novo!

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Perto dali...

Dois homens vigiavam Afrodite e Zeus, por um binóculo, dentro de um carro.

—Lá está um deles. -avisou um dos homens, um baixinho que escondia os cabelos com um boné.

—Quem será? -o outro indagou.

—Não importa...vamos segui-lo de perto. -resmungou saindo do carro. Os dois homens seguiam a uma distância segura.

Afrodite nem desconfiava disso, pois a rua em que descia era intensamente movimentada, até que de repente, Zeus para farejando o ar.

—Qual o problema, pulguento? -perguntou o cavaleiro sem muita paciência. -Quero voltar logo para o Hotel, tomar um longo banho, passar hidratante e protetor solar na minha pele. Esse sol tropical está acabando com ela. E...

Zeus rosna e se vira, encarando os homens que os seguiam, mostrando os dentes. Os dois homens param e se afastam devagar. Zeus da um passo adiante, ainda rosnando.

—Que foi, sua besta canina?

Como se escutasse o cavaleiro o cachorro olhou para ele e em seguida para os homens que recuavam devagar. Com um poderoso impulso, Zeus sai correndo atrás dos homens, que a essa hora dispararam em meio a multidão fugindo do animal enfurecido, que arrastava um certo cavaleiro de peixes que gritava como uma sirene de fábrica.

—Para seu Animal! -gritava em vão, tentando pará-lo.

O cachorro corria arrastando o cavaleiro, até que de repente parou, farejando o chão e o ar. Afrodite atrás dele, ofegava...tentando respirar normalmente.

—Já chega. Aldebaran que me perdoe, mas vou te matar, seu animal!

O animal voltou a correr novamente, arrastando Afrodite, até que após uma corrida que percorreu a distância de cinco quadras, entrou em um pequeno prédio, passando por pessoas que também tinham animais com elas, cães, gatos...sempre arrastando Afrodite que disparava os mais cabeludos nomes em sua língua mãe.

Num certo momento, Zeus passou por uma portinhola, que separava uma sala de um corredor, com tanta velocidade, que Afrodite também passou por esta, ficando entalado, e soltando finalmente a guia que o mantinha preso ao enorme cachorro.

—CHEGA! -berrou o cavaleiro, se arrastando pela portinhola e se levantando com dificuldades. -Você...está...morto! -tirando de dentro da camisa uma rosa branca.

—O que significa isso? -Dite virou-se e viu a doutora Adriana diante dele, com um olhar furioso. -O que está fazendo aqui? E com esse cachorro...é o Zeus? -foi até ele e o acariciou. -O que está fazendo com o cachorro da Simone?"

—Neste momento...querendo enfiar essa rosa branca no coração dele! -bufou Afrodite.

Adriana encarou Afrodite com ar de quem não estava entendendo o que o cavaleiro quis dizer com aquilo, e soltou a guia. Zeus correu até a sala vizinha, onde um outro animal parecido com ele o esperava.

—Sentia saudades da Duquesa. -ela sorriu.

—Esse animal me arrastou por metade do Rio de Janeiro, porque queria encontrar a namorada? -ficou indignado.

—Ora, fica quieto! -a morena o repreendeu. -Zeus está debilitado, provavelmente desidratado. O que andou fazendo com ele? Deu-lhe ao menos comida?

—Serve meus sapatos italianos que essa coisa devorou? -esbravejou.

—Irresponsável!

Afrodite piscou algumas vezes antes de se recobrar e responder pausadamente.

—A empregada da doutora Simone o deixou sobre a minha proteção e de meu parceiro.

—O agente Taurus? -ela o encarou e sorriu. -Não me esqueci de quem são...agente Bergman.

—O que faz aqui? -perguntou e olhou ao redor notando que era uma clínica veterinária.

—Trabalho aqui. Esse lugar é meu. -respondeu entrando na sala por onde Zeus passara antes, e o cavaleiro a seguiu.

Observou em silêncio ela cuidar de Zeus e de Duquesa, antes de voltar a conversar.

—Você disse que era amiga da professora Simone. Desde quando?

—É um interrogatório? -sentou-se sobre uma mesa de maneira sensual.

—É uma pergunta apenas. -e pigarreou, desviando do olhar dela. -E então?

—Desde meninas. Crescemos juntas, somo como irmãs.

—Tem ideia de quem a levou?

—Muitas...mas sem provas. Indústrias farmacêuticas rivais... um ex-empregado que ela despediu ano passado por conduta inadequada no trabalho... -suspirou e se levantou caminhado até ele. -Estou assustada, sabia?

—Assustada? Por que? -ficou tenso com a proximidade dela.

—Sequestros me assustam. Aqui infelizmente vivemos à mercê da criminalidade, é um dos grandes problemas do meu país. Mas ver algo assim acontecer com alguém que conhecemos e amamos... é assustador!

—Verdade? Bem...hum-hum...eu não ...pode ficar tranquila, não está em meus planos que algo aconteça com você.

—Você não me parece tão forte fisicamente...mas suas palavras me deixam aliviada. -praticamente encostada nele.

—Bem...

—Quer almoçar comigo? -ela perguntou de repente, se afastando dele.

—Almoçar?

—Sim. É o que a maioria das pessoas costumam fazer quando é meio-dia. -e sorriu, tirando o jaleco e pegando uma bolsa.

—Ah...vamos sim. -e ofereceu seu braço a ela. -E o cachorro?

Zeus levantou-se, fazendo menção de ir com eles, acompanhado por Duquesa.

—Eles querem ir conosco. -disse-lhe Adriana.

—Não pretendo levar esse criadouro ambulante de pulgas comigo!

Zeus ficou em pé, apoiando as patas dianteiras nos ombros de Afrodite, balançando o rabo e ganindo como se implorasse que o levasse. O cavaleiro virou o rosto para tentar escapar ao hálito forte do animal, e de sua língua que lambia o rosto.

—Para com isso, animal!

—Ele te ama, agente. -disse Adriana, pegando a guia de Zeus e de Duquesa. -Vamos?

—Eu odeio esse cachorro! -resmungou, seguindo-os.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

—Não acredito nisso. -Kyra suspirou fechando uma pasta de arquivo. -Estou há horas aqui e nada. Nenhuma pista que possa usar.

—Parece tensa. -Rodrigo a olhava fixamente. -Deve ser a fome.

—Hã?

—Fome e calor. Não é uma boa combinação. -ele levantou-se e a puxou pela mão. -Assim nossas mentes não trabalham direito. Vamos dar uma volta, beber um refresco e comer algo. Você verá que as ideias se organizam depois disso.

Pensou em protestar, mas realmente estava com fome e calor. Um passeio e uma refeição não poderiam ser tão ruins, o que poderia acontecer?

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Aldebaran chegou naquele instante acompanhado pelo pai até uma casa simples e branca, muro alto e com pichações, nos arredores da cidade, em um bairro residência de classe média. A rua possuía casas parecidas com aquela, e crianças que brincavam na rua, pararam para admirar o enorme homem que chegava acompanhado pelo franzino senhor. Tocaram campainha e um homem de idade, barbas brancas e usando uma camisa branca e bermudas apareceu.

—Compadre? -perguntou e olhou para quem o acompanhava. -Não me diga que este ai é o Betinho?

—É ele sim. -respondeu orgulhoso.

—Vamos entrar! Entrem! Querem um café? -foi oferecendo enquanto abraçava as visitas. -E a Comadre e as meninas? Estão bem? Não vai dar um abraço em seu padrinho, Grandão?

—Tá tudo bem, padrinho. -respondeu Aldebaran. -Na verdade, preciso de sua ajuda.

—Ajuda? -e olhou para os convidados. -Que tipo de ajuda?

—Do tipo para salvar uma doutora que sumiu. -explicou o pai de Aldebaran.

—Hum...sei. -fez um ar pensativo. -É a tal que trabalha com pesquisa médica?

—Sim! -o Cavaleiro ficou esperançoso.

—Certamente que ajudarei. -e com um sinal da mão indicou que o seguissem. -Na verdade, ainda mantenho meus contatos...e ouvi dizer algo interessante sobre um tal de The Iron Three. Um nome pomposo e muito idiota para uma gangue que se instalou na cidade e parecem querem enriquecer a todo custo...incluindo com negócios escusos.

—The Iron Three? -Aldebaran refletiu.

—Darei mais detalhes durante o café. Sua madrinha saiu...mas deixou uma fornada daquilo que você mais gosta, Betinho!

—Pão de queijo da madrinha? -os olhos de Aldebaran brilharam.

—Duvido que ache isso na Europa. -e sorriu.

—Pão de queijo da madrinha! –olhos brilhando.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

—Não foi o que pensei em almoçar, quando saímos do consultório. -disse Afrodite olhando para o cachorro quente que acabara de comprar. -Quantas calorias isso deve ter?

—Se pensar assim, não comerá nada. -repreendeu a doutora Adriana o repreendeu, antes de beber um gole de seu suco. -Coma.

—Prefiro uma água de coco se não se importa. -e jogou o lanche para Zeus que o devorou rapidamente.

—Não se deve dar comida de humanos para os cachorros! -ela advertiu. -Muito menos para o Zeus!

—Por que não?

—Bem...quem limpa as "lembrancinhas" que Zeus deixa? Você? -e sorriu. -Começará com os gases e depois...

Afrodite pensou e olhou para Zeus, que abanava o rabo e escutou um som característico seguido de um peculiar odor.

—Oh, Minha Nossa Senhora da Biciletinha! -e saiu de perto do cachorro. -Esse bicho é um laboratório de armas biológicas ambulante!

—Eu avisei. Só ração para ele, já que se prontificou a cuidar dele. -disse a moça se afastando.

Andaram algum tempo calados, admirando a paisagem de uma praia, os banhistas, com os cães seguindo-os. De repente, Adriana quebrou o silêncio.

—Acha que Simone está bem?

—Acho que sim. Precisam dela por causa da pesquisa, não lhe fariam mal. -tentou ser sincero mas não sabia realmente se a doutora realmente estava bem.

—Eu a conheço, parece ser tão pequena e frágil. Temo que ela não tenha forças para superar essa provação.

—Eu a encontrarei, garanto. -disse-lhe confiante.

—Acredito que sim. -sorriu e parou diante de Afrodite. -Como é mesmo o seu primeiro nome?

—Afro...digo, Gustav.

—Gostei do seu nome. -e se aproximou dele, encostando o corpo no dele. -Tem um rosto tão delicado...e um nome tão másculo. É diferente...e excitante.

—Está tentando me seduzir, doutora? -deu um sorriso.

—Sim. Não está óbvio? -e o beija.

Afrodite corresponde ao beijo, e após alguns instantes se separam. Adriana sorri, passando a língua nos lábios e Afrodite fica sem reação. Então, sente algo familiar...uma presença e se vira.

Kyra acompanhada pelo amigo policial estava ali. Com um brilho de raiva no olhar.

—Kyra?

A amazona não diz nada. Dá as costas e caminha a passos largos para longe dali.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!