Made In Brazil escrita por GiullieneChan


Capítulo 2
Capítulo 1




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Em pleno voo, a caminho do Rio de Janeiro.

Afrodite ficava imaginando se algum deus o estava castigando por seus crimes passados. Primeiro, Atena o envia para outro país acompanhado pelo Aldebaran, para uma missão que nada tem a ver com a sua posição de Cavaleiro de ouro. Segundo, coloca uma amazona sargentona para vigiá-los. E terceiro, essa amazona o odeia por algo que aconteceu entre eles, e se bem se lembrava de Kyra, ela não ia facilitar em nada a sua vida.

Estavam sentados lado a lado. Ela na janela do avião, ele no corredor. Ela fazia questão de ignorar a sua presença. Mas estava sendo difícil para ele não notá-la. Vestida com um formal tailleur azul marinho, o rosto a mostra, ele se lembrou do quanto ela era bonita. Lamentava que ela tivesse cortado os cabelos, que eram longos, bem cuidados e lindos!

Ao lado deles, Aldebaran estava ansioso, como se o fato de bater o pé, incessantemente no chão fosse ajudar o avião a ir mais depressa.

—Isso está me irritando! -disse Afrodite, realmente irritado pelo barulho que Aldebaran fazia com os pés.

—Ah, droga! -resmungou o outro cavaleiro. -Por que Atena não deixou o Mu nos levar com o poder dele? A minha princesa está em perigo, e precisa de mim!

—Porque ele tem mais o que fazer. E a sua 'princesa', certamente não sairá do lugar na qual está agora. -respondeu ríspido, depois deu um sorriso amarelo para a senhora de idade sentada ao lado de Aldebaran que escutava tudo espantada.

—Que falta de sensibilidade! -disse Kyra friamente. -Mas você nunca foi sensível aos sentimentos dos outros, Afrodite.

—Olha aqui. -disse o pisciano. -Se vamos trabalhar juntos, vamos esclarecer algo. Vamos deixar de lado qualquer sentimento negativo e recomeçar. Seremos colegas, amigos, parceiros. Certo?

—Não há como sermos parceiros depois de tudo o que fez comigo!

—Por que?

—Por que? Por que? -ela repetiu incrédula. -Ainda pergunta por que? Depois da noite mais humilhante de toda a minha vida, do Santuário inteiro ficar sabendo o que houve, ainda pergunta por que?

—Bem...eu...

—Homens! -Kyra fechou a cara, e saiu do lado de Afrodite, indo na direção do toalete.

—O que eu disse de errado?

—O que você fez com àquela linda mocinha? -perguntou a senhora do lado do Aldebaran.

—Não fiz nada!

—Longa história, minha senhora. -falou Aldebaran. -Resumindo, ela queria sabe o que com ele e o mané aqui a mandou se vestir e ir embora!

—Ela era menor de idade!!!! –se defendendo. –Nunca faria isso!!!

—Aquela gata? -falou outro passageiro atrás de Afrodite. –Eu mandava ver.

—Pessoas como você tinham que ser enviadas para Marte! –disse Afrodite, olhando tão friamente para o rapaz que ele se encolheu de medo. –Acaso fez isso co alguma mocinha, verme?

—N-Não senhor!

—Bom...

—Bicha! -alguém disse, fingindo um espirro. O cavaleiro olhou furioso para trás.

—Vou matar um aqui, Aldebaran! –Afrodite diz para o amigo. –pegando uma rosa negra.

—Deixa para matar em terra. Aqui vai dar B.O.

—Seu amigo não gosta de mulher, meu jovem? -perguntou a senhora.

—Difícil responder. -Aldebaran ficou pensativo. –Eu acho que sim... tem gente que acha que não... Meu amigo Mu falou que ele curte as duas coisas.

—Dá para por favor PARAR DE FALAR DE MIM COMO SE EU NÃO ESTIVESSE AQUI? -Afrodite estava em seu limite. –O QUE EU GOSTO É DA MINHA CONTA! E EU NÃO IA ME APROVEITAR DE UMA GAROTA EMBRIAGADA! NÃO SOU UM OGRO NOJENTO!

—Bicha! -novamente a pessoa 'espirrou' a palavra, e este é nocauteado por uma rosa atirada pelo Afrodite que o acerta na testa.

Afrodite olha para Aldebaran e dá os ombros.

—Que foi? Eu não usei uma das minhas rosas especiais e ele tá vivo ainda! E O PROXIMO QUE FIZER UM COMENTÁRIO HOMOFÓBICO VAI VER QUEM É A BICHA AQUI! -gritou para os passageiros sentados atrás.

—Senhor! -a voz autoritária de uma aeromoça de cabelos e olhos negros, o fez sentar-se e encará-la. -Fique quieto e permaneça sentado! Está incomodando os outros passageiros, se continuar com isso, terei que tomar medidas drásticas e chamar o segurança da companhia!

—Desculpe. -resmungou com a cara amarrada, depois se virou para Aldebaran. -Tá. Eu admito que não agi certo com ela. Mas não seria pior se eu tivesse me aproveitado da situação?

—É. Mas, ela era gamada em você. E agora te odeia.

No toalete, Kyra se olhava no espelho. Ainda não estava acostumado a ficar sem máscara, desde aquela noite vergonhosa anos atrás.

Quando Marin lhe propôs ir a uma missão com dois Cavaleiros de ouro, não imaginou que seria com ele. Se soubesse não teria aceitado. Afrodite e ela eram tão diferentes em temperamento, opiniões, em tudo! Onde ela estava com a cabeça em se interessar por um tipo como ele?

Estava certo que ela era uma adolescente na época. Inconsequente de seus atos, que havia se apaixonado pela primeira vez, e que se derreteu toda quando o cavaleiro havia lhe dito que a imaginava com um belo rosto, e que tinha cabelos lindos. Não pensou duas vezes em se oferecer a ele, na primeira oportunidade. E ele a rejeitou, fazendo-a passar pela maior vergonha de sua vida!

Havia sido uma idiota mesmo!

Ela saiu do toalete e voltou a se sentar ao lado de Afrodite, mantendo-se séria.

—Kyra olha...

—Vamos esclarecer uma coisa. -ela o fuzilou com o olhar. -Não sou sua amiga. Eu não gosto de você. Detesto você. Não, não quero ser sua colega, amiga ou parceira. Você pode estar no mais alto degrau da escala, da elite dos Cavaleiros, mas a própria Atena me colocou como líder dessa missão!

Aldebaran sorriu amarelo para a senhora ao seu lado que ouvia tudo espantada.

—Então. -ela finaliza. -Se estragar tudo, você já era! E não venha com papo de amizade ou coleguismo. Não depois de tudo o que você fez comigo, e ainda tem coragem de me falar isso? Por mim, você pode pegar suas rosas e enfiar em seu ...

—Tem crianças presentes! -falou Aldebaran antes que a amazona finalizasse a frase.

Kyra sentou-se cruzando os braços furiosa, olhando para frente. Afrodite suspirou, seria uma longa viagem.

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Horas depois, eles desembarcaram no aeroporto internacional do Rio de Janeiro.

Enrolaram-se um pouco com a alfândega, para poderem liberar as urnas das armaduras, alegando serem peças de museu. Enquanto Aldebaran disse que iria telefonar para a filial da Fundação no Rio, Afrodite e Kyra tentavam pegar suas coisas.

Algum tempo depois, e uns telefonemas para pessoas influentes ligadas a Fundação, o funcionário da alfândega apareceu com a liberação das urnas.

—Aqui está, senhor Bergmam. Espero que tenha uma bela estadia em nosso país!

—Bergmam? -estranhou Kyra.

—Deixa eu ver! -Aldebaran pega o passaporte do colega e lê. -Gustav Bergmam! Você não tem cara de Gustav!

—E tenho cara de que? -perguntou sabendo que ouviria besteira.

—De...Afrodite. -respondeu o outro.

—Não achou que Afrodite fosse meu nome verdadeiro, achou? -ele disse sério. -Esse nome me foi dado por minha mestra, quando me conheceu, antes de me tornar cavaleiro. Que mãe põem esse nome em um filho? Aliás? Que mãe coloca Aldebaran num filho?

—Deixa dona Maria do Carmo fora disso! -alertou o taurino.

—Quem? -peixes perguntou curioso.

—Minha mãe!

—Você tem mãe?

—Qual o problema?

—Nada não. –Imaginando como seria a mãe de Aldebaran fisicamente e as imagens não eram bonitas em sua mente.

As pessoas paravam para ver aqueles homens tão diferentes discutirem.

—Vamos parar com isso! -falou a amazona impaciente e envergonhada pela cena. -Vamos para o hotel e depois iremos procurar a doutora Simone.

—Vocês vão para o hotel! -Aldebaran com o dedo e uma pose heroica aponta para a cidade. -Eu vou procurar a minha princesa. E onde ela estiver eu a encontrarei, pois estamos destinados a ficar juntos!

—Mas hein? -Afrodite não acreditava no que via.

—É imprudente sair por aí! -disse Kyra. -Isso é sério, não uma brincadeira!

—Vou me guiar pelo amor e ir até o castelo da minha princesa!

—Você tem o endereço dela no bolso. Panaca! -disse Afrodite.

—Vocês estão me ouvindo? -gritou Kyra nervosa.

—Ah... não? -disse Aldebaran.

—Nope! -respondeu Afrodite.

—Grrrrrrrrrr!

—Eu vou indo nessa! -Aldebaran se afastou diante do olhar assassino de Kyra.

—Eu vou junto! -Afrodite empurra o Cavaleiro de Touro para fora do aeroporto. –Você sozinho por aí é um perigo!

—Eu nasci nessa cidade, conheço tudo como a palma da minha mão. –olhando para um mapa que pegou em um balcão. –Er... mudou muito desde que fui embora da cidade.

—Quando foi isso?

—Eu tinha seis anos. –rindo e Afrodite estreita o olhar para ele enquanto saiam do Aeroporto.

—Ei! E as malas? -gritou Kyra furiosa. -Filhos da...

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Em outro lugar.

Sentada no escuro, em cima de um colchão velho, tendo apenas como conforto um travesseiro, um lençol e uma garrafa de água, a jovem doutora Simone Werneck ficava imaginando se alguém apareceria logo para resgatá-la.

—Ainda se recusa a nos dizer onde está a fórmula? -uma voz sinistra a fez levantar a cabeça e olhar para uma pequena janela na porta.

—Não vou entregar a fórmula para você! -ela disse firme.

—Que seja. -ele fecha a janelinha, deixando-a na mais completa escuridão. -Mais alguns dias aí, e veremos se manterá a sua coragem, doutora.

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Zona Sul. Em um bairro residencial.

—Bela casa! -comentou Afrodite ao observar o enorme casarão, com os muros cobertos de hera e um belo jardim na frente, se abanando carregando o paletó sobre o ombro. -Afe! Que calor! Esse seu país é muito quente!

—Acha que a Kido paga um salário melhor aos funcionários da Fundação do que a nós? -perguntou Aldebaran.

—Você recebe salário! -Afrodite fica pasmo. -Ela não me dá dinheiro! Não recebo nada desde que ela assumiu! O Ares pagava direitinho!

—Vamos entrar. -falou mudando de assunto, abrindo o portão. -Parece abandonado.

—Quanto ela te paga? Os outros também recebem? -insistia.

—Ela não deve te pagar porque você tem a herança da sua família.

—Não interessa! Eu tenho os mesmos direitos. Aquela...aquela...

—CUIDADO COM O CACHORRO! -uma mulher gritou lá de dentro.

De repente, um enorme cão da raça Fila Brasileiro, de pelo amarelo aparece. Correndo e arrastando uma pesada corrente, sendo perseguido por uma senhora negra, gorda e com roupas de empregada.

—Minha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro! -a mulher gritava. -Fechem o portão!

Aldebaran agilmente saiu da frente do cão, que passou por ele e pulou em cima do Cavaleiro de Peixes, derrubando-o ao chão. O cachorro mantinha o pobre cavaleiro preso ao chão com seu peso, segurando a garganta dele com a bocarra.

—Ka...ahrg! -era o que ele conseguia dizer.

—Meu Pai do Céu! -exclamou a mulher, chegando ofegante. -Quando vocês abriram o portão o Zeus ficou doido, achando que era a dona Simone!

—Ih, desculpe! -pediu o outro.

—So... cor... ro... -balbuciou peixes.

—Minha Mãe Santíssima! -disse a senhora segurando o animal pela coleira. -Solta a moça, Zeus!

—Não é moça não, dona! -falou o Aldebaran rindo. -É um homem! Meu amigo!

—Vixi! -ela o olhou bem. -Mas vendo daqui parece uma garota!

—Tirem...esse...monstro...da..arggg... -o cão apertou a boca na garganta do Afrodite.

—Zeus! Solta ele já! -mandou uma voz feminina num tom mais severo.

Ao ouvir o comando, o cachorro soltou Afrodite e sentou-se ao seu lado. O cavaleiro imediatamente se levantou, respirando ofegante, limpando-se.

—ARGH! -gritou com nojo. -Babá de cachorro! Estou todo sujo e babado! Que nojooooooo!!!!

—Que feio, Zeus!

Eles olham para a mulher que chegava. Era uma mulata, tinha belos olhos negros, cabelos compridos, alisados e presos em um rabo de cavalo alto. Era muito bonita.

—Ah, é a senhora! -disse a empregada feliz. -Que bom que veio hoje, doutora Adriana.

—Vim ver se Zeus está bem! -ela olhou para os homens. -Quem são vocês?

—Somos...somos... -Aldebaran não sabia o que responder.

—Somos da Interpol! -falou Afrodite erguendo-se rapidamente. -Sou o agente Bergman e esse é o agente Taurus!

—Interpol? -a moça espantou-se.

—Sim! -continuou falando, mesmo quando Aldebaran fez cara de quem não entendeu nada. -O sequestro da doutora Werneck teve repercussão internacional! A Fundação pediu nossa intervenção e fomos designados para encontrá-la. E quem é você, mocinha?

—Sou amiga da Simone. E veterinária do Zeus. Estou cuidando dele na ausência de minha amiga. -ela estende a mão. -Me chamo Adriana Azevedo.

—Muito prazer! -ele se vira para a empregada. -Gostaríamos de ver o escritório da sua patroa, se for possível!

—Não é possível! -disse Adriana. -Não vi suas credenciais e nem o mandato da justiça para ir entrando e mexendo nas coisas da Simone!

—Está atrapalhando uma investigação séria, mocinha! -Afrodite realmente encarnou o personagem do tira durão.

—Sem mandato, não entram! -falou determinada, cruzando os braços e levantando o queixo.

Aldebaran, a empregada e o cachorro acompanhavam a discussão, interessados. Afrodite aponta o dedo para o rosto da jovem que não esboça reação nenhuma, depois ele se afasta, arrastando Aldebaran pelo braço.

—Nós voltaremos! -anunciou antes de sair.

—E agora? -perguntou Aldebaran.

—Ainda não sei. Mas fiquei cismado com essa Adriana. Ah, se fiquei!

Continua...


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