Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 21
O Novo Domador Beta




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Os humanos viviam momentos de tensão. Emissoras de TV de todo o mundo exibiam a terrível invasão que acontecia em Salvador. Todos os domadores estavam na capital baiana e lutavam contra Skullgreymons que havia surgido e destruíam alguns pontos turísticos da cidade.

Antônio e Lucas batalhavam contra um dos tiranossauros esqueléticos que estava em frente ao Farol da Barra. Leon estava com eles. Lilamon não resistiu e já havia regredido quando Kokabuterimon tentava afrontar o inimigo que seguia se aproximando do grupo de humanos.

Ao perceber que o digimon em forma de espada árabe receberia um ataque fatal, o medo de perder seu companheiro fala mais alto através do grito desesperado do domador natural de João Pessoa.

— KOKABUTERIMON! – o grito do domador ecoa pelas ruas da cidade.

Instantaneamente, o digivice na mão do domador brilha e muda de cor, saindo da tradicional cor prata para a cor azul. Um forte brilho azulado toma conta do aparelho do garoto de braços e pernas fortes, para a surpresa de todos. Um casulo de luz passa a envolver o besouro mecânico de cor azul, que cresce de maneira grandiosa.

O casulo desaparece lentamente, revelando a presença de um digimon mecânico de fisionomia híbrida, com traços de inseto e dragão. Seu corpo segue afunilando, originando uma calda com um poderoso ferrão e que é acompanhada por outras duas que são mais finas e lembram chicotes com bolas de espinhos em sua extremidade. Possui dois pares de pequenos braços, como patas de lagosta, no abdômen, e outro par de poderosos braços com enormes mãos e garras sobre o dorso de cada uma. Sua boca é gigantesca e possui um canhão em seu interior. Possui também oito asas finas e douradas presa as costas e outras seis, à cintura, além de ombros grandes e pontiagudos como ferrões de escorpião.

Leon rapidamente saca seu digivice e rastreia informações do novo digimon que acabara de surgir.

 

TyrantKabuterimon, um digimon no nível Extremo. Esse digimon mecânico é conhecido como “Rei dos Insetos Digimons” por causa da sua facilidade em persuadir e criar enormes exércitos com esses tipos. Sua principal técnica é “Canhão do Escaravelho”.

 

— Quer dizer que você é um Domador Beta? – indaga Lucas após se certificar de que estavam diante de uma evolução Extrema.

— Isso é novidade pra mim! É a primeira vez que Kokabuterimon consegue ir a esse nível evolutivo.

O míssil disparado pelo Skullgreymon seguia se aproximando quando o digimon rei dos insetos abre sua enorme boca e projeta um enorme canhão de metal para fora, disparando uma rajada de energia de cor roxa, fazendo a técnica do inimigo explodir a metros de distância do local do impacto.

Leon, Antônio, Lucas e Lalamon são lançados longe.

Skullgreymon urra ferozmente antes de avançar na direção do oponente, que agora possuía o mesmo tamanho que ele. O tiranossauro seguia a passos largos quando, com um rápido giro de corpo, TyrantKabuterimon crava o enorme ferrão da ponta da sua calda no seu crânio. O digimon consegue se livrar da investida e segue cambaleante até cair.

— O que você fez, Koka?

— Eu apliquei uma dose do meu veneno nele. Breve, será convertido em dados.

Assim que o digimon Extremo volta seu olhar na direção do inimigo, o corpo do mesmo começa a se dissolver.

 

O mundo inteiro não falava em outra coisa a não ser o aparecimento desses monstros esqueléticos pelas ruas de Salvador e do envolvimento de adolescentes com outros monstros dos mais variados formatos e portes físicos. Presidentes de diversos países e líderes de grandes organizações mundiais mantinham contato e conversavam acerca do grande pandemônio que havia se iniciado na cidade brasileira, e que poderia ganhar proporções mundiais.

Em Salvador, desde o início da noite que a cidade era evacuada pela população. Até agora, nenhuma autoridade havia se manifestado a respeito do que acontecia. Apenas um mar de gente enlouquecida tentava salvar suas vidas saindo da cidade que é um dos cartões postais do país.

Em Madrid, Otávio seguia assistindo ao acontecimentos recentes, pela TV, perplexo e acompanhado da sua esposa. Já tentara por diversas vezes desligar a televisão ou mudar de canal, mas sempre acaba voltando sua atenção ao que estava acontecendo. Com a destruição do último mostro esquelético, e restando apenas o enorme besouro dragão de cor roxa, os canais de notícias da Espanha seguiam contabilizando mortos e feridos, ao mesmo tempo que traziam atualizações sobre os jovens brasileiros que estavam envolvidos com todos os monstros que acabaram de surgir. Durante a divulgação dessas informações, o nome de um dos jovens deixa todos os espanhóis apreensivos: Leon D'Lavega Ruiz Freire. Filho de Otávio Santos Freire, grande magnata das telecomunicações daquele país.

Samantha entra em desespero.

— ¿Mi amor, que ya sabía de la participación de León con estos alborotadores?

—  ¡Estoy tan sorprendido como usted!

Em poucos segundos, o telefone da casa de Otávio começa a tocar insistentemente. Seu celular também toca. Parentes, amigos e funcionários ligavam a fim de saber o que de fato era verdade. O homem, porém, prefere manter o silêncio e não conversar com ninguém.

A mãe do garoto logo fica agitada e começa a despejar uma enxurrada de informações sobre o homem, que não conseguia ouvi-la por mais esforço que fizesse. Seus pensamentos também seguiam, de maneira frenética, o levando para outro momento que não aquele.

 

Otávio, visivelmente mais novo, seguia trabalhando debruçado sobre uma mesa cheia de papéis rabiscados, e tantos outros amassados pelo chão do quarto escuro. Apenas um pequeno abajur sobre a mesa fornecia o mínimo de iluminação necessária para que ele trabalhasse.

 

Otávio, agora, estava em um banco de praça enquanto seguia desenhando algo semelhante a um ovo. Em outras partes da página do caderno, vários rabiscos seguiam indecifráveis entre protótipos de relógios, bússolas, cadernos, televisores e espadas.

O garoto seguia concentrado em seus desenhos, quando um grupo de amigos se aproxima tranquilamente e não é notado por ele.

— Acorda, Otávio! – grita o garoto de barba por fazer, assustando-o e levando os dois colegas que o acompanhavam a sorrir.

Alguns cadernos, lápis e livros caem no chão.

Um dos garotos pega o caderno e observa, com ar de riso, o desenho.

O rapaz que desenhava fica visivelmente constrangido e se levanta abruptamente, tentando reaver seu caderno.

— Me devolve, Sérgio.

— Calma. Não posso ver? É segredo?

— Devolve o caderno dele – pede o garoto que o assustara com um grito. – se ele não quer que saibamos, melhor não insistir.

Sérgio, sem questionar, devolve o caderno do seu colega e segue caminhando, deixando os amigos que o acompanhavam para trás.

— Será que ele ficou chateado?

— Que nada! – responde o terceiro colega. – Ele tá assim porque Luísa aceitou ir à praia com ele amanhã. Está todo eufórico. Nem cabe dentro de si.

— Vamos andando? – indaga o garoto de barba. – Nossa prova de biologia será de lascar! Sem falar que preciso de 8,5 pra passar de ano e me livrar do colégio.

 

Lucas, o garoto de óculos e que possui uma profunda cicatriz no antebraço direito caminhava tranquilamente até o Farol da Barra para pegar sua pequena digimon, redonda como uma uva e que voa com o auxílio de duas pequenas folhas presa a um talo sobre o topo do seu corpo, que estava desacordada.

Assim que a retira do chão, ela acorda.

— Lucas?

— Oi, Lalamon. Você está bem?

— Estou. Cadê o Skullgreymon? Os Domadores Beta chegaram?

— Ainda não. Mas tudo indica que temos um novo Domador Beta entre os demais.

Leon e Antônio admiravam a grandiosidade do digimon rei dos insetos, quando o mesmo regride, tornando-se Kokabuterimon.

Lucas se aproxima.

— Quanto mais domadores atingirem a Extremidade, melhor será na nossa batalha contra Calamon e seus imperadores.

— Até agora to sem entender o que aconteceu - balbucia o garoto de braços e pernas fortes.

— Tonho, fala comigo. Não gosto quando você fica com essa cara de abestalhado.

— Koka, Koka, me respeite!

Lúcia, Bruninho, Verônica e Levi surgem no céu dentro da esfera de energia criada pela digimon raposa mística que levitava ao lado. Mais atrás seguiam Ophanimon e Raptordramon, que carregava nas costas Pastreli, Albert com Lopmon sobre o ombro e Júnior com Kudamon nos braços.

Os digimons pousam próximo dos domadores, e regridem.

— Eu vi direito ou tinha um digimon roxo bem estranho por aqui?

— Você viu direito, Júnior – responde Lucas. – Kokabuterimon conseguiu atingir a Extremidade.

— Como assim? – indaga Verônica sem entender.

Antônio simplesmente mostra a nova cor que seu digivice adquirira.

— Azul? Seu digivice se tornou azul?

— Exatamente, Levi.  Culumon deve conseguir nos explicar melhor, mas tudo indica que eu assumi o posto de Domador Beta deixado por Carlos.

— Parabéns, Antônio. Você merece! – diz Pastreli, sorrindo.

— Eu to tão angustiado com isso! É muita responsabilidade ser integrante desse sexteto.

— Calma que você tira de letra, Tonho! – diz Lúcia de maneira debochada.

Uma enorme abelha mecânica surge voando e carregando sobre seu abdômen redondo Mateus, Monodramon, Igor e Labramon. Waspmon seguia abraçando Bárbara. Por terra, se aproximava Davi montado sobre uma das luvas de Togemon.

— Todo mundo bem? – pergunta o garoto alto e ruivo enquanto descia da luva da sua digimon cacto, que regredia para o nível Novato.

— Sim! – responde Albert. - Antônio é o mais novo Domador Beta.

— O que? – indaga Bárbara assim que desce ados braços da sua digimon, que também regride. – Eu ouvi direito?

— Kokabuterimon atingiu a Extremidade e destruiu o Skullgreymon que estava aqui – responde Lucas.

— Hei, cambada! A domadora diva acabou de chegar! Abram alas!

O grito da garota loira e rouca atrai a atenção de todos. Ela se aproximava planando no ar, ao lado da digimon elemental que controla o vento, e trazia consigo Gotsumon, Veemon e Solarmon. Rafael e Fernanda estavam montados em Metalgarurumon.

Ao perceber que seu pequeno boneco de pedra também se aproximava, a garota negra começa a chorar.

Kazemon pousa sua domadora e os dois digimons no chão, liberando Gotsumon e Veemon que estava eufórico ao verem em seus domadores.

Lúcia rapidamente corre até seu digimon, abraçando-o com ternura enquanto chora copiosamente.

— Para de me molhar com esses olhos molhados!

— Ai como você é insensível, Gotsumon. Eu toda trabalhada na emoção e você me tratando com indiferença.

— Eu to brincando com você, sua boba. Estava com saudades também.

Kazemon e Metalgarurumon regridem.

O pequeno digimon azul humanoide corre na direção do seu domador que, ao vê-lo, se ajoelha para recebe-lo. Ambos caem no chão com o impacto do abraço.

— Leon! Leon!

— Veemon! Eu saudades de você.

— Eu não quero nunca mais me separar de você!

— Te prometo que não. Isso nunca mais irá acontecer.

— Cadê João? – pergunta Rafael. – Achei que ele já tivesse chegado.

— Ainda estamos aguardando – responde Igor.

— Pelo visto, todos nós conseguimos acabar com os Skullgreymons – pontua Verônica a todos os presentes. – Mas acho que já sabem que nossas vidas mudaram radicalmente a partir de hoje.

— Como assim? – questiona Mateus, domador de Monodramon.

— Ela deve estar falando sobre todos esses jornalistas acompanhando nossas batalhas.

— Sem falar que eu tive uma grande parcela de culpa em todo esse alarde criado – manifesta-se o domador magro e tão alto quanto Davi.

— E mesmo que você e Leon não tivessem cometido esse ato falho, Júnior, o que aconteceu a poucos minutos já virou notícia no mundo inteiro. Não tenha dúvida.

Um som de hélices atrai a atenção dos garotos e dos digimons, que olham para cima e notam que um helicóptero sobrevoava a região, filmando-os.

Bruninho, que estava ao lado da domadora de Plotmon, olha para trás e nota uma enorme quantidade de carros com emblemas de emissoras de TV e rádio, sites, jornais e agências de notícias filmando, fotografando e anotando tudo o que acontecia naquela região.

— Boa parte dos jornalistas que estão aqui, - prossegue a Domadora Beta que possui o digivice amarelo - nos acompanharam dos locais onde estávamos batalhando. E quando João, Murilo, Will e Victor chegarem, outros aparecerão.

Um fraco tremor de terra assusta os garotos, que não chegam a cair, mas passam a olhar em todas as direções. Um pequeno lampejo acontece metros acima do Farol da Barra, assustando os presentes. Raios de energia branca começam a aparecer mais constantemente até que um ponto luminoso surge e segue lentamente ganhando tamanho, para o desespero dos domadores. Bruninho abraça mais forte Verônica, que seguia segurando Plotmon. Lúcia também se aproxima do mais novo dentre todos os domadores, agora acompanhada de Gotsumon.

 Todas as câmeras seguiam posicionadas na direção daquele enorme portal que ganhava tamanho. Pessoas do mundo todo acompanhavam, em tempo real, o que estava prestes a acontecer.

De dentro do portal surgem Culumon em sua forma Lobo Lutador Alado, Dukemon e Alex montado no ombro de Grappleomon. Mais atrás estavam os domadores que foram sequestrados pelo grupo, desacordados e levitando verticalmente envoltos por uma áurea rosada. Suas cabeças pendiam para a frente. Seguiam da esquerda para direta: Kau, Wormmon, Guilherme, Floramon, Bento, Chuumon, Sukamon, e um pequeno hamster alaranjado que possui uma fina cicatriz próxima a boca.

— PATAMON! – grita Bruno Soares, aos prantos.

— Quem são aqueles ao lado de Beto, Veemon? – questiona o garoto espanhol.

— Eles evoluem juntos para se tornarem Etemon.

Leon rastreia informações sobre os dois digimons.

 

Chuumon, um digimon Novato. Esse pequeno rato cor de rosa é muito inteligente, apesar de não ter técnicas relevantes em batalhas. Vive acompanhado de Sukamon, que lhe provém segurança e alimento.

 

Sukamon, um digimon Adulto. Por não ser racional, vive sobre os desígnios de Chuumon. Não consegue formular frases coesas e depende da ajuda do seu parceiro para saber a hora certa de atacar e caçar.

 

— Ora, ora, vejo que todos estão reunidos, aguardando minha chegada.

— Imprestável! – retruca Júnior. – Ninguém aqui tem paciência para seus joguinhos.

— Acho que já perceberam o motivo da minha visita. Adoro uma recepção bem calorosa.

— Você foi longe demais em vir até aqui! – prossegue o garoto, afrontando-o. - Isso é um problema nosso: domadores e vocês!

— Você deveria questionar Culumon do porquê de envolve-los nisso. Vocês, humanos, nunca deveriam ter entrando em nossa rivalidade.

— Entramos porque sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, o que está acontecendo agora, aconteceria! E Culumon nos escolheu por isso.

— Será que vocês foram realmente escolhidos?

— Como é que é? – indaga Rafael.

— Do que ele está falando? – questiona Alex a Dukemon.

— Deve estar blefando.

— Não ouviu a minha pergunta? – insiste o loiro de corpo extremamente musculoso.

Antes que Calamon pudesse dizer algo, uma enorme rajada de energia prateada avança na sua direção, sendo impedida pelo escudo do cavaleiro medieval que usa armadura e capa vermelha. Metalseadramon se aproxima e sobre ele estavam João, Murilo com Patamon desacordado nos braços, Will, Victor, Agumon e Tentomon.

Culumon estava sobre o ombro o líder dos Domadores Beta.

A serpente de metal pousa, permitindo que todos descessem das suas costas, e regride.

— Você realmente tem palavra. – brada o garoto de barba cerrada. - Disse que viria e veio! Seus Skullgreymons não foram capazes de nos frear.

— Garoto ingênuo! Kimeramon e os Skullgreymons foram mandados e colocados estrategicamente como forma de atrasá-los.  Eu precisava de tempo para estabelecer de uma vez por todas o caminho que unirá de forma definitiva o Mundo Real com o Mundo Digital. Esse portal será eterno. Dominarei ambos os mundos. E o meu reinado estar apenas começando

— Isso é o que veremos! – afronta-o, João.

— Pois bem!

Com um leve brilho nos olhos, o digimon das trevas começa a conversar com Bruninho.

— Venha, Bruno. Venha até Patamon. Ele precisa de você.

Como que hipnotizado, o garoto larga Verônica e Lúcia e começa a caminhar, sendo envolvido por uma áurea rosada e passando a levitar em seguida.

As domadoras de Plotmon e Gotsumon tentam segurar o garoto, mas é em vão. Antes que elas pudessem tocar em suas pernas, Bruno levita rapidamente, como um borrão de tinta, parando ao lado de seu Patamon e igualmente aos demais domadores: desacordado.

 

Continua...


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