Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 18
Luiz Filipe e Guilherme




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A equipe de domadores que procurava pelo paradeiro de Kau, Wormmon e Veemon estava aflita. Ao seguirem o conselho dado por Pastreli e irem até o local onde o digimon dragão azul fora visto pela última vez, acabaram caindo em uma cilada. Um motorista misterioso surgiu a bordo de um buggy azul e seguia tentando atropelá-los quando seus digimons evoluíram e atacaram o veículo. A combinação de técnicas não foi suficiente para pará-lo e o motorista retorna ao carro e ataca todos os digimons de uma única vez, levando-os a desmaiar e regredir.

O carro torna a avança na direção dos garotos, que estava encurralados em meio ao grande deserto.

— CORRAM! – grita o garoto magro, domador de Kudamon.

Os garotos corriam sem direção certa, completamente transtornados. Muitos gritavam pelo nome dos seus digimons.

Labramon, Gaomon e Floramon acordam com os gritos.

— Igor! – o pequeno cachorro de orelhas e calda vermelha corre de encontro ao garoto de cabelos negros e olhos azuis.

O cachorro bípede que usa luvas de boxe e uma faixa vermelha atada a testa, passa a girar no próprio eixo e avança contra o carro, impedindo-o por alguns segundos de avançar. O veículo seguia acelerando até que consegue afrontar o pequeno digimon e lança-lo distante.

Luiz Filipe, ao ver que seu digimon batalhava, corre de encontro a ele.

— Fique ai, Luiz Filipe! – pede o digimon.

O carro faz o retorno mais à frente e torna a avançar na direção do garoto indígena e do seu digimon.

Floramon e Labramon, que já estavam próximos dos seus domadores, retornam para ajudar a dupla que estava em perigo.

— Sementes Explosivas – diz a pequena digimon flor lançando uma rajada de pequenas sementes das flores que possui no lugar das mãos.

A técnica atinge o veículo, mas não o impede de avançar na direção do garoto e do seu digimon.

Gaomon se põe de pé com a ajuda do seu domador e salta, indo de encontro ao carro. O cachorro bípede consegue cair sobre o banco do passageiro e rapidamente segura o volante, forçando-o para o lado direito, fazendo com que o buggy desviasse o garoto de pele bronzeada e cabelo extremamente liso instantes antes de atingi-lo.

A digimon flor e o pequeno labrador ficam próximos de Luiz Filipe.

Os demais domadores estavam reunidos em um ponto mais distante e gritavam o nome dos seus parceiros, numa clara tentativa de acordá-los para ajudar o amigo que corria perigo.

O motorista do buggy atinge Gaomon com um soco e o lança para fora do veículo. O digimon cachorro cai na areia do deserto e rola por alguns metros antes de parar.

— GAOMON!!! – grita o garoto, preocupado.

— A gente precisa ir até lá! – brada Victor, aflito.

— Mas nossos digimons não podem fazer nada. – pontua Albert igualmente nervoso. - Somente Igor e Guilherme poderão ajudar.

— Não se trata de uma simples batalha, cara – manifesta-se Lucas. – É nítido que essa pessoa ou digimon quer mata-lo.

Pastreli, Will, Igor, Guilherme e Leon avançam na direção de Luiz Filipe sem ao menos esperar que seus companheiros terminassem de falar. Albert, Lucas, Júnior e Victor prontamente o seguem.

O buggy novamente avança de encontro ao domador, que logo se levanta e passa a correr na companhia de Floramon e Labramon. O veículo seguia se aproximando de Luiz Filipe enquanto Floramon disparava uma rajada de sementes explosivas ao passo que também corria.

— GAOMON! SOCORRO!

O grito do garoto ativa seu digivice de maneira intensa, fazendo com que o pequeno cachorro azul repleto de escoriações fosse envolto pelo casulo da evolução e todos parassem, como que congelados, ao ver o que estava prestes a acontecer.

O poderoso cachorro bípede, com patas inferiores e superiores mecânicas, além de propulsores presos a suas costas e um cinturão vermelho de lutador cruzado no peito surge imponente no campo de batalha. Machgaogamon, nível Perfeito do digimon de Luiz Filipe salta na direção do buggy azul, com ambas as patas superiores brilhando, quando diversas ataduras surgem de dentro do veículo e predem suas pernas, braços ao tronco e focinho.

— MACHGAOGAMON!

Floramon e Labramon, ao verem que Gaomon conseguiu atingir o nível Perfeito, correram para próximo dos seus domadores, que estavam parados juntamente com os demais.

— Acabe com ele, Machgaogamon – incentiva Guilherme.

Antes que o digimon de Luiz Filipe pudesse se livrar das ataduras que o prendiam, uma rajada de energia branca com lampejos vermelhos avança rígida como uma lança e atravessa seu peito, fazendo-o urrar de dor. O digimon lentamente cai de joelhos, para desespero do garoto de feições indígenas, que corre em sua direção se desfazendo em lágrimas. As ataduras aos poucos se dissolvem em dados e o digimon regride para o seu nível Novato.

— Gaomon, fale comigo! – diz o garoto assim que se aproxima e se senta ao seu lado.

— Luiz... – balbucia o digimon, enquanto o buraco em seu peito seguia ganhando tamanho, se dissolvendo em dados multicoloridos soltos pelo ar. – Fuja! Vá na direção dos outros domadores. Peça proteção.

Luiz Filipe olha em volta e percebe que o grupo de domadores e os dois digimons que haviam recuperado a consciência corriam na sua direção.

O buggy azul permanecia parado, com o motorista inerte em seu interior.

— Não posso te deixar aqui, Gaomon. Você não pode virar dados.

— Não quero te ver chorar. Breve nos encontraremos. Te aguardo na Cidade do Princípio.

Enquanto os dados do cachorro azul com luvas de boxe seguiam se dissipando por completo, o carro acelera a toda a velocidade e atinge o garoto, distraído.

— NÃO!!!

O grito incrédulo do garoto negro que usa um moicano ecoa por todo o deserto e faz despertar os demais digimons que estavam desacordados. Mateus havia acabado de chegar e estava sobre o ombro de um dragão roxo de forma humanoide que possui poderosas garras nos pés e nas mãos, além de uma crina vermelha que segue até o meio das costas e de usar uma máscara que lhe tampa os olhos e calça com estampa militar.

O corpo de Luiz Filipe fazia uma parábola em pleno ar, enquanto os demais domadores e digimons observavam a cena, atônitos. Era como se todo o universo tivesse parado para observar aquele instante que muitos custavam a acreditar. O corpo do garoto toca o chão como um saco de batatas sendo jogado de cima de uma ponte. Seu digivice cai ao lado. Em sua tela, o ícone de Gaomon dava lugar a um digitama.

 

O digivice negro cai no chão.

Verônica, Plotmon, Betamon, e Culumon se assustam.

— O que aconteceu, João?

O garoto rapidamente se abaixa e, mesmo com a voz embarga, continua a conversar com a pessoa do outro lado.

 

— Luiz Filipe foi atropelado no Mundo Digital.

Diz o garoto assim que terminou de falar ao digivice.

— E como foi isso? – Verônica se assusta.

— Segundo Júnior, todos acreditam ter sido obra de Blaze e Alex. Um digimon, mais provavelmente, surgiu dirigindo um buggy e insistiu por várias vezes até que conseguiu atropela-lo. Ele me disse que havia marcado com Victor e Pastreli lá na Floresta de Pinheiros Curvilíneos e que Will, Guilherme, Albert, Lucas, Igor e Leon.

— Leon já chegou, Culú?

— Sim! Eles foram lá atrás de Veemon. Bruno Pastreli viu um Mechanorimon carregando um Veemon desacordado naquela região.

— E como que eles farão com o corpo? – indaga Verônica se esforçando para manter a calma e pensar numa saída, mas sua expressão denunciava seu fracasso. – É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, meu Deus!

— Calma, minha pequena. Vamos ter paciência. Nessas horas Carlos nos pediria paciência. Nada de sofrer por antecipação e nem nos precipitarmos.

 

Tudo acontecia conforme os planos de Calamon, Alex e Blaze. Aos poucos o digimon das trevas seguia conseguindo expandir sua influência sobre o Mundo Digital e já galgava longas passadas a fim de avançar sobre o Mundo Real.

Os domadores ficaram chocados com a notícia da trágica morte de Luiz Filipe. Assim como Leo, o garoto também fora atropelado. Porém, diferentemente do carioca, o acreano fora atropelado no Mundo Digital após muita insistência por parte de quem dirigia o buggy azul. “Foi um humano ou um digimon que atropelou o domador?”, “Blaze e Alex teriam participação nisso?”, “Em virtude das semelhanças, terá sido a morte de Leo uma mera fatalidade?”, “Como ficaremos com um domador a menos e tendo que batalhar contra Calamon?”. Perguntas que rondam a cabeça dos domadores e que só poderão ser respondidas com o tempo. 

 

João acabara de acordar e ligar a TV quando se depara com um jornalista analisando uma imagem de circuito-interno. Nela, o domador consegue ver Júnior e Leon caminhando lado a lado, surgindo pelo canto direito superior da imagem e seguindo em linha reta, traçando uma diagonal. Apenas uma senhora, empurrando um carrinho com baldes, vassouras, rodos, esfregões e produtos de limpeza passa pela dupla indo no sentido contrário até desaparecer do alcance da lente da câmera. Um dos garotos, após se certificar de que a senhora que acabara de cruzar o seu caminho havia desaparecido do corredor, retira um objeto semelhante a um celular do bolso e o ergue, fazendo surgir um enorme clarão de luz, retangular, como se o mesmo fosse uma espécie de portal. Na parte superior havia uma contagem regressiva iniciada a partir do número 07. Os garotos caminham em direção ao clarão e desaparecem. O clarão desaparece logo após.

— Caralh...

— O que aconteceu, João? – indaga Betamon, que acabara de acordar.

Culumon acorda com o barulho da TV.

— Está passando na TV o exato momento em que Júnior e Leon abrem um portal.

— As coisas estão saindo do nosso controle, culú!

— Do nosso, não – responde João sem alterar o tom de voz. – Do seu! Isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Está chegando o momento que você tanto temia, Culumon.

O digivice de João começa a vibrar de maneira ensandecida. Várias mensagens surgiam em sua tela quase que instantaneamente. Os domadores que assistiam TV naquele exato momento avisavam ao garoto de barba cerrada sobre o que estava acontecendo.

Quando João iria pegar seu aparelho de cor preta para poder responder as mensagens, seu celular toca.

— João?

— Oi, minha pequena. Bom dia.

— Bom dia, meu amor. Já acordado?

— Sim. Acordei tem pouco tempo.

— Então já viu a TV?

O garoto gargalha.

— Meu digivice está vibrando feito louco. Todos que já sabem estão me mandando mensagens a respeito.

— Pelo visto, está novamente ocupando seu posto. E agora não só mais entre os cinco Domadores Beta.

João ainda não tinha pensado a respeito, mas o que Verônica acabara de dizer fazia todo o sentido do mundo.

— Vou responde-los aqui e acalmar os ânimos.

— Te amo! – e desliga.

O líder dos domadores pega o digivice sobre a escrivania e seguia lendo e respondendo mensagem por mensagem.

 

Alô, João? Aqui é Mateus Antônio. Viste a televisão agora pela manhã? Júnior vacilou feio abrindo aquele portal em pleno saguão do aeroporto. Isso aconteceu no mesmo dia em que fomos lá atrás de Veemon. Rafael e Lúcia tiveram sucesso na busca pelos digimons deles?

Abraço!

 

Oi, João!

Quando liguei a TV e me deparei com essa notícia, lembrei daquilo que disse a Mateus e a Levi assim que perdemos Angler na fuga do Continente Perdido: “Conte a verdade!”. Acho que esse dia chegou. Eu e Solarmon estamos prontas para lutar lado a lado com vocês.

Beijos,

Fernanda.

 

Fala, Primo!

Murilo, Levi, Patamon, Renamon, Palmon e eu estamos acompanhando esse noticiário. E, pelo visto, será isso o dia todo! Já checamos alguns sites e outros canais, e aos poucos todos eles estão começando a discutir esse assunto! O que vamos fazer?

 

Sei que deve estar puto comigo. Me perdoa! Não sei o que você pensa a nosso respeito, sobre qual atitude tomaremos a partir de agora, mas sinto que atrapalhei seus planos. Deixei Caio morrer na minha frente, deixei Veemon ser sequestrado, perdemos Luiz Filipe, Gaomon e, agora, esse flagrante! Me sinto um lixo, um estorvo!

 

Olá!!!

Eu e Koka estamos apostos! Da última vez não conseguimos batalhar, mas vontade não nos falta.

Koka manda um olá para Betamon e para você! kkk

 

Fala, João.

Não consigo ficar de braços cruzados! A gente precisa acabar com todo esse sofrimento. Não suporto mais receber notícias sobre morte de colegas nossos. Por isso, resolvi ir no Mundo Digital por conta própria. Volto de lá assim que conseguir notícias sobre o paradeiro dos digimons, de Kau e do irmão da Bárbara. Qualquer coisa, entre em contato.

Guilherme.

 

João estafa por alguns segundos. Em meio a tantas mensagens divertidas, uma acabara por tirar seu sossego. Guilherme havia ido ao Mundo Digital sozinho. Somente ele e sua digimon. Por conta dos recentes acontecimentos, não conseguira explicar aos demais, e ao domador em questão, o interesse de Calamon em sequestra-lo. O domador de barba cerrada vasculha os dados de recebimento da mensagem e descobre que ele a enviou há aproximadamente duas horas. Era tempo demais. Nesse hiato tudo poderia estar perdido.

O líder dos domadores rapidamente envia uma mensagem de volta.

 

Aqui é o João.

Onde você está, Guilherme? Me responda com urgência. Preciso saber onde você está! Assim que ver essa mensagem, RETORNE AO MUNDO REAL!!

 

O garoto de barba cerrada rapidamente pula da cama e começa a se arrumar, deixando Culumon e Betamon assustados.

— O que aconteceu?

— Guilherme, Betamon! Ele me mandou uma mensagem há duas horas dizendo que iria para o Mundo Digital atrás dos digimons e domadores que estão desaparecidos.

— Mas ele não sabe que Calamon está atrás dele e de Bruninho?

— Não! Com a morte de Luiz Filipe eu esqueci de avisar isso a ele e aos demais.

João finalmente termina de se arrumar, pega Betamon nos braços e antes que pudesse abrir um portal, seu digivice recebe outra mensagem.

 

Por que esse desespero? Aconteceu alguma coisa que eu não to sabendo? Antes de mais nada, preste atenção: descobri o local onde Calamon prendeu Veemon, Gotsumon e Gabumon. É o mesmo local onde Pastreli disse, só que depende do posicionamento do sol, sei lá. É uma porta isolada e camuflada no meio do deserto. Aqui fica próximo da Floresta de Pinheiros Curvilíneos. Não sei o nome desse deserto.

Abraço,

Guilherme.

 

“Preciso avisar aos outros. Principalmente Leon, Rafael e Lúcia.”

Antes que o garoto terminasse de digitar a mensagem para avisar aos demais, outra mensagem surge na tela do seu digivice.

 

SOCORRO!!!

 

Continua...


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