Made In Brazil escrita por GiullieneChan


Capítulo 3
Capítulo 2




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—Droga! -resmungava Afrodite. -Aquela garota é metida demais!

—Ela ainda não saiu da casa? -perguntou Aldebaran.

—Ainda não.

Ambos estavam de tocaia, esperando a doutora Adriana sair da casa da cientista desaparecida para poderem entrar e investigar melhor. Estava anoitecendo e nada dela sair de lá. Afrodite não aguentava mais o calor insuportável do Rio de Janeiro. Queria tomar banho, por uma roupa limpa e fresca, ter um belo jantar e apreciar um bom vinho, para em seguida dormir em uma cama limpinha, de lençóis de seda.

Ao invés disso, estava na Zona Sul, com um calor abafante, com sede, fome, e sendo devorado por pernilongos! Ah, é... e o Aldebaran com ele.

—Psiu! -Afrodite avisou. -Ela está indo embora!

Eles se abaixaram e esperaram a veterinária passar em seu carro. Depois que este sumiu de vista, se dirigiram a casa. Tocaram a campainha, e o primeiro a atender foi o enorme Fila chamado Zeus, que vinha latindo furioso.

—Desta vez não, fábrica de pulgas! -provocou Afrodite, dando um peteleco no focinho do animal.

—Afrodite...eu não faria isso se fosse você. -alertou Aldebaran.

—E por que não? É só um cachorro grande, mal cheiroso e burro.

—Ele pode guardar rancor de você.

—Que papo mais besta é esse, Aldebaran? -Afrodite balançou a cabeça. -Guardar rancor...hunf! Lá vem a empregada.

—Uai? São os senhores de novo? A doutora Adriana disse para não deixar vocês entrarem! -a senhora foi falando.

—Escute dona. -Afrodite foi falando sem paciência. -Fomos enviados para encontrar sua patroa e trazê-la para casa a salvo. Mas não poderemos fazer isso se não nos ajudar primeiro.

—Queremos ajudar. -completou Aldebaran. -Prometo que trarei a minha princesa de volta ou não me chamo Aldebaran de Touro!

—Pronto! -Afrodite balança a cabeça. -Agora ela vai ter certeza que somos esquisitos!

Realmente a mulher parecia não estar entendendo nada. Ela ponderou um pouco e segurando a coleira do cachorro, abriu o portão.

—Tudo bem. É porque os senhores têm cara de quem quer ajudar mesmo. Tava perdendo as esperanças com a falta de notícias da polícia.

—Pode nos mostrar o escritório da sua patroa? -perguntou Afrodite.

A senhora os leva até dentro da casa. Afrodite e Aldebaran repararam que havia muitas fotos dela com o cachorro, e também com um senhor de idade. Principalmente no escritório de Simone, que possuía muitos livros, cadernos de anotações e um computador em uma escrivaninha antiga.

—Esse é o seu Miguel, pai da dona Simone. Ele estudava plantas. -disse a mulher pegando em uma das fotografias.

—Era? -Afrodite perguntou.

—O patrão morreu há dois anos, tinha câncer. -respondeu penalizada. -A dona Simone ficou tão triste. Porque quinze anos antes, a mulher dele, mãe da dona Simone também morreu dessa doença.

—Aldebaran vem cá. -Afrodite o chamou em um canto. -Distrai a empregada enquanto eu olho o escritório da doutora.

—Por que eu?

—Você sabe mexer em um computador?

—E você sabe?

—Lógico que sei. -Aldebaran ergueu uma sobrancelha surpreso. -O que? Achou que eu passava meu tempo livre só em meu jardim de rosas? Navego muito na net!

—Está bem. -Aldebaran dá um sorriso e se aproxima da senhora. -A senhora poderia me dar um copo com água?

—Ah, que falta de educação a minha. Aceita algo também, moço? Um café? Eu faço ele rapidinho!

—Um café é bom! -respondeu Afrodite.

—A senhora é de Minas? Tem sotaque do triângulo mineiro. -Aldebaran conversava enquanto saiam.

Afrodite ligou o computador, se soubesse mais sobre a pesquisa da doutora, poderia descobrir quem seriam os interessados em sequestrá-la. Acessou os arquivos e descobriu um em especial protegido por uma senha secreta. Olhou ao redor, tentando imaginar qual seria essa senha.

Vendo um porta retrato com o pai dela digitou: PAI. E apareceu na tela:

SENHA INCORRETA. ACESSO NEGADO.

Suspirou e depois pensou bastante antes de digitar outro nome, o de seu cachorro: ZEUS.

SENHA INCORRETA. ACESSO NEGADO.

Apareceu em seguida um aviso, de que se digitasse a senha incorreta de novo, os arquivos seriam apagados.

Ele levantou-se, tentando pensar, não poderia errar. A porta abriu-se e o cachorro da doutora apareceu, olhando-o da porta.

—O que quer, Pulguento?

O cão sentou-se, soltou um grunhido e ficou apenas observando Afrodite andar de um lado para o outro do escritório.

—Isso vai me deixar com rugas precoces. -ele queixava-se esfregando as têmporas. -Não nasci para ser um Sherlock Holmes da vida. Sou um cavaleiro, não detetive! Quem dera uma deliciosa xícara de chá de rosas, para aliviar essa tensão.

Zeus parecia ter entendido algo, de repente ele correu para cima de Afrodite e o derrubou no chão com o seu peso, tirando o ar do cavaleiro ao atingir o chão.

—Cão maldito! -Afrodite praguejava. -Sai de cima de mim! O que você é? Cerberus? Hades o enviou para me punir por meus pecados? Seu...

Parou de falar ao ver algo preso debaixo da escrivaninha. Era um caderno de anotações e um pendrive, presos com fita adesiva sob o móvel.

—Para um pulguento babão, você tem muita sorte! -ele empurrou o enorme cachorro, que ficou sentado ao lado dele, enquanto o cavaleiro pegava o seu achado. -O que temos aqui?

Sentou-se na cadeira e começou a folhear as anotações. O pai de Simone, Miguel Werneck havia descoberto uma espécie nova de flor, que crescia e florescia apenas em um determinado local na Mata Atlântica e possui um alto poder curativo. A flor era apenas conhecida pelos índios que moravam nesse local séculos atrás e foi esquecida quando eles partiram fugindo dos colonizadores portugueses. Ele a batizou de Aurélia, o nome da mãe de Simone.

Afrodite guardou o pendrive e as anotações no bolso e depois digitou no micro o nome AURÉLIA.

SENHA CORRETA. ACESSO PERMITIDO.

BOM DIA, PROFESSORA SIMONE.

—Você e seu pai queriam achar a cura para o câncer, porque sua mãe morreu por causa dessa doença... -Afrodite murmurou vendo os arquivos da doutora. -E parece ter conseguido!

—Afrodite... -Aldebaran apareceu na porta meio sem graça.

—Achei muitas coisas aqui, principalmente nomes de suspeitos.

—Sabe o que é...

—Vou gravar tudo em algum pendrive e vamos embora para o hotel, quero tomar um banho e tirar essa inhaca de cachorro de mim. Você trouxe algum pendrive? CD?

—Era sobre isso que queria te falar. Sobre o cachorro.

—O que tem a Fábrica de Baba? -perguntou olhando com desprezo para o animal e fazendo cara de nojo ao ver a baba escorrendo da boca do cachorro.

—Acontece que...a empregada precisa ir pra casa da família, e não tem ninguém para cuidar do Zeus...

—Fala pra ela chamar a carrocinha. -respondeu sem interesse algum, gravando os arquivos. –Abrigos de animais foram criados para isso!

—Aí que tá...eu me ofereci para cuidar do cachorro para ela.

—O...que...disse? -perguntou pausadamente, como se quisesse entender o que o colega havia dito. -Repita bem...bem devagar.

—Prometi...cuidar...do...cachorro...da...minha...princesa. -respondeu devagar.

—Desculpe. -ele riu nervoso. -Pensei ter ouvido que você havia se oferecido para cuidar desse projeto de Espectro.

—E me ofereci!

—Não!

—Ora vamos! O que custa?

—Minha sanidade! A resposta é não!

—Deixa eu ficar com ele!

—Eu já disse que não e... -Zeus coloca suas patas em cima do peito de Afrodite e abana o rabo alegre. –Olha o tamanho dessa coisa! Não é um yorkshire pra gente esconder no quarto de um hotel!

—Ele gosta de você!

—Eu não gosto dele! -Afrodite olha furioso para Aldebaran. -Pare de bancar o crianção! A minha resposta é NÃO!

Mais tarde, no Sofitel Rio de Janeiro, Posto 6 em Copacabana, na Avenida Atlântica.

—O porteiro saiu, foi ao banheiro. Tem só a recepcionista. -falou Afrodite. -Mantenha essa coisa no saco quieta enquanto pego nossas chaves.

—Tá. -Aldebaran acariciava a cabeça do Zeus, antes de cobri-lo.- É só até a gente entrar, Zeus.

—Ai, minha nossa Senhora da Bicicletinha. Como fui me deixar convencer a trazer esse saco de pulgas gigante? Se ele fosse um poodle ou pinscher, dava para disfarçar. Mas ele é um bezerro! -lamentava-se. -Vamos!

Aldebaran e Afrodite entraram no hotel, e enquanto o Touro ia diretamente ao elevador, Afrodite foi conversar com a recepcionista. Pegou as chaves do quarto, soube que Kyra estava esperando por eles lá e subiu.

Dentro do elevador, Aldebaran tirou o cachorro da sacola enorme, ele pulava alegre em cima do Cavaleiro de Touro.

—A sujeira dele, você vai limpar! "-avisou Afrodite.

Quando entraram no quarto, deram de cara com Kyra em pé no meio da sala, com cara de poucas amigas.

—Onde se meteram o dia todo?

—Investigando. -respondeu Afrodite, parando de falar ao reparar na maneira que ela se vestia. -Aonde vai assim?

Aldebaran assobiou admirado.

Kyra usava um elegante vestido de noite, preto com um enorme decote que mostrava generosamente a curva de seus seios e as costas esguias. Estava linda! Os cabelos curtos e bem arrumados, o rosto perfeitamente maquiado e um colar e brincos de brilhante completavam o conjunto. Nunca a viu tão bela...tão perfeita!

—Enquanto vocês sumiram eu fui até a Polícia Federal, procurar informações sobre as investigações do sequestro da doutora Simone. Encontrei um certo tenente Rodrigo que me convidou para conhecer a cidade. -ela respondeu olhando-se no espelho.

—Você tem um encontro? -Afrodite não acreditava.

—Sim. Ele é muito gentil! -e sorriu. -E muito bonito também!

—Não pode sair. -ele falou.

—Por que não?

—Porquê...porquê...estamos trabalhando e não em férias.

—Você não manda em mim, querido. -ela respondeu azeda, depois apontou para o cachorro ao vê-lo parado na porta. -O que é isso?

—É um cachorro. -respondeu Aldebaran.

—Eu sei que é um cachorro! O que eu quero dizer o que ele faz aqui?

—É da doutora. O crianção aqui resolveu adotá-lo.

—Esse hotel não permite animais. Como entrou com ele?

—Ora...bem... -ambos disfarçaram.

—Se formos expulsos daqui por causa dele eu vou...

O interfone toca, Kyra atende e depois se vira para os cavaleiros.

—É o tenente Rodrigo. -ela pegou a bolsa. -Não me esperem acordados.

Afrodite imita Kyra assim que ela sai, e depois corre até a janela para ver melhor quem seria o tenente Rodrigo. Ele vê Kyra e um moreno alto, de roupas negras, entrando em um carro modelo Honda, negro.

—Belo carro para um tenente! -resmungou.

—Afrodite tá com ciúmes? -Aldebaran debochou.

Eu não estou com ciúmes dela...com ele...não temos nada...por que sentiria ciúmes...Ah, vá ver se tô na esquina.

—Só tenho uma coisa a dizer. Quem experimenta o “Tempero Brasileiro”, sempre quer mais. –e ri.

—Vou tomar um banho, jantar e dormir! -saiu pisando duro.

—Ele está com ciúmes. -Aldebaran comentou com o cachorro.

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Em outro ponto da cidade.

—Você deveria ter pego os arquivos da doutora. -uma figura sinistra falava ao celular. -Como assim agentes da Interpol investigando? Dois sujeitos fazendo perguntas e uma mulher apareceu na polícia federal? Inferno!

Ele resmunga algo, mesmo estando do outro lado de uma pesada porta, Simone ouvia a conversa de seu sequestrador. Então, não desistiram dela? Estava procurando por ela!

Simone sorriu aliviada.

—Se eles fizerem perguntas demais, ou chegarem perto demais...elimine-os! Como eliminá-los? Isso é trabalho seu! -e desligou o celular.

Continua...


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