Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 19
Uma Desgraça Sem Precedentes




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/95184/chapter/19

Um forte lampejo ofuscante invade os céus da floresta que possui constantes correntes de ar e árvores de troncos tortuosos. Uma enorme serpente azul de cabeça amarela e extremidade da calda em forma de folha, surge no local. João estava montado sobre esse digimon.

Seadramon seguiam voando próximo a copa das árvores, indo em direção ao deserto que começa a surgir no campo de visão de ambos.

— Deveríamos ter esperado Verônica e os outros, João.

— Também acredito nisso, mas não podemos perder tempo. Guilherme corre sérios riscos.

Domador e digimon seguiam voando até que saem da região da floresta e começam a voar sobre o deserto. Logo à frente, um lampejo surge e de dentro dele sai a digimon anjo de maiô provocante e asas brancas carregando nos braços sua domadora Verônica.

Instantes depois outro lampejo surge no céu. Taomon trazia consigo Levi, Davi e Palmon, pequena digimon vegetal de longos braços, olhos verdes graúdos e flor sobre a cabeça.

— Já achou alguma pista de onde Guilherme está?

— Ainda não, minha pequena. Assim que mandei a mensagem pra vocês, vim pra cá.

— Angewomon e eu viemos o mais rápido que podíamos.

— Só tive tempo de derrubar Levi da cama, primo. Ele não faz ideia do que tá acontecendo.

— Ainda to digerindo esse lance do flagrante no aeroporto – diz o garoto negro.

Outro lampejo surge, dessa vez um besouro amarelo que possui brocas de metal no lugar de mãos e no focinho. Digmon trazia a garota cega de longos cabelos cacheados.

— Olá, pessoal – diz a digimon.

— Alguma novidade sobre Guilherme, Bento e Etemon?

— Por enquanto nenhuma, Báhzinha – responde Verônica.

Outro lampejo faz surgir Kazemon, a digimon fada com asas de borboleta e que possui o mesmo tamanho que Angewomon, carregando sua domadora nos braços.

— Demorei?

— Não, Fafá.  – responde João.

— Ainda falta alguém?

Outro lampejo e surge Murilo com Angemon.

— Desculpa a demora. É que acabei ficando preso na frente da TV. Eles já estão fazendo ligações do caso do desaparecimento de Júnior e Leon com os monstros que surgiram em Salvador a quase um ano, com a luta de Angemon, Shurimon e Kuwagamon, e também com o possível ataque terrorista em frente ao Colégio Metta.

— Lembro desse caso – pontua João com saudosismo.

— E como esquecer! – completa Verônica. – Naquela época, tudo era novo pra gente.

— Fazia poucos dias que eu tinha conhecido Betamon, e Carlos ainda não havia descoberto quem era seu parceiro. Eu e ele tínhamos discutido por conta de um incidente na praia e não estávamos nos falando. Os digivices sinalizavam que havia um digimon na quadra da nossa escola...

 

Apesar de ter uma aparência inofensiva, Terriermon estava disposto a defender sua vida e não se entregaria tão facilmente. Estava pronto para atacar a qualquer momento, assim como Betamon, Plotmon e Gotsumon. Os digimons se encaravam por longos segundos, com semblantes fechados e atenção redobrada. Um silêncio assustador reinava naquela quadra aos fundos do colégio.

— Sinceramente, não quero brigar – diz Terriermon sentando no chão, sorrindo e abraçando suas orelhas carinhosamente.

— Você não pode ficar aqui. Tem que retornar ao Mundo Digital – diz Plotmon.

— Me diz como eu faço pra voltar que eu volto!

— Eu não sei te dizer isso!

— Então não exija de mim algo que você não sabe! – Terriermon fica de ponta cabeça, apoiado pelas orelhas e de braços e pernas cruzadas.

— Terriermon, – interfere Betamon – nossa função aqui é mandar os digimons selvagens de volta ao Mundo Digital. E o único caminho que conhecemos é esse!

— Betamon, pare de conversa fiada e acabe com ele – grita João.

— Barbatana Bumerangue.

Betamon lança sua barbatana, que segue girando no ar. Terriermon fica de pé e inclina seu corpo para trás, se livrando da técnica, que passa a centímetros do seu peito.

— Precisará mais do que isso para me destruir! – diz Terriermon após voltar à posição original.

A barbatana faz o retorno e atinge a nuca do digimon, deixando-o desacordado no chão.

 

— Anda, Betamon! Acabe logo com isso – diz João.

Betamon, mesmo contra sua vontade, se preparava para atacar quando ouve um grito:

— NÃO! Não faça isso, Betamon.

Carlos estava no portão de acesso à quadra.

— E por que não? – pergunta João.

— Porque ele não representa nenhum risco para nós – Carlos rapidamente se põe na frente do Terriermon desmaiado.

 

Terriermon, aos poucos, se levanta por detrás de Carlos.

— Por que todo mundo resolveu me dar pancada na cabeça?!

— Você está bem? – pergunta Carlos agachando.

— Se afaste de mim!

— Calma, estou aqui pra te proteger.

— Eu não confio nos humanos... Vocês querem me destruir!

— Dá pra facilitar nosso trabalho, ou ta difícil? – pergunta João.

— Não enche! – responde Carlos no mesmo tom - Terriermon fuja logo! Não sei por quanto tempo conseguirei impedi-los.

 

Já do lado de fora da escola, o pequeno digimon de grandes orelhas seguia por um caminho diferente do garoto magro de cabelos desgrenhados.

— Terriermon, vem aqui!

Enquanto o digimon se aproximava, Carlos agacha e retira o digivice do bolso.

— O que você vai fazer?

— Vamos descobrir se você é, ou não é, meu digimon.

Ao ergue o digivice na frente do pequeno Terriermon, o aparelho emite o seguinte sinal sonoro: “O digimon encontrado está acoplado a esse aparelho”. O digivice azul, que antes estava com a tela escura, como se estivesse desligado, passa a exibir um ícone animado do digimon.

— E ai? – pergunta Terriermon.

— Pelo que Verônica me disse, esse foi o som que o aparelho dela emitiu quando ela encontrou Plotmon. Isso quer dizer que você é o meu digimon - Carlos abraça Terriermon e o girar no ar. - Você não faz ideia de como estava ansioso pra te conhecer.

 

Gargomon ergue o braço direito na direção do inimigo. Ambos se encaram por longos segundos até que Gargomon começa disparar. Kentarumon, esperando por uma oportunidade de ataque, corre em torno do oponente forçando-o a girar em seu eixo. O movimento de Gargomon obriga Carlos a deitar no chão, enquanto estilhaços da parede dos prédios ao redor voavam em todas as direções, erguendo uma densa nuvem de poeira. A munição da metralhadora direita esgota e o digimon rapidamente ergue o outro braço e prossegue com os disparos. Kentarumon continuava correndo em círculo. Alarmes dos prédios atingidos disparam e, juntamente com o som da metralhadora, formavam um barulho ensurdecedor. A munição da segunda metralhadora acaba e antes que Gargomon pudesse recarregá-las, recebe um coice e é arremessado por volta de cinquenta metros.

— GARGOMON! – grita Carlos colocando-se de pé.

Kentarumon ouve seu grito e galopa na sua direção. À medida que se aproximava, o centauro espalmava sua mão e acumulava energia no canhão que brotou dela. Faltando poucos segundos para disparar, Kentarumon é surpreendido por um soco do digimon de grandes orelhas. Soco esse que o lança no chão e o faz perder o controle sobre a técnica, que acaba rasgando a parede ao fundo do garoto, derrubando um poste de luz e ocasionando um curto-circuito que deixa toda a região às escuras.

— Você está bem, Carlos? – pergunta Gargomon.

— Estou. Agora, acabe com ele antes que a polícia chegue!

Gargomon corre até o centauro caído e o prende no chão com o peso do seu corpo, enquanto os tambores das metralhadoras fazem um rápido giro, recarregando-as automaticamente. Gargomon descarrega ambas as metralhadoras no peito do Kentarumon, erguendo uma nuvem de poeira que, ao se dispersar, revela os dados do digimon se dissipando pela atmosfera e uma enorme cratera no chão.

Gargomon regride e corre, saltando nos braços de Carlos.

 

Lágrimas rolavam pelo rosto de João, Verônica e Flávia.

— É complicado perder um amigo – pontua João. – Mas precisamos ser fortes! Ele, Caio e Luiz Filipe não podem ter morrido em vão.

— Olhem! - indica Levi. - O que é aquilo?

Lentamente, alguns metros à frente do grupo, uma gigantesca porta começa a surgir em pleno deserto. Essa porta de madeira estava cravada em uma estrutura feita de pedra. Somente ela estava naquele lugar. Não havia outra construção ao seu redor. Uma enorme porta no meio do nada.

— Com certeza Guilherme falava sobre isso – diz João.

— Vamos até lá – manifesta-se a garota loira de voz rouca. - E estejam todos preparados.

Os domadores e seus digimons voam até pousarem em frente a gigantesca porta.

— E como faremos para abrir? – indaga o garoto ruivo. – Acho que só explodindo tudo!

— Nessa parte Togemon pode ajudar, querido! – diz Palmon, sorrindo.

— Acho que posso cuidar dessa parte – interfere a digimon raposa mística.

Taomon avança alguns passos à frente do grupo e espalma suas patas na direção da porta. Uma áurea roxa passa a envolver a porta que, lentamente, e começa a se abrir. A digimon de Levi fazia uma força descomunal utilizando-se de sua telepatia para abrir a passagem.

A porta finalmente se abre e revela a presença de um enorme corredor feito de pedras brancas, quase que transparentes, iluminado por tochas sob pedestais dourados.

Agora os digimon e domadores seguiam por terra, caminhando.

— Nunca vi um ser gostar tanto de iluminar locais com tochas como Calamon – diz Flávia levando os demais domadores e digimons a sorrirem. – Eletricidade e lâmpadas estão aí pra isso!

Logo à frente o grupo se depara com outra porta, idêntica a primeira, no final do corredor. Taomon novamente faz como da primeira vez e a abre, levando-os a um enorme salão tanto em altura quanto em largura.

No centro desse salão havia um monstruoso digimon, dormindo, que parecia ter o corpo formado por partes de outros digimons. Seu tronco e cabeça lembram o Greymon de Victor usando uma carapaça com um poderoso chifre semelhante ao de Kabuterimon. Suas asas lembram as de Angemon, além dos braços que parecem ser de Devimon, patas de Garurumon e calda de Monochromon, além de outro par de asas de Airdramon, um dos braços cadavéricos e outro laranja, como o de Kuwagamon.

Todos os digimons e domadores fazem silêncio e se olham, assustados, sem saber o que fazer.

— O que aconteceu, pessoal? – indaga Bárbara sem entender o que estava acontecendo. - Por que esse silêncio?

— Psiu! – pede a digimon besouro que a segurava pela mão.

Lentamente os olhos do monstruoso digimon se abrem, revelando toda a maldade existente dentro daquele ser. O digimon começa a se levantar e a urrar.

João rapidamente saca seu digivice e rastreia informações sobre o digimon.

 

Não existe informações a respeito desse digimon.

 

— É o que? – indaga Murilo externando toda a perplexidade dos demais.

— E como vamos saber qual o nível desse digimon? – questiona Levi.

— Nunca vi um digimon desse por aqui. – brada Kazemon.

— Deve ser um digimon criado pelo Calamon – diz Angewomon. – Sinto uma energia maligna vindo dele.

Após urrar mais uma vez, o digimon lança uma poderosa rajada de energia pela boca. Taomon voa de encontro a técnica e cria um escudo de energia, que não resiste por muito tempo e explode, levando a digimon a cair desacordada e já regredida aos pés dos demais.

Levi se aproxima de Renamon, preocupado.

— Acho que essa demonstração de poder responde nossa pergunta – diz Murilo.

O digimon se preparava novamente para atacar quando Seadramon e Angewomon são envoltos pelo casulo da evolução e se tornam Metalseadramon e Ophanimon, respectivamente.

— Fogo do Dragão.

— Lança do Éden.

Ambas as técnicas atingem o digimon, que explode.

Um grande silêncio se faz. Ninguém fazia ideia do que havia acontecido com o horrendo digimon, quando, ainda em meio a fumaça da explosão, ele torna a urrar e ataca Ophanimon com suas garras. A digimon sagrada é pega de surpresa e atingida, esbarrando-se contra a parede. A enorme serpente de metal avança no digimon e lhe morde um dos braços, enroscando seu corpo longilíneo no digimon e o apertando. O digimon Frankenstein força seus braços, numa clara tentativa de se livrar de Metalseadramon.

Palmon rapidamente evolui, tornando-se o enorme cacto com luvas de boxe.

— Rajada de Espinhos.

— Punho do Destino.

— Ciclone Imperial – brada Kazemon, digimon elemental do vento, erguendo os braços para cima e criando um poderoso tornado.

— Broca de Ouro – diz Digmon disparando as brocas alojadas nos braços e no focinho como torpedos.

 

Otávio, pai de Leon, estava na biblioteca da sua mansão, em Madrid, quando um telejornal noticia os recentes acontecimentos em Salvador. O homem fica estático ao ver a cena em que Júnior e Leon desaparecem no saguão do aeroporto após passar por uma luz branca ofuscante. Logo em seguida, um repórter caminha em frente ao Colégio Metta enquanto relembrava do suposto ataque terrorista que havia acontecido naquele lugar a quase um ano. Imagens de arquivo são apresentadas: crianças brincam em uma praça quando um pequeno vulto cruza a tela, correndo por trás delas, assustando o adulto que fazia a gravação; uma câmera de circuito interno flagra o exato momento em que uma multidão de pessoas se aglomeravam entre carros e observavam atentamente um ponto fixo no céu; em meio à multidão um cinegrafista seguia registrando imagens quando um vulto passa sobre ele e explode seu equipamento de trabalho; uma enorme serpente sobrevoa o céu da cidade à noite, onde é possível notar que havia pernas humanas sobre suas costas, como se estivesse montado.

Cada informação nova e imagem apresentada deixa Otávio ainda mais perplexo. “Leon está envolvido nessa polêmica?”. Rapidamente, o homem relembra de momentos da sua época de faculdade, quando ainda morava em Salvador.

 

 

Visivelmente mais novo, Otávio seguia rabiscando em um caderno e cochichando consigo. Os chiados da sua voz extremamente baixa passa a atrapalhar e despertar a curiosidade dos colegas, que tentavam prestar atenção na aula. Todos fazem absoluto silêncio, inclusive o professor que estava sentado na ponta da mesa do outro lado da sala, até que Otávio percebe o incomodo que causava e olha para o professor.

— Obrigado – agradece o homem mais velho visivelmente chateado.

Sem questionar nada, o rapaz pega seu material e sai da sala.

Um dos colegas, ao vê-lo sair, o acompanha.

— Hei, Otávio. Vai pra onde?

— Vou para algum lugar mais sossegado.

— Você ainda está trabalhando nesse projeto?  Nada contra, mas acho que está no curso errado. Administração não é a sua praia.

— Vocês vivem me dizendo isso. Mas lá em casa as coisas sempre foram bem claras: Ou é administração, ou direito, ou medicina. O resto é perda de tempo.

— Larga de drama! Mais tarde a gente se vê e combina de tomar uma para relaxar!

 

Otávio volta dos seus pensamentos, desliga a televisão, respira fundo e sai do local.

 

O digimon que possui partes de diversos outros digimons pelo seu corpo seguia disparando rajadas de energia pela boca, enquanto Ophanimon protegia os humanos atrás do seu escudo sagrado e os demais digimon seguiam numa ofensiva contra o inimigo.

A digimon besouro amarelo consegue erguer uma enorme rocha do chão, logo abaixo do queixo do digimon, deixando-o tonto com o ataque. Rapidamente, Kazemon, Angemon, Togemon e Metalseadramon disparam suas melhores técnicas contra o peito do inimigo, reduzindo-o a dados.

Os humanos ficam abismados ao ver o cadáver daquele enorme digimon se converter em dados.

— Já? – indaga Levi. Renamon já havia recuperado a consciência e estava ao seu lado.

— Isso não tá me cheirando bem.

— Concordo, João – diz o garoto magro de sorriso largo, apreensivo.

— Independente do que tenha acontecido, vamos seguir – diz Verônica, animando-os.

O grupo segue caminhando, passando pelo local onde estava o monstruoso digimon e entrando por um corredor menor, forçando os digimons a regredirem para o nível Novato. Ao final do corredor, o grupo encontra uma cela, com enormes barras de ferro. Ao se aproximarem, João e seus amigos encontram Gotsumon, Veemon e Gabumon amarrados e amordaçados.

Renamon rapidamente materializa cacos de vidro a sua frente e, com um abrir de braços, dispara a energia na fechadura da grade da cela, abrindo-a.

João, Verônica, Betamon e Plotmon correm para ajudar Gotsumon, enquanto Levi, Davi, Renamon e Palmon ajudam Veemon, e Murilo, Flávia, Bárbara e seus digimons auxiliam Gabumon.

— Obrigado por nos salvar – agradece o boneco de pedra de olhos amarelos. – Mas vocês caíram numa armadilha!

— Aquele Kimeramon que vocês destruíram tão facilmente foi criado pelo Calamon com o propósito de atrasá-los – interfere o digimon canino que possui um chifre sobre a cabeça e um manto branco listrado em azul sobre os ombros e costas. – Ele já capturou Guilherme e Floramon e está indo atrás de Bruninho no Mundo Real.

 

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Digimon Beta - E o Domador Inicial" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.